Eternidade

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quarta-feira, 27 de junho de 2018

A persistência da fascinação


Um grave tipo de obsessão

Ailton Barcelos

Allan Kardec diz que a mediunidade é simplesmente uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos maleável aos Espíritos em geral (Kardec, 2002). Por isso mesmo, os médiuns não devem se vangloriar de terem assumido suas responsabilidades morais na condição de trabalhadores da última hora, comprometidos com os benfeitores da humanidade que neles confiaram, deixando-se sucumbir aos tormentos da fascinação sutil ou extravagante (Franco, 2012a; Franco, 2015).

Novos missionários surgem de um para outro momento, a si mesmos atribuindo realizações superiores e mergulhando em tormentosas obsessões por fascinação, assim como se apresentam novidades estapafúrdias que levam o bom nome da doutrina ao ridículo, pela maneira como são expostas as teses infelizes, nascidas na vaidade daqueles que são médiuns ou não (Franco, 2012b).

A atividade mediúnica, para Manoel Philomeno de Miranda, constitui oportunidade abençoada para o aperfeiçoamento intelecto-moral do indivíduo, que se permitiu cometer equívocos em reencarnações anteriores, comprometendo-se em lamentáveis situações espirituais (Franco, 2012a). Para o autor, a mediunidade é uma oportunidade especial para a autorecuperação, devendo ser utilizada de maneira dignificante, em cujo ministério de amor e de caridade será encontrada a diretriz de segurança para o reequilíbrio do ser humano.

Tais indivíduos preservam comportamentos egotistas, comprazendo-se em vivenciar mecanismos de evasão da realidade, transferindo os conflitos para a aparência de superioridade, acreditando-se – ou fingem acreditar – portadores de vida irretocável (Franco, 2012a).

Para Kardec, em O Livro dos Médiuns, o perigo está na orgulhosa propensão de certos médiuns para, muito levianamente, se julgarem instrumentos exclusivos de Espíritos superiores, nessa espécie de fascinação que lhes não se permitem compreender as tolices de que são intérpretes.

A fascinação é um grave tipo de obsessão, e pode ser definida como uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações (Kardec, 2003). Dessa forma:

O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero de obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem.” (Kardec, 2003, p. 156)

Suely Caldas Schubert diz que existem várias modalidades de fascinação. Assim como ocorre com os outros gêneros de obsessão, também a fascinação é exercida não somente por Espíritos desencarnados visando os encarnados, mas igualmente de encarnado para encarnado, de desencarnado para desencarnado, de encarnado para desencarnado, e ainda pode exercer-se de um encarnado sobre si próprio: a autofascinação (Schubert, 1981, p, 13). Para a autora, a fascinação pode ser encontrada em diferentes gradações, chegando-se a ser tão sutil que pode passar despercebida, assumindo caráter de verdadeira subjugação.

Na fascinação, para Hermínio Miranda, o agente espiritual atua diretamente sobre o pensamento de sua vítima, inibindo-lhe o raciocínio e levando-a à perigosa convicção de que as ideias que expressa provêm de um Espírito de elevado gabarito intelectual e moral (Miranda, 1984). Para o autor, seu engano é evidente a todos, menos a ele próprio, que segue fascinado e servil ao Espírito que se apoderou sutilmente de sua mente. Para Manoel Philomeno de Miranda, a tomada na qual se encontra o plugue obsessivo está no egoísmo e no temperamento especial, que lhe constituem os grandes desafios a vencer durante a conjuntura reencarnacionista (Franco, 2012a).

A inferioridade e as dívidas do passado são fatores que tornam o indivíduo predisposto ao mecanismo da fascinação (Schubert, 1981). Ao iniciar-se o processo da reencarnação, o indivíduo tem impresso no seu código genético as deficiências defluentes de irresponsabilidades e dívidas do passado, que se apresentarão no futuro em momento próprio como descompensação nervosa, carência ou excesso de moléculas neurônicas (neuropeptídeos) responsáveis pelos correspondentes transtornos psicológicos ou de outra natureza.

