Chico visitou durante muitos anos um jovem que
tinha o corpo totalmente deformado e que morava num barraco à beira
de uma mata. O estado de alienado mental era completo. A mãe deste
jovem era também muito doente e o Chico a ajudava a banhá-lo,
alimentá-lo e a fazer a limpeza do pequeno cômodo em que
morava.
O quadro era tão estarrecedor que, numa de suas
visitas em que um grupo de pessoas o acompanhava, um médico
perguntou ao Chico:
- Nem mesmo neste caso a eutanásia seria
perdoável?
- Não creio, doutor, respondeu-lhe o Chico. Este
nosso irmão, em sua última encarnação, tinha muito poder.
Perse-guiu, prejudicou e com torturas desumanas tirou a vida de
muitas pessoas. Algumas o perdoaram, outras não e o persegui-ram
durante toda a sua vida. Aguardaram o seu desencarne e, assim que
ele deixou o corpo, eles o agarraram e o tortura-ram de todas as
maneiras durante muitos anos. Este corpo disforme e mutilado
representa uma bênção para ele. Foi o úni-co jeito que a Providência
Divina encontrou para escondê-lo de seus inimigos. Quanto mais tempo
agüentar, melhor será. Com o passar dos anos, muitos de seus
inimigos o terão perdoado. Outros terão reencarnado. Aplicar a
eutanásia seria de-volvê-lo às mãos de seus inimigos para que
continuassem a torturá-lo;
- E como resgatará ele seus crimes? - inquiriu o
médico.
- O Irmão X costuma dizer que Deus usa o tempo e
não a violência.
"Chico, de
Francisco"
Adelino
da Silveira - Ed. Cultura Espírita União
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