Eternidade

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segunda-feira, 30 de julho de 2018

O Sublime Peregrino


Malgrado o terrícola ainda não possuir sensibilidade moral apurada, em condições de avaliar o imenso sacrifício e abnegação despendidos por Jesus para descer aos charcos do vosso mundo, são bem menores as lutas, angústias e os tormentos do pecador, no sentido de purificar-se até subir às esferas da angelitude, ante o martírio do anjo que renuncia às venturas celestiais dos mundos divinos, para descer ao abismo pantanoso dos mundos materiais, como sucedeu a Jesus. É bem mais fácil e cômodo despojarmo-nos dos trajes enlameados e tomarmos um banho refrescante, do que vestirmos roupas pesadas e descermos a um fosso de lodo repulsivo e infeccionado, onde se debatem criaturas necessitadas de nosso auxílio.
Paz e Amor. Ramatis. 


PERGUNTA: - A fim de Jesus de Nazaré, elevado instrutor espiritual, conseguir baixar à Terra e encarnar entre nós, houve necessidade de providências excepcionais, ou tal acontecimento obedeceu somente às mesmas leis comuns que regulam a encarnação dos espíritos, em geral?

RAMATIS: - O nascimento de "Avatares", ou de altas entidades siderais no vosso orbe, como Jesus, exige a mobilização de providências incomuns por parte da técnica transcendental, cujas medidas ainda são ignoradas e incompreendidas pelos terrícolas. É um acontecimento previsto com muita antecedência pela Administração Sideral ¹, pois do seu evento resulta uma radical transformação no seio espiritual da humanidade. Até a hora de espírito tão elevado vir à luz no mundo terreno, devem ser-lhe assegurado todos os recursos de defesa e assistência necessários para o êxito de sua "descida vibratória".

Aliás, para cumprir a missão excepcional no prazo marcado pelo Comando Superior, o plano de sua encarnação também prevê o clima espiritual de favorecimento e divulgação de sua mensagem na esfera física. Deste modo, encarnam-se com a devida antecedência espíritos amigos, fiéis cooperadores, que empreendem a propagação das ideias novas ou redentoras, recebidas do seu magnífico instrutor, em favor da humanidade sofredora.

Jesus foi um "Avatar", ou seja, uma entidade da mais alta estirpe sideral já liberada da roda exaustiva das reencarnações educativas ou expiatórias. Em consequência, a sua encarnação não obedeceu às mesmas leis próprias das encarnações comuns dos Espíritos primários e atraídos à carne devido aos recalques da predominância do instinto animal. Os espíritos demasiadamente apegados à matéria não encontram dificuldades para a sua reencarnação, pois em si mesmos já existe a força impetuosa do "desejo" impelindo-os para a carne.

No entanto, Jesus, o Sublime Peregrino, ao baixar à Terra em missão sacrificial e sem culpas cármicas a redimir, para facilitar o seu ligamento com a matéria, viu-se obrigado a mobilizar sua vontade num esforço de reviver ou despertar na sua consciência o desejo de retorno à vida física, já extinto em si há milênios e milênios. A fim de vencer a distância vibratória existente entre o seu fulgente reino angélico e o mundo terreno sombrio, ele empreendeu um esforço indescritível de "autorredução", tão potencial quanto ao que um raio de Sol teria de exercer em si mesmo para conseguir habitar um vaso de barro. Os espíritos inferiores são arrastados naturalmente pelos recalques dos "desejos" que os impele para a vida carnal, e assim ligam-se à matriz uterina da mulher, obedecendo apenas a um imperativo ou instinto próprio da sua condição ainda animalizada ². Em tal circunstância, os técnicos siderais limitam-se a vigiar o fenômeno genético da Natureza. Trata-se de encarnações que obedecem aos moldes primitivos das vidas inferiores, cujos espíritos compõem as "massas" inexpressivas da humanidade terrena. Mesmo depois de desnecarnados, mal dão conta de sua situação, porque ainda vivem os desejos, as emoções e os impulsos da vida psíquica rudimentar. Sem dúvida, o Senhor não os esquece no seu programa evolutivo, orientando-os, também, para a aquisição de consciência espiritual mais desenvolvida.


¹ Vide a obra de Ramatis, "Mensagens do Astral", cap. "Os Engenheiros Siderais e o Plano da Criação", que dá uma ideia aproximada da Administração Sideral". Trecho extraído da obra "A Caminho da Luz", de Emmanuel, por Chico Xavier. "Rezam as tradições do mundo espiritual que, na direção de todos os fenômenos do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias."

² Segundo Buda, o elevado Instrutor Espiritual da Ásia, "é no desejo que se encontra a causa de todo o mal, de toda a dor, da morte e do renascimento na carne. É o desejo, é a paixão que nos prende às formas materiais, e que desperta em nós mil necessidades sem cessar e nunca saciadas. O fim elevado da vida é arrancar a alma dos turbilhões do desejo.

No caso de Jesus, tratava-se de uma entidade no seio do sistema solar, uma consciência de alta espiritualidade, que não podia reajustar-se facilmente à genética humana.

Tendo se desvencilhado há muito tempo dos liames tecidos pelas energias dos planos intermediários entre si e a crosta terráquea, ele precisaria de longo prazo para, na sua descida, atravessar as faixas ou zonas decrescentes dos planos de que já se havia libertado. E então, para alcançar a matéria na sua expressão mais rude, teve de submeter-se a um processo de abaixamento vibratório perispiritual, de modo a ajustar-se ao metabolismo biológico de um corpo carnal. Jesus não poderia ligar-se, de súbito, à substância grosseira da carne, antes que a Ciência Divina lhe proporcionasse o ensejo favorável e as providências indispensáveis para uma graduação de ajuste à frequência comum da Terra.


Fonte: Livro "O Sublime Peregrino" de Ramatis, psicografado pelo médium Hercílio Maes - cap: II.

domingo, 29 de julho de 2018

Mesmer A Ciência Negada do Magnetismo Animal

 
O magnetismo, conhecido também como fluido ou princípio vital, foi uma das principais fontes  de estudo do médico Alemão, Franz Anton Mesmer, criador da teoria do magnetismo animal. A descoberta revolucionária de Mesmer no final do século 18 sobre o fluido animal, como força que move os seres orgânicos e a forma como essa energia poderia ser utilizada como fonte de cura magnética mediante a imposição das mãos sobre o enfermo, abalou as estruturas da medicina tradicional da época. Para Mesmer: “A doença seria apenas uma desarmonia no equilíbrio da criatura e que de todos os corpos da Natureza, é o próprio homem que com maior eficácia atua sobre o homem”. 

Utilizando desse método de doação de energia com êxito, o médico se dedicou durante muitos anos a atender e ajudar muitas pessoas em suas dores, mas foi vitima de conspiração e perseguição do meio cientifico, sendo acusado de charlatanismo.

Tempos depois suas teorias sobre o fluido vital se tornariam também objeto de estudo do codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, influenciando o espiritismo sob o aspecto científico.


Sobre o Magnetismo e o Espiritismo, Allan Kardec acrescenta na questão 555 de O Livro dos Espíritos: “O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as idéias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de ridícula crendice.”

Acrescenta ainda sobre a doação do fluído vital, na questão 70 de O Livro dos Espíritos:  “O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.”

Sem esquecer que tudo no Universo obedece a uma ordem natural e irrevogável, a ciência do magnetismo e o processo das curas espirituais por meio de sua aplicação, trata-se de um tema bastante abrangente que requer estudo e discernimento.

