Eternidade

Eternidade

domingo, 30 de setembro de 2012

Norma de Vida



Sinto-te o coração dorido em prece
E perguntas, em pranto, alma querida e boa:
- "Como guardar a fé, sem que a prova nos doa
Nos recessos do ser?
Uma norma de paz haverá sobre a Terra,
Que consiga sanar as chagas da alma triste?"
Sem pretensão, respondo que ela existe:
- Trabalhar e esquecer.

A própria Natureza é um livro aberto.
Recorda o tronco antigo e a tempestade;
Desçam raios do céu, a nuvem brade,
Sob a crise da noite a estremecer,
Ei-lo, porém, ereto e firme, agüentando a tormenta...
Quebra-se-lhe quase toda a ramaria,
Ele guarda, no entanto, as instruções da vida:
- Trabalhar e esquecer.

Vejo a terra humilhada na lavoura,
Ferida e massacrada
Ao peso do trator e entre golpes de enxada
Tem nos vulcões rugindo o seu bravo gemer...
Mas, mesmo assim, produz o pão do mundo,
Injuriada e revolvida
Atende a ordenação que recebe da vida:
- Trabalhar e esquecer.

O fio dàgua que nasceu na serra,
Pouco a pouco se fez amplo regato,
Percorrendo quilômetros de mato,
A correr e a correr...
Dessedentando pombos e serpentes,
Sofre a baba do lobo que o domina
E segue para o mar, ante a norma divina:
- Trabalhar e esquecer!...

Assim também, alma querida e boa,
Se carregas contigo farpas de amargura,
Desencanto, tristeza, desventura,
Chora, mas faze o bem - nosso alto dever...
Quanto às pedras e empeços do caminho,
Desengano e aflição, mágoa e mudança,
Olvida!... E segue as vozes da esperança:
- Trabalhar e esquecer!...
-
- pelo Espírito Maria Dolores - 
Do livro: Assembléia de Luz, Médiuns: Francisco Cândido Xavier.

sábado, 29 de setembro de 2012

Reflexão...


Obsessão: causas, consequências e tratamento



A obsessão é o domínio que alguns Espíritos inferiores logram adquirir sobre outros Espíritos, que se opera por meio da sintonia mental ou influência magnética, em que os fluidos perispirituais exercem papel fundamental.

É um fenômeno que, graças à conscientização de alguns psiquiatras espíritas, vem sendo estudado nos meios acadêmicos, facultando os diagnósticos e os tratamentos de certas enfermidades psíquicas, porém, ainda há muita ignorância no meio científico, razão pela qual, mesmo na atualidade, pessoas são internadas como se fossem loucas, quando não passam de obsidiadas. Precisam também de tratamento espiritual, sem o que terminam enlouquecendo de fato.

A obsessão apresenta surtos epidêmicos que vêm se acentuando nos últimos tempos, em que "[...] A mente humana abre-se, cada vez mais, para o contato com as expressões invisíveis", e em que a Humanidade experimenta os efeitos da transição para o mundo de regeneração. A violência é o sintoma mais declarado dessa epidemia obsessiva que ronda a Humanidade, não só a violência coletiva, via de regra açulada pelo comportamento de massa, mas também a violência individual e também aquela que ocorre na intimidade das famílias ou mesmo nos locais públicos.

A obsessão, alçada à categoria de expiação, funciona também como prova, com vistas ao despertamento do Espírito para novos valores morais. Todos estamos sujeitos a ela, sejamos ou não espíritas, sejamos ou não médiuns ostensivos. As obsessões, classificadas por Kardec como simples, fascinação e subjugação, sempre existiram, nominadas, em o Novo Testamento, como "possessão". 

Na obsessão simples, o médium sabe que está sendo assediado por um Espírito perseguidor e este não disfarça. É um inimigo declarado, do qual é mais fácil se defender. Por isso, o médium se mantém em guarda e raramente é enganado. Entretanto, a pessoa não consegue se livrar deste tipo de assédio com facilidade, devido à persistência do obsessor. Apesar de tudo isso, a obsessão simples pode ser vencida pela própria vítima, sem a ajuda de terceiros, desde que conserve firme a vontade.

Já a fascinação é uma modalidade de obsessão mais acentuada, devido à ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento da pessoa, a qual lhe confunde o raciocínio, inibindo a sua capacidade de julgar as comunicações, visto que o fascinado não acredita que esteja sendo iludido. Toda vigilância é pouca, pois até mesmo os mais instruídos podem ser enganados. Aqui, as consequências da interferência espiritual são mais graves: o obsessor, extremamente astuto e hipócrita - pois apresenta falsos aspectos de virtude -, convence a vítima a aceitar teorias e ideias absurdas. A tática principal do obsessor, nesta hipótese, é afastar o obsidiado das pessoas das quais depende para furtar-se ao processo obsessivo ou daqueles que poderiam advertir a vítima do seu erro. 

A subjugção, também conhecida como "possessão", conforme já visto, é outro tipo de obsessão. Assemelha-se muito à fascinação, porém, aqui o obsessor atua com maior intensidade, uma vez que manipula o médium não apenas no aspecto psicológico, mas também no aspecto f´sico, sem que isto implique coabitação corporal permanente. A subjugação - psicológica ou corporal - é uma interferência do obsessor que paralisa ou anula a vontade e o livre-arbítrio daquele que a sofre e o faz agir contra a própria vontade.

A obsessão pode acontecer de várias maneiras: de encarnado para encarnado; de desencarnado para desencarnado; de desencarnado para encarnado; de encarnado para desencarnado; auto-obsessão; e obsessão recíproca.

As causas da obsessão variam de acordo com o caráter dos Espíritos envolvidos, mas a raiz dela está sempre nas enfermidades morais, características comuns aos habitantes dos planetas de provas e expiações, como é a Terra, tais quais vingança (muitas vezes de um inimigo do passado), ódio, inveja, orgulho, ira, ciúme, avareza, egoísmo, vaidade, maledicência etc.

As consequências da obsessão dependem do grau de influência dos Espíritos e do poder de defesa e reação do obsidiado, podendo ir de um simples mal-estar até os desequilíbrios mentais e físicos de todos os matizes. Nos casos de fascinação e subjugação, se não forem tratadas a tempo, graças ao contato prolongado dos fluidos malsãos com as moléculas do organismo, podem levar à dominação completa, gerando enfermidades orgânicas e psicológicas graves que põem em risco a sanidade e a vida do paciente, caso em que se faz necessário, também, o tratamento médico convencional.

