Quando o Evangelho vive somente em nossa cabeça, sofremos o perigo de queda nas discussões infindáveis, porque a intemperança mental e a vaidade sempre fazem a boa vizinhança.
Quando se localiza, exclusivamente, em nossos olhos, é
provável desçamos da luminosa posição de companheiros para a condição de
inquisidores e fiscais dos nossos melhores amigos, porquanto, é sempre mais
fácil descobrir os erros alheios que surpreender os nossos.
Quando jaz situado simplesmente em nossos ouvidos,
somos suscetíveis de perder valiosas sementeiras de fraternidade, de vez que a
nossa vigilância imperfeita, sem qualquer dificuldade, se converte em suspeita.
Quando palpita, entretanto, em nosso coração, o
Evangelho renova-nos a vida. Brilha dentro de nós, por abençoada estrela de
compreensão e misericórdia.
Seus raios divinos apagam a malícia em nosso olhar,
santificando-nos a audição e sublimando-nos os impulsos, intenções e motivos;
elevam nossos sentimentos para o Céu, projetando-os simultaneamente na Terra,
através de nossos braços, em obras genuínas de amor, fraternidade e sabedoria.
Quando encontrarmos o discípulo do Senhor, sem
oportunidades de fixar as cicatrizes e defeitos do próximo, sem horas para
guardar os tóxicos da maledicência e sem ocasião para salientar os males dos
outros mantendo-se tranqüilamente no santo serviço da caridade e da luz, a bem
de todos, estejamos convencidos de que esse companheiro terá colocado o
Testamento Redentor, no imo do peito, vivendo entre os necessitados e
sofredores do caminho terrestre, na condição de abençoada lâmpada acesa que
sombra alguma alcançara.
Emmanuel & Chico Xavier
Livro: Perante Jesus
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