Para M. P. Miranda, as vítimas são atraídas pela irradiação inferior do ódio ou do ressentimento, da ira ou da vingança que permeia o perispírito do seu antigo algoz, produzindo-lhe desarmonia vibratória, que resulta em perturbação dos sistemas nervosos central e endócrino, abrindo espaço para a consumação dos funestos planos de vingança (Franco, 2006). Simultaneamente, o Espírito fascinador atua na mente da vítima, direcionando à mente do hospedeiro físico induções hipnóticas carregadas de pessimismo e de desconfiança, de inquietação e de mal-estar, interrompendo o fluxo dos seus pensamentos e interferindo com a sua própria onda mental (Schubert, 1981; Franco, 2006). Para Schubert (1981), a pessoa visada passa a ter o seu pensamento controlado e cerceado, o que, de certa maneira lhe paralisa o raciocínio. Ainda para autora, o perseguidor utiliza então a repetição constante de suas ideias, configurando-se assim a hipnose, que leva o fascinado a agir teleguiado pelo ser invisível.

Nenhum médium se encontra livre da fascinação lançada por entidades obsessoras, já que a trilha da vivência mediúnica é cheia de perigos, impondo cuidado (Franco, 2000). Tal processo de fascinação é muito mais comum do que se pode imaginar (Schubert, 1981; Franco, 2006). Tais entidades acabam por ter o objetivo de criar dificuldades ao progresso da Doutrina Espírita, e nada melhor para alcançar esse intento do que utilizar os próprios espíritas, partindo do princípio que toda casa dividida desmorona (Schubert, 1981).

Kardec, citando o caso da fascinação, diz que esta pessoa é infinitamente mais rebelde do que a mais violenta subjugação, uma vez se encontra seduzida pelo Espírito que a domina, persistindo no que é conduzido e repelindo toda assistência (Kardec, 2003).

Para Schubert (1981), dificilmente o fascinado irá admitir que está sendo alvo de obsessores e que não precisa de tratamento espiritual, já que ele está convencido que não é igual a outras pessoas. Para a autora, o estudo da Doutrina Espírita, das obras básicas da codificação feita em grupo, seria o primeiro passo para o seu despertamento e conscientização, mas aquele que é alvo de Espíritos fascinadores foge a todo custo de qualquer tipo de estudo sério, afastando-se de todos aqueles que o passam esclarecer e ajudar. Além do mais, esse estudo, disciplinado e constante, de tal modo que possibilite a assimilação de seus postulares, o que, por certo, ocasionará a nossa transformação moral, princípio básico do espírita.

Para M. P. Miranda, a terapia de recuperação dessas pessoas se inicia pela vigilância, vivenciando a humildade e tendo a coragem de bloquear e interromper a interferência nefasta, descendo do palanque de sua superioridade que se acredita, para a planície das criaturas comuns e frágeis, onde ele se deve situar (Franco, 2000).

Para Schubert (1981), mais do que outros obsedados, o fascinado precisa receber por meio do diálogo todos os esclarecimentos imprescindíveis ao seu tratamento, e ser conscientizado de sua própria participação neste processo, sendo essencial que ele sinta que todos estamos em aprendizado constante.

Além disso, é fundamental nos conscientizarmos de nossa realidade espiritual, que somos aprendizes imperfeitos das primeiras letras do conhecimento universal (Schubert, 1981).

Por fim, como nos diz Manoel Philomeno de Miranda, Franco (2012a), a fascinação ainda é persistente nas casas espíritas pela falta de vigilância e humildade de todos nós, que ainda não compreendemos que a mediunidade é uma oportunidade especial para a autorrecuperação e equilíbrio, devendo ser utilizada de maneira dignificante, com amor e caridade.

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– Franco, D. Temas da Vida e da Morte. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. 1.ed. Salvador: FEB, 1996.
– Franco, D. Fascinação Obsessiva. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. In: Reformador, ano 118, n. 2.051, fev. 2000, p. 37.
– Franco, D. Reencontro com a Vida. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. 1.ed. Salvador: LEAL, 2006.
– Franco, D. Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. 1.ed. Salvador: LEAL, 2012a.
– Franco, D. Amanhecer de Uma Nova Era. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. 1.ed. Salvador: LEAL, 2012b.
– Franco, D. Perturbações Espirituais. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. 1.ed. Salvador: LEAL, 2015.
– Kardec, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 120.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.
– Kardec, A. O Livros dos Médiuns. Trad. Guillon Ribeiro. 71.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003.
– Miranda, H. C. Diálogos com as Sombras: Teoria e Prática da Doutrinação. Rio de Janeiro: FEB, 1984.
– Schubert, S. C. Os Perigos da Fascinação. In: Reformador, ano 99, n. 1.833, dez. 1981, p. 369-373.

