Eternidade

Eternidade

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Depois de morrer...



O CÉU e o INFERNO, figuras simbólicas, estão dentro de nós.

Após a Morte, poderemos ser atraídos para planos superiores ou inferiores.

Tudo depende de nossa sintonia interior.

"A cada um segundo suas obras".


Para onde iremos após a morte?

Quantos fazem esta pergunta a si mesmos e nem sequer percebem que todas as noites, ao adormecerem, ensaiam a morte.

Os fenômenos ditos espíritas, que revelam a vida após a morte, não são uma exclusividade do Espiritismo, acontecem e aconteceram em todas as épocas no seio da humanidade. Encontramos seus vestígios desde os primeiros séculos da presença do homem na Terra.

Emanuel Swedenborg, nascido em Estocolmo em 1688, cientista e engenheiro de prestígio, publica em latim, no ano de 1758 - Londres - o livro: O Céu e suas maravilhas e o Inferno, contendo três partes O céu, O Mundo dos Espíritos e O inferno.

Neste livro, escrito quase cem anos antes da codificação do Espiritismo, narra suas experiências vividas periodicamente fora do corpo em desdobramento durante o sono e descreve com minúcias como vivem os espíritos depois da morte física.

Em uma das suas explicações sobre o que vira no mundo espiritual, ele afirma: "... aqueles que eram amigos ou se conheciam na Terra, novamente se encontram e conversam entre si, o quanto queiram, principalmente esposas e maridos, e também irmãos e irmãs. Vi um pai conversando com seus filhos após havê-los reconhecido, e muitos outros tratavam com parentes e amigos; porém, como possuíssem mentalidade diferentes em razão da experiência que traziam da Terra, eles se separaram algum tempo depois".

Muitos de nós, durante o sono, deixamos o corpo e assumimos temporariamente a vida espiritual. Revemos amigos, velhas afeições, visitamos entes queridos que residem perto ou distante, em outros países, e até em outros mundos. Por questões evolutivas, nem sempre conseguimos reter a lembrança de tais eventos, as quais, poderiam prejudicar o curso do nosso aprendizado na Terra. Entretanto, os desígnios de Deus, através dos infinitos recursos de que dispõe, constantemente envia-nos informações através dos meios mais diversos disseminados pelo mundo para que possamos nos aproximar da nossa verdadeira natureza.


Aqueles que morreram e voltaram para contar

Na antiguidade eram os profetas. Hoje, com a mediunidade esclarecida pela luz do Consolador, são os espíritos que, através dos médiuns, nos apontam o caminho a seguir. Faltam ouvidos para ouvir e olhos para ver!

Por isso ouvimos constantemente de lábios desprevenidos as seguintes frases: "Jamais alguém voltou para dizer como é lá". Ou ainda, "O que há após a morte, ninguém sabe".

Com certeza, entre tantos outros, Emanuel Swedenborg, foi um dos que estiveram lá e voltaram para dizer como é o mundo dos espíritos.

No livro, O Céu e o Inferno, um dos trabalhos mais importantes do Espiritismo, codificado por Allan Kardec, consta valiosos depoimentos de espíritos desencarnados em circunstâncias das mais diversas, cujas narrativas esclarecedoras, nos dão uma ideia para onde iremos após a morte, segundo o nosso caráter e o nosso comportamento durante o período em que estivemos encarnados.

Enriquecendo ainda mais tais informações, através da psicografia de Chico Xavier, muitos retornaram para contar onde estão e como vivem.

Nas obras de André Luiz, colhemos valiosos esclarecimentos sobre como vivem os espíritos em suas coletividades, situadas no plano espiritual.

Entretanto, apesar do farto material informativo, existem pormenores que envolve o momento do desencarne que, para muitos, ainda é motivo de grande preocupação.

No livro, "Para Onde Iremos Após a Morte", onde relato minhas experiências em desdobramento, acompanhado pelo espírito Aulus, fui levado por ele em espírito a um hospital na zona central da cidade de São Paulo. Chegando lá, fomos direto para um dos apartamentos situado na ala dos convênios particulares.

