A obsessão é o domínio que alguns Espíritos inferiores logram adquirir sobre outros Espíritos, que se opera por meio da sintonia mental ou influência magnética, em que os fluidos perispirituais exercem papel fundamental.
É um fenômeno que, graças à conscientização de alguns psiquiatras espíritas, vem sendo estudado nos meios acadêmicos, facultando os diagnósticos e os tratamentos de certas enfermidades psíquicas, porém, ainda há muita ignorância no meio científico, razão pela qual, mesmo na atualidade, pessoas são internadas como se fossem loucas, quando não passam de obsidiadas. Precisam também de tratamento espiritual, sem o que terminam enlouquecendo de fato.
A obsessão apresenta surtos epidêmicos que vêm se acentuando nos últimos tempos, em que "[...] A mente humana abre-se, cada vez mais, para o contato com as expressões invisíveis", e em que a Humanidade experimenta os efeitos da transição para o mundo de regeneração. A violência é o sintoma mais declarado dessa epidemia obsessiva que ronda a Humanidade, não só a violência coletiva, via de regra açulada pelo comportamento de massa, mas também a violência individual e também aquela que ocorre na intimidade das famílias ou mesmo nos locais públicos.
A obsessão, alçada à categoria de expiação, funciona também como prova, com vistas ao despertamento do Espírito para novos valores morais. Todos estamos sujeitos a ela, sejamos ou não espíritas, sejamos ou não médiuns ostensivos. As obsessões, classificadas por Kardec como simples, fascinação e subjugação, sempre existiram, nominadas, em o Novo Testamento, como "possessão".
Na obsessão simples, o médium sabe que está sendo assediado por um Espírito perseguidor e este não disfarça. É um inimigo declarado, do qual é mais fácil se defender. Por isso, o médium se mantém em guarda e raramente é enganado. Entretanto, a pessoa não consegue se livrar deste tipo de assédio com facilidade, devido à persistência do obsessor. Apesar de tudo isso, a obsessão simples pode ser vencida pela própria vítima, sem a ajuda de terceiros, desde que conserve firme a vontade.
Já a fascinação é uma modalidade de obsessão mais acentuada, devido à ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento da pessoa, a qual lhe confunde o raciocínio, inibindo a sua capacidade de julgar as comunicações, visto que o fascinado não acredita que esteja sendo iludido. Toda vigilância é pouca, pois até mesmo os mais instruídos podem ser enganados. Aqui, as consequências da interferência espiritual são mais graves: o obsessor, extremamente astuto e hipócrita - pois apresenta falsos aspectos de virtude -, convence a vítima a aceitar teorias e ideias absurdas. A tática principal do obsessor, nesta hipótese, é afastar o obsidiado das pessoas das quais depende para furtar-se ao processo obsessivo ou daqueles que poderiam advertir a vítima do seu erro.
A subjugção, também conhecida como "possessão", conforme já visto, é outro tipo de obsessão. Assemelha-se muito à fascinação, porém, aqui o obsessor atua com maior intensidade, uma vez que manipula o médium não apenas no aspecto psicológico, mas também no aspecto f´sico, sem que isto implique coabitação corporal permanente. A subjugação - psicológica ou corporal - é uma interferência do obsessor que paralisa ou anula a vontade e o livre-arbítrio daquele que a sofre e o faz agir contra a própria vontade.
A obsessão pode acontecer de várias maneiras: de encarnado para encarnado; de desencarnado para desencarnado; de desencarnado para encarnado; de encarnado para desencarnado; auto-obsessão; e obsessão recíproca.
As causas da obsessão variam de acordo com o caráter dos Espíritos envolvidos, mas a raiz dela está sempre nas enfermidades morais, características comuns aos habitantes dos planetas de provas e expiações, como é a Terra, tais quais vingança (muitas vezes de um inimigo do passado), ódio, inveja, orgulho, ira, ciúme, avareza, egoísmo, vaidade, maledicência etc.