Recomendamos para leitura e pesquisa sobre esse fascinante assunto do magnetismo, o livro Mesmer: A Ciência Negada do Magnetismo Animal, do mesmo autor de Revolução Espírita, Paulo Henrique de Figueiredo.

No final do século 18, uma descoberta espetacular provocou verdadeira revolução na medicina: o magnetismo animal. Sua descoberta foi estudada por Allan Kardec durante 35 anos, influenciando o espiritismo sob o aspecto científico.

Fonte:Blog Mundo Maior




Divaldo Franco | Constelação Familiar

PIETÀ


PIETÀ 
(imagem)
'Pietà’, de Michelangelo, 1499, em
mármore, quase 2 metros de altura por
1 metro e 50 centímetros de largura,
Basílica de São Pedro; 
Vaticano, Santa Sé, Cidade do Vaticano
 
 
É dito que é preciso acreditar em si mesmo quando se quer conseguir algo. A confiança não era algo que o jovem Michelangelo tinha em falta. Quando o artista de 23 anos de idade foi contratado para esculpir a obra Pietà em 1498, o acordo oficial declarava que deveria ser a mais bela escultura em Roma, superando a de todos os artistas vivos.
 
Embora o tema Stabat Mater seja a Santa Maria de pé junto à cruz, angustiada pela morte do filho, a Pietà é o momento de reconciliação e aceitação.
 
Vemos Maria em transição, a tranquilidade assumindo o lugar da tristeza, evidente na serenidade do rosto de Maria e no gesto gentil de seu braço esquerdo: Deixe-o ir.
 
A expressão serena de Maria é apoiada pela solidez de seu enorme manto. Deixando a angústia, ela aparece como uma montanha, com fé inabalável, ainda inclinando-se para o lado um pouco, superando o esmagador peso dos eventos recentes.
 
Seu rosto venceu o sofrimento. Ela segura o corpo do filho nos braços. A excepcional beleza de seu rosto - talvez a face mais bela já esculpida na Terra - só é igualada pela paz de sua expressão. A última coisa que Ele sentiu na Terra foi claramente a perfeição dos céus.
 
Michelangelo mesmo disse, numa frase comumente citada, que tinha a intenção de retratar uma "visão religiosa de abandono e o rosto sereno do Filho".
 
A arte genuína tem o poder de fortalecer o espírito das pessoas. O coração de Michelangelo, obviamente, sabia desta verdade. Tendo perdido a mãe aos 5 anos (ele mencionou ter usado sua memória como um modelo para o rosto da Virgem), o florentino conhecia em primeira mão sobre a grande perda e sobre como ficar em paz com ela.

Ele sublimou as dolorosas experiências da infância de forma construtiva numa obra grandiosa para deixar-nos uma das melhores obras de arte que a Terra já viu.


Fonte: www.epochtimes.com.br/pieta-deslumbrante-obra-michelangelo/
 
 

sábado, 28 de julho de 2018

Fé e Razão


É Possível Conciliar Fé e Razão?

É possível conciliar fé e razão? Para responder esse dilema que aflige tantas pessoas, a Doutrina Espírita apresenta em seu tríplice aspecto alicerçado pela ciência, filosofia e religião, firmes argumentos para o desenvolvimento da fé e da razão que fazem parte da essência humana.

O capítulo dezenove de O Evangelho Segundo o Espiritismo ressalta: “Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade”.

Enquanto a fé verdadeira nos conecta diretamente a força de Deus e alimenta a alma de confiança diante dos combates, a razão nos leva a compreender os fatos que ultrapassam o campo da crença religiosa, encontrando explicações lógicas.

Um Diálogo entre a Fé e a Razão

Buscando um diálogo entre a fé e a razão, encontramos pesquisas interessantes sobre a relação da fé com o grau de felicidade, o que quer dizer que é capaz de fortalecer e trazer boas energias à vida. Estudos mostram que os benefícios da fé à saúde têm embasamento científico, o que cria uma comunhão entre o físico e o espiritual.

O apóstolo do Cristo, Paulo de Tarso destaca entre os pontos fundamentais sobre a fé e a razão que é preciso aprender analisar os fatos para escolher o caminho a seguir:“Examinai tudo. Retende o bem.”

Reflexões que mostram o sentido da fé, capaz de nos direcionar para a conquista do amor e da sabedoria. “A fé é o sentimento inato, no homem, da sua destinação. É a consciência das prodigiosas faculdades que traz em germe no íntimo, a princípio em estado latente, mas que ele deve fazer germinar e crescer, através da sua vontade ativa”(Evangelho Segundo o Espiritismo -A Fé Divina e a Fé Humana).

Buscando um sentido mais profundo para a fé e seu poder de iluminar e dar um significado diferente para a vida, acrescenta Allan Kardec: “A fé precisa de uma base e essa base é a perfeita compreensão no que se deve crer. E, para crer, não basta ver: é preciso, sobretudo, compreender”.

A partir da compreensão dessa profunda relação entre fé e razão que o Espiritismo propõe, baseada
na fé raciocinada, que convida ao aprofundamento constante das ideias e a busca ao esclarecimento, novas possibilidades se abrem.

Que a fé possa oferecer a esperança em todos os momentos da vida, sustentada pela razão que dá discernimento necessário de forma coerente à renovação interior.

Sobre o crer e o sentir, o conhecimento e o amor se fortalecem quando o despertar dessa consciência é acompanhado de ações práticas. É o que nos ensina Jesus a respeito do reconhecimento do verdadeiro Cristão: “A fé se não tiver obras, é morta em si mesma”.



Fonte: Portal do Espírito, enviado em 18/07/2018


sexta-feira, 27 de julho de 2018

Insegurança e Medo


O homem é as suas memórias, o somatório das experiências que se lhe armazenam no inconsciente, estabelecendo as linhas do seu comportamento moral, social, educacional.
Essas memórias constituem-lhe o que convém e o que não é lícito realizar.

Concorrem para a libertação ou a submissão aos códigos estabelecidos, que propõem o correto e o errado, o moral, o legal, o conveniente e o prejudicial.

Face a tais impositivos desencadeiam-se, no seu comportamento, as fobias, as ansiedades, as satisfações, o bem ou o mal-estar.

Neste momento social, o medo assume avantajadas proporções, perturbando a liberdade pessoal e comunitária do indivíduo terrestre.

Procurando liberar-se desse terrível algoz, as suas vítimas intentam descobrir-lhe as causas, as raízes que alimentam a sua proliferação. Todavia, estas são facilmente detectáveis. Estão constituídas pela insegurança gerada pela violência; pelo desequilíbrio social vigente; pela fragilidade da vida física - saúde em deterioramento, equilíbrio em dissolução, afetividade sob ameaça; receio de serem desvelados ao público os engodos e erros praticados às escondidas; e, por fim, a presença invisível da morte...

Mais importante do que pensar e repensar as causas do medo é a atitude saudável, ante uma conduta existencial tranqüila, pelo fruir cada momento em plenitude, sem memória do passado - evitando o padrão atemorizante - nem preocupação com o futuro.

A existência humana deve transcorrer dentro de um esquema atemporal, sem passado, sem futuro, num interminável presente.

*

Não transfiras para depois a execução de tarefas ou decisões nenhumas.

Toma a atitude natural do momento e age conforme as circunstâncias, as possibilidades.

