A religião de Jesus
"Aquele que quiser ser maior no Reino de Deus
seja servidor de todos." - (Mt. 20:26.)
Emmanuel,
Espírito,
revela-nos
que Jesus
presidiu à formação da Terra e que é seu Governador2. Isto
significa
que há
bilhões
de
anos já
atingira extraordinária evolução. E, modestamente, aceitou a incumbência de nos
evangelizar, para
compreendermos as leis
de Deus, que se resumem
no Amor!
Ele não se impõe, não se
aborrece com nossos
defeitos e nos oferece,
nas múltiplas
reencarnações e em
variadas circunstâncias,
meios para
desenvolvermos a
inteligência e os bons
sentimentos: na
profissão, no lar, ou
nos diversos
relacionamentos de
nossas vidas.
Dá-nos oportunidades de
trabalho, até
aprendermos a servir com
gratidão e alegria, sem
melindres e sem escolher
parceiros de atividades,
trabalhando com aqueles
que se apresentam!
Espera, pacientemente,
nosso amadurecimento, a
fim de aderirmos, de
forma consciente, ao seu
ideal de Amor; para
conquistarmos plena
Liberdade, Harmonia,
ventura e belezas dos
mundos superiores!
“(...) Se alguém quer
vir após mim, a si mesmo
se negue, dia a dia tome
a sua cruz e siga-me.
(...)”.1
Lc, 9:23.
Afirma claramente: se
alguém quer... E vejam a
humildade e a infinita
paciência com que atua
esse Espírito, cuja
grandeza é inimaginável
para nós!
Para vivenciar sua
Religião, cabe-nos
servir, na família ou na
comunidade, favorecendo
o trabalho de equipe,
para que todos
participem de atividades
em favor do bem comum e
da evolução de todos os
Espíritos
provisoriamente
vinculados à Terra!
Sem a
perspectiva histórica e o hábito – cada
vez mais
raro – da leitura,
do
estudo,
da
pesquisa,
e,
sobretudo,
sem
as
informações
a
nós
repassadas
por
Mentores
da
Vida
Maior,
torna-se
difícil
ao
homem
comum entender
que Jesus continua
presente
em nosso
orbe, em
nossas
vidas e
que
dá sequência à
nossa evangelização – processo esse que ainda se estenderá
por longo tempo!
Nas lições de Jesus o
foco é outro
– Legou-nos, há
dois
mil anos, o resumo
das Leis Divinas,
que, se
observadas, nos concedem a saúde
efetiva, que é a do
Espírito
imortal, porque
nos harmonizam
com
o Criador.
Saúde que
se refletirá em nosso
corpo físico, nesta e em
futuras
encarnações.
A vivência desses
princípios
conduzir-nos-á à
evolução consciente,
acelerando nossa
caminhada evolutiva,
além de eliminar
sofrimentos acarretados
pela inobservância
dessas Leis.
Ao
longo do
tempo – mesmo antes de
Sua vinda a este orbe –,
propiciou a
fundação
de inúmeras
religiões
e inspirou artistas, filósofos, escritores,
cientistas, para
contribuírem com o
progresso
moral da Terra.
A multiplicidade dessas
religiões revela-nos a
sabedoria e a
generosidade do Pai, que
a todos nos favorece,
com escolas adequadas e
compatíveis com nossa
capacidade de
compreender – ainda que
fragmentariamente – Suas
Leis e sublimes
desígnios.
O Mestre não veio, da
parte do Pai,
para
curar corpos,
mas Espíritos
imortais. As
curas
são
“(...)
para
alívio dos que
sofrem e para ajudar na
propagação
da fé (...)”.3
Nem
veio
para
nos conceder
prosperidade
material, mas, sim,
conduzir-nos ao
progresso espiritual. Em
Suas
lições
sublimes
o
foco é
outro.
Não visam os bens
materiais – passageiros.
Iludem-se os
que
O buscam
com
esses
objetivos. Representam caminhos para a evolução – real progresso
do
Espírito.
Como se vê, ainda não
assimilamos esses
ensinos, não os
incorporamos à nossa
conduta diária, não
obstante as inúmeras
reencarnações por que
passamos, após Sua
presença neste orbe.
Não nos preocupamos em
‘aviar’ suas
libertadoras receitas.
Ao cuidar do
corpo físico, temos pressa
em aviar receitas
médicas – se
não
contemplam
exercícios físicos, regimes
alimentares ou
supressão de vícios,
sempre adiados para as
calendas gregas, ou
seja, para nunca, eis
que só existiram
“calendas” romanas.
