O Espírito de Verdade
(José Francisco Costa Rebouças)
Como espírita que somos, procuramos dedicar toda a atenção aos ensinamentos
da nossa doutrina, com a intenção de externar nossa própria interpretação sobre
os diversos temas abordados por ela, perfeitamente fundamentados nos conceitos contidos
na codificação do espiritismo, visto que, encontramos vários assuntos, que são comentados
por muitos dos nossos confrades de maneira a nos deixar, perplexos, sem compreender
o que dizem, pois, por mais que pesquisemos, não conseguimos encontrar respaldo
na codificação elaborada pelos imortais da vida maior e tão bem realizada por Allan
Kardec no Pentateuco espírita, para justificar tais interpretações.
Refiro-me por exemplo, a um dos assuntos mais discutidos e que provoca bastante
polêmica entre os espiritistas, por se tratar de alguém tão importante para nós
e que é o grande responsável pela doutrina que professamos, o “Espírito de
Verdade”. Que muitos sustentam a opinião, de que se trata de uma falange
de espíritos que reunidos firmaram os conceitos da codificação, no que discordamos
pois temos a certeza pelo que encontramos noticiado nas obras espíritas, que
é o próprio Jesus quem usa de tal denominação para se exprimir em diversas mensagens
suas contidas nas obras básicas de Espiritismo.
Pois bem, quando digo que somos espíritas é porque só admito verdadeiramente
discutir qualquer título, sob a ótica espírita, se claro, estiver fundamentado nos
ensinos contidos na codificação e, pesquisando-a, podemos verificar que O Espírito
de Verdade, se manifesta isoladamente em várias comunicações contidas no Evangelho
Segundo o Espiritismo e, em outras tantas encontramos nomes de grandes trabalhadores
desta obra insuperável como: Santo Agostinho, São Luiz, Fénelon, etc..., que fizeram
parte da coletividade dos mensageiros do Mestre, sem assinarem suas comunicações
como o Espírito de verdade, e sim utilizando o nome de suas individualidades anteriormente
conhecidas.
Observando atentamente o contido no Livro dos Espíritos, exatamente no último
parágrafo dos Prolegômenos, não temos qualquer dúvida quanto ao que afirmamos, pois
entre as diversas personalidades do mundo maior, citadas como participantes ativos
da obra, está alguém que se denomina simplesmente como O Espírito da Verdade, conforme
segue:
“Lembra-te de que os Bons Espíritos só dispensam assistência aos que servem a
Deus com humildade e desinteresse e que repudiam a todo aquele que busca na senda
do Céu um degrau para conquistar as coisas da Terra; que se afastam do orgulhoso
e do ambicioso. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira erguida entre o
homem e Deus. São um véu lançado sobre as claridades celestes, e Deus não pode servir-se
do cego para fazer perceptível a luz.”
São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís,
O Espírito da Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg,
etc., etc.
Analisando o que acima está exposto, perguntamos: quem seria capaz de se proclamar
O Espírito da Verdade, senão ele que nos asseverou em (João 14/6), “eu sou o
caminho a verdade e a vida, ninguém vai ao pai senão por mim”?
Passamos agora ao contido na Revista espírita, que aqui selecionamos:
1) Revista Espírita 1861, pág.305, o Espírito Erasto sob o título; Epístola de
Erasto aos Espíritas Lioneses, lida no banquete de 19 de setembro de 1861, nos diz:
“Não pederíeis crer o quanto estou orgulhoso em distribuir, a todos e a cada
um, os elogios e os encorajamentos que o Espírito de verdade, nosso mestre
bem amado, me ordenou conceder às vossas piedosas coortes: a ti,
Diloud, a ti, sua digna companheira e a todos vossos devotados missionários que
derramais os benefícios do Espiritismo, obrigado pelo vosso concurso e pelo vosso
zelo”.
2) Revista Espírita 1864, pág.16, O Espírito Hahnemann, sob o Título; Um caso
de Possessão – Senhorita Julie, relata:
“Essas obsessões frequentes terão também um lado muito bom, naquilo que sendo
penetrada pela prece e pela força moral, pode-se fazê-la cessar e adquirir o direito
de expulsar os maus Espíritos, cada um procurará, pela melhoria de sua conduta adquirir
esse direito que o Espírito de Verdade, que dirige este globo, conferirá
quando for merecido. Tende fé e confiança em Deus, que não permite que se sofra
inutilmente e sem motivo”.
3) Revista Espírita 1864, págs. 399, O Espírito de verdade, sob o título; Comunicação
Espírita nos afirma:
"Há várias moradas na casa de meu Pai, eu lhes disse há dezoito séculos.
Estas palavras o Espiritismo veio fazer compreendê-las.