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Fonte: Revista Internacional de Espiritismo, abril/2018

Sob o amor do Cristo: A transformação de Maria de Magdala


As palavras amorosas do Mestre se alojaram em seu coração sensível 
como a boa semente quando encontra terra fértil

F. Altamir da Cunha


Jesus tem o poder de plantar na alma novos pensamentos; as facilidades e atrações mundanas, que antes proporcionavam prazer, transformam-se em acontecimentos entediantes. Alguns Espíritos se rebelam e relutam, tentando permanecer alheios ao compromisso com a mudança, porém, esta rebeldia nada mais é do que uma reação ao processo de transformação que se inicia em sua intimidade; outros, sem rebeldia, sentem-se vazios e melancólicos; os prazeres e a felicidade aparentes que antes lhes contagiavam perdem o sentido e são substituídos pelo desejo de conhecer o mundo novo e o amor diferente, aos quais Ele se referia.

Maria de Magdala, conforme relata Humberto de Campos, pela psicografia de F. Cândido Xavier em Boa Nova (FEB), foi um desses Espíritos; ouvira as pregações do Evangelho em local próximo à vila onde vivia entregue aos prazeres, e tomara-se de admiração pelo Mestre Jesus. Antes, porque dotada de juventude e formosura, imaginava-se feliz no mundo de fantasias, banhando-se com os melhores perfumes, embriagando-se com os melhores vinhos, vestindo-se com as melhores sedas e sendo desejada pelos homens mais ricos. Sentia-se, contudo, sequiosa e desalentada, mesmo usufruindo de todos esses prazeres.

O convite de Jesus à implantação do reino de Deus na terra e a uma forma diferente de amar despertara em Maria incomum curiosidade; desde então, fora possuída pelo desejo incontido de conhecer aquele carismático Galileu. Não entendia por que, mas as palavras amorosas do Mestre se alojaram em seu coração sensível como a boa semente quando encontra terra fértil.

Entretanto, como em todo processo de germinação, no qual a luta é imprescindível para vencer a resistência do solo, transformando a semente em planta tenra e depois árvore frondosa, Maria de Magdala a princípio lutou contra o medo e a insegurança. Tinha o coração sobrecarregado de culpa, porém não desistiu; lutou, venceu o medo, e sem mais considerar o preconceito de que era vítima, adentrou a casa de Simão Pedro; encorajada pelo sorriso do Mestre que parecia esperá-la, foi ao seu encontro. Nessa oportunidade aconteceu um dos mais belos diálogos, rico de espiritualidade e consolação, como relata Humberto de Campos:


– Ouvi o vosso amoroso convite ao Evangelho! Desejava ser das vossas ovelhas, mas será que Deus me aceitaria?

– Maria, levanta os olhos para o céu e regozija-te no caminho, porque escutaste a Boa Nova do reino e Deus te abençoou as alegrias! Acaso, poderias pensar que alguém no mundo estivesse condenado ao pecado eterno? Onde, então, o amor de nosso Pai?

Nunca viste a primavera dar flores sobre uma casa em ruínas? As ruínas são as criaturas humanas; porém, as flores são as esperanças em Deus. Sobre todas as falências e desventuras próprias do homem, as bênçãos paternais de Deus descem e chamam. Sentes hoje esse novo sol a iluminar-te o destino!

Caminha agora, sob a sua luz, porque o amor cobre a multidão dos pecados.


Para Maria, as palavras do Mestre foram verdadeiro refrigério para o seu coração sofrido; ela sentiu o imenso amor que irradiava daquele formoso Galileu, pois, somente quem ama de verdade pode manifestar tamanha compreensão. Entre os homens comuns observa-se, constantemente, a insensibilidade e a valorização do erro alheio, criando a oportunidade de punir e de fazer sofrer, como se ao impor a punição ao culpado se apagassem também suas próprias culpas. Com Jesus ela observou a imensa diferença: Ele não valorizou o erro, nem procurou um motivo para condená-la; valorizou, sim, seu arrependimento e o desejo sincero de transformar-se.