Independente do tipo de obsessão, porém, ela somente se inicia no caso de o obsidiado consentir, seja pela sua invigilância, seja pela sua fraqueza ou por nesta se comprazer. Daí a importância de o paciente mudar o seu comportamento, que, muitas vezes, é o fomentador da obsessão. Por isso, a recomendação de Jesus à mulher adúltera igualmente serve a todos nós:  "Vai e não peques mais", isto é, corrijamo-nos moralmente, evitando reincidir no erro, para que outros obsessores não sejam de novo atraídos pela nossa conduta irrefletida.

Os meios preventivos da obsessão são os mais eficazes e relativamente simples, pois encontram nos ensinamentos de Jesus remédios morais infalíveis, quando seguidos à risca. A prática do bem em todos os sentidos, a vigilância mental, o estudo, o trabalho, a oração pelo obsessor e por si mesmo, o perdão, a transformação íntima, a substituição de certos hábitos por outros mais elevados, contribuem muito para se evitar a influência dos irmãos infelizes, os quais, mesmo que perseverem com sua presença indesejável, acabam, não raras vezes, mudando de ideia e seguindo os bons exemplos da vítima e, às vezes, até perdoando o desafeto. Mesmo que o obsessor não se sensibilize com a conduta exemplar, muitas vezes acaba desistindo da perseguição, ao perceber que a vítima não está iludida e que lhe é impossível enganá-la. Assim, a confiança irrestrita em Deus e nas suas leis imutáveis constitui excelente antídoto contra a obsessão.

Já os casos de obsessão mais graves, uma vez instalados, exigem tratamento especializado, que geralmente são feitos nas reuniões doutrinárias de desobsessão, em que os perseguidores são esclarecidos sobre os problemas que os atormentam, num trabalho de orientação fraterna, com vistas a persuadi-los do erro que incorrem.

As sessões de exorcismo, que consistem na prática de "expulsar" os chamados "demônios", por meio de fórmulas e rituais místicos, muito utilizadas no passado e ainda atualmente, embora com menor intensidade, por certas doutrinas religiosas, mostraram-se ineficazes no tratamento da obsessão. O êxito do tratamento depende mais da autoridade moral do religioso do que de fórmulas ritualísticas ou ordens imperativas para que o Espírito obsessor se afaste. O Espiritismo não adota essa prática, porque não professa a crença na existência dos "demônios" como seres devotados eternamente ao mal, uma vez que eles nada mais são do que os Espíritos desencarnados (homens e mulheres que viveram na Terra), e ainda não evoluíram, como muitos de nós, e que constituem os enfermos que necessitam de remédio.

O Evangelho no Lar e a água fluidificada também são tratamentos muito eficazes, assim como os passes magnéticos, estes utilizados na Casa Espírita, geralmente empregados em complementação às sessões de evangelização dos Espíritos, com vistas à renovação dos fluidos malsãos que afligem os obsidiados.

Como ensinam os Espíritos, o mais poderoso meio de se combater a influência dos maus Espíritos é lutar, o máximo possível, para conquistar a virtude dos bons. Enfim, evangelizar-se, pois, no fundo, a obsessão é um problema educativo. Todos nós, sem exceção, estamos lutando para nos libertar das influências do mal, que, a rigor, reside em nós mesmos. Sem negligenciarmos a saúde corporal, devemos dar prioridade à saúde da alma e, assim, como ensinou Jesus, seremos médicos de nós mesmos!

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Referências: Kardec, Allan. O livro dos médiuns.......
Xavier, Francisco Cândido, Nos domínios da mediunidade...
Kardec, Allan. Obras póstumas
Xavier, Francisco Cândido, Os mensageiros
Kardec, Allan. O evangelho segundo o espiritismo
_____, A Gênese
Marcos, 1:21-27 e Lucas, 4:31-41
João, 8:11.
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Fonte: Reformador nº 2.160, de março/2009

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Reflexão...


A Vida e a Morte


O que é a vida? O que é a morte?

A vida é o resultado de todos esses movimentos que se entrecruzam sob mil ondulações, combinando mil variedades de forças e de coisas, desde o diamante adormecido no seio da mina, à planta que se eleva sôfrega para a luz, aos répteis que rastejam, aos pássaros que voam, aos animais, aos homens, crescidos na Terra, onde a luz e o calor os atraem; onde o magnetismo os liga sob o dinamismo das forças ativas da Física e da Química, onde permanecem sujeitos a uma Vontade Toda Poderosa.

Mas a Vida não se limita ao que existe na Terra, acessível aos estreitos sentidos humanos e aos nossos mais aperfeiçoados instrumentos.

Todos esses movimentos, todas essas ondulações se exercem também nas alturas, nos espaços, nos céus do Universo inteiro. Por toda a parte está a vida, e até na própria morte ela se manifesta, porque a morte não é mais que um movimento de renovação, de transformismo para a perfeição.

A vida não é só o que se percebe na Terra, o que se revela pelo microscópio; não é só o que se mostra na atmosfera; não é tudo o que enche os mares, e povoam os ares em germens invisíveis; não é só o que se apresenta no solo sob miríades de espécies, vegetais e animais, não é só a raça humana com suas quedas e ascensões.

A Vida é a permanência eterna dos Espíritos modelando todas as formas de existências planetárias e siderais, de posse da força e da matéria para a execução dos planos divinos. A Vida está em toda a parte; no Cosmos, ela é a expansão da Vontade de Deus, é a ação poderosa do Criador Supremo.

Na Terra, como princípio de ciência, a vida é a união do principio vital à matéria organizada. Sem esse agente a matéria não pode viver, desagrega-se e, pela transformação, reúne-se em outros corpos, que dão a vida aos seres em geral ou que lhe servem de instrumentos.

O principio vital está sempre de acordo com as espécies que animaliza; ele tem a sua fonte no fluido universal, e se constitui no laço que une o corpo ao Espírito. O esgotamento, ou a cessação do fluido vital, no homem, ocasiona o que chamamos morte, ou seja, a separação do Espírito do corpo.

E o fluido vital que dá a todas as partes do organismo a atividade que estabelece as funções. Quando o fluido vital se torna insuficiente para a manutenção do organismo, vem a moléstia e a morte. Mas esse fluido pode ser transmitido de um a outro indivíduo, e, em certos casos, reanimar um organismo, prestes a desaparecer.

E' por meio do fluido vital que se operam geralmente as curas dos enfermos; ele é o elemento reparador e vivificador dos corpos.


Cairbar Schutel

Do livro Médiuns e Mediunidade, de Cairbar Schutel.

