Nos termos da Doutrina Espírita, do demônio nasce o homem e do
homem nasce o anjo. Estamos todos no rumo da angelitude. Nossa
humanidade (nossa natureza humana) caracteriza-se pela imperfeição, pelo
predomínio dos instintos, pelos resíduos da animalidade ainda atuantes em
nossa constituição psicossomática. Mas esses resíduos vão sendo eliminados
na lapidação das vidas sucessivas. E como somos conscientes do processo
de lapidação a que estamos sujeitos, podemos e devemos ajudar esse
processo.
Basta um olhar atento ao nosso redor para verificarmos a
realidade dessa concepção. As criaturas humanas estão dispostas numa escala
progressiva que vai do bandido ao santo. O malfeitor de hoje será o
cidadão honesto do futuro. E este, por sua vez, será o santo de amanhã,
dependendo esse amanhã, em grande parte, do esforço evolutivo do
interessado. Porque o ser consciente apressa ou retarda a sua própria evolução.
O chamado para o serviço do bem é a oportunidade que Deus
oferece à criatura imperfeita para acelerar a sua caminhada rumo à
perfeição. Quem não aproveita a oportunidade divina, apegando-se por comodismo
ou displicência aos seus defeitos, desculpando-se com as imperfeições
naturais que ainda carrega, furta-se ao cumprimento do dever espiritual.
Mas as leis da evolução não o deixarão parado por muito tempo. Por isso
ensinou Jesus: "Quem se apegar à sua vida perdê-la-á, mas quem a perder
por amor a mim salvá-la-á".
O comodista será sacudido e alijado do seu comodismo, mais
hoje, mais amanhã, pela vergasta da dor. O sofrimento é tão grande na
Terra porque maior é o comodismo dos homens. A seara continua imensa e os
trabalhadores ainda são tão poucos! Não somos anjos para ser perfeitos e
puros, mas trazemos em nós as potencialidades da angelitude. Se não
acelerarmos a nossa lapidação pelo serviço, o lapidário oculto - e que
está oculto em nós mesmos - agirá como convém para completar a sua obra.
pelo Espírito Irmão Saulo & Francisco C. Xavier
Livro: Na Era do Espírito
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