Um homem que estava moribundo havia sido transferido da unidade de terapia intensiva a pedido dos familiares, pois os médicos nada mais poderiam fazer pelo paciente. Ali, no apartamento, pelo menos os entes queridos poderiam compartilhar dos seus últimos instantes no corpo físico. Estavam presentes três pessoas segundo Aulus, a esposa, sua única filha e o genro. Passados alguns instantes, chegaram cinco espíritos desencarnados, duas moças e três senhores. Pela vestimenta e pela aparência, percebi que eram espíritos esclarecidos, cumprimentaram Aulus e acenaram para mim, depois puseram-se em volta do leito onde o moribundo balbuciava algumas palavras que mais pareciam gemidos.

Aulus acercou-se de mim e passou a orientar-me sobre o que estava ocorrendo naquele momento:

- Esse espírito prepara-se para retornar ao mundo espiritual. É um homem de bem. Cultivou amizades sinceras conquistando um tesouro de afetividades. Na portaria do hospital muitos encarnados e desencarnados, animados pelo sentimento de gratidão, vieram prestar-lhe solidariedade neste momento importante da sua existência. As duas moças que estão ao lado do moribundo são suas filhas, desencarnaram quando mal saíam da infância física. Abalado com a morte prematura das filhas, buscou o reconforto, abraçando a caridade. Resignado, realizou obras meritórias em favor dos necessitados. Administrou seus bens como se fossem patrimônios da humanidade, gerou empregos e bem-estar para centenas de famílias.

Depois desses esclarecimentos, Aulus silenciou, ficamos observando o desenvolver dos acontecimentos.

A mulher segurava a mão do companheiro, esforçando-se para não se entregar ao pranto, mas naquele momento ele apertou sua mão e expirou. Mãe e filha não resistiram a emoção e entregaram-se finalmente ao pranto. O genro conduziu-as até o saguão do hospital onde foram acomodadas.

O médico de plantão foi acionado e, ao chegar, constatou a morte do paciente.


Os Espíritos, que já não possuem o corpo carnal, mas sim, um corpo mais sutil, o perispírito, estão por toda parte, no espaço ou ao nosso lado observando-nos sem cessar.


A Passagem

O espírito que acabara de perder o controle sobre o corpo, o qual jazia inerte na cama, começou a despertar. Naquele momento, as filhas desencarnadas foram se amoldando, assumindo assim a aparência que tinham ao desencarnarem. Ao vê-las, o pai gritou emocionado:

- Minhas filhas! Minhas filhas! Vocês não morreram! Graças a Deus! Estão vivas!

Enquanto se extasiava com a presença das filhas, os amigos espirituais que o assistiam, atuaram sobre ele induzindo-o através do magnetismo a mergulhar em sono profundo.

Logo depois, dois socorristas chegaram trazendo uma maca onde o acomodaram seguindo posteriormente para o plano espiritual ao qual destinava segundo seus merecimentos.

Pensei que nós íamos acompanhar o desfecho final daqueles acontecimentos, acompanhando a comitiva espiritual que cuidava do caso, entretanto, naquele momento, retornei ao corpo.

Passados alguns meses, Aulus conduziu-me a uma cidade no mundo espiritual que se igualava em beleza àquela descrita no romance que ele escreveu através das minhas aptidões mediúnicas, intitulado Quando o Amor é Eterno.


A Colônia Espiritual

Um lugar maravilhoso! As estrelas pareciam roçar as colinas com seus raios de luz; as casas iluminadas por dentro e por fora, pareciam construídas de material luminoso. Estávamos caminhando por entre as árvores e as flores que margeavam a calçada quando Aulus, diante da minha perplexidade, esclareceu:

- Esta é uma das moradas destinadas aos bem-aventurados! Aqui habitam os espíritos evangelizados que, à custa de muito esforço e experiências acumuladas a cada encarnação, aprenderam a amar o próximo como a si mesmos. Ainda não possuem a ciência, mas por suas atitudes fraternas tornaram-se benfeitores da humanidade. Residem em grupos familiares que estagiam na mesma faixa evolutiva. Libertaram-se dos vínculos que os mantinham presos ao processo de expiação e provas. Aguardam o início do mundo de regeneração para retornarem às encarnações na Terra, em busca de maiores conhecimentos. Enquanto isso, servem aos propósitos divinos socorrendo os espíritos em sofrimentos, retardatários da evolução.

Paramos em frente a uma das casas. Alguém, pressentindo a nossa presença abriu a porta. Uma jovem, sorrindo, nos fez perceber que estávamos sendo esperados. Convidou-nos a entrar.