Cada instante, vive-o, totalmente sem aguardar o que virá ou lamentar o que se foi.

Descobrirás que assim agindo, sem constrições, nem pressas ou postergações, te sentirás interiormente livre, pois que somente em liberdade o medo desaparece.

Não aguardes, nem busques a liberdade. Realiza-a na consciência plena que age de forma responsável e tranqüiliza os sentimentos.

*

O medo desfigura e entorpece a realidade. Agiganta e avoluma insignificâncias, produzindo fantasmas onde apenas suspeitas se apresentam.

É responsável pela ansiedade - medo de perder isto ou aquilo - sem dar-se conta que somente se perde o que se não tem, portanto, o que não faz falta.

A ação consciente, prolongando-se pelo fio das horas, anula o medo, por não facultar a medida do comportamento nas memórias pessoais ou sociais.

*

Simão Pedro, por medo dos poderosos do seu tempo, negou o Amigo que o amava e a Quem amava.

Judas, por medo que Ele não levasse a cabo os compromissos assumidos, vendeu o Benfeitor.

Os beneficiários das mãos misericordiosas de Jesus, por medo se omitiram, quando Ele foi levado ao sublime holocausto.

Pilatos, por medo, indeciso e pusilânime, lavou as mãos quanto à vida do Justo.

...E Anás, Caifás, a turbamulta, com medo do Homem Livre, resolveram crucificá-lO, através do hediondo e covarde conciliábulo da própria miséria moral, que os caracterizava.

Ele porém, não teve medo. Pensa e busca-O, libertando-te do medo e seguindo-O, em consciência tranqüila, mediante cujo comportamento te sentirás pleno, em harmonia.



Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1990.


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Divaldo fala sobre o Papa Francisco

Aprendizado Incessante


Em início de cursos de Espiritismo, um confrade faz uma enquete com a seguinte pergunta:

– O que está você fazendo na Terra?

Espantosamente, a maioria não soube responder. Significa que considerável parcela da Humanidade não sabe nem cogita saber por que cargas d’água estamos neste bólido celeste que é a Terra, viajando à velocidade vertiginosa de 108 mil quilômetros por hora em torno do Sol.

Pior: não se preocupa com sua ignorância!

Está aí uma das razões pelas quais poucos aproveitam integralmente as oportunidades de edificação que a reencarnação nos oferece.

Se nem mesmo sabem por que nasceram, por que vivem, e o que lhes vai acontecer portas adentro do túmulo, fica difícil cumprir os objetivos da jornada humana, a partir do princípio elementar de que ninguém está aqui em jornada de férias.

O resultado dessa displicência é o comportamento materialista, o comer, vestir, dormir, trabalhar, procriar, divertir-se, em lamentável marcar passo espiritual.

A Doutrina Espírita explica que não há retrocesso para o Espírito. Nossos patrimônios intelectuais, morais e espirituais, jamais se perdem.

Por concessão da Bondade Divina, o que somos hoje, fruto de nossas aquisições no pretérito, ao longo dos milênios, é inalienável.

Construímos um patrimônio que está guardado nos arquivos do inconsciente, a repercutir em nosso comportamento, jeito de ser, vocação, aptidões…

O problema é o estacionamento, o interromper o processo evolutivo com a inércia, a ausência de iniciativa, de empenho por aprender, crescer, conquistar novos patamares.

Isso costuma acontecer com o homem comum, muito preocupado com o próprio bem-estar, nada interessado em questões que ultrapassem os limites do imediatismo.

Onde passar o feriado prolongado?
Como pagar o cartão de crédito estourado?
Questionar a contratação de um jogador de futebol…
Escolher a marca de cerveja…
Acompanhar a novela de destaque…
Criticar o governo…

Esses são alguns dos temas que centralizam suas cogitações, sem tempo nem espaço para algo menos prosaico; por exemplo, como definir como veio parar neste atribulado planeta.

Diz Montaigne (1533–1592):
“O proveito dos estudos consiste em nos tornarmos melhores e mais sábios.”

O grande escritor francês estava certíssimo.

O empenho de aprender e desdobrar conhecimentos alarga nossos horizontes, desenvolve nossa capacidade de percepção, faz-nos crescer em inteligência, cultura e entendimento, para que a jornada humana não seja para nós mera estagnação.
Há um detalhe ponderável, decorrente do comportamento estacionário: imaginemos alguém atravessando uma selva sem conhecer a topografia da região, a extensão da mata, as fontes de água…
Viagem atribulada, difícil, perigosa.

É exatamente o que acontece com o homo sapiens, quando não exercita sua condição, negligenciando a sapiência, visão comprometida pela ignorância, a tropeçar em suas próprias mazelas.

Não obstante, não basta o conhecimento. Há muita gente de grande cultura precipitando-se nos resvaladouros do vício, do materialismo, da corrupção, da violência, da maldade…

A cultura mal orientada é tão ou mais perniciosa do que a ignorância. Por isso, se é importante estudar, aprender as coisas do mundo em que vivemos, como recomenda Montaigne, igualmente importante é conhecer as coisas do mundo para onde iremos quando batermos as botas.

Isso só o Espiritismo pode fazer por nós, mostrando-nos uma ampla visão do Mundo Espiritual, onde está nossa verdadeira pátria.

Conscientiza-nos a Doutrina de que somos seres imortais, destinados à perfeição, no desdobrar de incontáveis existências neste mundo e em outros, convocados ao aprimoramento incessante.

Sobretudo, ficamos sabendo que sem esse esforço estaremos resvalando para a estagnação, em que sempre proliferam a indisciplina, o vício, o desregramento, de funestas consequências.

Por isso, é bom estarmos atentos à máxima atribuída a Allan Kardec:
“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”¹

Referência:

  ¹  Wantuil, Zêus; Thiesen, Francisco. Allan Kardec: o educador e o codificador. v. 2. 2. ed. 2. reimp. Brasília: FEB, 2010.


Fonte: Revista Reformador, julho/2018

domingo, 15 de julho de 2018

A Imortalidade da Alma no Novo Testamento


Prova irrefutável da imortalidade da alma foi dada a Pedro, Tiago e João pelo próprio Mestre, que os levou a um encontro que teve com Moisés e Elias: Seis dias depois, tomou Jesus consigo, a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte. E transfigurou-se diante deles; o seu rosto resplandesceu como o sol, e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. (Mt, 17: 1 a 3) Estavam tão materializados, que Pedro se propôs a fazer tabernáculos (abrigos) para cada um deles: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. (Mt, 17: 4) Terminada a conversa, desapareceram Moisés e Elias, retornando ao Mundo Espiritual.

Jesus deixou lição clara sobre a imortalidade, que foi muito bem assimilada pelo Apóstolo Paulo, pois que este o vira vivo, depois da morte, na aparição que lhe fizera no caminho de Damasco. Com base nessa experiência pessoal, o Apóstolo explicitou, com profunda convicção a imortalidade da alma, conforme sua minuciosa explicação no capítulo 15 da sua Primeira Carta aos Coríntios:

Ora, se se prega que o Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição dos mortos?  (v. 12)

E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação e também é vã a vossa fé. (v. 14)

Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. (v. 16)

Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? (v. 35) E é ele mesmo quem responde:

Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. (v. 36)


E o Apóstolo prossegue, até em tom repetitivo, buscando deixar muito claro que a alma prossegue viva, com o seu corpo espiritual, tendo apenas deixado o corpo físico pelo fenômeno da morte:

E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. (v. 40)

Pedagogicamente, continua repetindo, agora fazendo comparação com a semente que morre, e, enterrada, liberta a planta que nela já existia, em estado latente:

 Assim também a ressurreição dos mortos: semeia-se corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. (v. 42)

Paulo chama de corpo incorruptível o corpo espiritual, opondo-o ao corpo corruptível, o físico, que pode ser corrompido pela doença, pela idade ou por um acidente. E, para que não ficasse dúvida quanto ao corpo da ressurreição:

E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção. (v. 50)

Entretanto, apesar dos ensinamentos do Apóstolo, foi criado o dogma da ressurreição da carne, que atenta contra o que se lê no Novo Testamento, contra a Ciência e contra o bom senso.