Jesus não fundou
religião nenhuma
– Esse alheamento aos
ensinos de Jesus é que
nos mantém presos à roda
das reencarnações
dolorosas!
A rigor, Ele próprio não
fundou nenhuma religião!
Sobretudo religiões à
maneira das que existem
na Terra, ainda que seu
nome e ensinos sejam
nelas mencionados e
raramente observados!
Suas lições não requerem
nem organizações
complexas, nem templos
suntuosos, nem
preconizam rituais,
roupas especiais, sinais
exteriores; mas mudanças
internas; traduzidas em
normas de conduta
surpreendentemente de natureza prática.
Pregava em qualquer
parte onde se
encontrava: à margem do
lago; em casa da sogra
de Pedro; em casa de
Lázaro, Marta e Maria
e... até nas sinagogas!
“Deus é Espírito; e
importa que os seus
adoradores o adorem em
espírito e em verdade.”
Jo
4:24
Sempre fomos mal
orientados pelas
religiões tradicionais –
nas várias reencarnações
por que passamos –,
sempre achamos que a
frequência aos templos
(ainda que de forma
desatenta, na maioria
dos casos) apenas uma
vez por semana e o
exercício de práticas
exteriores eram
bastantes para a
conquista de um ‘céu de
louvor e contemplação,
em repouso eterno’!
Repouso esse que revela
a suprema ignorância das
Leis Divinas – e
preguiça ainda maior!
Eis que o trabalho é Lei
da vida.
E que castigo
insuportável seria a
eterna indolência!
Jesus, em parte alguma,
menciona esse ‘repouso
eterno’! Aqueles que
defendem essa tese
absurda parecem
desconhecer o ensino do
Mestre sobre o trabalho:
“Meu Pai trabalha até
agora, e eu trabalho
também”.
1 (Jo, 5:17).
É muita desatenção! Ou
infinita preguiça!
Religião significa
religação com o Pai
– A evolução contínua
dos Espíritos pressupõe
o desenvolvimento do
Amor e a educação da
inteligência. E isso
requer esforços, estudos
e trabalhos constantes,
que guardem relação com
nosso estágio evolutivo.
Porque evoluímos muito
lentamente, somos
submetidos às infinitas
reencarnações!
Não
apenas
revelou que Deus é nosso Pai e que “a Lei e os
profetas” se resumem em amá-Lo e ao próximo como a nós mesmos.
Sua doutrina, além de
recomendar-nos a
vivência desse amor
amplo, indica-nos, com
simplicidade, as
formas
de praticá-lo, na
conduta diária. Só a adoção dessas práticas nos conduzirá, a pouco e pouco,
ao
autoconhecimento,
à conquista da harmonia e da paz
plenas.
Observadas, religam-nos
ao Pai, pela vivência do
amor fraternal com todas
as criaturas. Importa
aqui recordar que
Religião significa
religação com o Pai!
Allan Kardec5
indaga aos Espíritos:
Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem
de se
melhorar
nesta vida e de resistir
ao arrastamento do
mal?
“Um
sábio da
Antiguidade já disse:
Conhece-te a ti mesmo.”
E não há roteiro mais
seguro para atingir esse
fim do que observar seus
ensinos. Ele mesmo o
diz, quando afirma:
“Eu sou o caminho, e a
verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão
por mim” .1
(Jo, 14:6).
Cabe-nos registrar que
Jesus não só ensinou,
mas exemplificou o que
ensinava! Isto lhe dá
autoridade
incontestável:
“Quando Jesus acabou de
proferir estas palavras,
estavam as multidões
maravilhadas da sua
doutrina; porque ele as
ensinava como quem tem
autoridade e não como os
escribas”
.1 (Mt,
7:28-29).
Quem é, para Jesus, um
homem prudente
– Eis
breve amostra do que nos recomenda e nos ensina a proceder,
amorosamente:
“Concilia-te
depressa com o teu adversário, enquanto
estás no
caminho
com
ele (...).”1 Mt
5:25
“Ouvistes
que
foi
dito:
Olho
por olho,
dente por
dente. Eu,
porém, vos
digo que não resistais
ao
mal. Mas se alguém te bater na face direita,
oferece-lhe
também a outra. E ao que
quer demandar
contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também
a
capa.”1
Mt 5:38 a 40
“Amai os
vossos
inimigos e orai
pelos
que vos
perseguem e caluniam.”1
Mt 5:44
“Quando derdes
esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que
faz a
vossa
mão
direita.”
1 Mt 6:3
“Orando,
não
useis de vãs
repetições, como os gentios; porque presumem
que
pelo seu muito falar serão ouvidos.”