No interior da casa, na sala, estava sentado em um sofá, um senhor que pareceu-me conhecido. Sorriu e com um gesto convidou-nos para sentar. Sentamos, Aulus apresentou-o:

- Este é o espírito cujo desenlace acompanhamos no hospital. Está lembrado?

Sim! Percebo que sofreu uma grande transformação. Sua aparência agora é de um jovem senhor, porém os seus traços fisionômicos lembram o velho moribundo que conheci no hospital.

Diante das minhas afirmações, sorriu e acrescentou:

- A forma e a aparência são reflexos do que sentimos. A felicidade que sinto neste momento justifica a transformação que observou.

- Quando encarnado, imaginou que um dia estaria em um lugar como este?

- Em um dos momentos mais aflitivos das minhas experiências na Terra, minhas filhas apareceram-me em sonho e pegaram-me pela mão, uma de cada lado, e trouxeram-me até aqui. Caminhamos pelas alamedas e conversamos muito, mas lembro-me apenas quando disseram-me: "Persevera e confia papai, um dia, todos nos reuniremos aqui". Aquilo para mim foi como uma injeção de ânimo. No dia seguinte, acordei com o coração cheio de esperança! Convicto de que todas as dificuldades que enfrentava naquele momento iriam passar. Para mim tinha sido apenas um sonho bom. Jamais imaginei que um dia realmente estaria aqui com as minhas filhas.

- E elas? Como se sentem com o seu retorno?

- Minhas filhas são dois anjos que Deus colocou em minha vida. Vibram com a minha felicidade! Agora mesmo estão em trabalho, provavelmente socorrendo e enxugando lágrimas.

- Sei que a condição de parentesco somente existe enquanto estamos encarnados e que, na verdade, somos todos irmãos. Qual a sua ligação com elas na condição de espíritos eternos?

- Ainda não recobrei as lembranças do pretérito, mas segundo elas, eu, minha esposa, minha outra filha, meu genro e a Nádia, que está aqui presente, fazemos parte de um grupo de espíritos cujas afinidades nos reúnem em experiências e trabalho. Ainda segundo minhas filhas, nesta encarnação recente, equilibramos as nossas contas com as leis de causa e efeito. Com certeza, ao recobrar a lembrança plena de minhas vidas passadas, estarei aliviado em minha consciência.

- Quer dizer que entre outras provações, a morte prematura das suas filhas fazia parte de uma programação de vida?

- Sim! Por força das nossas necessidades evolutivas.

- O senhor se recorda do que sentiu naqueles últimos momentos que viveu no hospital?

- Foi um momento interessante! Assisti a um retrospecto de toda a minha vida. Passaram pela minha mente lembranças desde o tempo em que eu ainda era uma criança.

Curioso diante da declaração do nosso irmão, perguntei ao Aulus:

- Quase todos, senão todos, passam por uma situação semelhante no momento que antecede à desencarnação. O que acontece realmente nesse momento? Por que ocorrem essas lembranças?

- Nesse momento, o espírito transfere para o subconsciente todas as informações colhidas durante as experiências vividas no corpo, enriquecendo o acervo de conhecimentos. Ao retornar ao plano espiritual, essas lembranças são retomadas pelo consciente imediatamente. É um processo natural do qual, muitas vezes os benfeitores da eternidade se utilizam para ajudar os espíritos em dificuldades, retardando-as por algum tempo. Existem espíritos que, enquanto encarnados, fizeram sofrer em demasia os que com ele conviveram, ultrapassando os limites que lhe eram facultados pela lei de causa e efeito, nesses casos, suas lembranças são controladas e fragmentadas para que não possam continuar prejudicando os que permaneceram encarnados. Geralmente os déspotas domésticos, retornam ao mundo espiritual desmemoriados.


O Espiritismo, que tem sua base doutrinária codificada por Allan Kardec, 

pesquisa, explica e demonstra através de provas irrecusáveis, 

a vida após a morte. 


O Pressentimento da Morte

- E nos casos onde o espírito é acometido de uma morte súbita ou violenta, em que momento faz essas transferências?

- Horas, ou até dias antes, o espírito pressente a sua partida, inconscientemente começa a fazer a transferência de tais informações.

