Eternidade

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sábado, 31 de maio de 2014

União do princípio espiritual e da matéria



01 - A Gênese - Allan Kardec - Cap. XI, 10.17

UNIÃO DO PRINCÍPIO ESPIRITUAL E DA MATÉRIA

10. Devendo a matéria ser o objeto de trabalho do Espírito, para o desenvolvimento de suas faculdades, era necessário que pudesse atuar sobre ela, por isso veio habitá-la, como o lenhador habita a floresta. Devendo ser a matéria, ao mesmo tempo, o objetivo e o instrumento de trabalho, Deus, em lugar de unir o Espírito à pedra rigida, criou, para seu uso, corpos organizados; flexíveis, capazes de receber todos os impulsos de sua vontade, e de se prestar a todos os seus movimentos.

O corpo é, pois, ao mesmo tempo, o envoltório e o instrumento do Espírito, e à medida que este adquire novas aptidões, ele reveste um envoltório apropriado ao novo gênero de trabalho que deve realizar, como se dá a um obreiro ferramentas menos grosseiras à medida que ele seja capaz de fazer uma obra mais cuidada.

A necessidade da encarnação


ESE, Capítulo IV, 25 e 26

 24 de maio de 2005

Introdução

No item 25 do Capítulo IV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec pergunta aos Espíritos sobre a necessidade da encarnação e, no item 26, comenta sobre a resposta que eles dão. É o assunto tratado nestes itens que iremos hoje estudar.

No trecho em questão, veremos que Kardec perguntou sobre a encarnação e os Espíritos responderam como se ele tivesse perguntado sobre a reencarnação, uma vez que se prenderam à intenção e não à letra da pergunta. Para o nosso objetivo, no entanto, acreditamos ser necessário fazer clara a distinção entre o que seja a necessidade da encarnação e a da reencarnação, posto que ambas são necessárias e por diferentes razões.
Encarnar é viver em um corpo físico, não implicando em nenhuma conotação adicional com respeito à quantidade de vezes em que isso é possível a um único Espírito. Quando queremos saber porque necessitamos encarnar, nossa dúvida é quanto ao ser ou não ser possível evoluir o tempo todo na espiritualidade, sem jamais interagir com a matéria bruta. Já, quando falamos em reencarnar, estamos falando sobre a necessidade do Espírito encarnar ou não mais de uma vez. Tal questão está relacionada ao percurso necessário para que possamos evoluir e a verificarmos se uma única vida é tempo bastante para tal intento. Sabendo, agora, do que vamos tratar, vamos, inicialmente, falar da necessidade da encarnação para, somente depois, tratarmos da necessidade da reencarnação.

A Necessidade da Encarnação

Não poucas vezes algum irmão nos pergunta sobre o porque de precisarmos encarnar, uma vez que, segundo afirma, com base no relato dos autores espirituais, tudo o que se encontra na Terra também se encontra no plano espiritual. Lembram os irmãos que assim pensam que, no plano espiritual, existem lares, famílias, cidades e comunidades várias, amigos e inimigos, trabalho e repouso, veículos, tudo, enfim, de que alguém necessita para ter uma vida igual àquela que se passa na Terra, sendo possível lá, como cá, praticar a reforma íntima e evoluir pelo estudo sério e pelo trabalho caritativo dedicado e amoroso.
A resposta a tal questionamento é justamente o tema da primeira parte deste estudo, isto é, saber qual a real necessidade da encarnação, qual a real necessidade de vivermos em um corpo material e de interagirmos com a matéria bruta para podermos evoluir até a perfeição.
Se lermos com atenção a resposta que São Luiz deu a Kardec no Item 25 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, vermos que ela não satisfaz a curiosidade de tais irmãos. 

25. É um castigo a encarnação e somente os Espíritos culpados estão sujeitos a sofrê-la?
A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente justo, Deus tem de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilégio seria uma preferência, uma injustiça. Mas, a encarnação para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do livre arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo. - S. Luís. (Paris, 1859.)

Ora, por que – perguntariam eles, provavelmente insatisfeitos com a resposta de São Luís – os desígnios de Deus hão de requerer ação no plano material? Se, tanto a inteligência quanto a bondade, podem ser desenvolvidos na espiritualidade, qual a necessidade de se encarnar, qual a necessidade de se agir no plano material? Na espiritualidade – continuariam eles - não estaríamos, também, exercendo, a todo instante, o livre-arbítrio e nos sujeitando todo tempo à lei da causalidade e às demais leis de Deus? Não nos é possível, lá, tanto quanto cá – concluiriam - fazermos uso de nosso livre-arbítrio e de nossa força de vontade tanto para o bem quanto para o mal?
Tentando encaminhar essa questão, vejamos o que Kardec perguntou aos Espíritos, no desdobramento “a” da Questão 175 de O Livro dos Espíritos:

175. Haverá alguma vantagem em voltar-se a habitar a Terra?
 “Nenhuma vantagem particular, a menos que seja em missão, caso em que se progride aí como em qualquer planeta.”
a)     Não se seria mais feliz permanecendo na condição de Espírito?
“Não, não; estacionar-se-ia e o que se quer é caminhar para Deus.”

Está aí uma afirmação que nos interessa. Que estarão querendo dizer os Espíritos, ao afirmarem, de modo tão peremptório, que permanecer na espiritualidade é o mesmo que estacionar? O raciocínio de nossos irmãos nos estava conduzindo à conclusão contrária, não é mesmo?
Mais adiante, ainda em O Livro dos Espíritos, Kardec continua:

196. Não podendo os Espíritos aperfeiçoar-se, a não ser por meio das tribulações da existência corpórea, segue-se que a vida material seja uma espécie de crisol ou de depurador, por onde têm que passar todos os seres do mundo espírita para alcançarem a perfeição?
 “Sim, é exatamente isso. Eles se melhoram nessas provas, evitando o mal e praticando o bem; porém, somente ao cabo de mais ou menos longo tempo, conforme os esforços que empreguem; somente após muitas encarnações ou depurações sucessivas, atingem a finalidade para que tendem.”

Está mais que claro, pela Codificação, tanto em O Evangelho Segundo o Espiritismo quanto em O Livro dos Espíritos, que os Espíritos só podem evoluir encarnados. Foi o que disseram os Espíritos e o que Kardec entendeu e aceitou. Mas, por que?
A vasta obra de André Luiz, que nos veio pela abençoada mediunidade de nosso saudoso Chico, trouxe-nos preciosos ensinamentos de como as coisas se passam no mundo espiritual, ensinamentos esses, mais tarde, corroborados por diversos outros Espíritos, através de outros médiuns. Vejamos se desse farto material, aliado às lições que obtemos da Codificação, tiramos algum elemento que falta ao nosso raciocínio.
O estudioso atento e que aprendeu que a Doutrina é evolutiva, aprende, por exemplo, que nossa real identidade no mundo espiritual é transparente, podendo nossos inimigos de outras eras reconhecer-nos sem grande dificuldade, ao contrário do que ocorre quando estamos encarnados, onde uma nova personalidade nos esconde dos desafetos que nos queiram prejudicar. Fica sabendo, também, que não há dissimulação no plano espiritual, sendo nossos pensamentos e emoções facilmente percebíveis por quem esteja em nossa faixa de sintonia.
Qualquer tentativa de nos reconciliarmos com alguém a quem tenhamos prejudicado no passado incorrerá em fracasso se estivermos no plano espiritual, uma vez que nosso medo da reação de nossos desafetos ou nossa postura defensiva contra sua possível vingança estarão sempre a nos denunciar. Do mesmo modo que o cão percebe se a pessoa perto dele está serena ou com medo, amorosa ou agressiva, reagindo conforme tal percepção, os Espíritos desencarnados percebem as emoções e pensamentos uns dos outros e reagem de acordo com eles, de nada valendo o autocontrole com que qualquer um deles tente esconder o que sente ou o que pensa dos demais.
Impossibilitados de nos reconciliar com nossos desafetos do passado e fazendo novos desafetos a todo instante pela impossibilidade de escondermos dos outros nossos pensamentos e emoções a respeito deles, já não nos parece mais difícil entender porque ficaríamos praticamente estacionados se permanecêssemos indefinidamente no plano espiritual. Podermos evoluir envolvidos em atividades caridosas com o apoio de Espíritos mais evoluídos, sem dúvida. No entanto, somente conseguiríamos ajudar os Espíritos sofredores caso esses não nos conhecessem ou caso, apesar de nos conhecerem, nada de mal tivesse jamais ocorrido entre eles e nós. 
Por outro lado, ao encarnarmos, nos é dada uma oportunidade toda nova de recomeço. Temos uma nova aparência, nada lembramos de nossas vivências pretéritas e possuímos domínio sobre o que falamos e sobre a expressão que estampamos em nosso rosto, sendo-nos possível dissimular pensamentos e emoções. Nossos Espíritos Protetores utilizam tal situação para juntar, nas mesmas famílias, nas mesmas comunidades, Espíritos que necessitam de reconciliação. Protegidos uns dos outros pelo “disfarce” do corpo físico, temos a oportunidade de travar novas relações com todos. Se soubermos fazer uso dessa possibilidade, com sabedoria, não só não mais faremos desafetos como iremos, pouco a pouco, reparando nossos erros do passado e sublimando, em relações de família equilibradas e amorosas, o ódio dos inimigos figadais de outrora.
A encarnação é, portanto, mais uma benção que recebemos da bondade divina. Toda vida existente no universo deve ser respeitada como tal. Porém, sabermos amar a vida onde quer que ela se encontre pressupõe que saibamos amar a nossa própria.
Aprendamos, portanto, a amar e respeitar nosso corpo, tratando-o com cuidado e atenção, para que, saudável, ele seja o instrumento de nosso progresso e dos demais seres com quem nos relacionamos na vida. Afinal, o corpo físico que ganhamos a cada encarnação é o templo onde, com estudo e trabalho no bem, construiremos o reino dos céus que Jesus ensinou estar dentro de nós.