O pão da Terra e o pão do Céu...


"No dia seguinte a multidão, que ficara do outro lado do mar, notou que não havia ali senão uma barca e que Jesus ão tinha entrado nela com seus discípulos, mas que estes tinham partido sós; chegaram, porém, outras barcas de Tiberíades, perto do lugar onde comeram pão, depois de o Senhor ter dado graças.

Quando, pois, a multidão viu que Jesus não estava ali, nem seus discípulos, entraram nas barcas e foram a Cafarnaum em procura de Jesus. Depois de o terem achado no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Mestre, quando chegaste aqui? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Vós me procurais, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a Vida Eterna, a qual o Filho do Homem vos dará, porque sobre ele imprimiu o seu selo o Pai, que é Deus." (João, VI, 22-27.)

Há pão do Céu, assim como há pão da Terra; há alimento para a alma, assim como o há para o corpo; o alimento do corpo acaba, entretanto, como o corpo; o da alma permanece para a Vida Eterna.

Quem somente trabalha pelos manjares da Terra, não tem a comida do Céu; quem trabalha pela comida do Céu tem o pão da Terra e o pão que permanece para a Vida Eterna.

Há muitas espécies de trabalho da mesma forma que há diversas qualidades de trabalhadores; trabalhos da Terra, trablhos do Céu na terra.

Aqueles jazem como túmulos bem ornados nas necrópoles, que desabam ao rugir das tempestades; os do Céu aparecem nas alturas, iluminados pelo fulgir dos astros e brilho das estrelas.

O que é da Terra, na Terra permanece; o que é do Céu, persiste na Vida Eterna.

No trabalho exclusivamente terreno, os membros cansam, o suor goteja, o cérebro se aniquila, a vida se extingue.

No trabalho do Céu, a fronte se eleva, a alma se engrandece, o corpo se fortalece, a mente se aclara, e a vida se eterniza.

Quem só trabalha para o que é da Terra, trabalha para o que perece. Quem trabalha para o que é do Céu, trabalha para o engrandecimento moral e espiritual de si próprio e de seus semelhantes, trabalha pela comida que permanece para a Vida Eterna.

Há trabalho e trabalho; assim como há Pão e pão; assim como há tesouros na Terra e Tesouros no Céu.

Quem vive do Espírito busca as coisas do Céu; quem vive da carne busca as coisas da Terra; a carne para nada serve, o Espírito é que continua a viver.

"Trabalhai, não pela comida que perece, mas sim pela comida que permanece para a Vida Eterna."


Cairbar Schutel
Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Com festa na alma...




Abra as janelas da alma e espie as belezas da vida, que se desdobram além das tuas agonias, tudo colorindo e felicitando.
Quem se dispõe a encontrar a felicidade, longe das moedas aquisitivas, descobre painéis de indescritível estesia em toda parte.
Levante-se num domingo de sol, antes da hora habitual, afaste-se do movimento cansativo da rotina doméstica e busque o campo. Escute no bucolismo da natureza as vozes das coisas, deixando-se banhar pela clara mensagem de luz da manhã em festa. Apague as impressões do pessimismo e pare ao lado dos pequenos regatos cantando variadas estórias com as águas em desalinho sinuoso e incessante correria. Descobrirá, em cada filete d’água espremido na rocha ou em cada córrego buscando largura no solo para espalhar-se, uma musicalidade especial. Se você tiver ouvidos, indentificará que murmuram queixas, competem com o vento, gargalham com a luz, cantam, simplesmente cantam.
Alongue os olhos, andando vagarosamente pelos caminhos: verde avenca segura-se com firmeza no montículo de terra; torturada trepadeira abre-se em flor no tronco escuro de vetusto arvoredo, cobrindo o ar com perfumada renda que contrasta em sua delicadeza com o tronco imponente; débil colibri, colorido e vivaz, singra os rios do firmamento e, longe, sanhaços verde-azuis em algaravia canora parecem palrar em revoada alegre...
Aspire esse ar puro do dia nascente e debruce-se sobre o peitoril da janela do otimismo ante a paisagem ridente, esquecendo por momentos as rotineiras preocupações. Empolgar-se-á com a mensagem do dia, abençoando a vida e compondo sinfonias divinas em toda parte.
Um ramo de quaresmeira aberto em flor, oscilando ao vento, salmodiando cores no veludo do capinzal e multicoloridas coreópsis, farfalhando levemente, falar-lhe-ão sem palavras sobre a felicidade real, ensejando dilatação das suas ambições, além das coisas esmagadoras do currículo normal.
Há poesia no pôr do sol, esperando os seus olhos; cascatas de luz em poeira de ouro fino carregado pelos favônios perfumados compondo espetáculos de cor; melodias espalhadas nos braços da árvore vibrando, vibrando no ar...
Tudo são belezas na Criação. Por que você se engolfa na tristeza injustificável?
Saia do cárcere estreito das sôfregas ambições materiais e embriague sua alma de festa natural no banquete de um dia de sol ou no repouso de uma noite enluarada, cujo manto de princesa salpicado de gemas faiscantes em rendas finas de prata murmurante convida à meditação... E você compreenderá que o seu coração é triste porque se amesquinhou na concha escura de si mesmo, fechando a janela por onde poderia enxergar o mundo de Nosso Pai, onde Jesus cantou o amor na sua mais alta expressão.
Algures, num aclive salpicado de gramínea baixa, compôs Ele as inexcedíveis bem-aventuranças.
Em praias brancas, pontilhadas de seixos e pedregulhos, socorreu órfãos e velhinhos.
Deambulando por caminhos recobertos de largas sombras de velhas figueiras e tamarindeiros, falou a esfaimados da esperança e justiça.
Em claras manhãs de luz pregou e viveu o poema sem palavras da Boa Nova.
E tendo elegido para berço u’a manjedoura modesta, recebeu um madeiro de odiosa punição indébita para morrer, numa tarde de calor, sobre um monte sem relva, abraçando, em contato com o poente ensanguentado de sol, ensanguentado também Ele, a Humanidade inteira...
Embora as necessidades para a manutenção do corpo na reencarnação que lhe enseja ressarcimento de dívidas, considere como felicidade esses dons sem preço que vestem a Terra e, renovado, após um giro longe das cogitações materiais imediatas, você retornará ao ninho doméstico de coração cantando festivas melodias de paz sob o aplauso de uma consciência referta de júbilo, descobrindo porque Jesus, diante de tantas coisas da vida, na Terra, referiu-se ao Reino de Deus como sinfonia sublime emboscado “dentro de nós” e que poderíamos dilatar por toda parte com festa na alma.