Ao dizer “Maria, levanta os olhos para o céu e regozija-te no caminho, porque escutaste a Boa Nova do reino e Deus te abençoou as alegrias!”, o Mestre revelou-lhe que a sinceridade de seu propósito foi reconhecida por Deus; e a partir daquele momento o vazio interior causado pela fatuidade dos prazeres mundanos seria preenchido pela perene alegria que o amor verdadeiro proporciona.

Com certeza as palavras do Mestre elevaram a autoestima de Maria; ela agora compreendia que Deus é um Pai amoroso e que o amor é incompatível com a condenação ou o castigo.

Não só com Maria de Magdala, mas também com tantos outros Espíritos sofridos, Jesus demonstrou que o mais poderoso cinzel que utilizava para esculturar almas, sem sombra de dúvida, era seu imenso amor; jamais Ele falou de impossibilidade quanto ao trabalho maravilhoso de transformação do ser; sempre despertou a esperança aos que na condição de ruínas humanas o procuraram.

Maria de Magdala jamais esqueceria as palavras amorosas que acenderam em seu coração a sublime luz da esperança: “Nunca viste a primavera dar flores sobre uma casa em ruínas? As ruínas são as criaturas humanas; porém, as flores são as esperanças em Deus.”

Sem dúvida, a esperança em Deus é a base indispensável aos que precisam renascer; não apenas através da reencarnação, mas, também, pela autotransformação (renovação íntima). No entanto, jamais acontecerá a autotransformação se não nos entregamos confiantes ao infinito amor de Deus. Tudo acontece como se fôssemos um recipiente cheio de impurezas, e o amor, tal como a água pura, à medida que ocupa lugar no recipiente vai eliminando as impurezas; chega o momento em que o recipiente não conterá mais impurezas; por isso, Jesus finalizou afirmando: “... o amor cobre a multidão dos pecados.”

Após esse inesquecível diálogo, Maria de Magdala se transformou e muito amou; não mais da forma que amou no passado, quando escravizada às ilusões do mundo, mas sim da forma que Jesus a amou. Tornou-se mãe dos filhos de outras mães; eram eles leprosos, abandonados, sofridos e estigmatizados no corpo e na alma.

Um dia, marcada pelas mesmas provações daqueles que ela cuidara, seu corpo extenuado, tombou no caminho que a conduziria à casa do caminho. Despertou no plano espiritual vendo Jesus a refletir uma beleza incomum, estendendo-lhe as mãos e dizendo: “Maria já passaste a porta estreita!... Amaste muito! Vem! Eu te espero aqui!”

A exemplo de Maria de Magdala, nós todos, Espíritos em luta rumo à perfeição espiritual, podemos olhar para trás e constatar comportamentos infelizes que muito contrariaram as leis de amor que regem o Universo. No entanto, se sinceramente nos transformamos e passamos a amar, não valorizamos os efeitos dos nossos equívocos mais do que a infinita misericórdia de Deus, pois, através de Jesus, Ele nos dirá: “Amaste muito! Vem! Eu te espero aqui!”



- XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. FEB.
Fonte: Revista Internacional de Espíritismo - junho/2018.

Sintonia e harmonização energética



A vontade é uma força de alta capacidade, principalmente quando associada 
a pensamentos e sentimentos elevados.

por Ricardo Di Bernardi


Nossos sentimentos são propagados por ondas e cada tipo de emissão mental produz ondas peculiares. De uma maneira didática, diríamos que há ondas longas, médias, curtas e ultracurtas, conforme a natureza do pensamento emitido.

O ser humano, encarnado ou desencarnado, encontra-se mergulhado em um oceano de ondas, mas estabelece contato e intercambia energias conforme a sintonia que abre com o universo.

Do intercâmbio que estabelecemos entre nossas emanações mentais e as ondas externas, criamos em nossa psicosfera – aura – um estado de equilíbrio ou desequilíbrio que é dinâmico, ou seja, pode ser alterado constantemente.

Denominamos harmonização energética a postura que nos leva à circulação saudável de nossas energias extrafísicas. Toda e qualquer prática que melhore a qualidade das energias de alguém, eliminando e transformando energias pesadas e prejudiciais é, pois, um trabalho de harmonização energética.

Na realidade, a “limpeza” energética não precisaria ser promovida de fora para dentro ou por terceiros, pois todos nós temos o Deus interno, uma força interior suficiente para a resolução de todos os problemas. Frequentemente, entretanto, nos fragilizamos e sentimos a necessidade de recorrer ao auxílio de outros mais experientes, psiquicamente mais organizados ou até momentaneamente mais equilibrados.