A Necessidade da Reencarnação

Agora que já sabemos que é necessário encarnar, viver em um corpo físico, para evoluir, resta estudarmos o porque de necessitarmos viver em um corpo físico mais de uma vez. A pergunta que ora se coloca, portanto, é: Qual a Necessidade da Reencarnação?
Uma vez que acreditamos serem as leis de Deus soberanamente justas, somos forçados a admitir que fomos todos, sem exceção, criados no mesmo estágio inicial, isto é, simples e ignorantes, e dotados do mesmo potencial evolutivo, que nos levará à perfeição.
Imaginar que um de nós possa ter sido criado sábio, belo e saudável e um outro, deficiente mental, feio e doente, que um possa ter sido criado caridoso e gentil e outro, perverso e violento, admitir tais possibilidades é negar justiça nas leis divinas, o que equivale a negar a própria divindade.
Dizemos isso com segurança, pois não pode Deus ser menos justo que o homem. Se, mesmo a humanidade, ainda tão atrasada, sabe ser justa nas competições esportivas, separando cada desporto em classes e categorias, de acordo com as habilidades atingidas pelos participantes, como poderíamos esperar de Deus menor justiça, privilegiando a uns e prejudicando a outros em uma disputa desigual?
Desse modo, não há como negar que somos todos criados iguais e temos todos o mesmo destino. Resta uma questão: será possível a um de nós evoluir do estado de simplicidade e ignorância completas ao de perfeição moral e intelectual em uma só existência?
As evidencias obtidas até hoje pelos paleontólogos nos revelam que a espécie humana surgiu, há, aproximadamente, dois milhões e meio de anos, provavelmente na África. Mesmo se admitirmos, o que não corresponde à realidade, que iniciamos nossa jornada no reino hominal, o bom-senso e um simples raciocínio nos levam a concluir pela total impossibilidade de um ser humano, no estágio desse homem primitivo, que sequer o fogo sabia fazer, poder passar ao de um moderno gênio da ciência, capaz de desvendar os segredos do átomo, em uma única existência, fosse ela de 50, 70, 100 ou mesmo 1000 anos.
Supor que aquele Homo Habilis viveu uma única vida é negar a premissa de que todo ser humano é fadado à perfeição. Nem necessitamos ir tão longe no passado. Olhemos para nós mesmos: quanto tempo nos falta para chegarmos ao estágio de um Ghandi, de um Chico Xavier ou de uma Madre Tereza? Com sinceridade, pode algum de nós ser tão ingênuo para achar que consegue chegar lá ainda nesta vida? Não, para evoluirmos, mesmo do estágio em que estamos neste século XXI até à perfeição faltam milênios e esses milênios requerem a pluralidade de existências.
O que está na origem de nossa necessidade de reencarnar, portanto, é a Lei da Evolução. Somos todos criados simples e ignorantes e temos todos o mesmo potencial de evolução, tanto em bondade quanto em sabedoria. E, ao fim da jornada seremos todos perfeitos. Não dizemos isso por pura especulação, nem, tampouco, baseados na Codificação. Quem nos disse que, um dia, seremos perfeitos foi Jesus, ao nos exortar:
“Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu". (Mt 5,48)

Perfeição, a Nossa Meta Final

Tem-se escutado, quando em vez, expositores falando em uma tal “perfeição relativa”. Isso nos preocupa porque pode levar alguém a conclusões erradas. Desse modo, vamos refletir um pouco sobre o relativo e o absoluto.
 O mecânico de automóveis que não erra nenhum diagnóstico e que repara peças e sistemas defeituosos de modo a que o veículo volte a funcionar como se novo fosse, pode ser chamado de um mecânico perfeito. O engenheiro civil que não erra nenhum cálculo, não esquece nenhuma especificação e tudo faz em conformidade com os melhores critérios de projeto, pode ser entendido como um engenheiro civil perfeito. O aluno que domina todas as matérias do Ensino Fundamental e ao qual se pode fazer qualquer pergunta desse ciclo acadêmico sem que ele erre a resposta, pode ser chamado de aluno perfeito do Ensino Fundamental. No entanto, se pedirmos ao mecânico de automóveis perfeito que ele conserte um avião, ao engenheiro civil perfeito que ele projete um circuito eletrônico ou ao aluno perfeito do Ensino Fundamental que nos responda uma questão do Ensino Médio, todos eles fracassarão na resposta à nossa solicitação. Fica claro, portanto, que cada um deles é perfeito em relação ao conhecimento que estudou. Isso é o que se chama de “perfeição relativa”.
Um Espírito que tenha aprendido tudo o que pode ser aprendido junto à humanidade terrestre, pode ser dito perfeito relativamente à humanidade terrestre. Se ele tiver aprendido tudo o que é possível aprender nos diversos mundos do nosso sistema solar, ele poderá ser dito perfeito relativamente ao sistema solar. É assim que iremos evoluir, superando cada o estágio associado a cada mundo quando pensarmos e agirmos com a perfeição relativa a cada um.
Não podemos perder de vista, no entanto, por mais que saibamos que, a cada estágio que superarmos, nos faremos perfeitos em relação a ele, que a nossa meta final é a perfeição absoluta. Atingiremos a perfeição absoluta quando nada mais houver na criação que não saibamos, quando tudo o que pensarmos ou fizermos em qualquer parte de qualquer universo esteja em exata concordância com as leis de Deus. Nesse estágio final, o relativo deixa de existir, posto que algo que seja relativo a tudo é absoluto para tudo.
Essa perfeição absoluta à qual um dia chegaremos é a perfeição possível a uma criatura. Como Jesus nos ensinou a ver Deus como Pai, de natureza, portanto, semelhante à nossa, fica claro o que o Mestre quis dizer quando nos exortou: “...sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu.”
Entendendo Deus como a Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, no entanto, facilmente deprenderemos que não se pode comparar uma criatura com Deus. O que podemos ler sobre os espíritos puros na Escala Espírita (LE, Pare 2a. Cap. I, 113) diz exatamente o que acabamos de inferir: “... Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, ...”.
Seremos perfeitos ao final da jornada. Não ‘perfeitos relativos”, mas, simplesmente, “perfeitos”.  Como nos sabemos criaturas, não há margem para confusão.

