Prova irrefutável da imortalidade da alma foi dada a Pedro,
Tiago e João pelo próprio Mestre, que os levou a um encontro que teve
com Moisés e Elias: Seis dias depois, tomou Jesus consigo, a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte. E transfigurou-se diante deles; o
seu rosto resplandesceu como o sol, e os seus vestidos se tornaram
brancos como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando
com ele. (Mt, 17: 1 a 3) Estavam tão materializados, que Pedro se propôs a fazer tabernáculos (abrigos) para cada um deles: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. (Mt, 17: 4) Terminada a conversa, desapareceram Moisés e Elias, retornando ao Mundo Espiritual.
Jesus deixou lição clara sobre a imortalidade, que foi muito bem
assimilada pelo Apóstolo Paulo, pois que este o vira vivo, depois da
morte, na aparição que lhe fizera no caminho de Damasco. Com base nessa
experiência pessoal, o Apóstolo explicitou, com profunda convicção a
imortalidade da alma, conforme sua minuciosa explicação no capítulo 15
da sua Primeira Carta aos Coríntios:
Ora, se se prega que o Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição dos mortos? (v. 12)
E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação e também é vã a vossa fé. (v. 14)
Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. (v. 16)
Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? (v. 35) E é ele mesmo quem responde:
Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. (v. 36)
E o Apóstolo prossegue, até em tom repetitivo, buscando deixar muito
claro que a alma prossegue viva, com o seu corpo espiritual, tendo
apenas deixado o corpo físico pelo fenômeno da morte:
E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. (v. 40)
Pedagogicamente, continua repetindo, agora fazendo comparação com a
semente que morre, e, enterrada, liberta a planta que nela já existia,
em estado latente:
Assim também a ressurreição dos mortos: semeia-se corpo em
corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se corpo animal,
ressuscitará corpo espiritual. (v. 42)
Paulo chama de corpo incorruptível o corpo espiritual, opondo-o ao
corpo corruptível, o físico, que pode ser corrompido pela doença, pela
idade ou por um acidente. E, para que não ficasse dúvida quanto ao corpo
da ressurreição:
E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção. (v. 50)
Entretanto, apesar dos ensinamentos do Apóstolo, foi criado o dogma
da ressurreição da carne, que atenta contra o que se lê no Novo
Testamento, contra a Ciência e contra o bom senso.
Exemplo claro de que a ressurreição se dá em corpo espiritual foi
dado por Jesus, cujo corpo físico fora levado nu ao sepulcro, pois era
costume dos romanos despirem os crucificados, o que é comprovado pelo
relato contido no Evangelho de João: Tendo, pois, os soldados
crucificado a Jesus, tomaram os seus vestidos, e fizeram quatro partes,
para cada soldado uma parte; e também a túnica. A túnica, porém, tecida
toda de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros:
Não a rasguemos, mas lancemos as sortes (…) (Jo, 19: 23 e 24)
Atentemos ao que diz o Novo Testamento:
Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as
especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o
sepulcro. E havia um horto naquele lugar onde fora crucificado, e no
horto, um sepulcro novo, em que ainda ninguém havia sido posto. Ali,
pois, (por causa da preparação dos judeus, e por estar perto aquele
sepulcro), puseram a Jesus. (Jo, 19: 40 a 42)
O corpo de Jesus ainda não havia sido preparado para o sepulcro,
consoante o costume judaico, pois fora levado para lá no fim da tarde de
sexta-feira, quando, para os judeus, começa o shabat, dia consagrado ao
repouso semanal, que se estende até o pôr do sol de sábado. Como
ninguém iria fazer a preparação do corpo no sábado à noite, Madalena foi
ao sepulcro no domingo de madrugada, e encontrou-o aberto.
Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e a outro discípulo, a quem
Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos
onde o puseram. Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao
sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais
apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. E,
abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia, não entrou. Chegou, pois,
Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os
lençóis. E que o lenço que tinha estado sobre sua cabeça, não estava com
os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. (Jo, 20: 2 a 7)
Conforme se lê no relato de João, Pedro verificou minuciosamente a
permanência dos panos no sepulcro, e depois retornaram. Madalena
permaneceu.
