13º Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Léon Denis
e os 143 anos do Lançamento de "O Livro dos Espíritos"
Exposição: Rosangela Pertile
[...] o encontro tem como tema "A idéia de Deus e a Experimentação
Psíquica", tema inserido no livro "O Grande Enigma".
Nosso querido Léon Denis nos diz:
"A questão de Deus é o mais grave de todos os problemas suspensos sobre nossas cabeças e cuja solução se liga, de maneira estrita, imperiosa, ao problema do ser humano e de seu destino, ao problema da vida individual e da vida social. O conhecimento da verdade sobre Deus, sobre o mundo e a vida, é o que há de mais essencial, de mais necessário, porque é Ele que nos sustenta, nos inspira e nos dirige, mesmo à nossa revelia. E esta verdade não é inacessível, como veremos; é simples e clara; está ao alcance de todos. Basta procurá-la, sem preconceitos, sem reservas, ao lado da consciência e da razão."
Todos os Espíritos de escol que estiveram sobre nosso orbe, nos trouxeram a idéia de uma Potência Suprema. Porque será que essa idéia é inata no ser humano? Porque será que aqueles mais avançados na senda do bem tem a convicção deste Ser?
Porque esta ideia é inerente ao ser humano, ao Espírito imortal. "O Livro dos Espíritos", em suas questões pertinentes à lei divina ou natural (614 em diante) nos diz que as leis estão em nossa consciência, ou seja, estão impressas em nosso ser, e isto é ponto pacífico na Doutrina Espírita. Deus é a causa primária de todas as coisas, e suas leis imutáveis estão gravadas em nossa consciência.
E porque esta questão é grave, como nos diz Léon Denis?
Porque pelo raciocínio da idéia de Deus, chegamos a várias conclusões. A primeira é que não somos fruto do acaso. O caos, que é aleatório, não pode ser tão perfeito como vislumbramos no Universo. E se esse caos produz esta perfeição toda, e a ordenação toda, logo não é o caos. :)))))
Este raciocínio simples, por exclusão, nos leva à convicção da existência desta Potência Suprema. E como nós estamos inseridos neste contexto? Individualmente, como Espíritos imortais, temos a certeza de que não estamos sozinhos. A certeza de que há uma inteligência com leis perfeitas que regem o Universo, leis estas imutáveis como o próprio Ser.
Este Ser criador, com todos os caracteres da perfeição, como tal é um Pai, zeloso, ciente, misericordioso e de infinito amor e bondade, e que quer que todos seus filhos caminhem dentro de suas leis, mas que lhes oferece o livre-arbítrio para a aprendizagem e para a elevação espiritual.
Desta forma, chegamos a mais uma peça chave para as perguntas que povoam nosso ser: para onde iremos? Qual o fim da estrada? Para a perfeição. Seremos perfeitos, seremos deuses, como próprio Cristo nos falou. Teremos a perfeição que é suscetível à criatura.
E como esta certeza modifica nossa porção social?
Deus é o Ser criador. Fomos criados por Ele, tudo no Universo foi criado por Ele. Logo, tudo ao nosso redor tem a mesma fonte primária. Este pensamento nos leva ao sentimento de fraternidade. Mas como assim?
Somos todos filhos do mesmo Pai, e não somos filhos únicos!
Quando nós percebemos esta máxima, entendemos mais claramente o que Jesus nos diz com: "Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo". Quem de nós, que ama um irmão de sangue, não vai fazer a ele tudo de bom que quiser para nós mesmos? E se nós conseguirmos interiorizar a ideia de que este corpo de carne e os laços de sangue são da vida material, circunstancial, de que o que realmente existe são os laços de amor, que transcendem a morte?
E se formos mais além...
Os pais encarnados com famílias constituídas na terra, sempre sonham com a união de seus filhos, que os irmãos sejam unidos, se amem mutuamente, se ajudem, sejam fraternos. Agora imaginem o Pai de todos nós Espíritos imortais!!!!!
Com esta rápida experimentação, percebemos nosso papel fundamental na sociedade, a de que somos importantes na manutenção da harmonia e na evolução social como um todo. Espíritos mais adiantados vieram nos dar seu testemunho junto a nós. Temos exemplos edificantes a seguir, como Bezerra de Menezes, Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, e claro, o Senhor Jesus. Através do exercício constante da caridade, do doar-se, conseguiremos chegar até a plenitude do amor. É um longo caminho a percorrer, são experiências incorporadas a uma bagagem espiritual, de reencarnação em reencarnação, de aprendizado em aprendizado, com a mudança paulatina e constante de nosso valores, depurando nosso Ser, chegando à perfeição que nos cabe.