- Então é por isso que ouvimos certos comentários dos entes mais próximos dos que tiveram uma morte brusca, os quais afirmam o seguinte: "Parece que ele sabia, ultimamente se comportava de forma estranha, falava de coisas ocorridas há tanto tempo, vivia introspectivo".

- Sim! O espírito traz gravado no subconsciente a hora da sua morte física, intuitivamente prepara-se pra o momento da sua partida.

Satisfeito com os esclarecimentos de Aulus, voltei-me para o anfitrião e perguntei-lhe:

- Quais serão suas atividades aqui no mundo espiritual?

- Em breve devo estar dividindo meu tempo entre as responsabilidades que aqui me serão atribuídas e o trabalho em torno dos meus familiares que herdaram de mim algumas responsabilidades. Devo orientá-los e protegê-los para que possam dar prosseguimento aos projetos que deixei em curso, dos quais, eles dependem diretamente para que sejam bem sucedidos nas conquistas do espírito.

Pudemos perceber que o que determina para onde vamos são as nossas realizações, e não apenas o título religioso que ostentamos enquanto encarnados.


As Crianças no Mundo Espiritual

Outra dúvida comum é saber como ficam as crianças no mundo espiritual após o desencarne. Para esclarecer esse ponto, Aulus conduziu-me a uma colônia espiritual muito interessante. De beleza ímpar! As flores e as árvores bem cuidadas demonstravam o carinho dos habitantes ela mãe natureza. Algo aguçou minha curiosidade, vi vários playgrounds sobre uma área gramada, onde crianças de três a nove anos mais ou menos, brincavam descontraídas sob a vigilância de alguns espíritos revestidos da forma feminina. Antes que eu perguntasse qualquer coisa, Aulus afirmou:

- Esta é uma colônia berçário.
- São espíritos que vivem nas condições de criança?
- Sim! durante um período transitório. Venha, vamos observar, depois farei os comentários necessários.

Entramos em um dos edifícios distribuídos ao longo de uma das avenidas arborizadas. Era um imenso berçário. Dezenas de mulheres percorriam os corredores entre berços, zelando pelo bem-estar daqueles espíritos que, de longe, pareceram-me estar nas condições de recém-nascidos. Andei com Aulus por entre os berços. Realmente, naquela ala, todos pareciam recém-natos, mas na verdade, mantinham a forma de quando foram ligados às mães no período anterior ao da concepção. Já estava me afogando na curiosidade, quando Aulus esclareceu:

- Alguns desses espíritos, ao tentarem reencarnar atendendo a um planejamento de vida adrede preparado, foram abortados. Como são espíritos relativamente bons e ligados às candidatas a maternidade pelos laços de afetividade, a providência divina os mantêm nessa condição para que não sofram desnecessariamente até que seja dado às candidatas, pelo menos mais uma oportunidade de recebê-los. Embora seus perispíritos minimizados, mantêm-se mentalmente ligados às mães, aguardando o momento em que estejam receptivas para concebê-los.

- E se elas voltarem a fracassar praticando novamente o aborto?

- Nesse caso, o espírito será resgatado dessa condição. Consequentemente, reassumirá a consciência plena, retomando a condição anterior ao projeto da reencarnação.

- Como se sentem esses espíritos ao recobrarem a consciência depois de passarem por essas experiências?

- Frustrados nos seus anseios evolutivos e entristecidos por verem que os espíritos que amam permanecem insensíveis absorvidos pelas desilusões do mundo. Mas apesar disso, continuarão ajudando-os espiritualmente ou poderão até optar por renascerem como parentes próximos o que permitirá a eles uma convivência útil.


Aborto e Resgate

- E quando o aborto é um resgate para o espírito, que tipo de sofrimento experimenta?

- Muitos dos que solicitaram a oportunidade do resgate, ao retornarem para o mundo espiritual, recobraram a consciência imediatamente trazendo horríveis sensações de dor. Outros, mergulham em um profundo sono durante algum tempo e, quando despertam, reassumem a consciência registrando uma sensação de mal estar muito grande que os levam às lágrimas durante um bom tempo. Entretanto, nem todos se assemelham nas suas reações aos sofrimentos a que são conduzidos pelas circunstâncias que criaram com suas atitudes.

- Em que condições tentaram reencarnar alguns espíritos que, ao sofrerem o aborto, depois de retornarem à consciência no mundo espiritual, acabaram se revoltando contra aqueles que deveriam ser seus pais, passando a persegui-los implacavelmente?