Exemplo claro de que a ressurreição se dá em corpo espiritual foi dado por Jesus, cujo corpo físico fora levado nu ao sepulcro, pois era costume dos romanos despirem os crucificados, o que é comprovado pelo relato contido no Evangelho de João: Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram os seus vestidos, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos as sortes (…) (Jo, 19: 23 e 24)


Atentemos ao que diz o Novo Testamento:

Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro. E havia um horto naquele lugar onde fora crucificado, e no horto, um sepulcro novo, em que ainda ninguém havia sido posto. Ali, pois, (por causa da preparação dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro), puseram a Jesus. (Jo, 19: 40 a 42)

O corpo de Jesus ainda não havia sido preparado para o sepulcro, consoante o costume judaico, pois fora levado para lá no fim da tarde de sexta-feira, quando, para os judeus, começa o shabat, dia consagrado ao repouso semanal, que se estende até o pôr do sol de sábado. Como ninguém iria fazer a preparação do corpo no sábado à noite, Madalena foi ao sepulcro no domingo de madrugada, e encontrou-o aberto.

Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e a outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia, não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis. E que o lenço que tinha estado sobre sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte.  (Jo, 20: 2 a 7)

Conforme se lê no relato de João, Pedro verificou minuciosamente a permanência dos panos no sepulcro, e depois retornaram. Madalena permaneceu.

Tornaram, pois, os discípulos para casa. E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados aonde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? E ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isso, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde foi que o puseste, e eu o levarei. (Jo, 20: 10 a 15)

Madalena certamente estava de costas quando conversou com Jesus, pensando fosse o hortelão, o que fica claro no versículo seguinte: Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Rabboni (que quer dizer, Mestre). (Jo, 20: 16)

Se o corpo de Jesus fora tirado nu da cruz, e assim levado ao sepulcro, e tendo os panos com que o envolveram ficado no chão, como pôde o Mestre aparecer vestido a ponto de não causar espanto? É claro que usava roupa compatível com a situação em que se encontrava: a de Espírito desencarnado. Assim vestidos apareceram a Madalena os seres espirituais, falando-lhe do corpo de Jesus: E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira, outro aos pés. (Jo, 20:12) Também assim vestido, apareceu um varão ordenando ao centurião Cornélio que mandasse chamar Pedro em Jope. (At, 10: 31-32)

Para mostrar que estava vivo, mas não mais encarnado, não mais limitado pela matéria, Jesus, durante os quarenta dias que precederam a Sua volta definitiva aos Planos Espirituais, fez o que não fizera quando ainda estava encarnado, mostrando que Seu corpo espiritual, como de todos os Espíritos desencarnados, podia deslocar-se com rapidez e atravessar obstáculos físicos.

Passou a aparecer e desaparecer subitamente, conforme relata o evangelista: Chegada, pois, a tarde daquele mesmo dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas, onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. (Jo, 20: 19)

Lucas relata que iam dois discípulos caminhando para Emaús – um lugarejo próximo a Jerusalém –, quando surgiu Jesus entre eles, sem se dar a conhecer. Jesus – dada a plasticidade do corpo espiritual – modificara Sua fisionomia, a fim de não ser reconhecido imediatamente. Depois de conversarem com o Mestre durante algum tempo, chegaram à aldeia aonde iam, e convidaram-no para uma refeição:

E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lhes deu. Abriram-se-lhes os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes. (Lc, 24: 30 e 31)

Qual teria sido o objetivo desse encontro de Jesus com os dois discípulos? Certamente não seria para mostrar-lhes poder, pois já O tinham visto curar cegos, aleijados, leprosos, endemoninhados… Não estaria Jesus querendo mostrar que continuava vivo, mas que não estava mais encarnado, limitado pelas leis materiais?

Além disso, não há registro de que se tenha hospedado em casa de alguém, durante os quarenta dias que medeiam a ressurreição e a Sua volta definitiva aos Planos Espirituais, ou que tenha feito refeições regulares, como fazia enquanto encarnado, embora tenha comido um favo de mel e um pedaço de peixe, quando se apresentou aos onze, no cenáculo, onde estavam comentando o que acontecera durante a caminhada a Emaús: E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. (Lc, 24: 36)

Jesus causou muito espanto pelo estado emocional em que se encontravam os discípulos, ante os últimos acontecimentos. Deviam estar profundamente abalados, diante do fato de terem os sacerdotes tido o poder de prender, de flagelar e de matar o Messias, que era tão poderoso. Se fizeram isso com o Mestre, o que fariam com Seus seguidores? Jesus sentiu que deveria dar-lhes provas seguras da imortalidade, materializando-se ali diante deles: E, não crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então lhe apresentaram parte de um peixe assado, e um favo de mel. O que ele tomou e comeu diante deles. (Lc, 24: 41 a 43)
Um Espírito materializado, conforme verificaram vários estudiosos, dentre os quais se destacaram Cesare Lombroso, Alexander Aksakof, William Crookes, apresenta-se com todas as características de um Espírito encarnado, como se fosse uma encarnação temporária. O Espírito materializado apresenta todos os órgãos do corpo físico, conforme experiências levadas a efeito por William Crookes, relatadas em sua obra Fatos Espíritas. Na obra História do Espiritualismo, de Arthur Conan Doyle,1 lê-se, num relato a respeito de um Espírito materializado: Ao falar, essas figuras movem os lábios exatamente como faziam em vida. Também foi mostrado que a sua expiração em água de cal produz a reação característica de dióxido de carbono. 


Bibliografia:
1 CONAN DOYLE, Arthur. A História do Espiritualismo. Brasília: FEB, 2013.

Fonte: Mundo Espírita, por José Passini

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Trabalhador Voluntário


Entre as magistrais parábolas de Mestre destacamos uma, referida por Mateus no capítulo XXI, versículos 28 a 30, atualizando-a no seu conceito e oportunidade. 

Refere-se a um pai que tinha dois filhos. Ele disse ao primeiro: - Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha.  

Ele concordou, mas não foi. 

Então, o pai disse o mesmo ao segundo, e ele, negando-se, após meditar, foi. 

Trabalhar na vinha! – Eis o grande desafio para o cristão decidido. 

Não  basta aceitar o convite para o trabalho, sendo essencial, no entanto, entregar-se, meditando antes na responsabilidade e nas vantagens decorrentes da sua doação. 

Nenhuma seara produz se o solo não for arroteado, semeado; quando surgir a plântula, cuidá-la e defendê-la das intempéries e pragas, a fim de coroa-se de flores, de frutos e de novas sementes. 

Esse labor é constituído por esforço contínuo e confiante, sem queixa nem reclamação, de modo que, ao largo do tempo, torne-se coroado pelas bênçãos aneladas. 