Amélia Rodrigues

FRANCO, Divaldo Pereira. “Crestomatia da Imortalidade”. Por Diversos Espíritos. 3. ed. Salvador, BA: LEAL. 1994, cap. 31.

REFLEXÃO...


Na Viagem Evolutiva




Faça da vida proveitosa viagem de conquista ao desconhecido país da oportunidade.

A mocidade pode ser comparada à jubilosa partida para a existência plena.


Cada ano transcorrido representará um ancoradouro, antecipando o porto da velhice.

   
A infância é o período de preparação para o cruzeiro. Aí se arrumam as bagagens, se coletam instruções básicas, se aprendem os princípios de direção, se têm notícias das surpresas e dos encantos do empreendimento, acumulando-se ansiedades e inquietações.
***
Você não seguirá sozinho.

Sempre necessitará da experiência dos que seguem à frente para se acautelar ante os nevoeiros e as tormentas.


Para que lhe suceda o êxito desejável, você requisitará o material dos nautas mais sábios e – os amigos mais velhos – e seguir-lhe-ás as diretrizes.


Lembre-se de que em passando pelas cidades belas e transitórias não as deve valorizar demasiadamente, tanto quanto, no percurso pelas vilas infelizes, não as pode espezinhar.


Cuide de semear amigos em toda parte.


Busque equilibrar a ambição para que o anseio de acumular bens fugazes não se transforme em verdugo de outrem ou veículo da rapina para você.


Alongue a mocidade, vitalizando de nobres anseios o coração jovial.


Plante gentilezas onde se demore e siga adiante.


Você derramará muitas bênçãos, todavia, colherá valores imperecíveis que jamais se apartarão de sua vida, nessa viagem que culminará além do porto da vida física, para onde todos seguiremos.

 
Marco Prisco


FRANCO, Divaldo P. "Ementário Espírita". Pelo Espírito Marco Prisco. 4.ed. Matão, SP: O Clarim, p.41.

Palavras aos Enfermos



Toda enfermidade do corpo é processo educativo para a alma. 

Receber, porém, a visitação benéfica entre manifestações de revolta é o mesmo que recusar as vantagens da lição, rasgando o livro que no-la transmite. 

A dor física, pacientemente suportada, é golpe de buril divino realizando o aperfeiçoamento espiritual. 

Tenho encontrado companheiros a irradiarem sublime luz do peito, como se guardassem lâmpadas acesas dentro do tórax. Em maior parte, são irmãos que aceitaram, com serenidade, as dores longas que a Providência lhes destinou, a benefício deles mesmos. 

Em compensação, tenho sido defrontado por grande número de ex-tuberculosos e ex-leprosos, em lamentável posição de desequilíbrio, afundados muitos deles em charcos de treva, porque a moléstia lhes constituiu tão somente motivo à insubmissão. 

O doente desesperado é sempre digno de piedade, porque não existe sofrimento sem finalidade de purificação e elevação. 

A enfermidade ligeira é aviso. 

A queda violenta das forças é advertência. 

A doença prolongada é sempre renovação de caminho para o bem. 

A moléstia incurável no corpo é reajustamento da alma eterna. 

Todos os padecimentos da carne se convertem, com o tempo, em claridades interiores, quando o enfermo sabe manter a paciência, aceitando o trabalho regenerativo por bênção da Infinita Bondade. 

Quem sustenta a calma e a fé nos dias de aflição, encontrará a paz com brevidade e segurança, porque a dor, em todas as ocasiões, é a serva bendita de Deus que nos procura, em nome d'Ele, a fim de levar a efeito, dentro de nós, o serviço da perfeição que ainda não sabemos realizar. 


Neio Lúcio  

 
XAVIER, Francisco C. Através do Tempo . Espíritos Diversos. 2ª ed. São Paulo, SP: LAKE, 1983. Mensagem psicografada em Reunião Pública de 01/03/1950 no Centro Espírita Luiz Gonzaga (Pedro Leopoldo – MG)   

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Mensagem de Ânimo


A dor e suas bênçãos



A Dor e Suas Bençãos
Fonte: Fonte de Luz
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco

    No universo o caos é a presença da vida em ebulição, em desenvolvimento.
    O repouso, se houvesse, significaria o aniquilamento da ordem, do equilíbrio.
    Tudo se agita, desde as micropartículas às galáxias em incessante movimentação.
    Sucumbe um astro pela decadência da energia e surge outro pela aglutinação de novas moléculas.
    Só há vida em toda parte e, portanto, ação.
    É natural que, no ser humano, esse processo se expresse como desgaste que produz dor.
    ***
    O pântano e as águas estagnadas experimentam rigorosa drenagem, a fim de se transformarem em jardim e pomar.
    O deserto sente a modificação da sua estrutura, mediante elementos químicos, de modo a reverdecer e coroar-se de flores.
    A semente sofre o esmagamento e arrebenta-se em vida exuberante.
    Nos animais, o parto é violência orgânica dolorosa, que liberta a vida que conduzia encarcerada.
    Compreensível, desse modo, que o desabrochar da perfeição comece pelo despedaçar do grotesco em predominância no ser humano.
    Erros que geraram calamitosos efeitos a reparar, desafios que promovem à conquista de mais elevados patamares se apresentam com freqüência.
    São inevitáveis as ocorrências depuradoras, os sofrimentos de sublimação.
    A dor é mensagem da vida cantando o hino de exaltação e glória à evolução.
    Recebê-la com tranqüilidade constitui admirável realização íntima da lucidez intelecto-moral do ser humano.
    ***
    Pressões, compressões, dilacerações constituem mecanismos da vida que se liberta do cárcere temporário para a exuberância da plenitude.
    Compreender a função da dor é atitude solidária, caminhando-lhe ao lado, ao invés de enfrentá-la com a extravagância da derrota.
    Entendida no seu significado profundo, torna-se amena e disciplinadora de impulsos graves quão danosos que persistem, dominadores.
    Em razão disso, a atitude passiva, o pensamento de aceitação e entendimento contribuem para torná-la produtiva, enriquecedora.
    Diante da transitoriedade do carro orgânico a que o Espírito se atrela, eis que o desgaste e a decomposição fazem parte dos fatores de destruição da aparência, para que o ser eterno singre os rios incomparáveis da imortalidade.
    Sem a histólise, que precede à histogênese demorada, a lagarta jamais flutuaria no ar como borboleta delicada.
    As condições físicas, portanto, são uma permanente transformação e a dor representa as mãos do Divino Escultor trabalhando em formas novas, aprimorando arestas e corrigindo anfractuosidades...
    Alegra-te, por haveres sido contemplado pela dor, por mais paradoxal que te pareça.
    Bem-aventurado aquele que sofre em paz, quando outros, desassisados, em tranqüilidade infelicitam vidas...
    Mantém-te confiante, mesmo sofrendo, e transforma as tuas ansiedades em gratidão a Deus, por haver estabelecido diretrizes diferentes das tuas, que te farão realmente feliz para sempre.
    Deixa-te, pois, arrastar pelas mãos do sofrimento digno, e converterás lágrimas em sorrisos, tristezas em júbilos, frustrações em pacificação interna, arrimado em Jesus, que nunca te abandonará.
    ***
    Dor bendita, que liberta e sublima, louvada sejas!

Cruz de Provações


Cruz de Provações
Livro: Momentos de Felicidade
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco

Anotas angustiado, as ocorrências afligentes da existência e não podes sopitar as exclamações de pessimismo, considerando-te desditoso.
Referes-te a enfermidades dilaceradoras que te alcançaram durante a existência física e arrolas os sofrimentos morais que te surpreenderam, inúmeras vezes, aturdindo-te e desencorajando-te.
Registras soledade nos momentos ásperos, como se tua vida não tivesse qualquer significado para aqueles que te cercam no grupo familiar ou social no qual te demoras.
Consideras as ingratidões que te feriram a alma, reiteradas vezes, partidas de pessoas às quais brindaste afeto, enriquecendo-lhes as horas de devotamento, de bondade e de alegria.
Muitas vezes, foste surpreendido pela calúnia infeliz que te azucrinou as horas, recebendo a bofetada do descrédito que te não poupou os valores morais íntimos.
Em outras ocasiões, foste surpreendido pela ironia de pessoas simpáticas em quem confiavas, relatando-lhes os limites e problemas, de que então se utilizaram para levar-te à praça da zombaria.
Sentes cansaço; agora acalentas o tédio, a desconfiança, entregando-te à decepção.
Reage e reflexiona com isenção de ânimo.
Esta é a tua cruz de provação.
Todas as criaturas transitam no mundo sob madeiros pesados, que lhes arrebentam as resistências, afligindo-as, amedrontando-as. Todavia, não é esta a finalidade deles, alguns invisíveis, portanto, mais dilaceradores.
Ignoras as dores ocultas do teu próximo, que se encontras atirado sobre catres misérrimos ou imobilizado por paralisias insidiosas, irrecuperáveis.
Não sabes das decepções que asfixiam os portadores do mal de Hansen, da AIDS, da decomposição orgânica em vida, nem das macerações da alma, que empurraram para os pélagos da loucura verdadeiras multidões. . .
A dor, na Terra, ainda é processo expurgador de mil delitos que não foram justiçados e de vícios hediondos que permaneceram ocultos.
A Misericórdia de Deus faculta ao Espírito calceta recuperar-se pelo sofrimento, depurar-se mediante a cruz de provações, em cujas traves reconsidera atitudes, programa atividades dignificantes, alça-se ao bem.
Assim mesmo, não são poucos aqueles que, ao invés de retemperarem o ânimo na forja da agonia, deixam-se consumir pelas chamas da revolta, que somente piora a própria situação.
Aberto à Vida está o amor. Todavia, hei-lo vilipendiado no chão da mesquinhez e na promiscuidade do primitivismo.
Possuidor dos recursos de edificação, é posto nos desvãos da delinqüência, permanecendo nos porões do vício. . .
O amor, no entanto, é o hífen de ligação do homem com seu irmão e com Deus, quando logra permear de vida aquele que se lhe permite penetrar.
Deste modo, se te sentes atado à cruz das provações dolorosas, adorna-a com as flores do amor fraterno, transformando as tuas dores em fontes de esperança em relação ao futuro.
Com resignação dinâmica, supera os momentos mais graves e alegra-te, tendo em mente que dos braços dessa cruz te alçarás mais rapidamente às elevadas esferas da libertação.

domingo, 23 de setembro de 2012

Reflexão...


Mensagem Espírita


Perante os Mentores Espirituais



Ponderar com especial atenção as comunicações transmitidas como sendo da autoria de algum vulto célebre, e somente acatá-las pelos conceitos com que se enquadrem à essência doutrinária do Espiritismo.
A luz não se compadece com a sombra.
Abolir a prática da invocação nominal dessa ou daquela entidade, em razão dos inconvenientes e da desnecessidade de tal procedimento em nossos dias, buscando identificar os benfeitores e amigos espirituais pelos objetivos que demonstrem e pelos bens que espalhem.
O fruto dá notícia da árvore que o produz.
Apagar a preocupação de estar em permanente intercâmbio com os Espíritos protetores, roubando-lhes tempo para consultá-los a respeito de todas as pequeninas lutas da vida, inclusive problemas que deva e possa resolver por si mesmo.
O tempo é precioso para todos.
Acautelar-se contra a cega rendição à vontade exclusiva desse ou daquele Espírito, e não se viciar em ouvir constantemente os desencarnados, na senda diária, sem maior consideração para com os ensinamentos da própria Doutrina.
Responsabilidade pessoal, patrimônio intransferível.
Honrar o nome e a memória dos mentores que lhe tenham sido companheiros ou parentes consangüíneos na Terra, abstendo-se de endereçar-lhes petitórios desregrados ou descabidas exigências.
A comunhão com os bons cria para nós o dever de imitá-los.
Furtar-se de crer em privilégios e favores particulares para si, tão-somente porque esse ou aquele mentor lhe haja dirigido a palavra pessoal de encorajamento e carinho.
Auxílio dilatado, compromisso mais amplo.
"Amados, não creiais a todo Espírito, mas provai se os Espíritos são de Deus". (I João, 4:1)