- Em alguns casos pode tratar-se de um resgate imposto compulsoriamente ao espírito que ainda não tem o discernimento para optar pelo melhor para si. Por isso, acaba se revoltando contra os encarnados envolvidos. Estes, geralmente, são espíritos reincidentes na prática do aborto que, ao sofrerem a perseguição desse espírito revoltado, acabam dando início a um processo reparador há muito planejado pelos benfeitores que os auxiliam nas suas necessidades evolutivas. Entretanto, existe um outro motivo que muitas vezes leva um espírito a assumir uma atitude semelhante. Ao programarem uma nova reencarnação, alguns espíritos, se comprometer a receber como filho, um determinado espírito com o qual contraíram dívidas morais em um relacionamento infeliz no passado. Porém, no momento de cumprirem o compromisso firmado na espiritualidade, acabam optando pelo aborto. Nesse caso, se o espírito abortado ainda não alcançou um grau de compreensão maior, poderá se revoltar e persegui-los indefinidamente, até que conquistem uma oportunidade de se reunirem novamente em uma convivência reparadora, a fim de se reabilitarem perante às leis de causa e efeito.

Seguimos por entre os berços, agora em outra ala onde observei que os espíritos que ali estavam, aparentavam desde alguns meses até um pouco mais de um ano. Antes de formular qualquer pergunta, Aulus esclareceu-me:


Os Bebês do Além

- Estes espíritos desencarnaram com as respectivas idades que aparentam. Segundo as próprias necessidades, requisitaram da providência divina duas encarnações consecutivas e quase imediatas, daqui partirão para completá-las.

- Por que não reassumiram a consciência?

- O tempo entre uma e outra encarnação é muito curto, seria um constrangimento desnecessário ao espírito. Estando aqui, atendem a um propósito divino que faculta a esses espíritos que cuidam deles, a oportunidade de valorizar a maternidade, que tantas vezes desprezaram. Zelando por eles, acabam desenvolvendo o amor maternal que um dia nutrirão pelos seus rebentos.

- Renascerão na mesma família?

- Uma grande maioria retornará aos braços da mesma mãe. Muitos porém, migrarão para outros lares com os quais estão compromissados.

Saímos do prédio em que estávamos e caminhamos em direção a um outro próximo dali. À nossa frente, acompanhadas por algumas mulheres, quase uma centena de meninas aparentando entre sete e nove anos de idade, caminhavam em formação como nos desfiles escolares.

Cantavam um hino de esperança. Ávido de conhecimentos perguntei:

- Estão conscientes que são espíritos desencarnados?

- Não. Esses espíritos desencarnaram há muito pouco tempo. Em breve estarão reencarnados novamente. Os espíritos só permanecem nas condições da infância quando o intervalo entre as encarnações consecutivas programadas são de um curto período, caso contrário, se o intervalo entre elas for muito longo, retomam a consciência e reassumem a forma de adultos que possuíam anteriormente.

Entramos em um outro edifício. No saguão de entrada havia várias dezenas de meninas, uma delas aproximou-se de mim e perguntou-me:

- Quem é você?

Embaraçado, olhei para o Aulus e ele fez um sinal para que eu respondesse. Então eu respondi:

- Eu sou um amigo que veio visitá-las.
- Você conhece a minha mãe?
- Não! Não conheço. Ela é bonita?
- Muito bonita! Amanhã eu vou voltar para casa, estou com muita saudade dela, do meu pai, do meu irmão e do meu cachorrinho.

As lágrimas umedeceram meus olhos, fiz um grande esforço para não chorar. Naquele instante, frente à porta do edifício, parou um veículo muito grande e semelhante aos ônibus que conhecemos. Aulus aproximou-se de mim e esclareceu-me:

- Esse veículo, em função da utilidade a que se presta, é chamado de Cegonha pelos companheiros que trabalham na colônia. Está aqui para transportar os espíritos que vão reencarnar nas próximas semanas, os quais, serão conduzidos aos lares a que se destinam, onde os benfeitores da reencarnação os aguardam para auxiliá-los.


De volta ao Lar

Enquanto Aulus me esclarecia, vi quando a menina que conversou comigo entrou no veículo. Então perguntei:

- O que ela me disse é verdade? Ela vai voltar para casa junto aos entes queridos que deixou? Renascerá no mesmo lar?

