Em início de cursos de Espiritismo, um confrade faz uma enquete com a seguinte pergunta:
– O que está você fazendo na Terra?
Espantosamente, a maioria não soube 
responder. Significa que considerável parcela da Humanidade não sabe nem
 cogita saber por que cargas d’água estamos neste bólido celeste que é a
 Terra, viajando à velocidade vertiginosa de 108 mil quilômetros por 
hora em torno do Sol.
Pior: não se preocupa com sua ignorância!
Está aí uma das razões pelas quais 
poucos aproveitam integralmente as oportunidades de edificação que a 
reencarnação nos oferece.
Se nem mesmo sabem por que nasceram, por
 que vivem, e o que lhes vai acontecer portas adentro do túmulo, fica 
difícil cumprir os objetivos da jornada humana, a partir do princípio 
elementar de que ninguém está aqui em jornada de férias.
O resultado dessa displicência é o 
comportamento materialista, o comer, vestir, dormir, trabalhar, 
procriar, divertir-se, em lamentável marcar passo espiritual.
A Doutrina Espírita explica que não há 
retrocesso para o Espírito. Nossos patrimônios intelectuais, morais e 
espirituais, jamais se perdem.
Por concessão da Bondade Divina, o que 
somos hoje, fruto de nossas aquisições no pretérito, ao longo dos 
milênios, é inalienável.
Construímos um patrimônio que está 
guardado nos arquivos do inconsciente, a repercutir em nosso 
comportamento, jeito de ser, vocação, aptidões…
O problema é o estacionamento, o 
interromper o processo evolutivo com a inércia, a ausência de 
iniciativa, de empenho por aprender, crescer, conquistar novos 
patamares.
Isso costuma acontecer com o homem 
comum, muito preocupado com o próprio bem-estar, nada interessado em 
questões que ultrapassem os limites do imediatismo.
Onde passar o feriado prolongado? 
Como pagar o cartão de crédito estourado?
Questionar a contratação de um jogador de futebol…
Escolher a marca de cerveja…
Acompanhar a novela de destaque…
Criticar o governo…
Esses são alguns dos temas que 
centralizam suas cogitações, sem tempo nem espaço para algo menos 
prosaico; por exemplo, como definir como veio parar neste atribulado 
planeta.
Diz Montaigne (1533–1592):
“O proveito dos estudos consiste em nos tornarmos melhores e mais sábios.”
O grande escritor francês estava certíssimo.
O empenho de aprender e desdobrar 
conhecimentos alarga nossos horizontes, desenvolve nossa capacidade de 
percepção, faz-nos crescer em inteligência, cultura e entendimento, para
 que a jornada humana não seja para nós mera estagnação.
Há um detalhe ponderável, decorrente do 
comportamento estacionário: imaginemos alguém atravessando uma selva sem
 conhecer a topografia da região, a extensão da mata, as fontes de água…
Viagem atribulada, difícil, perigosa.
É exatamente o que acontece com o homo 
sapiens, quando não exercita sua condição, negligenciando a sapiência, 
visão comprometida pela ignorância, a tropeçar em suas próprias mazelas.
Não obstante, não basta o conhecimento. 
Há muita gente de grande cultura precipitando-se nos resvaladouros do 
vício, do materialismo, da corrupção, da violência, da maldade…
A cultura mal orientada é tão ou mais 
perniciosa do que a ignorância. Por isso, se é importante estudar, 
aprender as coisas do mundo em que vivemos, como recomenda Montaigne, 
igualmente importante é conhecer as coisas do mundo para onde iremos quando batermos as botas.
Isso só o Espiritismo pode fazer por nós, mostrando-nos uma ampla visão do Mundo Espiritual, onde está nossa verdadeira pátria.
Conscientiza-nos a Doutrina de que somos seres imortais, destinados à perfeição, no desdobrar de incontáveis existências neste mundo e em outros, convocados ao aprimoramento incessante.
Sobretudo, ficamos sabendo que sem esse 
esforço estaremos resvalando para a estagnação, em que sempre proliferam
 a indisciplina, o vício, o desregramento, de funestas consequências.
Por isso, é bom estarmos atentos à máxima atribuída a Allan Kardec:
“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”¹
Referência:
¹ Wantuil, Zêus; Thiesen, Francisco. Allan Kardec: o educador e o codificador. v. 2. 2. ed. 2. reimp. Brasília: FEB, 2010.
Fonte: Revista Reformador, julho/2018 
 

 
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