E vós, meus bem-amados, trabalhadores que suportais o ardor do dia, que credes
ter a vos lamentar da injustiça da sorte, bendizei vossos sofrimentos; agradecei
a Deus que vos dá os meios de quitar as dívidas do passado; orai, não dos lábios,
mas do vosso coração melhorado, para vir tomar, na casa de meu Pai
a melhor morada; porque os grandes serão rebaixados; mas, vós o sabeis, os pequenos
e os humildes serão elevados”.
4) Revista Espírita 1866, pág. 222, sob o título; Qualificação de Santo aplicada
a certos espíritos, ensina:
“ O Espírito que ditou a comunicação acima é, pois, muito absoluto no que concerne
a qualificação de santo, e não está na verdade dizendo que os Espíritos superiores
se dizem simplesmente Espíritos de Verdade, qualificação que não seria senão
um orgulho mascarado sob outro nome, e que poderia induzir em erro se tomado ao
pé da letra, porque ninguém pode se gabar de possuir a verdade absoluta, não mais
do que a santidade absoluta. A qualificação de Espírito de verdade, não
pertence senão a um e pode ser considerada como nome próprio; ela é especificada
no evangelho. De resto, esse Espírito se comunica raramente, e somente
em circunstâncias especiais; deve-se manter em guarda contra aqueles que se
apoderam indevidamente desse título: são fáceis de se reconhecer, pela prolixidade
e pela vulgaridade de sua linguagem”.
5) Revista Espírita 1867, pág 271, sob o título; Caracteres da Revelação Espírita,
descreve:
“Ora, como é o Espírito de verdade que preside ao grande movimento
de regeneração, a promessa de seu advento se encontra do mesmo modo realizada,
porque, por consequência, ele é que é o verdadeiro Consolador”.
6) Revista Espírita 1868, pág.49, o espírito LAMENNAIS, sob o título; Espíritos
Marcados, esclarece:
“Sim, meus filhos, o povo caminhará mais depressa na nova mensagem anunciada
pelo próprio Cristo, e todos virão escutar essa divina palavra, porque nela
reconhecerão a linguagem da verdade e o caminho da salvação. Deus que permitiu
esclarecer, sustentar vossa caminhada até esse dia, nos permitirá ainda vos dar as instruções que
vos são necessárias”.
7) Revista Espírita 1868, pág. 51, o espírito ERASTO, sob o título Futuro do
Espiritismo; informa:
"Eis, meus filhos, a verdadeira lei do Espiritismo, a verdadeira conquista
de um futuro próximo. Caminhai, pois, em vosso caminho imperturbavelmente, sem vos
preocupar com as zombarias de uns e amor-próprio ferido de outros. Estamos e ficaremos
convosco, sob a égide do Espírito de Verdade, meu senhor e o vosso".
A seguir, passamos a transcrever trechos do contido em outras obras da codificação
do espiritismo, para melhor fundamentarmos nossa afirmação em relação ao assunto
em pauta:
8) Logo no primeiro Capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo, no item 7, encontramos
o que abaixo transcrevemos:
“Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também
o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada
ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica,
em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem
cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das
coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside,
conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de
Deus na Terra”.
9) observemos agora, o teor da mensagem do Espírito de Verdade, relatada no Evangelho
Segundo o Espiritismo, Capítulo VI; item 5:
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
Advento do Espírito de Verdade
Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos
a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo,
como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos
incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande,
que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina
divinal.
Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade
e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis."
Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao
reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade.
Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros,
mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos
socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos,
mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! pois que a morte é
a ressurreição, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes
cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro.
Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis
o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e
reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.
Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias,
pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes
transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre
as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias
com as verdades.
Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este
o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana
os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada,
vozes vos clamam: "Irmãos! Nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os
vencedores da impiedade." - O Espírito de Verdade. (Paris, 1860.)
10) Livro dos Médiuns Capítulo IV; item 48:
Sistema unispírita, ou mono-espírita.
“Como variedade do sistema otimista,temos o que se baseia na crença de
que um único Espírito se comunica com os homens, sendo esse Espírito o Cristo,
que é o protetor da Terra. Diante das comunicações da mais baixa trivialidade,
de revoltante grosseria, impregnadas de malevolência e de maldade, haveria profanação
e impiedade em supor-se que pudessem emanar do Espírito do bem por excelência.
Se os que assim o crêem nunca tivessem obtido senão comunicações inatacáveis, ainda
se lhes conceberia a ilusão. A maioria deles, porém, concordam em que têm recebido
algumas muito ruins, o que explicam dizendo ser uma prova a que o bom Espírito os
sujeita, com o lhes ditar coisas absurdas. Assim, enquanto uns atribuem todas as
comunicações ao diabo, que pode dizer coisas excelentes para tentar, pensam outros
que só Jesus se manifesta e que pode dizer coisas detestáveis, para
experimentar os homens. Entre estas duas opiniões tão opostas, quem sentenciará?
O bom-senso e a experiência. Dizemos: a experiência, por ser impossível que os que
professam idéias tão exclusivas tudo tenham visto e visto bem.
