Eternidade
segunda-feira, 29 de julho de 2013
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Processo Desencarnatório
Para desvencilhar-se das amarras do organismo físico o Espírito necessita adestramento e habilidade que se desenvolvem desde quando deambula encarcerado no mecanismo da reencarnação.
Impressões longamente fixadas e sensações vividas com sofreguidão assinalam profundamente os tecidos sutis do perispírito, impondo necessidades e dependências que a morte não logra, de imediato, interromper.
Da mesma forma que o processo reencarnacionista se alonga desde a concepção até os primeiros momentos da adolescência, num complexo assenhoreamento das células que se submetem aos moldes do corpo de plasma biológico, a liberação da clausura exige um período de adaptação à realidde de retorno.
A ruptura dos vínculos de manutenção do Espírito ao corpo é somente um passo inicial na demorada proposta da desencarnação.
Normalmente encharcado de impressões de forte teor material, o Espírito se demora mimetizado pelas vibrações a que se ambientou, prosseguindo sob estados de variadas emoções que o aturdem.
Quando aclimatado às experiências psíquicas e mediúnicas, mais fácil se lhe faz desenovelar-se dos grilhões que o prendem à retaguarda, readquirindo a lucidez, cuja claridade racional apressa o mecanismo de libertação.
Mesmo assim, necessita de conveniente adaptação, a fim de readquirir as funções que jaziam bloqueadas pelo corpo ou sem uso conveniente, em razão do comportamento carnal.
A mente responde, portanto, por vasta quota de responsabilidade no fenômeno da morte física. Conforme a experiência corporal, assim se fará o desligamento espiritual.
Nesse transe, para o qual todos os homens se devem preparar, através de exercícios de renúncia e desapego, torna-se imprescindível o conhecimento da vida espiritual, que estua, atraente dando curso a quaisquer empreendimentos que, por acaso, fiquem interrompidos...
Desimpregnar-se das sensações mortificantes, que anteriormente escravizaram, é o capítulo mais penoso da convalescença post mortem.
Acostumado a viciações e hábitos perniciosos, que se comprazia em vitalizar com as atitudes físicas e mentais, vê-se o desencarnado subitamente interditado de dar-lhes prosseguimento, o que então lhe constitui tormento inenarrável, levando-o a arrojar-se sobre os despojos em decomposição.
Ávido de gozo impossível, nele próprio produzindo estados umbralinos de perturbação psíquica em que passa a jazer por longo período, ou se atira por afinidade de gostos, em intercursos obsessivos, em que as suas vítimas lhe emprestam o veículo para a nefária dependência.
A morte já não é um ponto de interrogação, como antes, graças às informações dos que lhe transpuseram a aduana e retornam para desvelar os aparentes enigmas que a vestiam com o misterioso sobrenatural.
O Espírito veste-se e despe-se do corpo obedecendo ao automatismo das leis do progresso, que propõem a solução dos seres, sendo facultado aos que o desejem, pelo esforço e estudo, a aprendizagem e o uso das técnicas de renascer e desencarnar sem choques nem padecimentos perfeitamente evitáveis.
Compreendendo que o fenômeno da morte faz parte do compromisso da vida, o homem se arma de valores para o momento da própria como da libertação dos afetos que voltará a encontrar na grande pátria de onde todos procedemos.
Com esse cuidado completa-se o quadro de auxílio aos desencarnados, por parte dos familiares e amigos que permanecerão por mais um pouco no corpo, evitando-se as emissões de ondas mentais de rebeldia e desespero, de mágoa e angústia, que são verdadeiros ácidos que ardem e requeimam naqueles desencarnados em cuja direção se arremessam tais vibrações de desconforto e insatisfação.
Morrer é desnudar-se diante da vida, é verdadeira bênção que traz o Espírito de volta ao convívio da família de onde partiu...
A experimentação mediúnica desenvolvida pelo Espiritismo é o mais seguro guia destinado a esclarecer o transe da morte e preparar os homens para a inevitável decorrência libertadora.
A libertação, todavia, depende de cada criatura que experimenta o acidente fisiológico que lhe interrompe o ciclo, propiciando a tranquilidade ou o demorado sofrimento que carpirá.
Partindo-se da experiência espírita que elucida o fenômeno da morte, ressuma a filosofia comportamental que se alicerça na moral cristã, lavrada no amor a Deus e ao próximo, a expressar a vivência da caridade sob todas as modalidades e em cuja prática o Espírito evolve, progredindo sem cessar no rumo da plenitude.
Espírito Manoel Philomeno de Miranda - Temas da Vida e da Morte - FEB.
SONAMBULISMO
Isto é um erro. A mediunidade, para nos situarmos em sua
conceituação, é a faculdade que possuímos de entrar em contato com o
plano espiritual. É uma faculdade que todos possuímos, embora se
manifeste diversamente, em qualidade e intensidade, nas diferentes
pessoas. A mediunidade possui um forte componente orgânico. Sabemos que a
glândula pineal, localizada no cérebro, tem importante papel na
mediunidade. Além da glândula pineal, localizada no corpo físico, nosso
corpo espiritual, ou perispírito, tem importante papel na mediunidade.
