O mais hábil músico sempre conseguirá a melodia que execute, conforme as possibilidades do instrumento de que se utilize. Quanto melhor afinado seja, mais perfeitos resultados serão obtidos.
No campo mediúnico o efeito é semelhante. Sempre a mensagem transmitida apresentará os recursos psíquicos e culturais do médium. Por tal razão, quanto mais sensível e esclarecido o medianeiro, mais fiéis se farão as comunicações espirituais. Igualmente, o exercício sistemático e os valores morais constituirão valioso contributo para o êxito da atividade mediúnica. Sempre haverá, no entanto, a presença do médium, mesmo que em parcela mínima, como é compreensível, por ser através dele que o fenômeno ocorre. Emprestando os órgãos físicos para o intercâmbio, este se dará através das potencialidades que serão colocadas à disposição do comunicante, que delas dependerá para alcançar a fidelidade desejada.
O animismo, desse modo, constitui um fantasma perturbador, na área mediúnica intelectual.
Quando o médium não possui a faculdade ostensiva, e a mensagem lhe é inspirada através de processo consciente para a psicografia como para a psicofonia, estabelecem-se conflitos na mente, que terminam por alterar o conteúdo da comunicação.
Tornam-se indispensáveis, para melhor captação do pensamento dos Espíritos, concentração profunda, silêncio interior e neutralidade emocional.
Fenômeno telepático a princípio, torna-se, mente a mente, desencarnado com encarnado, um intercâmbio sutil que se faz mais profundo, automatizando-se graças à predominância do psiquismo do agente sobre o sujet. Com o tempo e a constância do fenômeno, este se torna perfeitamente autêntico, caracterizado pela fidelidade de captação e transmissão.
É natural que haja anímicos nas comunicações mediúnicas, que não devem merecer crítica ou preocupação, porquanto, no exercício correto, a educação do sensitivo modificá-los-á, diminuindo-os até o máximo que lhe seja possível.
O excessivo preconceito contra o animismo deve ceder lugar à tolerância e à paciência, a fim de que o mesmo seja eliminado.
Na primeira fase das comunicações mediúnicas, o inconsciente encontra-se sobrecarregado de informações e conflitos arquivado, que são liberados no momento da concentração, a prejuízo do fenômeno.
À medida que o indivíduo libera as fixações mentais, a insegurança, os complexos perturbadores, as antenas psíquicas passam a captar melhor as vibrações mentais dos desencarnados, sem as próprias turbulências e oscilações íntimas.
A simpatia despertada pelo médium, nos Bons Espíritos, permitirá que eles mais se lhe acerquem e insistam na inspiração com o amigo encarnado, facultando-lhe uma filtragem mais cuidadosa, que se vai tornando natural e propiciadora do fenômeno correto.
Certamente, deve-se exercer vigilância em relação às manifestações mediúnicas, entretanto, o excesso de exigências torna-se tão prejudicial quanto a sua falta. O equilíbrio é sempre a medida saudável, ideal, e está na forma edificante com que se cuide de selecionar o mediunismo do animismo.
Podemos afirmar que, no fenômeno mediúnico, a vigência do animismo é ocorrência natural, tanto quanto no último faz-se presente o primeiro, em se considerando a constante presença e assistência dos Espíritos aos homens. Um encontro puro, sem qualquer interferência, somente ocorrerá no infinito...
Não seja de recear-se o animismo apenas nas experiências da mediunidade, porquanto ambos encontram-se tão associados, que fica difícil estbelecer-se uma linha demarcatória onde um começa e o outro termina.
Merecem reproche, pelo prejuízo que produzem, as mistificações dos Espíritos zombeteiros e mentirosos, como as produzidas pelos indivíduos inescrupulosos, que se apresentam como médiuns para enganarem pessoas ingênuas, incautas e de boa fé, retirando proveito dessa artimanha.
Os indivíduos sérios e de seguros princípios morais, afeiçoados aos deveres, ao bem e à caridade, sempre serão credores de confiança, pela facilidade de sintonização com os Espíritos que os assistem, captando-lhes facilmente os pensamentos. Em face da sua ductibilidade emocional e comportamental, são mais seguramente telementalizados pelos desencarnados, traduzindo-os com serena segurança.
As pessoas desestruturadas psicologicamente, tumultuadas, instáveis, ansiosas ou receosas tornam-se mais propícias aos animismos, por uma necessidade inconsciente de liberação dos arquivos mentais de conteúdo perturbador.
Toda atividade exige disciplina, treinamento, perseverança, abnegação, e a mediunidade não constitui exceção, especialmente tendo-se em vista os mecanismos intrincados, orgânicos, emocionais e psíquicos de que se reveste o fenômeno que propicia.
Examine-se, desse modo, a comunicação, e o bom senso estabelecerá quando a ocorrência da mesma é anímica ou mediúnica.
Quando a mensagem vier firmada por personalidade célebre, por entidade de nome exótico, apresentada em siglas de significado duvidoso, afirmando-se de outro planeta ou de longínqua galáxia, por precaução cuide-se de examinar se não se trata de mistificação, zombaria ou de animismo, por necessidade inconsciente de chamar a atenção ou de ser original, especial, diferente...
As comunicações mediúnicas autênticas e elevadas são desvestidas de extremidade, de superstições e quaisquer outras características do exotismo, do terror, sempre do agrado das mentes perversas e ociosas da erraticidade inferior.
Considerando-se a predisposição orgânica de quase todos os indivíduos para os fenômenos mediúnicos e parapsicológicos, o animismo se apresenta em diversos casos como paranormalidade em desenvolvimento - vidência, desdobramento, precognição, retrocognição, magnetização e outros - a caminho de faculdades mediúnicas, que surgirão mais tarde ou em próxima reencarnação.
De bom alvitre que um como outro fenômeno sejam colocados a serviço da fraternidade, da solidariedade, do progresso e do bem.
Manoel Philomeno de Miranda
(sob a Proteção de Deus)
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