Eternidade

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domingo, 26 de outubro de 2014

MEDIUNIDADE - Diretrizes de Segurança


13. É possível ao médium distinguir as alterações psíquicas e orgânicas que lhe são próprias das que estão procedendo dos espíritos desencarnados?

Divaldo - Um dos comportamentos iniciais do médium deve ser o de estudar-se. Daí ser necessário estudar a mediunidade. Eu, por exemplo, quando comecei o exercício da mediunidade, ia a uma festa e assimilava de tal forma o psiquismo do ambiente, que me tornava a pessoa mais contente dali. Se ia a um casamento eu ficava mais feliz que o noivo. Se ia a um enterro ficava mais choroso que a viúva, porque me contaminava psíquicamente, e ficava muito difícil saber como era a minha personalidade. Pois, de acordo com o local, havia como que um mimetismo, isto é, eu assimilava o efeito do ambiente.

Lentamente, estudando a minha personalidade, as minhas dificuldades e comportamentos, logrei traçar o meu perfil pessoal, e estabelecer uma conduta medial para que aqueles que vivem comigo saibam como eu sou, e daí possam avaliar os meus estados mediúnicos.

De início, o médium terá algumas dificuldades, porque o fenômeno produz uma interposição de personalidades estranhas a sua própria personalidade. Somando-se velhas dificuldades à sensibilidade mediúnica, o sensitivo passa a ter muito aguçadas as reminiscências das vidas pretéritas, não o caráter da consciência, mas o somatório das experiências.

Recordo-me que, em determinada época da minha vida, terminada uma palestra ou reunião mediúnica, eu tinha uma necessidade imperiosa de caminhar. Caminhar até a exaustão física. Naquele período claro-escuro da mediunidade, sem saber exatamente como encontrar a paz, os espíritos me receitaram trabalho físico, para que, cansado, fosse obrigado ao repouso físico, porque tinha dificuldades de dormir. A vida física era-me muito ativa e, mesmo quando o corpo caía no colapso, a mente continuava excitada, e eu me levantava no dia seguinte pior do que havia deitado. Então, às vezes, eu preferia não deitar.

Com o tempo fui formando meu perfil de comportamento, de personalidade, aprendendo a assumir a responsabilidade dos insucessos e a transferir para os Mentores os resultados das ações positivas que são sempre de Deus, enquanto os erros são sempre nossos. Estaremos sempre em sintonia com espíritos de comportamento idêntico ao nosso. Daí, o médium vai medindo as suas reações, suas mágoas, ciúmes, invejas, e irá identificando as reações positivas, a beleza, o desejo de servir. Por fim, aprende a selecionar quando é ele e quando são os espíritos que estão agindo por seu intermédio.


14. O que determinará a qualidade dos espíritos que, pela lei das afinidades, serão impelidos a se afinarem conosco nas práticas mediúnicas?

Raul - Compreendemos que todos nós nascemos com determinadas tarefas a realizar, e para esse entendimento, há aqueles que renascem com a tarefa da mediunidade. O chamamento da mediunidade na hora correta mostra aquele que porta o compromisso ajustado. Normalmente, as entidades que deverão trabalhar, que deverão atuar no campo mediúnico, dirigindo as lides entre os companheiros da Terra, já vêm ajustadas desde os seus contatos no mundo espiritual. Elas se posicionam como verdadeiros guardiães para que, em momento oportuno, o indivíduo se apresente diante do chamado.

Há outros espíritos que estão associados a essa programática reencarnatória e que se afinam com o encarnado fora do labor da mediunidade; e, à semelhança de alguém que se transfira de uma casa para outra, de um bairro para outro, vai surgindo a vizinhança nova e vão mostrando os espíritos que se unem por afinidades, por sintonia de gosto com aqueles que são os médiuns.

O médium, desejoso que a sua vizinhança espiritual seja do melhor naipe, deverá preparar-se para ser também de bom teor a sua vida. Como nos ensina Emmanuel, deverá ligr-se aos que estão na faixa do Cristo¹. E, mesmo quando se manifestem entidades enfermas, o médium estará servindo à enfermagem espiritual, da mesma forma que um enfermeiro num hospital da comunidade, embora atenda a diversos doentes, a vários pacientes de múltiplas características, nem por isso assimilará as mazelas do doente. Um médico que trabalhe com doenças contagiosas, nem por isso contrairá as moléstias das quais trata. Então, esses médiuns que estão laborando com os diversificados tipos espirituais procurarão ajustar-se aos Espíritos Benfeitores, unir-se pela vivência, pela prática do amor e da caridade, em suas várias dimensões.

Entendemos, com a Doutrina Espírita, que para nos ajustarmos aos Espíritos Nobres será necessário enquadrar nossa romagem, pensamentos e hábitos ao bem e ao trabalho da caridade.

¹ XAVIER, F. C. Seara dos médiuns, Emmanuel, capítulo 38, 2ª edição, FEB, Rio de Janeiro - RJ, 1973
 

15 - Que utilidade tem a mediunidade de vidência?

Divaldo - A utilidade é a de desvelar os painéis do mundo espiritual, sabendo observá-los, e, melhor ainda, mantendo discrição no traduzi-los, para não a transformar num informativo de leviandades. 


16 -  Qual a colaboração que um médium vidente pode dar no transcurso de uma sessão mediúnica?

Divaldo - Fazendo observações, anotando pontos capitais e colaborando com o médium doutrinador, para que ele esteja informado da qualidade dos espíritos que ali se comunicam.


 17 - É sempre segura e permanente essa faculdade?

Divaldo - Como toda faculdade mediúnica, ela é transitória e oscilante, dependendo muito do estado moral do médium.


18 - Por que dois médiuns enxergam, ao mesmo tempo, quadros diferentes?

Divaldo - Porque as percepções visuais são em faixas vibratórias, que oscilam de acordo com o grau de adiantamento do espírito do médium.

Um registra uma faixa, na qual se manifestam os espíritos, e outro registra um tipo de faixa diversa.

Ocorre, também, que a maioria dos médiuns videntes é clarividente, e, nesse caso, a imaginação, quando indisciplinada, elabora construções e imagens que ele não sabe traduzir, perturbando-se com aquilo que capta. 


19 - Podem, simultaneamente dois médiuns, em se referindo a mesma entidade, fazer descrições diferentes e serem verídicas, ambas?

Divaldo - Seria o mesmo que duas pessoas de graus de cultura diversos descrevendo uma tela. Cada uma informará os detalhes que lhe chamem a atenção, com as possibilidades da sua capacidade descritiva. Mas o conjunto geral será o mesmo.


20 - Deverá ser?

Divaldo - Deve ser. 


Fonte:  Franco, Divaldo P.  Teixeira, Raul J.  Diretrizes de Segurança.  Págs. 17-19. Frates, 2002. Págs. 24 a 31.

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