Teoricamente, qualquer criatura está habilitada, pela própria natureza, a promover sua limpeza ou harmonização energética mantendo-se em equilíbrio. Todos nós somos capazes de captar, transformar e emitir energias, bastando para isto enviar pensamentos e sentimentos adequados, por meio da vontade. Sucede, no entanto, que nos deixamos fragilizar.

Ao se mencionar a expressão “força de vontade”, tem-se a ideia de algo muito subjetivo ou mesmo uma força de expressão, no entanto, a vontade é uma força que, quando mobilizada por nós, pode muito, principalmente quando associada a pensamentos e sentimentos elevados, pois estes formam poderosas ondas ultracurtas e de alta frequência.

A clássica expressão “mover montanhas” referindo-se às dificuldades, sejam dores, perseguições, traumas, entre outras, dá uma dimensão simbólica da força que possui um pensamento superior, intensificado pela vontade. Trata-se de uma força natural que todos nós possuímos em potencial, basta saber acioná-la.

A ação da nossa vontade, aliada ao pensamento superior, gerando ondas de alta frequência, pode propiciar em nós mesmos uma limpeza energética contínua, evitando que influências negativas (de baixa frequência) vindas do ambiente ou de outras mentes – sejam encarnadas ou desencarnadas – adentrem nosso campo energético e interfiram em nosso bem-estar.

Além da capacidade natural que todos nós temos de realizar nossa própria higiene e harmonização energética, é possível dispor de diversos métodos que podem nos auxiliar nesse processo, facilitando o fluxo de energias e promovendo a sua harmonização.

Os métodos de harmonização energética são conhecidos por nomes diversos e têm origens históricas e culturais diferentes, mas se assemelham no resultado final, isto é, a perceptível melhora da pessoa. Assim, a prece não decorada ou maquinal, mas como uma elevação do pensamento e do sentimento, buscando alçar níveis mais sutis de energias, alcança a dimensão espiritual e recebe um influxo de luz como retorno. A doação de energia pelo passe, seja ele espiritual ou magnético; a bênção quando efetuada com envolvimento profundo da alma e não como ritual; o “johrei” executado pelos messiânicos; a popular benzedura; a aplicação criteriosa do reiki; os métodos de cura prânica; a medicação homeopática que mobiliza energias; a acupuntura; o ioga e tantos outros procedimentos, muitos deles utilizando o poder das pontas das mãos como instrumento de doação energética.

Lembramos que, embora muitos procedimentos colimem para o mesmo resultado, devem ser aplicados em ambientes adequados e afins com a filosofia, cultura ou religião de cada meio. Prece, passes, irradiação mental e água energizada são os métodos utilizados em uma casa espírita.

A física reconhece e explica o chamado “poder das pontas”. São diversos os métodos que captam, de dimensões extrafísicas, energias diversas, com ou sem intermediários, mas, fundamentalmente, procedem do fluido cósmico universal. Essa energia é captada pelos pensamentos e sentimentos do doador, se concentra nas mãos e em seguida é irradiada e direcionada, principalmente pela vontade do doador que transmite, em geral, pela ponta dos dedos.

Lembremo-nos que estamos mergulhados em um mar de energias e de princípios espirituais. Todos somos espíritos encarnados ou desencarnados, cercados de energias mentais desta ou de outras dimensões em todos os momentos da nossa existência. Nunca estamos sozinhos, por mais solitários que nos sintamos, portanto, somos influenciados por espíritos e ao mesmo tempo nós também os influenciamos.

Nos médiuns essa influência recíproca é mais verdadeira e mais intensa, pois há um canal natural de contato com a dimensão extrafísica. Constantemente, médiuns estão intercambiando energias, mesmo que inconscientemente, com encarnados e desencarnados e em razão disto podem sofrer agressões energéticas que poderão ser neutralizadas e transmutadas ao chegar na psicosfera do médium, isto se a se energias intrusas receberem o impacto de pensamentos de alegria, trabalho, amor e fraternidade. Assim se anularão e se modificarão em energias saudáveis.


Fonte: Jornal O Clarim - dezembro/2016

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Jesus Sol



Quem quiser imaginar o rosto de Jesus, que pense na Luz.

Porque o semblante d’Ele é como um sol.

E sua irradiação cura os males que oprimem o espírito do homem. Ele é o Médico da Alma!

