Eternidade

Eternidade

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

MÉDIUNS (2ª Parte)



Por Orson Peter Carrara


Os médiuns são instrumentos da faculdade humana de comunicação com os Espíritos

No opúsculo Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas (IDE, 2ª edição, 1988, página 24, tradução de Salvador Gentile), Allan Kardec faz importante consideração que deverá nortear nosso raciocínio no entendimento da velha questão. Está no item 33: O médium não possui senão a faculdade de se comunicar; a comunicação efetiva depende da vontade dos Espíritos. Se os Espíritos não querem se manifestar, o médium nada obtém; é como um instrumento sem músico.

Note o leitor que essa frase curta responde à pergunta-título do capítulo, numa simplicidade admirável. Os médiuns são pessoas que possuem a faculdade de se comunicar com os Espíritos. Essa faculdade é fruto do estágio em que se encontra o médium e resultado de suas experiências acumuladas. A comunicação, ou o fenômeno mediúnico, depende, porém, da vontade do Espírito, que pode acioná-lo em sua faculdade, ou responder a uma iniciativa do médium. Contudo, diante da ausência de iniciativa dos Espíritos ou de respostas a um estímulo originário do médium, nada se obtém.

Os médiuns são, pois, instrumentos da faculdade humana de comunicação com os Espíritos. Sabendo disso, não há razão para posturas chamadas de sobrenaturais, endeusamentos ou dependência.

Situados, pois, nessa compreensão, outros desdobramentos e perspectivas surgem para nossa reflexão e que também podem ser encontradas na magistral obra. Qual a finalidade da mediunidade? Qual a razão de sua existência? Como pode apresentar-se tão variada? Como administrar tão variados graus de percepção, educar seu uso e usá-la para o próprio bem e o da coletividade? Tudo isso pode ser respondido através do estudo e da reflexão.

Tais questionamentos desdobram-se numa infinidade de outros subtemas, todos muito atuais e pertinentes, como por exemplo: mediunidade na infância, sintonia, concentração, grupos mediúnicos, interrupções na atividade, prece, diretrizes morais, método nas tarefas, curas, fraudes, mistificações, aptidões, análise das comunicações, entre outros... É um mundo inesgotável de cogitações, debates e estudos.

Os livros de Yvonne A. Pereira, ricos em conteúdo doutrinário, merecem ser conhecidos e divulgados

Para bem situar tudo isso, será interessante observar o que se encontra em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVI. Na transcrição parcial do item 7 do citado capítulo, podemos ler: Os médiuns modernos – porque os apóstolos também tinham mediunidade – igualmente receberam de Deus um dom gratuito: o de serem intérpretes dos Espíritos para a instrução dos homens, para mostrar-lhes o caminho do bem e conduzi-los à fé. (...) Deus quer que a luz alcance a todos (...).

A rápida transcrição traduz todo um programa de entendimento e trabalho, não deixando dúvidas quanto à finalidade e importância da faculdade. Os três itens devem estar permanentemente em nossas cogitações:

a) Instrução dos homens;

b) Mostrar-lhes o caminho do bem;

c) Conduzi-los à fé.

Note-se, pois, a abrangência envolvendo trabalho, renovação moral – inclusive do próprio médium – e construção racional da fé, onde se inclui, claro, a caridade em toda a sua extensão.

Tais considerações, saturadas de gratidão ao trabalho do Codificador, levam-nos a lembrar numerosos estudiosos, encarnados e desencarnados, que se debruçaram sobre a citada obra básica – referencial no estudo da mediunidade e que estamos homenageando em 2011 – para estudá-la, ampliá-la para o entendimento popular, desdobrando seus conceitos e estudos. Valiosas obras estão publicadas nesse sentido, vindas de vários autores encarnados e principalmente pela mediunidade de Chico Xavier, Yvonne do Amaral Pereira, Raul Teixeira e Divaldo Franco. Yvonne, para nos referir a apenas um dos médiuns citados, traduz especial significação no estudo específico. Seus livros, ricos em conteúdo doutrinário e na experiência pessoal da médium, merecem ser conhecidos e divulgados amplamente entre os médiuns.

“O primeiro inimigo do médium – ensina Emmanuel – reside dentro dele mesmo.”

Igualmente a escritora Lucy Dias Ramos, de Juiz de Fora-MG, conhecida articulista da revista Reformador, da Federação Espírita Brasileira, e autora de outros livros, apresenta agora valiosa obra: A mediunidade e nós, publicada pela Editora Solidum. São depoimentos de sua experiência pessoal como médium – desde as primeiras percepções na infância até as décadas de atuação espírita no mesmo grupo –, em primorosa obra que tivemos a satisfação de prefaciar. Entusiasmamo-nos com o conteúdo da obra, seja pelas experiências, seja pelo referencial doutrinário apresentado. O texto de Lucy é norteador para médiuns veteranos e novatos e significa valiosa homenagem aos 150 anos de O Livro dos Médiuns, como aqui também comentado.

No exato instante que grafamos as presentes linhas a obra ainda se encontra no prelo e agora que o leitor está de posse da presente edição desta revista, a citada obra deve estar muito próxima de sua disponibilidade para o público, se ela já não estiver. Contatos com a editora podem ser feitos pelo 0800 770 2200 ou pelo site www.solidumeditora.com.br

O fato final é que a obra é preciosa. Quase no final da obra, a autora teve a felicidade de construir notável descrição sobre o significado do atendimento nas reuniões mediúnicas no socorro aos Espíritos em dificuldades. Que imagem perfeita construiu a autora!

Em face disso, vale relembrar aqui o que nos disse o sábio Espírito Emmanuel no livro O Consolador, edição FEB, questão 410: “O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Freqüentemente é o personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral, que não raro o conduzem à invigilância (...). O segundo inimigo mais poderoso do apostolado mediúnico não reside no campo das atividades contrárias à expansão da Doutrina, mas no próprio seio das organizações espíritas, constituindo-se daquele que se convenceu quanto aos fenômenos, sem se converter ao Evangelho pelo coração.”

Estudemos, pois, a mediunidade. Sua existência tem nobre finalidade. Cabe-nos o dever de educá-la e direcioná-la para o bem.

Nossa gratidão, pois, a Allan Kardec. Nosso louvor ao O Livro dos Médiuns!



Fonte: O Consolador, ano 5, nr.224.

Orson Peter Carrara é editor, palestrante e escritor espírita. Possui dez livros publicados. Seu trabalho pode ser conhecido por meio do site: www.orsonpcarrara.com.br e do blog orsonpetercarrara.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário