... Fotografias do Pensamento
(…) criando imagens fluídicas, o
pensamento se reflete no envoltório perispirítico como num espelho, ou,
então, como essas imagens de objetos terrestres que se refletem nos
vapores do ar tomando aí um corpo e, de certo modo, fotografando-se.
Se um homem, por exemplo, tiver a idéia de matar alguém, embora seu
corpo material se conserve impassível, seu corpo fluídico é acionado por
essa idéia e a reproduz com todos os matizes. Ele executa fluidicamente
o gesto, o ato que o indivíduo premeditou. Seu pensamento cria a imagem
da vítima e a cena inteira se desenha, como num quadro, tal qual lhe
está na mente.
É, assim que os mais secretos movimentos
da alma repercutem no invólucro fluídico. É assim que uma alma pode ler
noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos
corporais. Estes vêem as impressões interiores que se refletem nos
traços fisionômicos: a cólera, a alegria, a tristeza; a alma, porém, vê
nos traços da alma os pensamentos que não se exteriorizam.
Entretanto, se, vendo a intenção, pode a
alma pressentir a execução do ato que lhe será a conseqüência, não pode,
contudo, determinar o momento em que ele será executado, nem lhe
precisar os pormenores, nem mesmo afirmar que ele se realize, porque
ulteriores circunstâncias podem modificar os planos concebidos e mudar
as disposições. Ela não pode ver o que ainda não está no pensamento; o
que vê é a preocupação ocasional ou habitual do indivíduo, seus desejos,
seus projetos, suas intenções boas ou más. Daí os erros nas previsões
de alguns videntes.
Quando um acontecimento está subordinado
ao livre-arbítrio de um homem, eles apenas podem pressentir-lhe a
probabilidade, de acordo com o pensamento que vêem; mas, não podem
afirmar que se dará de tal forma, ou em tal momento. A maior ou menor
exatidão nas previsões depende, além disso, da extensão e da clareza da
vista psíquica. Nalguns indivíduos, desencarnados ou encarnados,
limita-se a um ponto ou é difusa, ao passo que noutros é nítida e
abrange todo o conjunto dos pensamentos e das vontades que hajam de
concorrer para a realização de um fato. Mas, acima de tudo, há sempre a
vontade superior que pode, em sua sabedoria, permitir uma revelação ou
impedi-la. Neste último caso, um véu impenetrável é lançado sobre a mais
perspicaz vista psíquica.
A teoria das criações fluídicas e, por
conseguinte, da fotografia do pensamento, é uma conquista do moderno
Espiritismo e pode, doravante, considerar-se como firmada em princípio,
ressalvadas as aplicações de minúcias, que hão de resultar da
observação. Este fenômeno é incontestavelmente a origem das visões
fantásticas e desempenha grande papel em certos sonhos.
Extraído de “Obras Póstumas”, de Allan Kardec.
Editora FEB – Federação Espírita Brasileira.
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