Livro: Conduta Espírita
André Luiz & Waldo Vieira

Perante os Espíritos Sofredores




Abster-se da realização de sessões públicas para assistência a desencarnados sofredores, de vez que semelhante procedimento é falta de caridade para com os próprios Espíritos socorridos, que sentem, torturados, o comentário crescente e malsão em torno de seu próprio infortúnio.
Ainda mesmo nas aparências do bem, o mal é sempre mal.
Evitar, quanto possível, sessões sistematizadas de desobsessão, sem a presença de dirigentes que reúnam, em si, moral evangélica e suficiente conhecimento doutrinário.
Quanto mais luz, mais possibilidade de iluminação.
Falar aos comunicantes perturbados e infelizes, com dignidade e carinho, entre a energia e a doçura, detendo-se exclusivamente no caso em pauta.
Sabedoria no falar, ciência de ensinar.
Sustar múltiplas manifestações psicofônicas ao mesmo tempo, no sentido de preservar a harmonia da sessão, atendendo a cada caso por sua vez, em ambiente de concórdia e serenidade.
A ordem prepara o aperfeiçoamento.
Em oportunidade alguma, polemizar, condenar ou ironizar, no contacto com os irmãos infelizes da Espiritualidade.
A azedia não cura o desespero.
Oferecer a intimidade fraterna aos comunicantes, aplicando o carinho da palavra e o fervor da prece, na execução da enfermagem moral que lhes é necessária.
A familiaridade estende os valores da confiança.
Suprimir indagações no trato com as entidades infortunadas, nem sempre em dia com a própria memória, como acontece a qualquer doente grave encarnado.
A enfermagem imediata dispensa interrogatório.
"Mas é grande ganho a piedade com contentamento." - Paulo. (I Timóteo, 6:6.)


Livro: Conduta Espírita
Por André Luiz & Waldo Vieira

Perante o Passe




Quando aplicar passes e demais métodos da terapêutica espiritual, fugir à indagação sobre resultados e jamais temer a exaustão das forças magnéticas.
O bem ajuda sem perguntar.
Lembrar-se de que na aplicação de passes não se faz precisa a gesticulação violenta, a respiração ofegante ou bocejo de contínuo, e de que nem sempre há necessidade de toque direto no paciente.
A transmissão do passe dispensa qualquer recurso espetacular.
Esclarecer os companheiros quanto à inconveniência da petição de passes todos os dias, sem necessidade real, para que esse gênero de auxílio não se transforme em mania.
É falta de caridade abusar da bondade alheia.
Proibir ruídos quaisquer, baforadas de fumo, vapores alcoólicos, tanto quanto ajuntamento de gente ou a presença de pessoas irreverentes e sarcásticas nos recintos para assistência e tratamento espiritual.
De ambiente poluído, nada de bom se pode esperar.
Interromper as manifestações mediúnicas no horário de transmissões do passe curativo.
Disciplina é alma da eficiência.
Interditar, sempre que necessário, a presença de enfermos portadores de moléstias contagiosas nas sessões de assistência em grupo, situando-os em regime de separação para o socorro previsto.
A fé não exclui a previdência.
Quando oportuno, adicionar o sopro curativo aos serviços do passe magnético, bem como o uso da água fluidificada, do autopasse, ou da emissão de força socorrista, a distância, através da oração.
O Bem Eterno é bênção de Deus à disposição de todos.
"E rogava-lhe muito, dizendo: - Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare, e viva." (MARCOS, 5:23.).


Livro: Conduta Espírita
André Luiz & Waldo Vieira


Mensagem do Dia


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Semear Sempre...



No grande cosmos tu és o Semeador.
Tu és presença e pessoa.
Não podes fugir à responsabilidade de semear!
Não digas: o solo é áspero, o sol queima,
Chove frequentemente, a semente não presta!
Não é tua missão julgar a terra,
O tempo, as coisas,
Tua missão é semear!


As sementes são abundantes
E germinam facilmente.
Um pensamento, um gesto,
Um sorriso, uma promessa de alento,
Um aperto de mão, um conselho amigo,
Um pouco de água!


Não semeies, porém, descuidadamente,
Como alguém que se desincumbe de uma
obrigação,
Ou que cumpre uma simples tarefa!
Semeia com amor, com interesse, com atenção
Como quem encontra nisso o motivo de sua felicidade!


E ao semear não penses:
Quanto me darão?
Quando será a colheita?
Recorda que não semeias para enriquecer,
Aguardando o ganho multiplicado!
Semeias porque não podes viver sem doar-se!


És dono de ti mesmo e da vida
Quando trocas o teu pouco ou muito com o outro.
Sem esperar recompensas: serás recompensado!
Sem esperar riquezas: enriquecerás!
Sem esperar colheita: teus bens se multiplicarão!


Porque semeias num mundo
Onde doar é receber,
Onde dar a vida é perdê-la,
Onde gastar servindo
É fazer crescer e transformar!


Semeia sempre em todo o terreno,
Em todo o tempo e com muito carinho,
A semente,
Como se estivesses semeando o próprio coração.
A esperança a regará!


Sai Semeador! Parte! Prepara!
Leva contigo tudo o que tens, tudo o que sabes
E acolhes o que o outro te dá!
Aceita o desafio do Semeador
Que semeia o bem, a verdade, a sabedoria!
Tu também és um grande Semeador!

- autoria desconhecida -
Fonte: Filosofando o Cotidiano

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O CRISTO E SUA DOUTRINA



Os princípios essenciais transmitidos por Jesus à Humanidade estão claramente expostos nos Evangelhos, escritos e reescritos por dois de seus discípulos diretos (Mateus e João) e por outros dois, que colheram o que expuserm dos apóstolos diretos e da Mãe Santíssima (Lucas e Marcos).

Além dessas quatro obras essenciais, aprovadas desde os primeiros séculos do Cristianismo pela Igreja primitiva, vários outros Evangelhos foram escritos por diversos autores, entretanto, não tiveram a aceitação e a aprovação da generalidade dos cristãos.

Jesus não deixou qualquer escrito sobre os seus ensinos, transmitidos oralmente aos seus discípulos e ao povo em geral.

Mas os Evangelhos enunciam, com toda clareza, os princípios básicos de sua Doutrina, transmitidos aos que procuraram segui-lo, desde os dias de sua presença entre os homens, até a época atual.

Eis o que se entende claramente de suas lições, reafirmadas posteriormente pelo Consolador que Ele pediu ao Pai fosse enviado aos homens, o qual já se acha presente junto à Humanidade, desde os meados do século XIX:


a)  a paternidade universal de Deus, o Criador de tudo o que existe;
b)  todas as consequências morais daí resultantes, inclusive a improcedência do politeísmo, até então dominante no mundo ocidental;
c)  a eternidade da vida, que permite a cada Espírito a busca da perfeição ("o Reino de Deus");
d)  toda a Religião e toda a Filosofia resumidas numa só palavra: amor.


É do Mestre o ensino profundo, mas de tal simplicidade, que qualquer pessoa o guarda para sempre: "Amar a Deus sobre todas as coisas: e amar o próximo como a si mesmo". (Mateus, 22:37-39.)