Como Age a Reencarnação

Para avançar na senda evolutiva, temos que aprender, para aprender, temos que vivenciar experiências variadas, para vivenciar experiências variadas, temos que nos relacionar com a diversidade de outras criaturas que povoam o universo.
Temos que nascer ricos para aprendermos a usar o dinheiro visando o progresso da humanidade e não apenas o nosso, pobres para aprendermos que nos é possível ser úteis aos nossos irmãos, mesmo sem dispormos de recursos materiais, bonitos para sabermos como utilizar a beleza para influenciar os outros para o bem, com nosso exemplo de humildade e trabalho, feios para que saibam que a feiúra não é obstáculo às nobres ações, saudáveis para sermos motores das grandes realizações, doentes para mostrarmos, aos que se sentem fracos e incapazes, o quanto pode aquele que tem força de vontade. Se reencarnarmos em uma sociedade tranqüila, teremos muito a aprender, não mais nem menos, porém, que se nascermos em uma sociedade em guerra ou em outra situação calamitosa.
As características de cada reencarnação que temos, sejam elas raciais, familiares, econômicas, sociais ou religiosas, são sempre as mais adequadas ao estágio de evolução no qual nos encontramos, tendo sido cuidadosamente escolhidas pelos nossos protetores e guias espirituais visando nosso melhor aproveitamento.
Os Espíritos evoluem através de sucessivas vidas na carne e, por força da Lei da Causalidade, todas as ações cometidas por eles contrárias às Leis da Natureza farão com que vivenciem, em momentos posteriores, situações onde terão a oportunidade de reparar seus erros. São as chamadas expiações. Essas oportunidades são incontáveis, de modo a respeitar tanto a Lei da Causalidade quanto o Livre Arbítrio. Desse modo, se uma situação de vida destinada a oferecer ao Espírito uma oportunidade nova de reparar um erro não é aproveitada, surgirá outra, outra e outra mais, em sucessão interminável até que a diretriz da Lei seja cumprida e a harmonia seja estabelecida.
Outro tipo de experiência que os Espíritos vivenciam durante sua evolução são as chamadas provas, isto é, situações não antes vividas onde eles terão que aplicar a sabedoria e a bondade adquiridas até então para mostrar estarem em condição de aproveitar as lições nelas contidas.
Sejam provas ou expiações, as experiências que vivemos são, antes de tudo, lições que temos que aprender. Sempre que um método utilizado não funcionou, novo método de ensino é aplicado até que as lições sejam aprendidas. Não existe pecado, não existe punição. Tal percepção das leis de Deus é um resquício dos ensinamentos que tivemos quando seguíamos outras religiões. O que existe é aprendizado contínuo nos caminhos da evolução incessante.

A Rede Escolar de Deus

O Mestre dos Mestres costumava utilizar-se de acontecimentos do dia-a-dia, comportamentos sociais e personagens conhecidos para, por meio de paralelos ou alegorias, tornar a realidade espiritual compreensível ao povo.
Utilizando o mesmo método que Jesus usava, vamos aprofundar nosso entendimento da necessidade da reencarnação, pensando na instituição escolar humana, como fez o Codificador.
Antes de realizar nosso intento, porém, vamos, primeiramente, pinçar algumas questões de O Livro dos Espíritos, que nos ajudarão a montar nosso paralelo.

172. As nossas diversas existências corporais se verificam todas na Terra?
Não; vivemo-las em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as primeiras, nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição.

177. Para chegar à perfeição e à suprema felicidade, destino final de todos os homens, tem o Espírito que passar pela fieira de todos os mundos existentes no Universo? Não, porquanto muitos são os mundos correspondentes a cada grau da respectiva escala e o Espírito, saindo de um deles, nenhuma coisa nova aprenderia nos outros do mesmo grau. a) Como se explica então a pluralidade de suas existências em um mesmo globo?
 De cada vez poderá ocupar posição diferente das anteriores e nessas diversas posições se lhe deparam outras tantas ocasiões de adquirir experiência. 

Vamos, então, ao nosso paralelo. Todos sabemos que, até a criança chegar à Universidade há um longo caminho a percorrer e que, ao longo desse caminho, ela pode passar por diferentes instituições.
O Universo pode ser visto, dessa forma, como uma imensa rede escolar dirigida por Deus através de suas leis sábias e imutáveis. O dono dessa rede é infinitamente tolerante, justo e amoroso e não aceita nenhum outro resultado que não a formatura com louvor de todos os alunos que nela ingressam, dando a eles infinitas chances de recomeço. Se um deles fracassar em uma série por displicência, ele poderá repetir o ano quantas vezes for necessário, cada vez com alguns professores novos e outros antigos, com alguns colegas novos e outros repetentes com ele. Se algum não se adaptar ao método de uma escola, lhe será permitido mudar de escola, para alguma onde se aplique metodologia diferente daquela praticada na escola onde ele não conseguia aprender, podendo mudar de escola de novo e mais uma vez, até que se adapte e consiga progredir. Por mais que um aluno repita o ano e mude de escola, o dono da rede nunca desiste de vê-lo formado e sempre lhe oferece uma nova chance de recomeço.
As principais diferenças entre esse modelo e as instituições humanas são o fato de nenhum aluno ser jamais expulso da rede escolar de Deus e a certeza de que todos, sem exceção, serão levados da creche à pós-graduação, do estágio de simples e ignorantes ao da angelitude.  

A Escala Espírita e a Reencarnação

Em O Livro dos Espíritos, Parte II, Capítulo 1, Allan Kardec apresenta a Escala Espírita, uma classificação geral para termos uma idéia dos estágios pelos quais passa um Espírito em evolução.
No Capítulo III de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec classifica os mundos habitados da seguinte forma:

·         Mundos Primitivos: destinados às primeiras encarnações e experiências da alma humana.
·        Mundos de Expiação e Provas: Nesses mundos, o mal predomina. Os Espíritos aí encarnam para prosseguir na sua evolução, passando por provas e expiações, decorrentes de seu processo de aprendizado evolutivo. Dentre os Espíritos que encarnam em um mundo de provas e expiações há os que acabaram de sair da infância evolutiva, vindos de um mundo primitivo, os que se demoram no aprendizado, precisando de inúmeras reencarnações para aprender cada lição evolutiva e os “degredados” de outros mundos, “de onde foram excluídos em conseqüência da sua obstinação no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons.”
·         Mundos de Regeneração: Onde a alma penitente encontra a calma e o repouso e acaba por depurar-se. O Espírito ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; experimentando as mesmas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas e dos vícios. O amor e o reconhecimento de Deus predominam e o esforço evolutivo é constante. Ainda suportam provas, pois são essas não mais que mecanismos de ensino necessários à evolução. Sendo o Espírito ainda falível, no entanto, ocorre de alguns recaírem no erro, fazendo com que voltem aos mundos de provas e expiações para aprenderem pelo método mais árido aquilo que pelo bem recusaram aprender no ambiente de amor e paz.
 ·       Mundos Ditosos ou Felizes: onde o bem sobrepuja o mal. A felicidade predomina.
·      Mundos Celestes ou Divinos: habitação dos Espíritos mais evoluídos, onde reina exclusivamente o bem e o conhecimento da verdade.

Em um exercício de comparação, com base na Escala Espírita e na Classificação dos Mundos, podemos imaginar o seguinte enquadramento para a reencarnação dos Espíritos, durante o estágio no Reino Hominal. 

Categoria de Mundo
Progresso Acadêmico
Classes Predominantes de Espíritos
Primitivo
Educação Infantil
Início de Jornada e 7a classe:
Espíritos Simples e Ignorantes e Neutros.
Provas e Expiações
Ensino Fundamental
9a, 8a, 7a, 6a, 5a e 4a classes: Espíritos Perturbadores, Neutros, Pseudo-sábios, Levianos, Impuros, Benévolos e Sábios.
Regeneradores
Ensino Médio
7a, 5a,  4a, 3a e 2a classes:
Espíritos Neutros, Benévolos, Sábios, de Sabedoria e Superiores.
Ditosos ou Felizes
Curso Superior
3a e 2a classes:
Espíritos de Sabedoria e Superiores.
Celestes ou Divinos
Pós Graduação
1a classe:
Espíritos Puros.