E os bons trabalhadores espirituais são os seus enfermeiros.

Pensem nisso, com carinho.

O símbolo de Jesus não é a cruz nem qualquer outra referência histórica ou religiosa , é a Luz.
E quem trabalha pelo Bem, é da Luz.

Então, pensem no Rosto-Sol do Mestre e iluminem os seus semblantes também.

Jesus não é um mito e nem invenção do plano espiritual, como querem alguns. E os seus ensinamentos são atemporais e sempre ajudarão a humanidade em sua peregrinação pelo mundo.

Meditem no Sermão da Montanha, pois, naquele dia abençoado, havia uma imensa coluna de Luz descendo sobre o mundo. E Jesus sabia disso e captou a Glória Celeste e verteu-a em palavras de sabedoria. E esse momento ficou registrado na aura do planeta.

E vocês podem acessar essa alta vibração apenas fazendo isso: pensando no rosto-sol do Mestre. E, ao mesmo tempo, orando a favor do Bem da humanidade.

Que os seus rostos também se transformem em sóis, na Luz d’Ele. Ele, Jesus-Sol, o Médico da Alma!
 
 
Texto de Wagner Borges

domingo, 24 de junho de 2018

A coragem do perdão


Na jornada de conquista da plenitude, temos o desafio de aprender a lidar com as emoções, cujo exercício principal é feito através dos relacionamentos. Do convívio surgem os atritos naturais, advindos das nossas diferenças na forma de ver a vida, dos interesses conflitantes, além das limitações que tipificam o estágio atual da consciência humana, marcada pelo egoísmo.

Nas relações, também criamos expectativas quanto às atitudes do outro que nem sempre se cumprem, assim como nos sentidos feridos em nossas emoções, defraudados nas aspirações que acalentamos e magoados por não termos os desejos atendidos. Quando não possuímos estrutura psicológica para lidar com tudo isso, o ressentimento surge como consequência. O problema é que o primeiro prejudicado é aquele que abriga a emoção perturbadora.

Nesse contexto, o perdão é um gesto de autoamor, pois, ao nos libertar do conteúdo conflitante, disponibilizamos, para a consciência, energias preciosas, antes aprisionadas na questão mal resolvida. Nem sempre é um caminho simples, porquanto às vezes envolve dores profundas vinculadas a seres muito próximos a nós. O impulso direciona à reação, mas o ser consciente não deve ser escravo dos seus impulsos. Por isso mesmo o perdão, ao invés de covardia, é um ato de coragem, pois é preciso construir resistências para travar o embate com emoções profundas, sem igualar-se ao agressor na atitude.

Não se trata apenas de uma questão de memória, de recordar ou não o evento que nos traz dor, mas de cuidar da emoção vinculada ao fato.  E para sanar o conteúdo emocional é preciso recordar da nossa própria condição humana. Assim como os outros cometem equívocos que nos atingem de alguma forma, também nós atingimos e ferimos os outros e, às vezes, nem nos damos conta disso. Esse ponto se amplia quando agregamos, à nossa história, a trajetória do espírito, pois quem é que pode [i]atirar a primeira pedra[/i]e dizer que nunca cometeu equívocos?

Perdoar é exercício importante para aquele que deseja alcançar a plenitude.


por Iris Sinoti (Terapeuta Junguiana)

Oração


Oração
 Pelo Espírito Eros


Quando ora, a alma, à semelhança de um botão fechado que sob o cálido auxílio do Sol se abre para a vida, também se descerra, desdobrando os valiosos recursos latentes, numa explosão de beleza e de realização.

A oração é luz que estabelece um hífen de poderosa união entre a alma que se abebera e a Fonte Inexaurível que a dessedenta.

Orando, a criatura ascende a Deus. Banha-se de paz, impregna-se de confiança, renova-se sob as blandícias das vibrações superiores, ala-se, fugindo às algemas em que jaz prisioneira, no vale escuro das torpes limitações.

Murmurando a sonata oracional, a alma se converte num receptáculo precioso que os sublimes ouvidos registram e as santas possibilidades repletam.

Respondendo à oração, o Onipotente inspira, beneficiando o suplicante e o acalmando com a antevisão do porvir radioso. 

Principia-se a oração num solilóquio da alma em dor, em gratidão, em amor, pedindo, louvando ou agradecendo...