As consequências da obsessão dependem do grau de influência dos Espíritos e do poder de defesa e reação do obsidiado, podendo ir de um simples mal-estar até os desequilíbrios mentais e físicos de todos os matizes. Nos casos de fascinação e subjugação, se não forem tratadas a tempo, graças ao contato prolongado dos fluidos malsãos com as moléculas do organismo, podem levar à dominação completa, gerando enfermidades orgânicas e psicológicas graves que põem em risco a sanidade e a vida do paciente, caso em que se faz necessário, também, o tratamento médico convencional.
Independente do tipo de obsessão, porém, ela somente se inicia no caso de o obsidiado consentir, seja pela sua invigilância, seja pela sua fraqueza ou por nesta se comprazer. Daí a importância de o paciente mudar o seu comportamento, que, muitas vezes, é o fomentador da obsessão. Por isso, a recomendação de Jesus à mulher adúltera igualmente serve a todos nós: "Vai e não peques mais", isto é, corrijamo-nos moralmente, evitando reincidir no erro, para que outros obsessores não sejam de novo atraídos pela nossa conduta irrefletida.
Os meios preventivos da obsessão são os mais eficazes e relativamente simples, pois encontram nos ensinamentos de Jesus remédios morais infalíveis, quando seguidos à risca. A prática do bem em todos os sentidos, a vigilância mental, o estudo, o trabalho, a oração pelo obsessor e por si mesmo, o perdão, a transformação íntima, a substituição de certos hábitos por outros mais elevados, contribuem muito para se evitar a influência dos irmãos infelizes, os quais, mesmo que perseverem com sua presença indesejável, acabam, não raras vezes, mudando de ideia e seguindo os bons exemplos da vítima e, às vezes, até perdoando o desafeto. Mesmo que o obsessor não se sensibilize com a conduta exemplar, muitas vezes acaba desistindo da perseguição, ao perceber que a vítima não está iludida e que lhe é impossível enganá-la. Assim, a confiança irrestrita em Deus e nas suas leis imutáveis constitui excelente antídoto contra a obsessão.
Já os casos de obsessão mais graves, uma vez instalados, exigem tratamento especializado, que geralmente são feitos nas reuniões doutrinárias de desobsessão, em que os perseguidores são esclarecidos sobre os problemas que os atormentam, num trabalho de orientação fraterna, com vistas a persuadi-los do erro que incorrem.
As sessões de exorcismo, que consistem na prática de "expulsar" os chamados "demônios", por meio de fórmulas e rituais místicos, muito utilizadas no passado e ainda atualmente, embora com menor intensidade, por certas doutrinas religiosas, mostraram-se ineficazes no tratamento da obsessão. O êxito do tratamento depende mais da autoridade moral do religioso do que de fórmulas ritualísticas ou ordens imperativas para que o Espírito obsessor se afaste. O Espiritismo não adota essa prática, porque não professa a crença na existência dos "demônios" como seres devotados eternamente ao mal, uma vez que eles nada mais são do que os Espíritos desencarnados (homens e mulheres que viveram na Terra), e ainda não evoluíram, como muitos de nós, e que constituem os enfermos que necessitam de remédio.
O Evangelho no Lar e a água fluidificada também são tratamentos muito eficazes, assim como os passes magnéticos, estes utilizados na Casa Espírita, geralmente empregados em complementação às sessões de evangelização dos Espíritos, com vistas à renovação dos fluidos malsãos que afligem os obsidiados.
Como ensinam os Espíritos, o mais poderoso meio de se combater a influência dos maus Espíritos é lutar, o máximo possível, para conquistar a virtude dos bons. Enfim, evangelizar-se, pois, no fundo, a obsessão é um problema educativo. Todos nós, sem exceção, estamos lutando para nos libertar das influências do mal, que, a rigor, reside em nós mesmos. Sem negligenciarmos a saúde corporal, devemos dar prioridade à saúde da alma e, assim, como ensinou Jesus, seremos médicos de nós mesmos!
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Referências: Kardec, Allan. O livro dos médiuns.......
Xavier, Francisco Cândido, Nos domínios da mediunidade...
Kardec, Allan. Obras póstumas
Xavier, Francisco Cândido, Os mensageiros
Kardec, Allan. O evangelho segundo o espiritismo
_____, A Gênese
Marcos, 1:21-27 e Lucas, 4:31-41
João, 8:11.
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Fonte: Reformador nº 2.160, de março/2009