Quando se lhes objeta com os fatos de identidade, que atestam, por meio de manifestações
escritas, visuais, ou outras, a presença de parentes ou conhecidos dos circunstantes,
respondem que é sempre o mesmo Espírito, o diabo, segundo aqueles, o Cristo,
segundo estes, que toma todas as formas. Porém, não nos dizem por que motivo
os outros Espíritos não se podem comunicar, com que fim o Espírito da Verdade
nos viria enganar, apresentando-se sob falsas aparências, iludir uma pobre mãe,
fazendo-lhe crer que tem ao seu lado o filho por quem derrama lágrimas. A
razão se nega a admitir que o Espírito, entre todos santo, desça
a representar semelhante comédia. Demais, negar a possibilidade de qualquer outra
comunicação não importa em subtrair ao Espiritismo o que este tem de mais suave:
a consolação dos aflitos? Digamos, pura e simplesmente, que tal sistema é irracional
e não suporta exame sério”.
11) Gênese Capítulo I – item 42:
“Demais, se se considerar o poder moralizador do Espiritismo, pela finalidade
que assina a todas as ações da vida, por tornar quase tangíveis as consequências
do bem e do mal, pela força moral, a coragem e as consolações que dá nas aflições,
mediante inalterável confiança no futuro, pela ideia de ter cada um perto de si
os seres a quem amou, a certeza de os rever, a possibilidade de confabular com eles;
enfim, pela certeza de que tudo quanto se fez, quanto se adquiriu em inteligência,
sabedoria, moralidade, até à última hora da vida, não fica perdido, que tudo aproveita
ao adiantamento do Espírito, reconhece-se que o Espiritismo realiza todas as promessas
do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito de Verdade
que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa da sua vinda se
acha por essa forma cumprida, porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador”.
12) Gênese Capítulo XVII – item 37:
“As religiões que se fundaram no Evangelho não podem, pois, dizer-se possuidoras
de toda a verdade, porquanto ele, Jesus, reservou para si a complementação
ulterior de seus ensinamentos”.
13) Gênese Capítulo XVII – item 39:
“O Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma
doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de
Verdade”.
14) Obras Póstumas – Segunda parte, 13ª edição:
Perguntas de Kardec, páginas: 271/272/274/275;
a) Reconhecê-lo-ei, depois de minha morte, no mundo dos Espíritos?
Resposta: Sobre isso não pode haver dúvida; será ele quem virá receber-te e felicitar-te,
se houveres desempenhado bem tua tarefa.
b) Meu espírito familiar, quem quer que tu sejas, agradeço-te o me teres vindo
visitar. Consentirás em dizer-me quem és?
Resposta: Para ti chamar-me-ei A VERDADE e todos os meses, aqui,
durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.
c) Terás animado na terra alguma personagem conhecida?
Resposta: Já ti disse que, para ti sou A VERDADE;
isto, para ti, quer dizer discrição; nada mais saberás a respeito.
Outras Obras Complementares:
15) Livro, Missionários da Luz – Capítulo 9:
O sábio instrutor Alexandre esclarece: - “Mediunidade constitui “meio de comunicação”,
e o próprio Jesus nos afirma: “eu sou a porta... se alguém entrar por mim será salvo
e entrará, sairá e achará pastagens”! Porque audácia incompreensível imaginais
a realização sublime sem vos afeiçoardes ao Espírito de Verdade, que é o próprio
Senhor?” Ouvi-me irmãos meus!... Se vos dispondes ao serviço divino,
não há outro caminho senão Ele, que detém a infinita luz da verdade e
a fonte inesgotável da vida! Não existe outra porta para a mediunidade celeste,
para o acesso ao equilíbrio divino que anelais no recôndito santuário do coração!
Somente através dELE, vivendo-lhe as sublimes lições, alcançareis a sagrada liberdade
de entrar nos domínios da Espiritualidade e deles sair, conquistando o pão eterno
que vos saciará a fome para sempre. Sem o Cristo, a mediunidade é
simples “meio de comunicação” e nada mais, mera possibilidade de informação, como
tantas outras, da qual poderão assenhorear-se também os interessados em perturbações,
multiplicando presas infelizes”.
Diante do que aqui expomos, extraídos do contido na codificação espírita, sem
pretensão de nos proclamar os donos da verdade, pois sabemos perfeitamente que só
o Cristo pode ostentar esse título, e respeitando as opiniões dos que pensam contrariamente
a nós, não podemos deixar de enfatizar que nossa afirmativa tem respaldo nos ensinos
do consolador.
Esperamos, ter contribuído para elucidar definitivamente essa dúvida, e doravante
seguirmos confiantes e convictos os ensinamentos da doutrina espírita, na absoluta
certeza de que o próprio Senhor Jesus é, “O Espírito de Verdade”.
Fonte: Portal do Espírito.
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