Eternidade

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

FAMILIARES ( 65 )



FAMILIARES  ( 65 )


Mt. 12:46
"E, falando ele ainda à multidão, eis que
estavam fora sua mãe e seus irmãos,
pretendendo falar-lhe."




"E, falando ele ainda"  Ensinar foi uma constante na vida de Jesus, sendo a lição falada, tônica de sua mensagem, portadora da vantagem de ser adequada às circunstâncias, necessidades do momento e atender às reações dos presentes.

O Mestre permanece falando, através das pessoas de boa vontade e bem intencionadas.

O advérbio "ainda" traz em seu íntimo o conteúdo da Misericórdia, assegurando a manutenção de Sua mensagem, atingindo os corações.





"À multidão,"  - A massa é, sem dúvida, o ponto de partida de todos aqueles que se dispõem ao caminho da redenção. Na medida em que a consciência se faz, torna-se natural a saída vibratória da multidão, ao lado do respeito e valorização da sua presença como instrumento operacional necessário ao crescimento.

Jesus trabalhava com a multidão, era seguido, reverenciado por ela, que o aplaudiu em sua entrada em Jerusalém e bradou irreverente, manifestando: "crucifica-O", poucos dias depois. Ciente desta volubilidade, recomendou Ele, como providência acauteladora: "Não ireis pelo caminho das gentes," (Mt. 10:5).

Qual tem sido a nossa posição? Integramos a multidão? Estamos saindo dela? O conhecimento que hoje nos felicita, nos conduz a reflexões capazes de estabelecerem conclusões claras, de que, se a luta é individual, a alienação quanto a própria real situação espiritual, só nos afastaria do objetivo: a vitória do "Eu Crístico".





"Eis que estavam fora"  - O povo aglomerado impedia seus familiares de se aproximarem. Do mesmo modo, nós mesmos, pertencentes à grande família de Deus e, em consequência de Jesus, também. Multidão que inclui vasta gama de valores externos e internos, na forma de obstáculos naturais, e de convenções, conceitos e condicionamentos milenares.

Frente a esta verdade, quando identificada com discernimento, o ser que deseja aproximar-se dos legítimos padrões que o Evangelho propõe, diligenciará recursos a fim de vencer os óbices, que passam a ser instrumentos de projeção, no rumo de novos degraus evolutivos.





"Sua Mãe"  - Maria de Nazaré, esposa de José, carpinteiro, profissão que ensinou a seu filho Jesus: "Não é este o Carpinteiro, filho de Maria..." (Mc. 6:3). Espírito de evolução extraordinária, tanto que o anjo Gabriel, enviado por Deus, a sua cidade, na Galiléia, para anunciar-lhe o nascimento de Jesus, falou assim: "Salve agraciada; o Senhor é contigo: bendita és tu entre as mulheres" (Lc. 1:28). Primou pela humildade e obediência. Nas "Bodas de Caná" nos advertiu ao dizer aos serventes: "Fazei tudo quanto Ele vos disser." (Jo. 2:5). Sobreviveu a seu esposo José. Desencarnou em Éfeso, onde morava em companhia de João, o apóstolo e evangelista.

Maria era prima de Isabel: "E eis que Isabel, tua prima, concebeu..." (Lc. 1:36), tinha irmã, também de nome Maria, casada com Cleofas ou Alfeu, mãe de Tiago (menor), Judas, Levi, José e Simão, e outra, de nome Salomé, casada com Zebedeu, cujos filhos eram João, o Evangelista, e Tiago (maior) um dos mais íntimos apóstolos de Jesus.

Tiago (maior) e João, ao lado de Pedro, presenciaram, praticamente, todos os fatos culminantes da vida de Jesus, como, por exemplo, a transfiguração.

Em sua obra escreve Emmanuel: "Geralmente, quando os filhos procuram a carinhosa intervenção da mãe é que se sentem órfãos de ânimo ou necessitados de alegria. Por isso mesmo, em todos os lugares do mundo, é comum observarmos filhos discutindo com os pais e chorando ante corações maternos. Interpretada com justiça por anjo tutelar do cristianismo, às vezes, é com imensas aflições que recorremos a Maria"(Caminho, Verdade e Vida - cap. 171)

A par desta referência, evidencia-se o sublime ensinamento que a expressão "mãe" sugere ao nosso entendimento. Aí reside, a sede inarredável dos mais valiosos sentimentos, que gerados nas fibras do coração serão capazes, ao lado da razão, de nortearem rotas, e promover os mais extraordinários lances na jornada empreendida.



 
 
"E seus irmãos,"  - Nas línguas faladas na Palestina naquele tempo, não havia o termo "primo". Todos eram chamados irmãos. Mesmo no Brasil, em vários lugares, subsiste a designação primos-irmãos. Segundo consta, o vocábulo foi usado por São Jerônimo - sábio que dedicou sua vida ao estudo das Escrituras (347/420), quando realizou a tradução denominada "Vulgata Latina", para evitar dúvidas.

Em Lucas, temos o anjo Gabriel falando a Maria: "E eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice, e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril." (Lc. 1:36).

Ainda hoje persistem as polêmicas sobre o fato de que Jesus tenha ou não tenha tido outros irmãos. A par disso o estudo visando retirar da letra o espírito que vivifica sugere que por primogênito não se considere apenas o primeiro de vários filhos mas, principalmente, de que Ele estará sempre à frente de quantos vão se elegendo conscientemente como filhos do mesmo Pai. "E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência." (Col. 1:17 e 18)

Para nós espíritas a questão da virgindade de Maria envolve o conhecimento e exemplificação do Evangelho. Todos nós precisamos "dar corpo" ao Cristo em nossas vidas. Só conseguiremos fazê-lo com o sentimento, o pensamento, a palavra e a ação "virgens" de tudo que for contrário ao Bem.

Legitimamente, o ser consciente de seu papel no contexto evolutivo reconhece sempre, em cada companheiro, o irmão em Cristo, constituindo isso na certeza de que há uma e única família no Universo, tendo o Criador por Pai de bondade e misericórdia.





"Pretendendo falar-lhe."  - Podemos ter o propósito de nos dirigir a Jesus, aos amigos espirituais. Os impedimentos, quando existem, não são da parte deles, mas da nossa, a expressarem deficiências e dificuldades que ainda nos são inerentes. O Evangelho é a fonte que nos ensina, através de exemplos, como superá-los. Zaqueu subiu a uma figueira brava, para vê-lo, já que a sua pequena estatura e a multidão constituíam empecilhos, quase que insuperáveis. Pequena estatura refletindo sua pequenez espiritual e a multidão, de caráter externo, na forma de obstáculos do caminho, e, interno, pela soma das próprias imperfeições. A mulher cananéia soube insistir e cultivar a humildade, o cego de Jericó vence a reação negativa da multidão e é chamado por Ele.

"Pretendendo falar-lhe convoca o espírito a refletir quanto às disposições íntimas em procurar, objetivamente, aquele que é a "Luz do Mundo" (Jo. 8:12). Movidos pela proposta sincera da mudança recorremos sempre a Ele, na certeza de que seremos atendidos.





Obra: Luz Imperecível, Coordenação: Honório Onofre de Abreu
Estudo Interpretativo do Evangelho
à Luz da Doutrina Espírita

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