Tornaram, pois, os discípulos para casa. E Maria estava chorando
fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o
sepulcro. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados aonde jazera o
corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles:
Mulher, por que choras? E ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e
não sei onde o puseram. E, tendo dito isso, voltou-se para trás, e viu
Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus:
Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão,
disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde foi que o puseste, e eu
o levarei. (Jo, 20: 10 a 15)
Madalena certamente estava de costas quando conversou com Jesus,
pensando fosse o hortelão, o que fica claro no versículo seguinte: Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Rabboni (que quer dizer, Mestre). (Jo, 20: 16)
Se o corpo de Jesus fora tirado nu da cruz, e assim levado ao
sepulcro, e tendo os panos com que o envolveram ficado no chão, como
pôde o Mestre aparecer vestido a ponto de não causar espanto? É claro
que usava roupa compatível com a situação em que se encontrava: a de
Espírito desencarnado. Assim vestidos apareceram a Madalena os seres
espirituais, falando-lhe do corpo de Jesus: E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira, outro aos pés.
(Jo, 20:12) Também assim vestido, apareceu um varão ordenando ao
centurião Cornélio que mandasse chamar Pedro em Jope. (At, 10: 31-32)
Para mostrar que estava vivo, mas não mais encarnado, não mais
limitado pela matéria, Jesus, durante os quarenta dias que precederam a
Sua volta definitiva aos Planos Espirituais, fez o que não fizera quando
ainda estava encarnado, mostrando que Seu corpo espiritual, como de
todos os Espíritos desencarnados, podia deslocar-se com rapidez e
atravessar obstáculos físicos.
Passou a aparecer e desaparecer subitamente, conforme relata o evangelista: Chegada,
pois, a tarde daquele mesmo dia, o primeiro da semana, e cerradas as
portas, onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado,
chegou Jesus e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. (Jo, 20: 19)
Lucas relata que iam dois discípulos caminhando para Emaús – um
lugarejo próximo a Jerusalém –, quando surgiu Jesus entre eles, sem se
dar a conhecer. Jesus – dada a plasticidade do corpo espiritual –
modificara Sua fisionomia, a fim de não ser reconhecido imediatamente.
Depois de conversarem com o Mestre durante algum tempo, chegaram à
aldeia aonde iam, e convidaram-no para uma refeição:
E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o
abençoou e partiu-o, e lhes deu. Abriram-se-lhes os olhos, e o
conheceram, e ele desapareceu-lhes. (Lc, 24: 30 e 31)
Qual teria sido o objetivo desse encontro de Jesus com os dois
discípulos? Certamente não seria para mostrar-lhes poder, pois já O
tinham visto curar cegos, aleijados, leprosos, endemoninhados… Não
estaria Jesus querendo mostrar que continuava vivo, mas que não estava
mais encarnado, limitado pelas leis materiais?
Além disso, não há registro de que se tenha hospedado em casa de
alguém, durante os quarenta dias que medeiam a ressurreição e a Sua
volta definitiva aos Planos Espirituais, ou que tenha feito refeições
regulares, como fazia enquanto encarnado, embora tenha comido um favo de
mel e um pedaço de peixe, quando se apresentou aos onze, no cenáculo,
onde estavam comentando o que acontecera durante a caminhada a Emaús: E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. (Lc, 24: 36)
Jesus causou muito espanto pelo estado emocional em que se
encontravam os discípulos, ante os últimos acontecimentos. Deviam estar
profundamente abalados, diante do fato de terem os sacerdotes tido o
poder de prender, de flagelar e de matar o Messias, que era tão
poderoso. Se fizeram isso com o Mestre, o que fariam com Seus
seguidores? Jesus sentiu que deveria dar-lhes provas seguras da
imortalidade, materializando-se ali diante deles: E, não crendo eles
ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes
aqui alguma coisa que comer? Então lhe apresentaram parte de um peixe
assado, e um favo de mel. O que ele tomou e comeu diante deles. (Lc, 24: 41 a 43)
Um Espírito materializado, conforme verificaram vários estudiosos,
dentre os quais se destacaram Cesare Lombroso, Alexander Aksakof,
William Crookes, apresenta-se com todas as características de um
Espírito encarnado, como se fosse uma encarnação temporária. O Espírito
materializado apresenta todos os órgãos do corpo físico, conforme
experiências levadas a efeito por William Crookes, relatadas em sua obra
Fatos Espíritas. Na obra História do Espiritualismo, de Arthur Conan Doyle,1 lê-se, num relato a respeito de um Espírito materializado: Ao
falar, essas figuras movem os lábios exatamente como faziam em vida.
Também foi mostrado que a sua expiração em água de cal produz a reação
característica de dióxido de carbono.
Bibliografia:
1 CONAN DOYLE, Arthur. A História do Espiritualismo. Brasília: FEB, 2013.
Fonte: Mundo Espírita, por José Passini
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