Prossegue-se a oração num diálogo, em que as emoções espocam em ansiedades, em festas ou êxtase, e as forças cósmicas respondem em forma de reconforto, esperança ou felicidade feitos de interlúdios de inefável bem-estar. Ora e abre a boca da alma, esvaziando-te o eu, a fim de que o Senhor da vida te preencha de plenitude.

Oração é vida. Frui-a.

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(Franco, Divaldo [pelo Espírito Eros]. Heranças de amor. Salvador, Leal, 1ª ed., 1977.)

 

O sentido condicional dos ensinos de Jesus

O sentido condicional 

dos ensinos de

Jesus

Deolindo Amorim¹

"A cada um será dado de acordo com as suas obras".
Jesus (Mateus, 16:27)  

Nas relações humanas como nas relações espirituais, não há efeito sem causa, portanto, é claro que cada um responde, cedo ou tarde, pelo mal que houver feito. 

Se assim é, para o espírita não há outro caminho senão o bem, a honestidade, a retidão de consciência, porque o espírita é o primeiro a saber que, pelo processo das vidas sucessivas ou reencarnação, todas as suas mazelas, assim como as suas boas obras, participam de seu acervo espiritual, não foram sepultadas no túmulo.

O "antes" e o "depois" também se aplicam ao Evangelho, pois as suas mais belas sentenças, justamente aquelas que mais tocam nas fibras do coração humano, são formuladas em dois termos: antecedente e consequente. Há sempre, um sentido de subordinação ou de dependência: isto depende daquilo; para obter aquilo é necessário que se faça isto, e assim por diante. Nada, portanto, é arbitrário na palavra de Jesus, pois os Seus mandamentos não se sobrepõem às leis nem às contingências inerentes à vida. Eis, aqui, por exemplo, uma passagem das mais ilustrativas:² buscai primeiro o Reino de Deus, e Sua justiça e todas as coisas vos serão acrescentadas. 

Dessa passagem evangélica decorrem duas ações sucessivas: a primeira é a ação de buscar o Reino de Deus, o que significa esforço, trabalho; a segunda é a ação de receber as coisas por acréscimo, como consequência das qualidades adquiridas pelo esforço próprio. A que coisas se referia o Cristo? Não se deve entender a designação indeterminada de coisas no sentido vulgar de objetos comezinhos, como não se deve tomar a expressão de Jesus na acepção banal de dar sorte na loteria etc. O ensino evangélico alude às coisas indispensáveis ao equilíbrio do homem, em suas relações com a Natureza e a Justiça Divina. Coisas, então, no sentido de aquisições essenciais à dignidade da vida.

Seja como for, é uma forma de condicionamento, como tantas outras, e sem azo para qualquer fuga: se o homem quer viver em paz com a sua consciência, se quer ser feliz, deve proceder com justiça, ser honesto, respeitar as leis da Natureza e praticar o bem. Sem essa condição inadiável, as "coisas" prometidas pelo Cristo não lhe serão acrescentadas. Uma situação depende da outra. Qual a conclusão prática de tudo isto? Simplesmente esta: ninguém conquista o Reino sem trabalho, sem reforma íntima, sem modificar os sentimentos ou sem destruir as paixões. Ensina-se, aí, aquilo mesmo que está nas linhas gerais da Codificação do Espiritismo: sem o trabalho não há progresso espiritual. Esta moral, que é a moral da ação e do mérito, é muito mais racional, mais compreensível do que a moral das graças caídas do céu e dos privilégios divinos. Se o indivíduo tem a consciência impura, se os seus sentimentos são maus, não pode implantar o "reino divino" dentro de si, por mais que faça penitências ou ainda que se ponha de joelhos na praça pública. O passo inicial é a transformação interior, tudo o mais são artifícios. É assim, e somente assim, que compreendemos o espírito do Evangelho, interpretado à luz da filosofia espírita. Podemos, agora, deduzir que a concordância da Doutrina Espírita com a moral do Evangelho impõe a cada um de nós, pelo conhecimento já acumulado, um estilo de vida que, sem esquisitice, sem extravagâncias nem farisaísmo, aproxime-se cada vez mais do tipo normal do homem de bem. E qual é a representação ideal do homem de bem, segundo os padrões morais do Espiritismo? Diz a Doutrina Espírita: ³

"O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor, de caridade na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência em relação aos próprios atos, a si mesmo pergunta se não violou a lei; se não ocasionou prejuízos; se fez todo o bem que lhe era possível; se desprezou voluntariamente de ser útil; se alguém lhe tem queixas; se fez aos outros como quereria que lhe fizessem."