E qual o caminho a seguir?
Vemos as facilidades do mundo, vemos pessoas enganando, traindo, cometendo atrocidades em nome do poder e até mesmo em nome de Deus. Às vezes até tentamos barganhar com Deus, barganha do tipo : "quando eu acertar na super-sena, vou ajudar nesta ou naquela instituição de caridade" ou então "vou para a Casa Espírita para ficar livre dos meus problemas". E o que acontece quando estamos em uma instituição religiosa e Deus não "tira" nossos fardos, nossos problemas? Saímos tal qual crianças rebeldes e ainda dizemos que "Deus não está vendo isso?", ou "sou pequeno demais para que Deus se importe comigo"?
Nesta hora, a nossa condição de imortalidade fica embotada pelo homem "início, meio e fim". Nesta hora, quando as pressões do mundo nos enfraquecem, esquecemos daquele que exemplificou para nós tudo o que está contido nas leis do Pai. Esquecemos que Jesus nos disse que ele nunca nos deixará, até a consumação dos tempos.
Esquecemos que há Espíritos mais evoluídos que nós que estão no nosso lado nos auxiliando, nos sustentando, que já têm em si a conquista do amor, incondicional e irrestrito. São aqueles que já caminham conforme a lei de Deus, e que nos auxiliam a caminhar pela mesma direção. São aqueles que nos dizem que todas as vicissitudes da vida são passageiras, são experiências necessárias ao nosso aprimoramento, e que teremos que quitar nossos débitos anteriores para podermos caminhar sem "malas" desnecessárias.
E o que acontece quando damos ouvidos a estes amigos invisíveis? Começamos a nos harmonizar com o Universo. Começamos a caminhar nas leis divinas, erramos menos, nos tornamos mais felizes, e, como todo aquele que alcança a felicidade, sente prazer em compartilhar estes momentos com todos ao seu redor.
E como a felicidade verdadeira é contagiante, contagiamos aqueles que estão ao nosso redor que, por sua vez, contagiam os seus próximos, e esta corrente aumenta a proporções a ponto de modificar a psicosfera de um ambiente. E dia chegará que todos deste planeta amado serão contagiados, e aí sim, estaremos completamente harmonizados com o Universo, com os Espíritos superiores e, principalmente, com o Pai.
E, neste dia, a amaremos tanto a Humanidade, que entenderemos porque o Senhor Jesus, ao ser crucificado, disse "Pai, perdoa-os pois eles não sabem o que fazem."
E é esta alegria contagiante, vibrante que o Mestre de Lion nos transmite. Alegria de sermos todos irmãos, de termos como morada o Universo, de termos como destinação a felicidade e o amor supremos, de termos como ferramenta de evolução as potências das alma e, entre elas, a vontade, alavanca propulsora poderosíssima, que temos que cultivar.
E nada melhor para encerrarmos este convite ao Encontro de sexta-feira, ao estudo, à meditação do que as palavras poéticas e elevadas de Léon Denis:
"De pé sobre a terra, meu sustentáculo, minha nutris e minha mãe, elevo os meus olhares para o Infinito, sinto-me envolvido na imensa comunhão da vida; os eflúvios da Alma universal me penetram e fazem vibrar meu pensamento e meu coração; forças poderosas me sustentam, aviventam em mim a existência.
Por toda parte onde minha vista se estende, por toda parte que minha inteligência se transporta, vejo, discirno, contemplo a grande harmonia que rege os seres e, por vias diversas, os faz rumar para um fim único e sublime.
Por toda parte vejo irradiar a Bondade, o Amor, a Justiça! Ó meu Deus! Ó meu Pai! Fonte de toda a sabedoria, de todo o amor, Espírito supremo cujo nome é Luz, eu te ofereço meus louvores e minhas aspirações! Que elas subam a ti, qual um perfume de flores, qual sobem para o céu os odores inebriantes dos bosques. Ajuda-me a avançar na senda sagrada do conhecimento, para uma compreensão mais alta de tuas leis, a fim de que se desenvolva em mim mais simpatia, mais amor pela grande família humana; pois sei que, pelo meu aperfeiçoamento moral, pela realização, pela aplicação ativa em torno de mim e, em proveito de todos, da caridade e da bondade, aproximar-te-ei de ti, e merecerei conhecer-te melhor, comungar mais intimamente contigo na grande harmonia dos seres e das coisas. Ajuda-me a desprender-me da vida material, a compreender, a sentir o que é a vida superior, a vida infinita. Dissipa a obscuridade que me envolve; depõe em minha alma uma centelha desse fogo divino que aquece e abrasa os espíritos das esferas celestes. Que tua doce luz e, com ela, os sentimentos de concórdia e de paz se derramem sobre todos os seres!"