Em nosso enquadramento mostramos que Espíritos de ordem mais elevada reencarnam em mundos menos evoluídos que os que lhes correspondem. Tais Espíritos são os gênios das ciências, das artes e das demais áreas do saber humano, além dos ditos santos das diversas tradições religiosas.
Chamamos particular atenção para os nundos primitivos, destinados às primeiras encarnações das almas que ingressaram no reino hominal, tornando-se Espíritos, após a conquista da consciência moral. Nesses mundos, em nosso entendimento, Espíritos neutros podem reencarnar para desenvolver a tendência pelo bem. Dotados de mais conhecimento que os simples e ignorantes eles poderão ensinar àqueles o que sabem, tornando-se líderes de comunidades, seus sacerdotes ou conselheiros.

A Evolução do Princípio Inteligente

Até agora, por simplicidade, falamos da necessidade da reencarnação pensando somente na fase em que estagiamos no reino hominal. A realidade, no entanto, não se limita desse modo.
Tudo na Criação está em contínua evolução. Evolui o Universo em sua expansão incessante, evoluem os astros, evoluem os seres animados e os inanimados.
Diz Santo Agostinho em O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap III, item 19:

“... Ao mesmo tempo em que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada na Natureza permanece estacionário. Quão grandiosa é essa idéia e digna da majestade do Criador! Quanto, ao contrário, é mesquinha e indigna do seu poder a que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia, que é a Terra, e restringe a Humanidade aos poucos homens que a habitam!...”

Criado simples e ignorante, mas destinado à Angelitude, o princípio inteligente evolui em sua longa jornada, estagiando nos diversos reinos, habitando em diversas moradas, tornando-se mais e mais complexo, individualizando-se, conquistando a consciência, o livre arbítrio, adquirindo sabedoria e bondade até o potencial máximo de que foi dotado, tornando-se, finalmente, Espírito Puro.
Quando falamos em Necessidade da Reencarnação, não podemos nos esquecer, portanto, que nossa jornada se iniciou muito antes de ingressarmos no reino hominal. Tudo na natureza nasce, morre e renasce. A reencarnação é uma lei divina e é através dela que o princípio inteligente evolui das formas mais simples da criação às mais complexas.
Não dispomos de tempo neste estudo para explorar os mecanismos da evolução em tempos anteriores ao ingresso no reino hominal. Sabemos, no entanto, que os animais, plantas e minerais são todos tão mais evoluídos e sutis quando evoluídos e sutis são os mundos em que eles habitam. Não é difícil, portanto, concluirmos que todos os seres vivos e inanimados necessitam, de certa forma, reencarnar e o fazem do mesmo modo que o homem, migrando de um mundo para outro e permanecendo maior ou menor tempo em cada um, conforme sua necessidade de aprendizado e estágio evolutivo.
Assim, por exemplo, ninguém deve esperar que aquele cãozinho, inteligente e sensível, que nos faz companhia, venha a ter uma de suas próximas reencarnações aqui na Terra como ser humano. Não, ele não terá. Primeiro, sua alma terá de estagiar em diversos outros mundos, adquirindo raciocínio mais elaborado e desenvolvendo suas emoções, até que sua consciência desperte em plenitude e ele possa, dotado de livre arbítrio e responsabilidade, interagir de igual para igual com outros seres do reino hominal. O ápice de sua evolução como membro do reino animal se dará, portanto, provavelmente, em um mundo ditoso e não em nosso planeta de provas e expiações. Do mesmo modo, seu ingresso no reino hominal se dará em um mundo primitivo, tampouco ocorrendo em nosso orbe.
Se aquela alma, hoje no estágio de um cãozinho, um dia alcançará seu hoje dono na jornada evolutiva, isso não nos é possível saber. Cada ser evolui de forma diferente do outro, uns acertando mais e outros menos, uns mais rápido e, outros, mais devagar. Aquele que hoje aprende comigo poderá, amanhã, ser meu professor.

Conclusão

Fomos criados simples e ignorantes, mas destinados à perfeição. A Lei da Evolução rege todos os seres e todas as coisas. Para que o princípio inteligente possa evoluir, ele necessita ingressar na matéria e interagir com ela. O percurso evolutivo, do átomo ao arcanjo, é imenso, impossível de ser percorrido em uma única existência. 
Estamos, talvez, a meio caminho na senda evolutiva. Se, por um lado, nos sabemos ainda longe da perfeição, muito longe também estamos dos seres mais simples que habitam nosso planeta. Conquistas importantes já fizemos e, tendo-as feito, é mister que saibamos fazer delas o melhor uso. Possuímos consciência moral e raciocínio maduro, sendo, também, dotados de livre-arbítrio.
Empenhemo-nos, portanto, tanto quanto nos seja possível, na reforma íntima. Busquemos, a cada dia, sermos uma pessoa melhor que no dia anterior. Ao final de cada dia, ao término de cada ação, ao concluirmos cada comentário, saibamos nos calar e refletir sobre o que dissemos, sobre o que pensamos, sobre o que fizemos. Analisando continuamente nossos pensamentos, palavras e obras, disciplinaremos nossa conduta para torná-la uma conduta verdadeiramente espírita, uma conduta verdadeiramente cristã.
A evolução não é uma corrida de obstáculos, sequer uma corrida é. No entanto, que a constação de que temos a eternidade para evoluir não sirva para nos amolecer o ânimo, mas, antes, como estímulo para acelerarmos a marcha, de modo a podermos ajudar aqueles que ficaram para trás, praticando, desse modo, a verdadeira caridade cristã. 


Fonte: http://www.ieja.org/portugues/Estudos/Artigos/p_necessdadedaencarnacao.htm
 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

CÉLULAS-TRONCO



Os Mitos e as Verdades sobre as Células Tronco


Dr. Décio Iandoli Júnior*


A questão 353 do Livro dos Espíritos trata do seguinte:

- A união do espírito e do corpo não estando completa e definitivamente consumada senão depois do nascimento, pode considerar-se o feto como tendo alma?

R – O espírito que o deve animar existe de alguma forma, fora dele. Ele não tem, propriamente falando, uma alma, pois a encarnação está somente em vias de se operar; mas está ligado à alma que o deve possuir.

André Luiz nos conta, pela orientação de Alexandre em “Missionários da Luz”, que a encarnação só se completa por volta dos sete anos de idade, porém, ela se inicia na concepção, ou seja, no momento da fecundação do ovócito materno pelo espermatozóide paterno; a partir daí, inicia-se o “continuum” (1), com a construção do corpo físico pelo perispírito, ou como colocou o Dr. Hernani Guimarães Andrade, pelo Modelo Organizador Biológico (MOB).

Sendo assim, não poderíamos ter outra atitude a não ser a de respeitar o indivíduo como ser encarnado desde a fecundação e geração da célula original (o zigoto), evitando interpretações outras que poderiam abrir questão quanto ao momento em que temos ou não temos um ser encarnado, e que tem levado muitos companheiros de doutrina a discutir, equivocadamente, os direitos do embrião.

Sabemos ainda, pela própria descrição da reencarnação de Segismundo, feita no mesmo livro (Missionários da luz) psicografado por nosso querido Chico Xavier, que a ligação fluídica, entre a mãe e o reencarnante, se dá antes mesmo da fecundação, e que o processo de ligação ao zigoto completa este processo de instalação da interface físico-etérica, dando início à reencarnação.

Se unirmos, em laboratório um ovócito e um espermatozóide, pelas técnicas já disponíveis, conseguiremos o desenvolvimento de um embrião, mas não teremos a certeza de que este é viável ou não até o momento de seu implante no útero.

Acreditamos que tal dificuldade se dê, entre outros motivos, pela ausência de um espírito reencarnante ligado a estes embriões, com conseqüente ausência de um MOB, o que inviabiliza a diferenciação celular e a organização espacial do novo corpo em desenvolvimento, interrompendo o projeto biológico.

A “maquinaria” celular, o alto grau de fluido vital das células embrionárias e o automatismo celular conseqüente a estes dois primeiros fatores podem garantir o desenvolvimento inicial deste embrião, antes que se torne necessário o início da diferenciação celular, mesmo na ausência de um espírito reencarnante.

Sendo assim, é teoricamente viável aceitar que, muitos dos embriões concebidos “ in vitro ” não estão dotados de espíritos reencarnantes, entretanto, este raciocínio não dar nenhuma margem para acreditarmos que, neste tipo de fertilização, nunca haverá ligação com espíritos, o que só ocorreria no momento do implante no útero, coisa que nem sabemos se é possível ou não.

Classificar todos os embriões concebidos “ in vitro ” como sendo montículos de células desprovidas de espírito não é apenas uma suposição, mas é também, na minha opinião, bastante improvável.
Como vimos, ainda não temos como saber ou afirmar, se determinado embrião tem ou não um espírito reencarnante, contudo, acredito que não estão muito longe os recursos para fazê-lo; seja através da verificação da reprogramação epigênica, que foi relatada no trabalho do Dr. Kevin Eggan (2) e que pode significar a instalação de um novo espírito (3), ou seja pela identificação de campos biomagnéticos utilizando-se um Tensionador Espacial Magnético (TEM) como o que foi idealizado pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade (4) . Até lá, não havendo como provar se há ou não um reencarnante ligado àquele embrião, devemos tratá-los todos da mesma forma, ou seja, o benefício da dúvida deve estar, sempre, em favor da vida.

Diante desta constatação, ou seja, da impossibilidade de afirmarmos, utilizando-se dos conhecimentos doutrinários, se há ou não um espírito em determinado embrião, e por não ser este, via de regra, o parâmetro utilizado pela sociedade para tomar suas resoluções éticas, creio que nos resta consultar a ciência e os seus conceitos clássicos para o caso em questão. Devemos buscar na embriologia a resposta à nossa pergunta: O embrião é um ser vivo?

Antes de continuarmos esta argumentação, deve ficar claro que: pela visão da biologia e pela visão legal, até o presente momento, não há, nenhuma diferenciação entre o embrião “ in vivo ” e “ in vitro ”, sendo assim, o que considerarmos para um, devemos considerar para o outro.

Buscando nos livros de embriologia encontramos no primeiro capítulo do “Embriologia Clínica” de Keith L. Moore , a definição de Zigoto como " uma célula resultante da fertilização de um ovócito por um espermatozóide, e é o início de um ser humano ".

Diante desta afirmação, compartilhada pela grande maioria dos embriologistas, à partir da fecundação, já temos um ser humano vivo que, conseqüentemente, deve ser respeitado e preservado como tal, não cabendo nenhuma “flexibilização” deste conceito, como se tem feito por ai, em prol de interesses outros que não o da ética e da dignidade humana.

Posto isso, colocamos na mesa de discussões um argumento poderoso trazido à tona pelos utilitaristas e materialistas, defendendo o sacrifício dos embriões em nome das vidas que serão resgatadas com o avanço da promissora terapêutica com células tronco.

Alguns médicos já defendem a interrupção da gestação de fetos portadores de qualquer anomalia, inclusive síndrome de Down. Onde vamos parar? Qual é o limite ético que se estabelecerá?

O que está em questão agora não é o benefício para a ciência e sim o benefício para a humanidade, o que pode não significar a mesma coisa, já que, em termos de ciência, toda e qualquer possibilidade de estudo ou pesquisa, é sempre “benéfica”, pois traz conhecimento, mesmo que este conhecimento seja a constatação de que não é possível atingir as metas inicialmente traçadas por aquela linha de pesquisa; entretanto, devemos levar em consideração as questões éticas, já que os fins não justificam os meios.

Deveríamos estar discutindo a regulamentação da produção de embriões com fins reprodutivos, e o fato de não os utilizar, ou de que eles serão descartados de qualquer maneira, não pode ser justificativa para a utilização dos mesmos com fins científicos.

O que deve ficar bem claro é que, um embrião é considerado, pela própria ciência materialista, como um ser humano vivo, devendo portanto, ser respeitado como tal.

O mundo vai evoluir sempre, pois é este nosso destino inexorável; vamos conquistar tecnologias cada vez mais importantes, entretanto, devemos escolher qual preço estamos dispostos a pagar por isso, quais os caminhos que devemos seguir.

O uso de CTE (células tronco embrionárias) humanas não é necessário para o avanço da ciência neste momento, acredito que, pelos trabalhos já desenvolvidos com as CTA (células tronco adultas), chegaremos a grandes conquistas, e o estudo dos fatores epigenéticos, acabarão por nos conduzir ao conceito de "Modelo Organizador Biológico", ou perispírito, o que nos trará a possibilidade de, por exemplo, "construir" órgãos em laboratório à partir de células tronco do próprio paciente, para um "auto-transplante", fundando a “engenharia de órgãos e tecidos”.

A despeito de nosso otimismo e entusiasmo, não percamos a serenidade, nem dispensemos a segurança no avanço da ciência, pois não temos como fazer juízo ético daquilo que não conhecemos completamente.

Sigamos confiantes e dedicados nos estudos e no desenvolvimento das CTA, dominando cada vez mais e melhor suas possibilidades, e enquanto isso, muita prudência e responsabilidade.

2) EGGAN, K., RIDEOUT III, W.M., JAENISCH, R. Nuclear cloning and epigenetic reprogramming of the genome. Science , v. 293, p.1093-98, aug.2001

3) Ver argumentação no capítulo III do livro “A Reencarnação como Lei Biológica” do mesmo autor deste artigo.

4) No livro “Espírito, perispírito e alma” encontramos o embasamento teórico deste postulado do Dr. Hernani, e em seu livro “A Mente Move Matéria” no adendo do escrito por Y. Shimizu, encontramos a descrição dos aparelhos TEM e TEEM.


Parte do texto do Dr. Décio Iandoli Júnior. Para ler na íntegra clique aqui


*Dr. Décio Iandoli Júnior é médico cirurgião, doutor em medicina pela UNIFESP-EPM, professor titular de Fisiologia dos cursos de Biologia, Fisioterapia e Farmácia da UNISANTA em Santos, S.P., professor responsável pela disciplina de Saúde e Espiritualidade do curso de Gerontologia desta mesma universidade, atual vice-presidente da Associação Médico-Espírita de Santos e colaborador do Centro Espírita Dr. Luiz Monteiro de Barros em Santos, S.P. Autor dos livros “Fisiologia Transdimensional”, “Ser Médico e Ser Humano” e “A Reencarnação como Lei Biológica” editados pela FE editora jornalística.

sábado, 24 de maio de 2014

Uma visão espírita sobre a INSÔNIA



Allan Kardec, nos diz no Livro dos Espíritos, no capítulo que versa sobre a emancipação da alma, que o espírito nunca está inativo, e aproveita as horas de sono para manter relação direta com o plano espiritual, entrando em contato com espíritos encarnados e desencarnados, e visitando lugares bons ou ruins de acordo com sua evolução, de acordo com o que permite a sua própria energia.

Isso explica o motivo pelo qual podemos acordar completamente descansados e inspirados e outros dias acordamos mais cansados do que nos deitamos.

Não é incomum, durante os tratamentos no centro espírita, observarmos que algumas pessoas simplesmente não conseguem dormir porque trazem a casa repleta de espíritos desencarnados que por algum motivo querem prejudicar aquela família, pois é da lei que colhamos hoje o que semeamos ontem.

Vemos também que uma das causas frequentes de insônia é o despertar da mediunidade.

Durante o entorpecimento natural do sono, quando o espírito começa a se desprender do corpo físico como faz toda noite, esses médiuns novatos começam a ver o ambiente espiritual da casa. Então com medo e receio do desconhecido, recusam-se a dormir, causando problemas enormes para a economia física, e no entanto, seria muito mais fácil estudar e entender o processo mediúnico, se libertando de receios infundados, baseados em crendices.

Se imaginarmos nossa noite de sono como uma viagem a ser empreendida, facilmente compreenderemos que alguns simplesmente sabotam seu próprio sono. Qualquer viagem, por menor que seja, exige um preparo mínimo.Verificamos o melhor caminho, a roupa que levamos, o dinheiro, o local onde ficaremos etc..., mas a maioria de nós não consegue nem fazer uma prece antes de dormir.