Conforme a doutrina espírita, no homem há três coisas: o espírito, que é
o ser inteligente; o corpo físico que é o instrumento e o perispírito,
que é o intermediário entre o espírito e o corpo. O médium, portanto, a
depender das qualidades de sua glândula pineal, e de seu perispírito,
pode apresentar diferentes tipos de mediunidade, e manifestar estas
faculdades mais ou menos intensamente, ou ostensivamente, como se
costuma falar. Como estamos tratando dos diferentes tipos de
mediunidade, vamos primeiro enumerá-las, para depois entrar em detalhes
sobre cada uma delas.
Inicialmente é preciso considerar que a
mediunidade é a faculdade pela qual os espíritos se manifestam a nós, e
que estas manifestações podem ser divididas em dois grandes grupos:
manifestações físicas e manifestações inteligentes. Chamamos de
manifestações físicas aquelas que não contém mensagens ou comunicações,
como pancadas, ruídos, movimento de objetos, aparições mudas, etc.
Chamamos de manifestações inteligentes aquelas nas quais os espíritos de
alguma forma se comunicam conosco, expondo suas ideias ou respondendo
nossas perguntas. Por vezes estas manifestações podem ocorrer
concomitantemente, ou seja, podem ocorrer ruídos e pancadas seguidas da
aparição de um espírito que se faça ouvir e com quem se possa palestrar.
Mas é importante lembrarmos que nem todos os médiuns são capazes de
produzir todos os fenômenos. Há médiuns clarividentes, por exemplo, que
não são capazes de fazer mover objetos, ou que nunca experimentaram o
assédio de pancadas e ruídos. Há excelentes médiuns psicógrafos que não
são capazes de ouvir espíritos. Há médiuns clariaudientes, que dialogam
frequentemente com diversos espíritos, que não são capazes de ver
espírito algum.
Ao contrário do que muitos pensam, ver
espíritos não é a faculdade mais desejável, nem a que faz render os
melhores frutos para a humanidade. A faculdade de psicografia oferece
inúmeras vantagens. A primeira delas é a de possibilitar registros
escritos, duradouros. A segunda, é que permite uma análise demorada da
comunicação, que permita a identificação e a comprovação da identidade
do espírito comunicante. A terceira é que pode ser impressa e
multiplicada a fim de distribuir a mensagem dos espíritos superiores. A
psicografia possui algumas características que valem a pena ser
destacadas. O médium que psicografa pode captar a mensagem de diferentes
maneiras. Pode ouvir um ditado em sua audição espiritual, que só o
médium ouve, e então traçar de próprio punho as letras que se lhe
sugere. É a psicografia intuitiva. Pode ser tomado de um frêmito em seu
braço, ou seus braços, e tomar um lápis ou caneta, traçando movimentos
involuntários e frequentemente que perfazem caracteres que o médium
desconhece, percebendo seu conteúdo somente após a mensagem, ao lê-la. É
a psicografia mecânica. A forma mais comum é a psicografia
semimecânica, que é um misto das duas. A psicografia, em casos mais
raros, pode apresentar a caligrafia do espírito comunicante, ou
especialmente, a caligrafia do espírito em sua assinatura.
O nosso saudoso médium Francisco Cândido
Xavier possuía esta característica em boa parte das mensagens que
psicografava, e isto muito ajudou na comprovação dos fenômenos
espíritas, e na constituição de uma prova da sobrevivência da alma após a
morte. Existem outros tipos de mediunidade, mas, neste momento, vamos
falar sobre mediunidade e sonambulismo.
Quando ocorre a eclosão mediúnica?
Se você se refere à fase em que a
mediunidade eclode, ou desponta, o mais comum é na adolescência, embora
possa se dar desde a infância até a maturidade. Mas é bom lembrar que
até os sete anos de idade a criança ainda não completou sua reencarnação
como um todo. É passível de se comunicar com “amigos imaginários”, que
na verdade se tratam de espíritos. E pessoas muito idosas, no leito de
morte, já iniciam o processo de desligamento, sendo igualmente capazes
de entrar em contato mais facilmente com a espiritualidade. Experiências
de quase-morte e momentos de grave doença são capazes de proporcionar
momentos de contato com o plano espiritual.
O que é o sonambulismo? É um tipo de mediunidade? Não se pode confundir o sonambulismo com a mediunidade sonambúlica.