Na atualidade, quando as necessidades humanas apresentam-se multiplicadas e há tanta escassez de amor quanto de bondade, é imprescindível que aquele que conhece Jesus se entregue ao trabalho na vinha de maneira voluntária. 

Todos dispõem de minutos que se perdem na inutilidade e que podem ser transformados em entrega voluntária ao Bem. 

Uma palavra amiga, o cumprimento dos deveres com retidão, porém, assinalado com o algo mais da bondade, a dádiva de um sorriso gentil, o socorro sob qualquer aspecto que se apresente, são oportunidades de exercer-se o trabalho voluntário. 

Existem, também, as horas disponíveis, não poucas vezes gastas na futilidade, na insensatez, na queixa, no azedume, na amargura, na depressão que podem ser transformadas em trabalho voluntário em Instituições que se entregam ao amor e ao socorro do próximo. 

Não há moedas que possam conseguir um gesto de puro amor, nem salários que produzam doação profunda. 

A ação voluntária, no entanto, enriquece aquele que a pratica e engrandece quem a recebe.

O trabalhador voluntário é como uma luz acesa na noite, talvez batida pelo vento e resistindo-lhe, de forma que a claridade possa apontar rumos a quem se encontra perdido nas sombras. 

Nenhum pagamento em moedas pode compensá-lo completamente, porque a sua é uma dádiva de amor. 

Se, no entanto, alguém serve na condição de funcionário, pode ser voluntário também na maneira como trabalha, doando algo mais que o contrato não exige nem estipula. Esse algo mais é a sua contribuição à vinha. 

Filho – disse o pai – vai trabalhar hoje na minha vinha. 

Hoje, porque amanhã talvez haja passado a oportunidade, sejam diferentes as condições, a vida possivelmente tenha mudado os rumos existenciais ...

*****

Se já podes sentir o hálito do amor do Cristo nos teus sentimentos, transforma-o em serviço ao teu próximo de maneira voluntária. 

Não esperes recompensa de qualquer natureza, porque és tu aquele que pretende ajudar, e não receber socorro.  

É natural que o bem quando é executado, permeia de felicidade aquele que o pratica. No entanto, o objetivo não é negociar com a ação fraternal, esperando benefícios e resultados maiores do que os esforços empregados. 

A tua é uma doação valiosa, quando direcionada à vinha do Pai. 

Servir é honra que te enriquece de vida e de responsabilidade, amadurecendo os teus sentimentos e enobrecendo-te interiormente. 

Existem aqueles que desejam trabalhar voluntariamente, porém impondo condições, paixões, comportamento. Não são doadores, mas aproveitadores de ocasiões para se autobeneficiar. 

Desejam servir realmente, mas desestruturados psicologicamente e portadores de comportamentos irregulares, logo chegam ao campo de ação e pretendem receber homenagens, serem destacados, encontrarem espaço para a vanglória pessoal, servindo-se da situação para o próprio e não para o bem-estar dos outros. 

São sensíveis em demasia e facilmente reclamam de tudo, ameaçam abandono da tarefa que elegeram espontaneamente, acreditando-se indispensáveis, esquecendo-se de que chegaram depois da Obra estruturada, não havendo sido os criadores nem os sustentadores da mesma. 

Possuidores de melindres em excesso, desagradam-se com qualquer ocorrência, totalmente olvidados do compromisso de contribuir em favor da ordem e do progresso no campo de ação no qual se localizam. 

Impõem, sem palavras, a retribuição ao se trabalho, tornando-se membros enredados em comentários infelizes, em maledicências ... Ao invés de apagar o incêndio do mal que encontram, colocam mais combustível na fogueira, e dizem que o lugar não é conforme pensavam, nem que as pessoas que ali mourejam são o que demonstravam ... 

É natural que assim seja, pois que todos aqueles que lá estão se encontram na mesma situação de necessitados espirituais em processo de recuperação, conforme ocorre como voluntário que chega. 
Ser voluntário representa possuir um tesouro de amor para repartir e não ser o carente que espera receber proteção e ajuda, que aparentemente viera para distribuir. 

Consciente, portanto, do quanto podes fazer, torna-te o trabalhador voluntário que irriga as vidas com alegria e aplaina o caminho por onde outros passarão, sem a preocupação de que eles saibam quem foi o preparador da vereda por onde agora seguem sem dificuldade  

O trabalhador voluntário, consciente do significado daquilo que pode oferecer, é como uma gema preciosa que reluz ante a mais débil claridade, desvelando sua beleza interior. 

Quando chega produz empatia, quando parte deixa vazios emocionais.

Torna-se a alma do trabalho, porque este é seu alento de vida.

*****  

O maior exemplo de trabalhador voluntário temos em Jesus que somente se dedicou a todos, sem qualquer pedido de retribuição. 

Prometendo o reino dos Céus, modificou as paisagens da Terra. 

Trabalhando sem cessar, confirmou que também o Pai até hoje trabalha. 

Terapia abençoada, o trabalho é mensageiro de recursos emocionais, psíquicos e orgânicos que restauram o bem-estar no ser humano e impulsionam-no ao crescimento interior, ao desenvolvimento de valores que lhe dormem inatos, preparando-o para a libertação dos impositivos materiais quando chamado de retorno à Vida. 

- Filho, vai hoje trabalhar na vinha – propôs o genitor – ele negou-se, porém, meditando depois, foi.

Medita e considera a oportunidade que o Pai te concede desde há muito, e ainda não te decidiste por ir trabalhar na Sua vinha. Assim, reflexionando, vai hoje...


Libertação pelo Amor - Divaldo Franco, ditado pelo espírito Joanna de Ângelis

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Diferentes Corpos Celestes


Diz o Espiritismo que logo a Terra será um planeta de regeneração


Classificação feita por Allan Kardec define as diferentes categorias de mundos pela sua finalidade e de acordo com o estágio evolutivo dos Espíritos que o povoam. Determina, igualmente, a densidade material de cada mundo, que é o que define o tipo de corpo necessário para viver nele, qual seja mais pesado ou mais leve.

Quando se diz que a Terra é um mundo de provas e expiações, pressupõe-se que ela é habitada por Espíritos imperfeitos que carecem de aprimoramento cultural, moral a espiritual. Essa imperfeição nem sempre está relacionada com a maldade dos seres, mas, principalmente, com a ignorância que ainda apresentam. Nossos erros são cometidos muito mais por desconhecimento do que por malignidade.

Os que fazem mal propositadamente são minoria em nossa sociedade. O mais comum é alguém bem-intencionado imaginar que está certo quando, na realidade, age equivocadamente. Às vezes, excessivamente moralista, prejudica as pessoas mais simples, de boa-fé, e que ainda não têm condições de ser como ele gostaria. Exige do outro o que nem mesmo ele pode compreender. Para defender a disciplina, deixa até de praticar a caridade.

Com a passagem da Terra de mundo de expiações para mundo de regeneração, um pouco menos imperfeito do que está o planeta atualmente, quem desejar viver na Nova Terra terá de ser bem melhor do que é agora. Mas o que significa ser melhor, segundo esta definição?