Para alguns não há antídoto melhor para insônia do que iniciar uma prece ou uma leitura edificante. É fatal ! É começar e cair no sono.
Deitamos na cama, nos preparando pra dormir, repletos de problemas, trazendo uma enormidade de situações mal resolvidas, e queremos que nossa noite seja tranquila.

Jesus nos diz que onde estiver nosso tesouro, aí se encontrará nosso coração.

Como esperar noites tranquilas, acompanhadas pelo nosso anjo da guarda, nosso mentor espiritual, se passamos o dia de forma agitada, ansiosa,  intranquila?

Com certeza nosso espírito estará junto daqueles e das coisas as quais voltamos nosso sentimento.

Deixemos de ser cristãos de templos, nos preocupando com Jesus somente quando estamos na nossa casa religiosa, e com certeza teremos noites tranquilas, de sono reparador.

Refletindo nisso, chegamos a conclusão que dormimos com nosso maior inimigo, nós mesmos.

Os livros de Divaldo Pereira Franco nos relatam inúmeros casos de trabalhadores do bem, encarnados, que aproveitam suas noites de sono na continuação dos trabalhos de ajuda espiritual iniciados durante o dia. Quantos benefícios não colhem esses trabalhadores, aproveitando cada minuto para sua evolução. Cada um encontra o que busca.

O que passa o dia acumulando raiva, desentendimentos e stress, com certeza terá uma noite bem diferente daquele que tenta viver em paz consigo mesmo, exercendo sua religiosidade de forma segura.


Fonte: Medicina e espiritualidade

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Os Inimigos Desencarnados



Ainda outros motivos tem o espírita para ser indulgente com os seus inimigos. Sabe ele, primeiramente, que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom.

Sabe também que a morte apenas o livra da presença material do seu inimigo, pois que este o pode perseguir com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra; que, assim, a vingança, que tome, falha ao seu objetivo, visto que, ao contrário, tem por efeito produzir maior irritação, capaz de passar de uma existência a outra. Cabia ao Espiritismo demonstrar, por meio da experiência e da lei que rege as relações entre o mundo visível e o mundo invisível, que a expressão: extinguir o ódio com o sangue é radicalmente falsa, que a verdade é que o sangue alimenta o ódio, mesmo no além-túmulo. Cabia-lhe, portanto, apresentar uma razão de ser positiva e uma utilidade prática ao perdão e ao preceito do Cristo: Amai os vossos inimigos. Não há coração tão perverso que, mesmo a seu mau grado, não se mostre sensível ao bom proceder. Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Com um mau proceder, o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento de que a justiça de Deus se serve para punir aquele que não perdoou.

Pode-se, portanto, contar inimigos assim entre os encarnados, como entre os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e subjugações com que tanta gente se vê a braços e que representam um gênero de provações, as quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser, que, por isso; as deve receber com resignação e como consequência da natureza inferior do globo terrestre. Se não houvesse homens maus na Terra, não haveria Espíritos maus ao seu derredor. Se, conseguintemente, se deve usar de benevolência com os inimigos encarnados, do mesmo modo se deve proceder com relação aos que se acham desencarnados.

Outrora, sacrificavam-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos. Aos deuses infernais sucederam os demônios, que são a mesma coisa. O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém logra aplacá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, pela caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e, sim, também o de os reconduzir ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles. E assim que o mandamento: Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da Terra e da vida presente; antes, faz parte da grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.


Extraído da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro, Editora FEB, 112ª edição, p. 66 (versão do site Domínio Público).

Perispirito

terça-feira, 20 de maio de 2014

Corpo e Perispírito - Fluidos





Corpo e Perispírito - Fluidos
Carlos Toledo Rizzini

 
1. O corpo é o instrumento que o Espírito usa para atuar nos mundos materiais. Precisa portanto, atender às necessidades dele, aos objetivos que ele traz ao encarnar. O corpo é considerado um produto ideoplástico do espírito; logo após a fecundação, o espírito reencarnante une-se, por um cordão fluídico, ao ovo e, por meio dele, influencia automaticamente a formação do embrião e do feto; por isso, o estado de perturbação ou embotamento da consciência não impede que o espírito imprima suas características básicas em o novo ser. Conseqüentemente, o organismo reflete o estado daquele. As doenças físicas, em suma, não passam de distúrbios do perispírito (veja abaixo) transpostos para a carne, que promove o tratamento das imperfeições do espírito em si. Daí deriva a importante função das moléstias na vida do Espírito eterno, assunto estudado posteriormente.

Merece, em vista disso, o corpo material o nosso cuidado. Ele é uma concessão da Bondade Divina, em vista de dificilmente o nosso comportamento torná-lo um direito, por méritos adquiridos. Assim, recebemo-lo ajustado às nossas necessidades evolutivas, porquanto, os mentores da Esfera Superior produzem nele (atuando sobre os cromossomos do ovo) as alterações indicadas para nossa futura melhoria: aqui, uma lesão numa válvula do coração, ali um diabete, acolá um intestino preso ou uma perna curta, etc. De sorte que, além das inferioridades que cada um impõe ao seu corpo por pertencerem ao espírito, pode haver defeitos impostos por necessidades expiatórias.

2. Nos mundos espirituais, o espírito usa, como veículo de manifestação, um corpo especial que, no Espiritismo, se chama perispírito (também dito: corpo astral ou fluídico). No encarnado, ele funciona como intermediário entre o espírito e o organismo, governando a formação e o funcionamento deste, conforme apreciamos acima e, em parte, no n.0 6, onde vimos, também, as provas materiais de sua existência; apreciamos, por exemplo, que nas culturas de tecido (um fragmento de músculo ou de raiz) as células dividem-se sem parar, mantendo-se a vida vegetativa devido ao princípio vital, mas sem orientação por faltar o diretor do crescimento - o perispírito; na regeneração dos animais inferiores, ao contrário, persiste o órgão perispiritual rio local amputado e, por isso, a vida orgânica refaz-se. No corpo humano, processa-se a renovação constante da matéria admitida no metabolismo, sem que a individualidade sofra alteração; é ele quem mantém a unidade das formas e das funções. Provas espirituais de sua realidade são: o desdobramento, pelo qual o indivíduo percebe a si mesmo afastado do corpo, que se acha entorpecido, e pode-se manifestar à distância (sob o nome de bicorporeidade ou bilocação); e as aparições, de variada natureza: o que foi visto pelo inglês em 2.15? O corpo fluídico do nativo morto há pouco. Quando o espírito desliga-se do corpo e o perispírito torna-se visível, costuma receber o nome de duplo ou duplo fluídico; nesse estado, pode conversar, escrever e realizar trabalhos vários (há uma mediunidade de desdobramento).

O perispírito é constituído de matéria, porém, caracterizada por outro estado vibratório. Varia de mundo para mundo. t indestrutível, mas poderá ser lesado e mesmo mutilado, com amplas perdas de substância, em face da persistência na prática do mal; em certos casos, chega a assumir formas animalescas (serpente, lobo, e gr.) - pois é fato notório ser ele sensível (e reagir) ao estado moral do espírito. Se cometermos suicídio com um tiro no peito, o perispírito ficará ferido e ensangüentado por longo tempo; se tomarmos um cáustico, terá uma lesão na faringe; se nos apossarmos do alheio, as mãos ficarão como garras; e assim por diante. Purifica-se e torna-se etéreo conforme o espírito vai progredindo em moralidade. Pensamentos e sentimentos reagem constantemente sobre o corpo fluídico, tornando-o mais denso e sombrio se forem maléficos ou mais leve e luminoso se forem benéficos. Ele emite radiações que variam de natureza e intensidade conforme o estado mental do seu portador; tais emissões são formadas de fluidos. Em síntese, é um verdadeiro arquivo de tudo quanto o sujeito aprendeu, experimentou e assimilou: recordações, conhecimentos acumulados, vidas passadas, etc., têm nele seu registro. E o agente de todas as manifestações da vida - tanto na terrena, para o homem, quanto na espiritual, para o espírito. Os chamados "concomitantes orgânicos" das emoções, como ansiedade, ódio e medo, são sintomas físicos de desarranjos funcionais provenientes de estados de espírito que atingem o corpo através do perispírito; uma pessoa ansiosa pode precisar ir ao banheiro freqüentemente, comer demais, etc. Sua matéria deixa-se modelar pela força do pensamento e, assim, os espíritos podem mudar a aparência se o quiserem, sem alterar, é claro, a natureza íntima, pois, ninguém consegue negar sua posição evolutiva.