Nisto consiste toda a síntese normativa do Espiritismo. É o pensamento fundamental de Allan Kardec, resumido nestas palavras inconfundíveis: "Conhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral."4


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¹ Amorim, Deolindo. O Espiritismo e as doutrinas espiritualistas. Rio de Janeiro: CELD, 1989, cap. II, pp.61-63.
² Mateus, 6:33.
³ Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006, cap. XVII, item 3.
Ibidem, item 4.  

 Fonte: Revista Presença Espírita nº 317, novembro/dezembro 2016. 

domingo, 3 de junho de 2018

´Reflexões


"Onde quer que te encontres, semeia e semeia luz,
mediante as palavras e o comportamento saudável.
Entretanto, se não puderes fazê-lo exteriormente, 
em razão dos impedimentos complexos, 
semeia pelo pensamento, esparzindo 
alegria de vida sã, 
de afetividade desinteressada." 

Joanna de Ângelis
Entrega-te a Deus, cap. 2 

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Sementeira


Abre-se a floresta até então intransitável e densa.

Definem-se dificuldades, pântanos, espinheiros...

O semeador, porém, não se confia ao desânimo.

Traça Planos.
Ataca o serviço.
Realiza o milagre.

De início, é o desbravar.

Em seguida, surgem os imperativos de preparação do solo e de seleção dos recursos.

A cova minúscula e escura recebe a semente pequenina, que perde os envoltórios com a colaboração do tempo.

Só então, é possível a promessa do grelo tenro.

Todavia, não param aí os desvelos e as vigílias do semeador.

Hoje, é necessário proteger a plantinha frágil contra o esmagamento; amanhã, é imprescindível furta-la ao assédio dos vermes destruidores.

Agora, pede a lavoura iniciante adequada medida contra a canícula rigorosa; depois, reclama providências que a salvem do aguaceiro.

A fronde, a flor e o fruto representam, no entanto, o precioso prêmio.

Assim também, é a sementeira espiritual.

Nas profundezas da mente inculta caem os princípios da Divina Sabedoria.

Ninguém exija, contudo, o resultado absoluto num instante.

Quantos séculos teremos dispendido, na formação da selva de nossos instintos e de nossos caprichos obscuros?

O serviço de adaptação e educação reclama tempo e paciência para que a colheita do conhecimento e do amor, em cada alma, enriqueça os celeiros da Terra.

Não esperemos que o nosso companheiro de experiência nos ofereça a perfeição impraticável de um momento para outro.

Se procuramos o Cristo, gravemos as lições dEle, em nós mesmos, antes de impô-las aos semelhantes.

Adubemos o solo dos corações com a luz do bom exemplo, com a bênção da fraternidade, com flor do estímulo e com o silêncio da compreensão.

Não firamos, onde não possamos auxiliar.

O Sol resplandece sem palavras, curando as chagas do Planeta.

A fonte rola contando, sem acusações, colada ao dorso da Terra.

O vento fecunda a natureza, sem exigências.

Amemos sempre.

O coração que se devota à fraternidade não usa o poder do verbo para denegrir ou dilacerar.

Passemos auxiliando.

Compadeçamo-nos do cardo que ainda conserva aguçados acúleos.

Compadeçamo-nos das ervas envenenadas, que ainda não conseguiram modificar a própria seiva.

Compadeçamo-nos das árvores infelizes, cujos galhos ressecaram pela pobreza do ambiente em que nasceram.

A senda é longa.

A romagem solicita o esforço das horas incessantes.

Sigamos improvisando o bem, por onde passarmos.

Guarde a nossa luta a sublime experiência do semeador.

Compreendamos o cipoal, auxiliemos o chão duro do destino e aproveitemos a lama da estrada para o bem geral, projetando na terra das almas as sementes benditas que o Mestre nos confiou.

E, esperemos o tempo, de vez que o tempo é o patrimônio da Divina bondade que na esteira dos dias, dos anos e dos séculos, nos oferecerá sempre à colheita de nossa vida, segundo as nossas próprias obras.


do livro Doutrina e Aplicação, por André Luiz (Espírito) e Chico Xavier