No Evangelho de Mateus (5:44-48),¹ encontramos os seguintes ensinamentos do Mestre sobre o amor ao próximo, que se apresenta tão difícil para a imensa maioria dos habitantes deste mundo de expiações e provas:


Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, o qual faz erguer-se o seu sol sobre bons e maus, e faz chover sobre justos e injustos. Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa deveis ter por isso?


É o exemplo do amor que nos dá o próprio Criador, com sua tolerância e compreensão para com todas as suas criaturas, por mais rebeldes que sejam perante suas leis justas e eternas, que têm, em si, os próprios meios para a correção de todos os erros cometidos contra elas.

Em outro ensino popular a uma multidão de ouvintes, Jesus subiu a um monte, acompanhado por seus discípulos, e aí proferiu o célebre e incomparável Sermão da Montanha.

Nele estão expressos, em traços inesquecíveis, os ensinos do Mestre sobre as virtudes humildes, próprias dos Espíritos retos e inclinados ao bem:


Bem-aventurados os probres de espírito (isto é, os Espíritos simples e retos), porque deles é o Reino dos Céus. - Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. -Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados - Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. -Bem-aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus. (Matheus, 5:1 a 12, Lucas, 6:20 a 25.)²


Percebe-se claramente, na pregração do Mestre, sua preocupação com a simplicidade e pureza do culto e dos sentimentos dirigidos diretamente a Deus.

Deus é Espírito e em espírito e verdade é que deve ser amado, cultuado e adorado, sem o culto exterior comum a quase todas as religiões.

E no que se refere aos nossos semelhantes, as palavras de Jesus são concisas e precisas: "Amai o vosso próximo como a vós mesmos". (Mateus, 22:39.)

O amor é o sentimento que devemos cultivar por todas as criaturas, independentemente de serem elas boas ou más, ricas ou pobres. A medida para esse amor que devemos estender à generalidade dos nossos semelhantes é aquele sentimento especial que cultivamos em nós mesmos, uma vez que fomos criados por Deus.

Alguns argumentam que não podem amar a quem não conhecem e a quem jamais conhecerão, dentre os bilhões de criaturas que vivem neste mundo e nas múltiplas Esferas Espirituais.

Torna-se necessário esclarecer que o amor ao nosso próximo é um princípio abrangente, uma lei divina aplicável em qualquer tempo, e assim, mesmo que desconheçamos hoje a imensa maioria de nossos semelhantes, o amanhã nos proporcionará novos relacionamentos e conhecimentos com criaturas das mais diferentes condições.

Como a vida é eterna, o princípio é válido para a atualidade, par o passado e para o futuro, em todas as circunstâncias que ela proporciona a cada individualidade.


A doutrina evangélica, resultante dos ensinos e dos exemplos de Jesus, registrados pelos diversos evangelistas, permaneceu através dos séculos como expressão inconfundível do espiritualismo, tão necessário à sustentação do Bem contra os males do mundo atrasado em que vivemos.

A grandeza do Cristianismo e o seu poder moral resultam diretamento dos Evangelhos, da sua fidelidade aos ensinos de Jesus e dos esclarecimentos posteriores do Consolador, o Espiritismo, prometido e enviado pelo Mestre incomparável.

Essa doutrina, que os Evangelhos registram, contém uma parte secreta que vai mais longe que o assinalado na letra.

As parábolas e as ficções utilizadas por Jesus ocultavam concepções e realidades profundas que Ele preferiu deixar para revelações futuras, tendo em vista a dificuldade de entendimento de sues ouvintes e contemporâneos.

A ligação íntima entre os dois mundos - o dos encarnados e o dos desencarnados -, é uma das realidades, com a solidariedade e a comunicação possível entre os homens e os Espíritos, que o Mestre deixou para ser discutida em outra época.

A lei da reencarnação, referida em diversas passagens evangélicas e também no Velho Testamento, foi claramente mencionada na conversa com Nicodemos, quando Jesus afirma:

"Em verdade te digo que, se alguém não renascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus. [...]" (João, 3:3-8.)³

Ao que Nicodemos revidou, por não entender a possibilidade de uma nova vida em um novo corpo.

Jesus não entrou em detalhes elucidativos, por compreender a dificuldade de entendimento do interlocutor.

Aliás, a incompreensão de há dois mil anos continua na atualidade, já que as próprias religiões ditas cristãs, com milhões de adeptos, negam a divina lei das vidas sucessivas, reafirmada pelos Espíritos superiores, à frente o Espírito de Verdade, trazendo a Terceira Revelação, o Espiritismo, que elucida essa e inúmeras outras questões de caráter religioso e científico, proporcionando à Humanidade uma mehor compreensão da verdade e da vida.

O grande erro das religiões predominantes no mundo resulta de uma falsa interpretação das leis universais, levando a maioria dos homens à acanhada ideia que fazem da Natureza e das formas da vida.

Exemplos desses erros milenares, que subsistem apesar das revelações trazidas pela Espiritualidade Superior:


1. A criação da alma no momento do nascimento do ser humano com vida, conforme os ensinos das igrejas cristãs e de outras religiões tradicionais;

2. a existência do inferno eterno para os que praticam o mal, numa evidente negação do amor e da bondade de Deus.


Poderíamos citar diversos outros ensinos religiosos contraditórios, mas bstam esses dois para demonstrar a necessidade da atualização das religiões quanto à verdade e à vida.

O Cristianismo primitivo - a Doutrina que Jesus trouxe à Humanidade -, está exposto nos Evangelhos de seus discípulos.

Mas foi o próprio Cristo que prometeu pedir ao Pai o envio de outro Consolador, para reafirmar os seus ensinos e trazer aos homens o conhecimento de coisas novas.

Já estando no mundo o Consolador, cabe aos homens reconhecê-lo e estudá-lo, pois nele estão o meio e a forma de seguir o Mestre e retificar os transvios e as más interpretações praticados no decurso de dois mil anos.

______________
¹ Denis, Léon. Cristianismo e espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 4, p. 51.

² Denis, Léon. Cristianismo e espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 4, p. 52.

