Eternidade
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
A Santíssima Trindade
A trindade, dogma da união de três pessoas distintas - Pai, Filho e Espírito Santo - em um só Deus, o Mistério da Santíssima Trindade, tem sua origem em antigas religiões; logo, é anterior ao cristianismo, bem como outros dogmas que as religiões cristãs acolheram numa espécie de herança daqueles que elas julgam como religiões pagãs. Não é um contra-senso?
Assim, as religiões dogmáticas cristãs copiaram as trindades originadas das religiões mais antigas, das quais, citaremos apenas três: brahmânica, egípcia e babilônica. Brahma, Siva e Vishnu, dos hindus; Osíris, Ísis e Orus dos egípcios; Ea, Istar e Tamus, dos babilônios. Existem outras, mas, para abreviar, ficamos com estas. Importa-nos considerar, aqui, a Santíssima Trindade, um dogma ou "artigo de fé", decidida pelo Concílio de Nicéia em 325 d.C. Notem bem: evento bem posterior às escrituras do Evangelho de Jesus. Pela ordem, vejamos:
PAI
É a "primeira pessoa" da Santíssima Trindade: Deus. Na Gênese de Moisés, Deus criou o homem a sua imagem e semelhança (cap. 1, vs. 26 e 27); porém, parece-nos que houve uma inversão de valores: o homem é quem criou um Deus a sua imagem... Como pode a criatura, limitada, limitar o ilimitado, o criador, colocando-o como pessoa unida à duas outras! Por isso que alguém disse que "o homem é a medida de todas as coisas". Personificar Deus - o Deus antropomorfo -, confundi-lo com os fenômenos da natureza, foi próprio de criaturas das eras primevas, porém, aqui, parece-nos que é inviável, salvo se o estão considerando como "pessoa jurídica" ou fictícia... Nós, espíritas, não ficamos com essas complicações que denunciam, tão somente, os interesses sectários em prol de classes sacerdotais ou pastorais, nada mais que profissionais das religiões. Ficamos com a Religião em Espírito e Verdade - Religião do Espírito - que, com respeito ao nosso criador, postula:
"Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas". (1)
FILHO
É a "segunda pessoa" da Santíssima Trindade: Jesus. Para nós, filho de quem? De José e Maria, segundo a carne; de Deus, segundo o Espírito. Como pessoa, apenas é o nosso irmão mais velho, por existir antes da formação da Terra, quiçá do Sistema Solar. Por isso, foi confundido com o próprio Deus. A sua divindade não está circunscrita numa posição intermediária da Trindade. Vejamos:
"Transformado em parte intrínseca de Deus, Jesus de Nazaré perdeu a sua personalidade própria, "ensanduichado" entre Deus e o Espírito Santo. O Deus uno de Jesus, o Pai, cuja concepção simples e clara abalou o mundo antigo e revelou a fraternidade universal dos povos e das raças, fragmentou-se em três pessoas, o que vale dizer em três deuses, iniciando a hierarquia da Igreja, que se prolongaria indefinidamente no tempo". (2)
Temos que reconhecer que passamos por fases primitivas do conhecimento no processo evolutivo, no qual estamos inseridos. As questões dos mitos e dos símbolos foram úteis até certo ponto; porém, a partir deste, tornaram-se pedras de tropeço. O homem só permanece neles por comodismo ou interesses mesquinhos. É o caso da permanência no mito irracional da Trindade, daí a origem da mitologia cristã e do sectarismo religioso.
"A superioridade de Jesus sobre os homens não se prendia às particularidades de seu corpo, mas às de seu Espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e à de seu perispírito, haurida na parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres." (3)
Jesus, como ficou dito acima, é o nosso irmão mais velho, não é Deus. Em várias passagens evangélicas ele fez referência ao Pai, citamos apenas esta:
"Vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai, e vosso Pai; para meu Deus, e vosso Deus." (João 20: 17)
Acresce que, sobre a paternidade de Deus, Paulo, na sua Epístola aos Romanos, escreveu "que somos filhos de Deus, portanto seus herdeiros, acrescentando: e co-herdeiros de Cristo". (Romanos, 8: 17)
A divindade de Jesus é pela sua realização espiritual. É divino, porque já se depurou das imperfeições humanas e está mais próximo de Deus! É o nosso guia e modelo, segundo a questão nº 625, de O Livro dos Espíritos.
ESPÍRITO SANTO
É a "terceira pessoa" da Santíssima Trindade. Como vimos acima, personificar Deus ou confundi-lo com Jesus é uma aberração; aqui, a personificação do Espírito Santo continua na mesma, para não dizer pior. Já não e sem tempo de compreender que não se trata de uma pessoa, mas de um coletivo inumerável de bons para espíritos puros, isto é, seres atuantes como colaboradores diretos de Jesus e da Espiritualidade Maior. Assim, o problema maior de interpretação dos nossos opositores está relacionado ao "Espírito Santo". Vejamos:
"As antigas escrituras não continham o qualificativo santo, quando se falava do Espírito. Todos os apóstolos reconheciam a existência de Espíritos, mas entre estes, bons e maus. (...) Foi só com a tradução das antigas escrituras e constituição da Vulgata que esse qualificativo foi acrescentado, com certeza para fortificar o "Mistério da Santíssima Trindade", tirado de uma lenda hindu, (...). Esse mistério veio criar uma doutrina nova sobre a concepção de Espírito, atribuindo a este, quando revestido do qualificativo Santo, um ser misterioso, incriado, também Deus e co-eterno com o Pai." (4)
Como se vê, não há como nós espíritas conciliarmos com o dogma da Santíssima Trindade e, conseqüentemente, com o mistério da divisão de Deus em três partes distintas. Deus é único:
"se houvesse vários deuses, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder no ordenamento do Universo", segundo a questão nº 13, de O Livro dos Espíritos.
Encerrarmos estas considerações, com a seguinte lição de Emmanuel:
"Os textos primitivos da organização cristã não falam da concepção da Igreja Romana, quanto à chamada "Santíssima Trindade". (...) Por largos anos, antes da Boa Nova, o bramanismo guardava a concepção de Deus, dividido em três princípios essenciais, que os seus sacerdotes denominavam Brama, Siva e Vishnu. Contudo, a Teologia, que se organizava sobre os antigos princípios do politeísmo romano, necessitava apresentar um complexo de enunciados religiosos, de modo a confundir os espíritos mais simples, mesmo porque sabemos que se a Igreja foi, a princípio, depositária das tradições cristãs, não tardou muito que o sacerdócio eliminasse as mais belas expressões do profetismo, inumando o Evangelho sob um acervo de convenções religiosas, e roubando às revelações primitivas a sua feição de simplicidade e de amor". (5)
(1) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Questão Nº 1.
(2) Revisão do Cristianismo, Herculano Pires, pág. 12, Ed. Paidéia - 1977.
(3) A Gênese, Allan Kardec, cap. XV, nºs 1 e 2, pág. 270, 18ª Edição - IDE-1988.
(4) Vida e Atos dos Apóstolos, Cairbar Schutel, pág. 6, 8ª Ed. O Clarim - 1987.
(5) O Consolador, Emmanuel, F.C.Xavier, Q. 264, pág. 159, 6ª Ed. FEB-1976.
(as.) Julio Laurentino de Lima - juliollima@gmail.com
(Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo, Fev/2008, pág. 15 - Editora O Clarim)
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A santíssima trindade para mim é o Poder do Criador(Deus), o Amor (Filho , pois é isso que Jesus veio ensinar o amor incondicional) e a Iluminação( Espirito Santo quando evoluímos)
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