Por outras palavras: é o agente da evolução orgânica e espiritual.

Já há uns 50 anos, a existência de um corpo fluídico nos seres vivos recebeu inesperada confirmação da ciência materialista. O técnico em eletricidade Semyon Kirlian, coadjuvado por sua esposa Valentina, na Rússia, construiu uma câmara elétrica de alta freqüência na qual se podem obter fotografias coloridas, de grande beleza, de uma parte imaterial nos animais e plantas. Nesse longo lapso de tempo, físicos e biólogos estudaram profundamente o fenômeno Kirlian que, bem mais tarde, vulgarizou-se no Ocidente. Grande número de curiosos criaram suas próprias máquinas para tirar tais fotos que se caracterizam por um halo luminoso magnífico, composto de miríades de cintilações de variada nuança. Ora, mesmo uma moeda inerte gera um (fraco) halo luminoso em torno de si. Daí, partiu-se para a identificação do fenômeno kirliano com o bem conhecido efeito corona - que é um halo luminoso azulado que se forma em torno dos condutores elétricos expostos ao ar, preocupante para as companhias de eletricidade porque representa certa perda de energia ao longo dos cabos de alta tensão durante o trajeto, que chega a medir centenas de quilômetros.

Entre as fotos de tecidos vivos e as fotos de objetos inanimados há uma diferença acentuada, como acaba de assinalar-se: naquelas, a luz é tremeluzente, mais extensa e de cores diversas; nestas, ela é estreita, uniforme e imóvel. Mais ainda, a vida introduz variações apreciáveis na irradiação; esta diverge conforme o estado de sanidade dos tecidos e até o estado emocional da pessoa. Pensou-se que a diferença relativa a vivo e inerte, bem como as variações na cintilação no primeiro caso, fossem devidas a distintos teores de água nos tecidos orgânicos, mas a idéia não teve curso.

Os próprios físicos russos deram àquela parte revelada pelas fotos kirlianas a designação de corpo de energia, corpo energético ou corpo bioplasmático, que teve mais difusão. Tal energia, afirmam os cientistas, é de natureza desconhecida. Mas, sensata e honestamente, proclamaram: "O homem não é uma simples máquina", contra as concepções básicas do seu governo, a respeito da vida e do mundo. Aí está o nosso antigo e modesto perispírito - -.

3. Fluido é designação genérica de líquidos e gases. Dentro do Espiritismo> porém, a palavra ganhou um sentido especial, designando vários tipos de matéria mais rarefeita do que um gás. Ensinam os Espíritos, e admitem alguns cientistas (como Haeckel), que existe um princípio elementar, uma substância primária, no Universo, de cujas modificações e transformações procedem todos os corpos que conhecemos; é a matéria cósmica ou fluido cósmico universal, de Kardec. O fluido universal apresenta dois estados extremos: um estado de eterização, no qual ele se mostra como os vários tipos de energia que conhecemos (raio X, luz, eletricidade, etc.) e um estado de condensação, no qual vem a ser a nossa matéria densa, tangível. Vimos anteriormente que matéria e energia são estados relativos da substância, podendo-se passar de uma à outra; já não é só a unidade da matéria, mas a unidade da substância. Entre os dois extremos, há numerosos estados intermediários - que correspondem aos chamados fluidos; conquanto imponderáveis e etéreos, são tidos como formas rarefeitas de matéria, com outro padrão vibratório. ~ justamente dessa matéria que o perispírito é composto, tendo ele a propriedade de irradiá-la a certa distância. Para nós, são inconsistentes ou inexistentes; para os videntes, são feixes luminosos que escapam do corpo; para os espíritos, são tão compactos como a madeira é para nós e, por isso, é o material que usam em suas manipulações. Os fluidos mais próximos da matéria por sua constituição formam a atmosfera espiritual da Terra, que é, deste modo, pesada e sufocante, dizem os mentores; resulta esta das emanações da mente encarnada, sempre cheia de negras preocupações e intenções nem sempre dignas.

Impondo o pensamento por meio da vontade, os espíritos atuam sobre os fluidos. Orientam-nos, modificam-nos, dão-lhes formas, cores, mudam suas propriedades químicas, etc. Operando assim, produzem aparências, roupas, objetos, que podem exibir aos homens, muitas vezes assustando-os com produções fluídicas terrificantes dadas como alucinações; por outro lado, os espíritos superiores empregam produções do mesmo tipo para o efeito oposto. Eles criam objetos de que gostam ou desejam, mesmo inconscientemente. Um espírito, por exemplo, que se julga vivo na Terra, pode gerar um ambiente fluídico se o seu pensamento permaneceu fortemente concentrado na vida que tinha antes de morrer: ele continua "doente" em sua cama e cuidando dos seus objetos e serviços como se fossem realidades físicas e não imagens mentais materializadas por meio de fluidos. A instrutora Yvonne A. Pereira descreve um notável caso assim (Recordações da Mediunidade). Tais construções fluídicas interpenetram as construções materiais terrenas: coexistem, no mesmo local, uma bela casa de alvenaria e um mísero casebre mental, ambos igualmente sólidos para os respectivos habitantes. "A criação mental sólida" deriva, pois, da fixação no passado; o espírito, vê-se novamente, precisa renovar-se constantemente pelo estudo e prática do bem, necessita expandir-se na direção de seus semelhantes, senão cai na estagnação que acaba de ser relatada.

4. Possui o Espírito, encarnado ou não, uma atmosfera fluídica que irradia em torno do corpo, dita aura. A transfiguração de Jesus foi uma irradiação perispirítica, com grande aumento da aura. O perispírito de uma pessoa pode emitir emanações fluídicas mais fortes e orientadas numa dada direção se ela o quiser, se aplicar sua vontade a isso. Dirigindo, com as mãos, sobre outrem seus fluidos, com a intenção de beneficiar, realiza o que se chama passe. As emanações perispirituais têm influência sobre os outros; se enviam fluidos bons, são salutares; se veiculam fluidos escuros, procedentes de mentes perturbadas e de intenções menos dignas, são perniciosas. As pessoas sensíveis sentem logo uma impressão penosa à aproximação de um espírito mal-intencionado ou desequilibrado. Os pensamentos elevados e as palavras limpas, aliados a um corpo sadio, são indispensáveis ao passista.

Os fluidos detêm apreciável poder curativo. A imposição das mãos é um método clássico de tratamento rápido. Vimos antes que o sábio médico Mesmer (2.6) introduziu tal método na época moderna, chamando de magnetismo animal a propriedade curativa do homem decorrente das suas emanações fluídicas aplicadas a outros. Tanto o fluido do homem tem ação magnética e cura, quanto o fluido do Espírito; geralmente, porém, os espíritos espontaneamente cedem seus fluidos ao passista humano, combinando os dois tipos e reforçando a ação, que a prece intensifica mais ainda. Muitas vezes, o passe não objetiva uma cura que razões espirituais (ligadas a débitos) não permitiriam; serve, no comum dos casos, para descarregar fluidos deletérios que o sujeito absorveu ou fabricou no contato com os demais e para fortalecer disposições mentais e estruturas orgânicas menos firmes. Leiam-se: André Luiz (Missionários da Luz e Nos Domínios da Mediunidade), A. e O. Worrall (O Dom de Curar, Ed. Pensamento), W. de Toledo (Passes e Curas Espirituais, E. Pensamento) e E. Armond (Passes e Radiações, Aliança E. Evangélica).