³ Denis, Léon. Cristianismo e espiritismo. Rio de Janeiro: FEB. 2008. Cap. 4, p. 55.
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(por juvanir Borges de Souza - Reformador nº 2.169)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

IMORTALIDADE: Triunfo do Espírito



 A imortalidade é de todos os tempos. A ameba, por exemplo, sendo um dos organismos unicelulares mais simples, pode ser considerada como imortal, porquanto, à medida que envelhece, graças ao fenômeno da mitose, dá lugar a duas outras, ricas de vida, e assim, sucessivamente. Jamais ocorre a morte do elemento inicial.
Assim sucede com a vida humana,do ponto de vista do ser espiritual, que enseja a cada um experienciar o que é sempre melhor para si mesmo.
O impositivo que se apresenta é o de viver o presente, em razão de o passado apresentar-se já realizado, enquanto o futuro se encontra ainda em construção.
Atingir o máximo das suas possibilidades no momento que passa, constitui o desafio que não pode ser ignorado.
Essa mecânica, porém, é produzida pelo amor, que deve orientar a inteligência na aplicação das suas conquistas.
Isso significa um esforço individual expressivo, que se torna seletivo em benefício do conjunto social.
À semelhança do que ocorre no organismo, em que nenhuma célula trabalha unicamente em favor de si mesma, porém do conjunto que deve sempre funcionar em harmonia, vão surgindo os padrões de comportamento que dão lugar às tendências universais em torno da vida, que se processa de acordo com o mecanismo da evolução. Cada parte que constitui o órgão está sempre preparada para transformar-se em favor de um elemento maior e mais expressivo.É uma verdadeira cadeia progressiva, infinita,até o momento em que se encerra o ciclo vital e a matéria se desagrega em face do fenômeno biológico da morte.
Todo esse processo tem lugar sob o controle do Espírito que modela a organização de que se serve através do seu invólucro semimaterial, e quando se dá a desarticulação das moléculas, eis que se libera e prossegue indestrutível no rumo da plenitude, quando se depura de todas as imperfeições resultantes do largo período da evolução.
Essa busca pode ser também denominada como a da iluminação, cuja conquista elimina o medo dos equívocos, da velhice, das doenças, da morte, porquanto enseja a consciência da imortalidade, dessa forma, do prosseguimento da vida em todas as suas maravilhosas nuanças que se apresentam em outras dimensões, em outros campos vibratórios.
Essa iluminação propicia o despertar do sonho, da ilusão em torno dos objetivos da existência, tornando o ser consciente de tudo que pode realizar por si mesmo e pela sociedade.
Por mais que postergue essa conscientização, momento chega em que o Espírito sobrepõe-se ao ego e rompe o limite do intelecto, conquistando a visão coletiva sobre o infinito.
É quando se autoanalisa, voltando-se para dentro e descobrindo os tesouros inabordáveis da imortalidade, buscando no coração as forças que lhe são necessárias para a entrega à autoiluminação.
Como bem assinalou Jesus: O Reino dos Céus está dentro de vós, portanto, do Espírito que se é e não do corpo pelo qual se manifesta.
Esse mecanismo é possível de ser ignorado, quando a pessoa resolve-se pela remoção das trevas que ocultam o conhecimento de si mesma, deixando-a confusa, a fim de que se estabeleça a pujança do amor franco e puro, gentil e corajoso que não conhece limites...
A imortalidade é, pois, a grande meta a ser atingida.
Cessasse a vida, quando se interrompesse o fenômeno biológico pela morte, e destituída de significado seria a existência humana, que surgiu em forma embrionária aproximadamente há dois bilhões de anos... Alcançando o clímax da inteligência, da consciência e das emoções superiores, se fosse diluída, retornando às energias primárias, não teria qualquer sentido ético-moral nem lógico ou racional.
Muitos, entre aqueles que assim pensam, que a vida se extingue com a morte, certamente rebelam-se contra os conceitos ultrapassados de algumas doutrinas religiosas em torno da Justiça Divina após a morte, com as execuções penais de natureza eterna e insensata.
Considerada, porém, como o oceano gerador da vida, a imortalidade precede ao estágio atual em que se movimenta o ser humano e sucede-o, num vir-a-ser progressista sempre melhor e mais grandioso.
Existe o mundo imaterial, causal, de onde procede o hálito da vida, que impregna a matéria orgânica e a impulsiona na sua fatalidade biológica, e aguarda o retorno desse princípio inteligente cada vez mais lúcido e rico de complexidades do conhecimento e do sentimento.
Desse modo, o sentido existencial é o de aprimoramento pessoal com o conseqüente enriquecimento defluente da sabedoria que conduz à paz.
Ninguém se aniquila pela morte.
A melhor visão em torno da imortalidade é contemplar-se um cadáver do qual afastou-se o agente vitalizador, o Espírito que o acionava.
Não morrendo jamais a vida, todo o empenho deve ser feito em seu favor, de modo que a cada instante se adquiram melhores recursos de iluminação, de compaixão, de beleza, de harmonia.
Desse modo, não morreram também aqueles que a desencarnação silenciou, velando-os com a paralisia dos órgãos a caminho da decomposição.
Eles prosseguem na caminhada ascensional e mantêm os vínculos sentimentais com aqueloutros que lhes eram afeiçoados ou não, deles recordando-se e desejando intercambiar, a fim de afirmar que continuam vivendo conforme eram.
Se fizeres silêncio íntimo ao recordar-te deles, em sintonia com o pensamento de amor, eles poderão comunicar-se contigo, trazer-te notícias de como e de onde se encontram, consolando-te e acalmando-te, ao tempo em que te prometem o reencontro ditoso, mais tarde, quando também soar o teu momento de retorno.
Ao invés da revolta inútil porque se foram, pensa que a distância aparente é apenas vibratória e conscientiza-te de que nada aniquila o amor, essa sublime herança do Pai Criador.
Utiliza-te das lembranças queridas e envia-lhes mensagens de esperança e de ternura, de gratidão e de afeto, de forma que retemperem o ânimo e trabalhem pela própria iluminação, vindo em teu auxílio, quando as circunstâncias assim o permitirem...
Não os lamentes porque desencarnaram, nem os aflijas com interrogações que ainda não te podem responder.
Acalma a ansiedade e continua amando-os, assim contribuindo para que permaneçam em paz e cresçam na direção de Deus sendo felizes. 


A morte é a desveladora da vida em outras expressões.
Jesus retornou da sepultura vazia para manter o contato com os corações queridos, confirmando a grandeza da imortalidade a que se referira antes, demonstrando que o sentido existencial é o da aquisição dos tesouros do amor e da amizade, para a conquista da transcendência.
Ora pelos teus desencarnados, envolve-os em carinho e vive com dignidade em homenagem a eles, que te esperam além da cortina de cinza e sombra, quando chegar o teu momento de libertação.



Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco,
na tarde de 19 de maio de 2008, Esch, Ducado de Luxemburgo.
Em 01.02.2009.