A nós parece que bastam algumas virtudes fáceis de serem conseguidas. Por exemplo: honrar a palavra dada como respeito ao semelhante, pontualidade, assiduidade, perdoar as ofensas, vencer o orgulho e o egoísmo, ter paciência. Não se concebe que um espírita, que se diz candidato a viver no mundo novo, seja leviano em suas atitudes. Assume um trabalho e não comparece para executá-lo; matricula-se num grupo de estudos, porém falta mais do que comparece; chega habitualmente atrasado aos compromissos, incluindo a reunião espírita que tem horário estabelecido para início; entre outras coisas mais graves.

Não se pode, igualmente, testemunhar atitudes de extremo desequilíbrio, melindre, ira incontrolada, vaidade pueril e egoísmo contumaz naquele que se diz candidato a viver no mundo novo, na Nova Terra. Assim como o apego às posições e honrarias do mundo que ficarão por aqui quando formos embora, porque não têm valor.

A propalada reforma íntima e o desprendimento dos bens terrenos, tão apregoados pelo Espiritismo, têm por finalidade aconselhar-nos a sermos melhores enquanto caminhamos. Quem não se libertar dos defeitos mundanos agora, não terá acesso ao mundo mais purificado, porque ele será habitado por pessoas mais simples, mais humanas, mais fraternas, quando a solidariedade, que é exceção no mundo atual, será a regra da nova sociedade terráquea.

Quem pode provar que isso é verdade e vai realmente acontecer?

Jesus disse que seu reino não era deste mundo, que nós somos deuses e quando quiséssemos seríamos tão bons e perfeitos quanto Ele. Completando, Kardec faz a escala dos mundos e explica que eles se aprimoram como as pessoas e a natureza determina o novo ambiente de vida. Se nos foi advertido que deveríamos guardar tesouros no céu, os que forem guardados na Terra perderão seu efeito e serão imprestáveis para uso no ambiente renovado do mundo de regeneração.

Para os que acreditam na existência única e que tem na morte o final da vida, mesmo que ainda aceitem a sobrevivência da alma, este comentário é pueril. Para nós que cremos na orientação dos Espíritos e testemunhamos diariamente, inclusive por vasta literatura, que tudo segue um processo de aperfeiçoamento, ser negligente diante dessa possibilidade de crescer agora pode nos custar dores inimagináveis. A quem mais for dado, mais será pedido. Se temos o conhecimento e ele representa a verdade que liberta, desprezar essa advertência será pura infantilidade; uma nova oportunidade poderá ser demorada e dolorosa.

É bastante conhecido nos meios espíritas o episódio envolvendo o planeta Capela, da Constelação do Cocheiro. Muitos foram extraditados para a Terra para ajudar os habitantes do nosso planeta com seus conhecimentos técnicos e científicos, ao mesmo tempo em que aprendiam com os trabalhos de caridade a amansar seus corações e domar seu orgulho. O intercâmbio é perfeito e as oportunidades são dadas aos que as conquistam por esforço e determinação.


Não há benesses para quem não merece, porque a cada um será dado segundo suas obras. Se quiser morar na Nova Terra, construa desde já seu lar no novo mundo. Ainda que seja, provisoriamente, um lar fluídico de característica espiritual. Mais tarde, no tempo certo, ele será materializado e lhe dará grande prazer. É questão de justiça!


Fonte: Revista Internacional de Espiritismo, julho/2018

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Na construção da sabedoria



O homem adquire como patrimônio indelével a sabedoria que constrói ao longo de sua jornada, que leva consigo por onde for, inclusive para além do espaço e do tempo, uma vez que é um ser espiritual, infinito.

Após os estágios na esfera da atração, da sensação, do instinto, chega à racionalidade, construindo com sua mente e suas experiências aquilo que é hoje, descobrindo, porém, que a sua razão não compreende nem encontra todas as respostas.

O que há para além da racionalidade humana?

Em todos os tempos o conhecimento que a humanidade não alcança é atribuído à divindade, pois Deus não conhece limites. Então, procurando entender os mecanismos divinos que regem o Universo, novos horizontes vão se abrindo, e cada passo traz mais uma parcela de conhecimento, que se desdobra em sabedoria pensada, sentida e vivida.

Observando o mundo à sua volta, pelo modesto espectro de um ponto de vista, eivado de subjetividade de um indivíduo, em um local e em determinado momento histórico, o homem vai constatando que as respostas passam a ser portais para novas perguntas, e o processo cognitivo continua indefinidamente...

O homem, à semelhança do Criador, aprende que para ele os limites também vão deixando de existir, pois quando pensa que está no seu limite, novos fatos, perspectivas e possibilidades se abrem, se desdobram, quase que de forma inesperada para ele e a vida continua, nos diversos planos da existência. 

Premido pela necessidade de ir além da racionalidade, vai desenvolvendo outros mecanismos "ultracognitivos", passando a usar recursos que vão para além daqueles até então preconizados como adequados à sua necessidade evolutiva, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, o sentimento, as vibrações e os reflexos de sua essência espiritual.

Quando começa novo ciclo de compreensão, por outros canais ainda por ele não explorados ou conhecidos, geralmente o homem é eivado de dúvidas, medos, insegurança, devido ao desconhecimento e imprevisibilidade dos desdobramentos que virão como efeito dessa nova causa por ele empreendida.

Aí, mais uma vez os até então propalados limites humanos caem, novos padrões são descobertos, novos mecanismos são estabelecidos e uma nova forma de viver vai sendo reconstruída...

E o que se coloca mais uma vez, a ser descoberto, no horizonte do ser?

A velha ideia da divindade que tudo sabe, tudo preside, tudo pode, tudo vê, tudo cria, tudo dirige...

Logo, para além da racionalidade e dos mecanismos ultracognitivos que vão sendo desenvolvidos e educados, para além do homem estará sempre a Inteligência Suprema, a Causa Primeira de todas as coisas, que tantas vezes somos incapazes de compreender, mas que sempre existirá, apesar da nossa pequenez para adentrar em sua grandeza e eternidade.

Mas o que, na prática, adianta saber dessas informações? O que pode ser deduzido dessa busca do conhecimento?


a) O homem é um espírito, ser cuja racionalidade conduz o processo infinito, o processo evolutivo;
b) Quando a razão não é suficiente para compreender os fenômenos e mecanismos da vida, o homem tem que usar outros recursos, ultracognitivos que estão imanentes nele, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, os sentimentos, as vibrações e reflexos, contidos em sua essência espiritual;
c) Que a noção de limite é aparente, pois este é circunstancial, conjuntural, uma vez que para além daquilo que parece ser o fim, a vida continua, conforme a vontade da Inteligência que rege o Universo.


Portanto, os mecanismos de construção da sabedoria passam pela racionalidade, pelos recursos ultracognitivos e pela ideia de que o homem não tem fim ou limites, em face da sua origem Divina.


"Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece." - Paulo (Filipenses, 4:13).


texto de Luciano Alencar (Barbacena) - publicado no jornal Novos Tempos, do C.E. Augusto Silva, edição nº 45
homem adquire como patrimônio indelével a sabedoria que constrói ao longo de sua jornada, que leva consigo por onde for, inclusive para além do espaço e do tempo, uma vez que é um ser espiritual,  infinito.
Após os estágios na esfera da atração, da sensação, do instinto, chega à racionalidade, construindo com sua mente e suas experiências aquilo que é hoje, descobrindo, porém, que a sua razão não compreende nem encontra todas as respostas.
O que há para além da racionalidade humana?
Em todos os tempos o conhecimento que a humanidade não alcança é atribuído à divindade, pois Deus não conhece limites. Então, procurando entender os mecanismos divinos que regem o Universo, novos horizontes vão se abrindo, e cada passo traz mais uma parcela de conhecimento, que se desdobra em sabedoria pensada, sentida e vivida.
Observando o mundo à sua volta, pelo modesto espectro de um ponto de vista, eivado de subjetividade de um indivíduo, em um local e em determinado momento histórico, o homem vai constatando que as respostas passam a ser portais para novas perguntas, e o processo cognitivo continua indefinidamente...
O homem, à semelhança do Criador, aprende que para ele os limites também vão deixando de existir, pois quando pensa que está no seu limite, novos fatos, perspectivas e possibilidade se abrem, se desdobram, quase que de forma inesperada para ele e a vida continua, nos diversos planos da existência.
Premido pela necessidade de ir além da racionalidade, vai desenvolvendo outros mecanismos “ultracognitivos”, passando a usar recursos que vão para além daqueles até então preconizados como adequados à sua necessidade evolutiva, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, o sentimento, as vibrações e os reflexos de sua essência espiritual.
Quando começa novo ciclo de compreensão, por outros canais ainda por ele não explorados ou conhecidos, geralmente o homem é eivado de dúvidas, medos, insegurança, devido ao desconhecimento e imprevisibilidade dos desdobramentos que virão como efeito dessa nova causa por ele empreendida.
Aí, mais uma vez os até então propalados limites humanos caem, novos padrões são descobertos, novos mecanismos são estabelecidos e uma nova forma de viver vai sendo reconstruída...
E o que se coloca mais uma vez, a ser descoberto, no horizonte do ser?
A velha idéia da divindade que tudo sabe, tudo preside, tudo pode, tudo vê, tudo cria, tudo dirige...
Logo, para além da racionalidade e dos mecanismos ultracognitivos que vão sendo desenvolvidos e educados, para além do homem estará sempre a Inteligência Suprema, a Causa Primeira de todas as coisas, que tantas vezes somos incapazes de compreender, mas que sempre existirá, apesar da nossa pequenez para adentrar em sua grandeza e eternidade.
Mas o que, na prática, adianta saber dessas informações? O que pode ser deduzido dessa busca do conhecimento?
a) O homem é um espírito, ser cuja racionalidade conduz o processo infinito, o processo evolutivo;
b) Quando a razão não é suficiente para compreender os fenômenos e mecanismos da vida, o homem tem que usar outros recursos, ultracognitivos que estão imanentes nele, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, os sentimentos, as vibrações e reflexos, contidos em sua essência espiritual;
c) Que a noção de limite é aparente, pois este é circunstancial, conjuntural, uma vez que para além daquilo que parece ser o fim, a vida continua, conforme a vontade da Inteligência que rege o Universo.
 Portanto, os mecanismos de construção da sabedoria passam pela racionalidade, pelos recursos ultracognitivos e pela ideia de que o homem não tem fim ou limites, em face da sua origem Divina.
Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” - Paulo (Filipenses, 4:13)

Luciano Alencar (Barbacena) - publicado no jornal Novos Tempos, do C.E. Augusto Silva, edição nº 45


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homem adquire como patrimônio indelével a sabedoria que constrói ao longo de sua jornada, que leva consigo por onde for, inclusive para além do espaço e do tempo, uma vez que é um ser espiritual,  infinito.
Após os estágios na esfera da atração, da sensação, do instinto, chega à racionalidade, construindo com sua mente e suas experiências aquilo que é hoje, descobrindo, porém, que a sua razão não compreende nem encontra todas as respostas.
O que há para além da racionalidade humana?
Em todos os tempos o conhecimento que a humanidade não alcança é atribuído à divindade, pois Deus não conhece limites. Então, procurando entender os mecanismos divinos que regem o Universo, novos horizontes vão se abrindo, e cada passo traz mais uma parcela de conhecimento, que se desdobra em sabedoria pensada, sentida e vivida.
Observando o mundo à sua volta, pelo modesto espectro de um ponto de vista, eivado de subjetividade de um indivíduo, em um local e em determinado momento histórico, o homem vai constatando que as respostas passam a ser portais para novas perguntas, e o processo cognitivo continua indefinidamente...
O homem, à semelhança do Criador, aprende que para ele os limites também vão deixando de existir, pois quando pensa que está no seu limite, novos fatos, perspectivas e possibilidade se abrem, se desdobram, quase que de forma inesperada para ele e a vida continua, nos diversos planos da existência.
Premido pela necessidade de ir além da racionalidade, vai desenvolvendo outros mecanismos “ultracognitivos”, passando a usar recursos que vão para além daqueles até então preconizados como adequados à sua necessidade evolutiva, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, o sentimento, as vibrações e os reflexos de sua essência espiritual.
Quando começa novo ciclo de compreensão, por outros canais ainda por ele não explorados ou conhecidos, geralmente o homem é eivado de dúvidas, medos, insegurança, devido ao desconhecimento e imprevisibilidade dos desdobramentos que virão como efeito dessa nova causa por ele empreendida.
Aí, mais uma vez os até então propalados limites humanos caem, novos padrões são descobertos, novos mecanismos são estabelecidos e uma nova forma de viver vai sendo reconstruída...
E o que se coloca mais uma vez, a ser descoberto, no horizonte do ser?
A velha idéia da divindade que tudo sabe, tudo preside, tudo pode, tudo vê, tudo cria, tudo dirige...
Logo, para além da racionalidade e dos mecanismos ultracognitivos que vão sendo desenvolvidos e educados, para além do homem estará sempre a Inteligência Suprema, a Causa Primeira de todas as coisas, que tantas vezes somos incapazes de compreender, mas que sempre existirá, apesar da nossa pequenez para adentrar em sua grandeza e eternidade.
Mas o que, na prática, adianta saber dessas informações? O que pode ser deduzido dessa busca do conhecimento?
a) O homem é um espírito, ser cuja racionalidade conduz o processo infinito, o processo evolutivo;
b) Quando a razão não é suficiente para compreender os fenômenos e mecanismos da vida, o homem tem que usar outros recursos, ultracognitivos que estão imanentes nele, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, os sentimentos, as vibrações e reflexos, contidos em sua essência espiritual;
c) Que a noção de limite é aparente, pois este é circunstancial, conjuntural, uma vez que para além daquilo que parece ser o fim, a vida continua, conforme a vontade da Inteligência que rege o Universo.
 Portanto, os mecanismos de construção da sabedoria passam pela racionalidade, pelos recursos ultracognitivos e pela ideia de que o homem não tem fim ou limites, em face da sua origem Divina.
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O que há para além da racionalidade humana?
Em todos os tempos o conhecimento que a humanidade não alcança é atribuído à divindade, pois Deus não conhece limites. Então, procurando entender os mecanismos divinos que regem o Universo, novos horizontes vão se abrindo, e cada passo traz mais uma parcela de conhecimento, que se desdobra em sabedoria pensada, sentida e vivida.
Observando o mundo à sua volta, pelo modesto espectro de um ponto de vista, eivado de subjetividade de um indivíduo, em um local e em determinado momento histórico, o homem vai constatando que as respostas passam a ser portais para novas perguntas, e o processo cognitivo continua indefinidamente...
O homem, à semelhança do Criador, aprende que para ele os limites também vão deixando de existir, pois quando pensa que está no seu limite, novos fatos, perspectivas e possibilidade se abrem, se desdobram, quase que de forma inesperada para ele e a vida continua, nos diversos planos da existência.
Premido pela necessidade de ir além da racionalidade, vai desenvolvendo outros mecanismos “ultracognitivos”, passando a usar recursos que vão para além daqueles até então preconizados como adequados à sua necessidade evolutiva, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, o sentimento, as vibrações e os reflexos de sua essência espiritual.
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E o que se coloca mais uma vez, a ser descoberto, no horizonte do ser?
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Logo, para além da racionalidade e dos mecanismos ultracognitivos que vão sendo desenvolvidos e educados, para além do homem estará sempre a Inteligência Suprema, a Causa Primeira de todas as coisas, que tantas vezes somos incapazes de compreender, mas que sempre existirá, apesar da nossa pequenez para adentrar em sua grandeza e eternidade.
Mas o que, na prática, adianta saber dessas informações? O que pode ser deduzido dessa busca do conhecimento?
a) O homem é um espírito, ser cuja racionalidade conduz o processo infinito, o processo evolutivo;
b) Quando a razão não é suficiente para compreender os fenômenos e mecanismos da vida, o homem tem que usar outros recursos, ultracognitivos que estão imanentes nele, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, os sentimentos, as vibrações e reflexos, contidos em sua essência espiritual;
c) Que a noção de limite é aparente, pois este é circunstancial, conjuntural, uma vez que para além daquilo que parece ser o fim, a vida continua, conforme a vontade da Inteligência que rege o Universo.
 Portanto, os mecanismos de construção da sabedoria passam pela racionalidade, pelos recursos ultracognitivos e pela ideia de que o homem não tem fim ou limites, em face da sua origem Divina.
Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” - Paulo (Filipenses, 4:13)

