Harpa Silenciosa
Livro: Conviver e Melhorar - 05
Lourdes Catherine & Francisco do Espírito Santo Neto
Lourdes Catherine & Francisco do Espírito Santo Neto
Fatores limitantes: Estou iniciando o desenvolvimento da
mediunidade. Sou médium consciente e por isso estou inseguro quanto à
veracidade do fenômeno espiritual que ocorre comigo. Estou perdido em
meu mundo interno e (por que não dizer?) um tanto confuso. Tenho idéias
geniais, mas, em determinados momentos, irreais e excêntricas. Não sei
distinguir o que é meu do que é dos espíritos! O que eles dizem está
certo ou errado? Devo seguir suas orientações em todos os momentos?
Expandindo nossos horizontes:
Os Espíritos Superiores não ditam normas de conduta a ninguém. Eles têm
um enorme respeito pelo livre-arbítrio de cada um. Sabem que, na atual
etapa evolutiva da humanidade, a compreensão da verdade é muito
relativa.
O que hoje se entende de uma maneira amanhã sofrerá mudança e
aperfeiçoamento e se compreenderá de outra forma. Em face do avanço das
ciências e das idéias, tudo se retifica continuamente.
... por isso que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam,
sem cessar, submeter todas as comunicações ao controle da razão e da
mais severa lógica.
Sensibilidade mediúnica é uma “harpa silenciosa” criada pelo sopro
divino para sonorizar as melodias da criatividade e da evolução
espiritual.
Mediunidade é uma faculdade natural do ser humano e ocorre em
determinado momento de sua evolução. É um fenômeno irreversível, quer
dizer, não se pode evitá-lo, pois faz parte do desenvolvimento inato das
criaturas.
O sentido da palavra desenvolver é desenrolar, abrir ou libertar algo
que estava envolvido. Os botões de gerânio se formam inclinando-se para
fora dos vasos ou descendo pelos muros de pedra, desabrochando suas
pétalas pouco a pouco em forma de flor. As madressilvas, com seu perfume
doce e suave, medram nos campos, transformando tudo em sua volta, num
encantamento inebriante.
Podemos dizer que uma semente completou seu ciclo evolutivo quando se
tornou um vegetal adulto. Nela havia em gérmen um potencial a se
manifestar.
Em vista disso, concluímos que o princípio do perfume ou das pétalas
está no âmago de suas flores, assim como as faculdades psíquicas existem
no homem em estado latente.
Temos o hábito de falar em desenvolvimento de um programa, porque ele
também, no estágio inicial, começou de uma idéia, ou seja, de seu
embrião intelectual.
Com a visão ampliada a respeito do significado lingüístico dessa
palavra, percebemos que nenhum desenvolvimento pode ocorrer de fora para
dentro. Ele sempre tem início a partir de uma potencialidade já
existente em estado natural.
Portanto, a mediunidade é apenas um canal inerente às criaturas, capaz de registrar mensagens das dimensões invisíveis da Vida.
Não se preocupe com sua consciência durante as comunicações. O médium é
um filtro imprescindível ao pensamento do espírito comunicante e seus
sentidos não podem ser completamente desprezados. As funções mentais,
intelectuais, emocionais e espirituais do medianeiro somam-se às do
espírito no ato mediúnico, produzindo a mensagem falada ou escrita.
Para que possamos identificar aquilo que é genuinamente nosso
sentimento, idéia, pensamento e emoção, é preciso antes conhecer e
compreender bem nosso mundo interior.
É óbvio que as leituras clássicas e as complementares da Doutrina
Espírita vão auxiliar muito o desenvolvimento de sua mediunidade. Mas,
antes de pedir opiniões aqui e acolá, procure analisar os fenômenos com
seus critérios e valores mais íntimos.
A maneira mais segura de você não ser ludibriado pelos espíritos
desencarnados e também (por que não dizer?) pelos encarnados, é não usar
o senso comum, mas seu senso interior. Evidente que você o possui, e
quanto mais você usá-lo, mais ele se tornará claro e eficiente, mantendo
sua consciência desperta e evidenciando sua sabedoria interior.
Somos uma unidade físico-psíquico-espiritual e precisamos dar a cada
coisa sua devida importância. Identificando de modo gradual nossos
estados interiores, não seremos levados a confundi-los com os dos
outros.
Identificar quer dizer registrar algo - um fato, um encontro, uma
sensação, um lugar - que pode ou não pertencer à nossa identidade.
Para aprendermos o que é nosso, é necessário olhar para dentro de nós
mesmos, com toda a clareza que pudermos, além do corpo somático,
abstraindo-nos das idéias preconcebidas, dos sentidos externos e dos
papéis que representamos na vida.
Permanecendo nesse exercício de constante auto-identificação, veremos,
pouco a pouco, o que estamos sentindo e absorvendo: as energias alheias,
ou as nossas próprias sensações energéticas.
A identificação/desidentificação vai modificar nossa postura interior
diante das pessoas e das situações exteriores, ou seja, iremos
distinguir aquilo que pensamos ser ou pensamos sentir daquilo que
realmente somos e sentimos.
A abertura da sensibilidade pode proporcionar-nos momentos de muito júbilo.
Nossa ligação com os planos superiores da Vida se reverte num
extraordinário repositório de lucidez e serenidade para o nosso coração.
O ser humano torna-se original apenas quando percebe o toque da inspiração divina em si mesmo.
Mediunidade são pupilas invisíveis para vermos e admirarmos os
espetáculos ocultos do Universo. É ver sem valer-se dos olhos, é saber
antes de tomar conhecimento dos fatos.
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