- No caso dela sim! Mas nem todas, esse é o argumento que as mães temporárias daqui usam para acalmá-las e facilitar seus encaminhamentos no processo reencarnatório, o que não deixa de ser verdade, pois todas retornarão para o ambiente de um lar.

Senti um certo reconforto. Aquela menina havia tocado fundo meu coração.

Percebi que ainda havia tempo para explorar um pouco mais os conhecimentos de Aulus:

- No prédio onde ficam os espíritos na condição de recém-nascidos, percebi que haviam meninos e meninas, porque aqui só vejo espíritos nas condições de meninas?

- Os meninos que estão na mesma faixa etária das meninas, são conduzidos para uma outra colônia que atende às mesmas necessidades.

- Quer dizer que só em casos especiais como estes justifica a um espírito desencarnado permanecer na condição infantil?

- Sim! Entretanto, os espíritos podem revestir-se da aparência infantil que tinham quando desencarnaram, porém raciocinam como adultos.

Naquele momento, uma das mulheres que parecia fazer parte da direção da colônia, segurando pela mão uma das meninas, chamou-nos.

Aulus fez-me um sinal e nós fomos até ela. Ao nos aproximar, comunicou-nos:

- Vou conduzir a Taninha para visitar a mãe. Querem acompanhar-nos?

Aulus aceitou o convite. Entramos em um veículo pequeno, à semelhança de um automóvel, em poucos instantes fomos transportados até o lar terrestre onde a mãe de Taninha se encontrava. Estava fora do corpo, sentada na beira da cama, chorava muito. Taninha aproximou-se e disse-lhe:

- Não chore mamãe! Eu estou num lugar muito bonito. Em breve vou voltar para casa.


O Reencontro

A mãe abraçou-a por alguns instantes, e logo depois foi reconduzida ao corpo pelo amigo espiritual que a assistia, nós retornamos a colônia. Estava ansioso por esclarecimentos.

- O que motivou a realização dessa visita à mãe de Taninha?

- Esse é um procedimento rotineiro realizado pelos espíritos responsáveis pela colônia. Vez ou outra, algumas crianças são conduzidas a presença dos pais a fim de amenizar o sofrimento causado pela separação. Pela manhã, quando acordar, a mãe de Taninha se sentirá um tanto mais reconfortada.

- Compreendi que a condição dos espíritos abrigados nesta colônia é uma condição excepcional. Mas de um modo geral, como ficam os espíritos que desencarnaram na infância física?

- Dependendo da evolução alcançada, reassumem quase que imediatamente a consciência plena. Consequentemente, retomam a aparência com que se revestiam no período anterior ao da reencarnação. Muitos retornam em espírito para junto dos pais para ajudá-los enquanto permanecem reencarnados. Outros são socorridos até que se recomponham novamente. Não existe uma regra absoluta e determinante, estamos sujeitos às leis naturais que, segundo o progresso alcançado, nos favorecem ou nos dificultam qualquer transição que tenhamos de realizar, seja qual for o plano da nossa manifestação.

- Vejo que se aproxima o momento do meu retorno ao corpo, mas gostaria de mais um esclarecimento. Por que tivemos de utilizar um veículo para nos conduzir à casa da mãe de Taninha?

- A colônia prima por manter as características do plano terrestre a fim de não confundir a mente desses espíritos que ignoram que se ausentaram do corpo.


A Felicidade

Pudemos ver que Deus está presente com a sua misericórdia em qualquer circunstância em que estejamos envolvidos, por isso, recomendo aos pais, cujos filhos partiram na tenra idade: continuem amando-os como espíritos eternos que são, e que, a semelhança do que aprendemos com a comunicação descrita anteriormente, essas crianças que durante por algum tempo agasalharam vossos corações, proporcionando a vocês a oportunidade de exercitar o amor e a resignação, colocando-os na via da Felicidade Eterna, poderão neste momento, estar ao vosso lado com as atribuições de um Guia Protetor, velando para que não se entreguem a revolta e ao desespero. Confiem! Para que amanhã, nos Planos da Vida Eterna, abraçados, desfrutem da felicidade que vos aguarda.


Extraído de rcespiritismo, por Nelson Moraes. 


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