Mt 6:7
“Não
vos
inquieteis,
pois,
pelo dia de amanhã, porque o dia de
amanhã cuidará de
si
mesmo.”
1 Mt 6:34
“Fazei aos
homens
tudo o que
queirais que
eles
vos
façam,
pois é nisto
que consiste a lei e os profetas.”
1 Mt 7:12
“Todo
aquele que ouve estas minhas
palavras e as pratica, será comparado a um homem prudente, que
edificou a
sua
casa
sobre a rocha.”
1 Mt 7:24
“Este
povo
honra-me
com os
lábios,
mas o seu
coração está
longe
de
mim.”
Mt 15:8
“Tive
fome e me destes de comer; tive sede e me
destes de
beber;
era
forasteiro e me
hospedastes; estava
nu e me vestistes; enfermo
e
me
visitastes;
preso
e fostes ver-me.”
1 Mt 25:35
“Embainha a tua
espada;
pois todos os
que lançam mão
da espada, à espada
perecerão.”
1 Mt 26:52
“(...) Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que
fazem. (...)”
1 Lc 23:34
A Parábola do Bom
Samaritano (Lc, 10:25 a 37), transcrita no cap. XV, item 2, de O Evangelho segundo o Espiritismo4,
demonstra,
com
clareza,
a
necessidade
da
prática
desse
amor
fraternal.
“Faze isso e viverás.”
– No
diálogo
de Jesus
com
o fariseu, que antecede
o relato dessa parábola
– um dos
mais
belos
entre o Mestre e
personagens
do Evangelho! –, o
fariseu respondeu à própria pergunta, indicando
que o amor
a
Deus e ao
próximo
como a si
mesmo é a
condição
indispensável
ao
merecimento
da
vida
eterna.
Jesus,
então,
lhe disse, em belíssima e concisa frase: “(...) faze
isso e viverás”.1
Kardec, nos comentários
que a ela
adita –
item 3,
do
mesmo
capítulo –, afirma que toda a moral de
Jesus se resume na
caridade
e na humildade; e, ao
referir-se à
alegoria
do
juízo
final,
indaga:
“Naquele
julgamento supremo, (...) Pergunta o juiz
se foi preenchida
tal ou qual formalidade, observada mais
ou menos
tal ou
qual prática exterior? Não;
inquire tão-somente de
uma
coisa: a
prática da caridade,
(...) Informa-se,
por acaso, da ortodoxia
da
fé? Faz
qualquer
distinção entre
o
que crê
de
um
modo e o que
crê de
outro?”
3
Cap. XV, it. 3.
Na Parábola, o
samaritano – julgado
herético, mas que
exercita o
amor
fraternal – revela-se superior ao ortodoxo que falta com a caridade.
Não apenas
recomenda a
caridade, mas a indica como
condição
única da
felicidade
futura.
Em outro ensino
sublime, o
Divino
Mestre
desvincula o
verdadeiro cristão de quaisquer
sectarismos,
de
cultos,
de
templos,
de
manifestações
externas:
“Novo
mandamento
vos dou: que vos
ameis uns aos
outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.
Nisto conhecerão
todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor
uns aos outros”.
1 Jo 13:34 e
35.
A religião de Jesus – contida em fraternas normas de
conduta – é,
eminentemente, de
natureza prática e se traduz na vivência
do
amor,
por
todas as
formas ao
nosso
alcance.
Esta é a visão da
Doutrina Espírita no
tocante à Religião de
Jesus, eis que também
ela não requer templos
suntuosos, não adota
liturgias e rituais
diversos, nem
hierarquias ou
princípios teológicos
abstratos. Educa-nos
para bem compreendermos
e praticarmos Sua
doutrina de puro Amor e
de serviço ao
semelhante, tal como
exemplificou e
recomendou o Divino
Mestre, no ensino
primoroso:“(...)
faze isso e viverás”.
1
Referências:
1.
ALMEIDA, João F. de –
Tradutor. A Bíblia
Sagrada. Brasília:
Sociedade Bíblica do
Brasil. 1969;
2.
XAVIER, F. Cândido. A
Caminho da Luz. Pelo
Espírito Emmanuel. FEB:
Rio de Janeiro, 1975. p.
21 e 110;
3.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
Trad. Evandro Noleto
Bezerra. 1ed. 2.imp.
Brasília: FEB, 2011.
cap. 26, it. 2, p. 447;
4.
_____. _____. cap. 15,
it.2, p. 301;
5.
KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos.
Trad. Evandro Noleto
Bezerra. 2.ed. 1.impr.
Brasília: FEB, 2011, q.
919.
Fonte: O Consolador, por Gebaldo José de Sousa
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