E é com o coração transbordando de alegrias que mais uma vez reiteramos o convite para "descobrirmos" Deus em nós, em nossos semelhantes, e acima de tudo, abraçarmos estes irmãos que caminham conosco, na lei de harmonia e continuidade. Obrigada pela oportunidade. Paz e luz a todos.
***
Perguntas/Respostas:
[01] <Mei_PB> Por que necessitamos tanto de entender Deus, sabendo que nossas percepções são infinitamente limitadas?<Rosangela_Pertile> A idéia de Deus é inata aos seres. E isto está explicado na questão 4 a 6 de "O Livro dos Espíritos", pela nossa materialidade, acabamos nos distanciando desta idéia, no afastando de Deus, a idéia de um Deus punitivo e cruel foi corrente por muitos séculos. (t)
[02] <mobsued> Como Deus se relaciona conosco além de ter nos criado e criado o universo?
<Rosangela_Pertile> Bom amigo, espero ter entendido sua pergunta, caso não seja este o enfoque dado, por favor, refaça sua pergunta. Deus mostra pelas suas obras, pelos seus atributos. Percebemos que ele, depois da Criação do Universo, não cruzou os braços e descansou. Ele continua trabalhando até hoje. E Ele está presente em tudo. Pensar que Deus está a parte do Universo, é ser contrário à ideia de sua infinitude.
Para nós ainda é difícil raciocinar sobre algo que não conhecemos, senão por suas obras. Ele se relaciona conosco pelas suas leis, imutáveis, que regem tanto a parte moral quanto a material e uma de suas leis é a de solidariedade, e como tal, temos que nos auxiliar mutuamente, para nossa própria evolução. (t)
[03] <Mei_PB> Mas sendo o universo um efeito, poderia Deus fazer parte dele? Não seria tomar por efeito a causa?
<Rosangela_Pertile> Deus não faz parte do universo, o Universo que é parte de Deus, pois se Deus transcendesse algo ele não seria infinito. (t)
[04]<_Dulce_> Como podemos, na prática, descobrir Deus em nós e no próximo?
<Rosangela_Pertile> Esse é o "xis" da questão. Na realidade, nós sabemos como fazê-lo, como exteriorizar esta centelha de amor em nós. O que nos falta é a vontade, vontade esta que, se bem utilizada, nos impulsionaria para frente, em proporções que não acreditaríamos e sabe como poderemos praticar?
"Amar a Deus sobre todas as coisas; e ao próximo como a si mesmo." ou "faça aos outros apenas aquilo que gostaria que fizessem a você", alguém gosta de receber o mal???? Acredito que não! E se é para agir assim, só faríamos o bem, correto?
Mas como ainda não conseguimos, podemos começar cultivando em nós paciência, fraternidade, nos esbanjando nos serviços que a casa espírita nos oferece, visita fraterna, trabalho no bem, até mesmo descascar batatas naquele delicioso almoço fraterno. (t)
[05] <Mei_PB> Deus não está a parte do universo, conforme afirmativa anterior. Pergunto: O universo sendo efeito, faz parte de Deus? Não seria isso tomar o efeito pela causa?
<Rosangela_Pertile> Como você colocou a pergunta, estaríamos caindo no panteísmo, há uma matéria na revista espírita, que não me recordo o número, cujo titulo é "Deus está em toda a parte". Realmente para nós é um pouco difícil entendermos como isso se processa, até mesmo o que é Deus, além do "causa primária de todas as coisas", mas se Deus tiver fora de sua criação, ele não será infinito, pois restará uma parte que ele não esteja. Deus não está contido, ele contém. (t)
[06] <mobsued> Não gosto de conhecer Deus apenas como criador, pois Ele é presença viva em tudo que está evoluindo.
<Rosangela_Pertile> Aí é que está nossa dificuldade e nossa deficiência no conceito de Deus, Ele não foi apenas (ou é) é criador, Ele é presença viva em cada um de nós. Para nós ainda é difícil de entendermos Deus sem classificações, como os próprios espíritos nos dizem, no temos o sentido necessário para entender. Por enquanto acredito que sentir Deus pela sua criação, e colaborar para que as leis divinas, harmônicas e contínuas se façam seguir em nossa evolução da melhor forma possível, ou seja.... Vamos tentar fazer o que o Cristo nos exemplificou :))que já é um bom começo :)(t)
[07] <mobsued> Podemos senti-lo pelo seu amor!
<Rosangela_Pertile> com certeza!!!!
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Fonte: Portal do Espírito.
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