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sexta-feira, 6 de julho de 2018

Entre a mansidão e a prudência


Um dos discursos de Zaratustra, personagem criado pelo filósofo Nietzsche, refere-se, de forma muito interessante, às transformações experimentadas pelo ser humano, durante sua trajetória de vida.
Esse texto, inclusive, serviu de inspiração para Carl Gustav Jung ao desenvolver seu conceito de individuação, entendido como o processo pelo qual o ser humano busca desenvolver a consciência de si mesmo, integrando seus aspectos sombrios, diferenciando-se do coletivo e tornando-se, então, o ser que é.

Nietzsche sugere que o espírito humano comumente vivencia, ao longo de sua vida, três diferentes etapas de transformação, nas quais desenvolverá o autoconhecimento, além de se apropriar de sua força, para, ao final, tornar-se quem realmente é. Como símbolos das três metamorfoses, o filósofo utilizou:

  • o camelo, para representar o ser que desenvolve o papel de carregar o peso do mundo, dispondo-se a servir, de forma submissa, por ainda não ter vontade própria e consciência para tomar decisões. Ao carregar o peso das cobranças, dos problemas alheios, aprende que sofre justamente por tentar carregar o que não deveria, o que não lhe pertence. Nessa fase, tem a oportunidade de desenvolver humildade, caso aproveite o aprendizado. Mas pode, igualmente, manter-se na acomodação e na subserviência, adotando postura escrava e de vítima, indefinidamente;
  • o leão, para exemplificar o momento em que a consciência desperta, tornando-se crítica e permitindo ao indivíduo discernir e fazer escolhas por si mesmo. A pessoa assume, então, a responsabildiade pela própria existência, e experimenta uma nova forma de relação com o mundo, considerando, agora, suas próprias concepções e valores. Ao leão é dada a chance de experimentar o Sim, sim; Não, não do Evangelho1. Ao se posicionar de acordo com seus valores, deixa de carregar valores alheios, que não lhe fazem sentido. Torna-se corajoso e leal aos seus princípios, mas precisa cuidar para não exagerar nessa postura, desenvolvendo arrogância, orgulho e acreditando-se dono da verdade, superior e distante dos outros;
  • a criança, para simbolizar o renascimento, o recomeço, como se a vida, de fato, iniciasse a partir desse ponto, ou seja, somente depois de haver desenvolvido a humildade de servir do camelo e a coragem de ser livre do leão, numa sociedade prisioneira de valores passageiros, é que o ser humano está pronto para viver realmente. É o momento em que podemos afirmar: Vivemos no mundo conscientes de que não somos do mundo.2

Interessante notar que o filósofo, crítico da religião, acabou utilizando a criança como representação de verdadeira sabedoria, de evolução, emprestando, de forma inconsciente, provavelmente, o símbolo empregado por Jesus:

Quem é o maior no reino dos céus? – Jesus, chamando a si um menino, o colocou no meio deles e respondeu: “Digo-vos, em verdade, que, se não vos converterdes e tornardes quais crianças, não entrareis no reino dos céus. – Aquele, portanto, que se humilhar e se tornar pequeno como esta criança será o maior no reino dos céus3.

O Espiritismo explica que a finalidade da vida na Terra é o progresso espiritual e, para isso, conforme vivemos, é natural que passemos realmente por transformações, provenientes da reforma íntima que nos cabe.

Nietzsche chama a atenção, na voz de Zaratustra, para algumas faces que devemos desenvolver em nossas metamorfoses durante a vida: a de sermos servidores, humildes suficientes para nos envolvermos com as histórias dos outros, propondo-nos a ajudá-los a carregar seus fardos, sem, no entanto, tornarmo-nos subservientes; a de sermos firmes e corajosos, a ponto de não nos deixarmos levar pelos modismos ou valores predominantes, mas capazes de seguir os próprios princípios, cuidando, porém, de não cairmos na armadilha de nos sentirmos superiores, tornando-nos arrogantes e, por fim, a de sermos alegres, espontâneos e confiantes, como são as crianças, esperançosas do futuro, livres de preconceitos e com energia para viver, aprender, crescer.

Mas observamos que Jesus novamente antecipou o filósofo, quando nos recomendou que, ao viver entre lobos, que podem, atualmente, simbolizar os valores distorcidos predominantes, nos conservássemos mansos como as pombas, mas prudentes como as serpentes4. A recomendação do Mestre de Nazaré é a de buscarmos internalizar esses dois aspectos que parecem paradoxais, sendo, no entanto, complementares: a humildade e mansidão da pomba e a prudência e firmeza da serpente.

Ao observarmos as normas, culturas e comportamentos predominantes nas sociedades modernas, verificamos o quanto esse ensinamento – de preservarmos o aspecto pacífico, aliando-o à coragem – proposto por Jesus e relembrado por Zaratustra, é atual e de grande relevância. Observamos em nossa vida social, que poucas pessoas são capazes de transitar por esses dois caminhos de forma saudável. A maioria tomba na vitimização, deixando-se explorar ou na prepotência, colocando os outros a serviço de si.

É preciso, então, plena atenção para a conquista desse caminho do meio, da medida certa, entre a humildade/mansidão e a firmeza/prudência. Ao nos propormos a essas transformações, que nos preparam para a vivência pacífica, mas, ao mesmo tempo, resoluta, certamente nos encontraremos, ao final, mais próximos da pureza de alma, simbolizada pela criança.


Referências:
1 BÍBLIA, N. T. Mateus. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Campinas: Os Gideões Internacionais no Brasil, 1988. cap. 5, vers. 37.

2 Op. cit. João. cap. 17, vers. 16.
3 Op. cit. Mateus. cap. 18, vers. 1-5.
4 Op. cit. Mateus. cap. 10, vers. 16.

Fonte: Jornal Mundo Espírita, por Cristiane Maria Lenzi Beira