5. Os fluidos humanos e animais atuam também sobre as plantas. Busquemos entender como, a lógica do processo.

Sabemos, hoje, que os mecanismos da vida são precisamente os mesmos em todos os seres, sejam animais ou vegetais: constituição celular, princípios genéticos básicos, fatores e processos evolutivos, reprodução sexuada, síntese de proteínas e de enzimas, digestão, respiração e até o funcionamento nervoso na intimidade dos tecidos; atinge-se um nível no qual mesmo certos interferons (que são proteínas) humanos protegem células vegetais contra infecções por determinados vírus! Qualquer conjunto de células vegetais, sendo tocado exteriormente, ou seja, estimulado, recebe um pouco de energia e torna-se excitado - tal qual um tecido animal o faria. Semelhante excitação propagar-se-á para longe do ponto inicial e poderá ser detectada por meio de uma reação que o estímulo desencadeou; esta reação ou será motora (mediante órgãos móveis) ou elétrica (que ocorre em todos os tecidos e órgãos). Como as plantas, em geral, são imóveis, a verificação da excitação faz-se mediante a resposta elétrica, com um aparelho próprio e mui sensível (galvanômetro, que pode ser conectado a outros, fazendo-o inscrever sobre papel, por meio de uma agulha com tinta, a modificação que ele assinalar na intensidade elétrica) .

Se examinarmos a resposta consistente no dobramento de um pêlo glandular (comuníssimo no reino vegetal), medindo os impulsos elétricos que descem ao longo dele quando tocado, veremos que o movimento do pêlo decorre de súbitas alterações no potencial elétrico que atravessa as paredes celulares - alterações essas idênticas ao impulso nervoso que corre através de prolongamentos das células nervosas. O mecanismo, na intimidade, é semelhante nos dois tipos de seres vivos.

Agora, outro lado da questão. Uma planta possui também um corpo fluídico. Ligada a um aparelho registrador (acima mencionado) suficientemente sensível, exibirá respostas (ou reações) a pensamentos, emoções e mesmo intenções de um ser humano - e muito particularmente à morte de qualquer animal, por mais insignificante que seja (e até a células vivas isoladas, por exemplo, raspadas da face interna da boca). Vejam bem: respostas ou reações, pois ela é desprovida de sensações e de percepções por lhe faltarem os respectivos órgãos dos sentidos. Ainda assim, um vegetal mostra patente sensibilidade que é uma faculdade do corpo espiritual (ou organismo bioplasmático) - sensibilidade no sentido de capacidade de reagir a certos estímulos. O que não havia até uns 20 anos atrás era o aparelho adequado para revelá-la, mas Emmanuel, A. Luiz e A Grande Síntese já mencionavam tal propriedade, sem falar no cientista J. C. Bose, entre nós pouco conhecido. Cf. no jornal Desobsessão, RS, 388: 6-12-1980, um extenso estudo sobre a questão aqui analisada, caso queira ampliar os seus horizontes intelectuais.

O que um homem e um animal enviam a uma planta são fluidos (matéria sutil emanada dos respectivos perispíritos) Estados mentais e emocionais mais intensos (uma crise de ódio, raiva, um sentimento mais afetuoso, um prazer forte, a morte violenta, etc.) fazem escapar cargas fluídicas mais energéticas ou mais densas ou mais leves, escuras, etc. Suponha um indivíduo que queira queimar uma folha ou que pretenda matar alguns peixes; tal disparará certa qualidade vibratória de fluidos, diferente das suas emissões habituais. O vegetal reage a tais fluxos fluídicos quando é atingido por eles; o seu psicossoma é primitivo, mas não inerte. E o que o aparelho registra: a reação pela diferença de potencial elétrico; a planta não quedou indiferente - mas também não viu nem sentiu" dor pelo que houve--- A conclusão é que em a natureza tudo se encadeia, conforme afiança repetidas vezes O Livro dos Espíritos e que existe nela uma forma primária de comunicação instantânea entre todos os seres vivos.

André Luiz refere-se (Nosso Lar e Ação e Reação) a fluidos vegetais retirados de certas árvores por atendentes espirituais e aplicados em doentes como remédios eficazes, o que significa que podemos sentir-lhes os efeitos. Certas pessoas, 'dotadas de almas elevadas e poderes psíquicos igualmente avançados, denotam a capacidade de modificar o comportamento de suas plantas cultivadas tão só expressando os seus desejos de que cresçam melhor. Temos notícias de que Edgar Cayce conseguia isso no seu jardim, do qual gostava de cuidar pessoalmente. A eminente médium-vidente e curadora da igreja de Monte Washington (Estados Unidos), Olga Worrall, certa feita, querendo levar algumas cristas-de-galo imaturas a uma exposição de flores, pediu-lhes gentilmente que crescessem mais uns 2 cm até o dia seguinte. Ora, para espanto do esposo, ao nascer o novo dia as inflorescências estavam 25 mm maiores e ela obteve ? primeiro lugar... O pastor (também químico) Franklin Loehr, em numerosos testes usando grande número de seus audientes, empreendeu experiências sobre a ação da prece na aceleração da germinação de sementes, conseguindo 20% de ampliação do fenômeno. Eis o que comenta o ilustrado escritor Hermínio C. Miranda (Anuário Allan Kardec, 1970, p. 15):

"Para nós, espíritas, as notáveis experiências do Dr. Loeher têm o significado de uma confirmação. A planta é um ser vivo que responde ao amor e às vibrações simpáticas emanadas de um espírito bem intencionado."
Ainda pode praticar-se, com sucesso, a oração negativa, desejando que nada cresça.

Não deixa de ser importante transportar para aqui alguns dos vários resultados experimentais registrados na literatura e aceitos como cientificamente válidos. Eles demonstram que os fluidos humanos podem agir, deveras, sobre animais e plantas. Vejamos um exemplo típico de cada, configurando aquilo que a Parapsicologia, sob outro aspecto, chama de psicocinese, ou ação da mente sobre a matéria.

O Coronel Oskar Estebany, antigo oficial do exército húngaro, aos poucos desenvolveu a capacidade de curar pela imposição das mãos; começando com cavalos, foi ampliando o campo de ação para incluir outros animais e até o ser humano. Tornou-se conhecido graças à faculdade citada. Reformado, mudou-se para o Canadá. Acreditava veementemente em seus poderes e aceitou o convite para participar de experiências científicas, feito pelo Dr. Bernard Grad, bioquímico do Allan Memorial Institute of McGill University. O Dr. Grad queria comprovar mediante testes seguros, em laboratório, se era possível influenciar seres vivos sem contato.

Em 1960, tiveram início os experimentos com camundongos. Destes, pequeno retalho de pele era retirado do dorso. Foram, depois, distribuídos em três grupos: 1) animais sobre cuja gaiola o Coronel Estebany simplesmente colocava a mão espalmada por cima, do lado de fora; 2) animais tratados da mesma maneira por uma pessoa sem dotes curativos; 3) animais que não receberam nenhuma imposição de mão. Isto durante alguns dias apenas. Em duas séries de tais ensaios, evidenciou-se que os camundongos tratados pelo oficial curaram-se significativamente mais depressa.

Daí por diante, B. Grad passou a investigar o processo germinativo. Em numerosos testes, sementes de centeio embebidas em água cujas garrafas o Coronel segurara entre as mãos foram comparadas com outras tantas embebidas em água não tratada. As pessoas que realizaram as contagens e medições das plântulas ignoravam quais delas tinham recebido a água influenciada por O. Estebany. Os achados confirmaram as experiências mencionadas anteriormente: houve crescimento significativamente mais rápido das plantinhas germinadas na água fluidificada pelo referido curador militar (1965).

Muitos outros experimentos científicos foram levados a cabo com o mesmo, inclusive para acelerar reações químicas e aumentar a hemoglobina no sangue. Na França, um biólogo queria o contrário: retardar o crescimento de certo fungo cultivado no seu laboratório; três indivíduos deram conta do recado, cada um por sua conta (acima mencionei a oração negativa para vegetais). Na Islândia, o já citado Haraldsson verificou que sensitivos podem apressar a multiplicação da levedura em tubo de ensaio...


Fonte: Evolução para o Terceiro Milênio - Edicel
Extraido de Portal do Espírito