Para tanto, vamos lembrar do que se trata
o sonambulismo. No sonambulismo, o espírito, durante o sono, se
desprende parcialmente do corpo físico. Neste estado, o espírito passa a
controlar o corpo, sendo capaz de levantá-lo de seu repouso e
dirigir-se a outros lugares da casa, permanecendo o corpo em estado de
sono. O espírito é capaz de guiar o corpo, mesmo estando este de olhos
fechados, abrir e fechar portas, apanhar objetos etc. Entretanto, é
importante lembrar que o fenômeno não é mediúnico. Na mediunidade
sonambúlica, ocorre um fenômeno análogo. Só que não é o espírito do
médium que passa a controlar o corpo, mas sim, outro. Daí que o fenômeno
passa a ser mediúnico. Só que o que se obtém, via de regra, não é um
passeio do corpo, mas uma comunicação, num estado em que o médium se
encontra completamente inconsciente.
Aparelhos eletrônicos que ligam sozinhos. Isso é mediunidade?
É mediunidade, frequentemente. Assim como
os espíritos são capazes de mover objetos, são capazes de pressionar
botões ou teclas que iniciam os aparelhos. É preciso, entretanto,
certificar-se de que se trata de um fenômeno mediúnico. Por exemplo, se
ocorre sempre com a mesma pessoa, é um indício, pois o fenômeno depende
de um médium de efeitos físicos presente. Se tratando de mais de um
aparelho, a hipótese de defeito mecânico fica menos provável,e assim por
diante. É preciso que o médium que se reconhece a partir destes
fenômenos procure educação mediúnica, o que não significa, de maneira
alguma, trabalho mediúnico ou desenvolvimento mediúnico. O que importa, é
conhecer a mediunidade para se prevenir contra os problemas que a
ignorância pode acarretar.
Quais outros meios para se ter certeza de que se trata mesmo de um fenômeno mediúnico?
Dois meios eu já indiquei, que consiste
na verificação da ocorrência do fenômeno a partir da presença de uma
pessoa em específico. Outro é o da verificação da ocorrência em mais de
um aparelho, pois seria muita coincidência que mais de um aparelho
estivesse com este defeito em especial. Um terceiro seria a verificação
da ocorrência de outros fenômenos físicos que se lhe acompanham, como
movimentos de objetos, ruídos etc. É preciso fé em Deus e nos espíritos
em diversas ocasiões da vida, mas na comprovação de fenômenos mediúnicos
é preciso uma boa dose de ceticismo.
Como podemos definir transe mediúnico?
“O estado de transe é esse grau de sono
magnético que permite ao corpo fluídico exteriorizar-se, desprender-se
do corpo carnal, e a alma tornar a viver por um instante sua vida livre e
independente (...)” Léon Denis - No Invisível.
Deste modo, poderíamos caracterizar o
transe mediúnico como um estado em que o médium se encontra em
desdobramento parcial, inconsciente, possibilitando uma mais ampla
comunicação do espírito comunicante. Entretanto, não é em todas as
manifestações mediúnicas que o médium entra em transe. Em uma casa
“mal-assombrada”, por exemplo, o médium simplesmente doa fluidos para
que os ruídos, gritos e pancadas se produzam, sem ao menos se dar conta
de que é a causa do fenômeno, apavorando-se com o mesmo. Ou seja, não
entra em um estado inconsciente que caracteriza o transe.
Qual é a diferença da psicofonia e da mediunidade sonambúlica?
Na verdade, estando o médium sonâmbulo,
ele é capaz de produzir a psicofonia, assim como a psicografia, entre
outros fenômenos. Entretanto, não é preciso estar sonâmbulo para tanto.
Esta é a diferença.
Como o médium deve se comportar, frente ao trabalho mediúnico?
Bem, as exigências se dão em dois
sentidos, o intelectual e o moral. Do ponto de vista intelectual, o
médium deve se instruir, tanto em nível de conhecimentos gerais, como no
de conhecimentos espíritas, sem esquecer os temas específicos da
mediunidade. Do ponto de vista moral, deve buscar sempre a dignidade,
amparando-se no evangelho cristão.
Entrevista realizada pelo cana IRC-Espiritismo e publicada na edição 36 da Revista Cristã de Espiritismo.
terça-feira, 23 de julho de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Vontade - Ferramenta da Evolução
VONTADE: FERRAMENTA DA EVOLUÇÃO
Há,
porém, muitas outras coisas que Jesus fez;
e se cada uma das quais
fosse escrita, cuido que
nem ainda o mundo todo poderia conter os livros
que se escrevessem. Amém. (João, 21:25)
Jesus
não perdia a menor oportunidade para ensinar; qualquer situação,
qualquer momento, aparentemente insignificante, suscitava para Ele
lições de extremada importância para a Humanidade. O tempo urgia, não
podia tergiversar. Cada momento tinha o seu valor.
Uma dentre tantas lições de profundeza moral merece destaque especial (Marcos, 11:12 a 14; 19 a 26):
"E
no dia seguinte, quando saíram de Betânia teve fome. E vendo de longe
numa figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa: e
chegando a ela não achou senão folhas, porque não era tempo de figos.
E Jesus falando, disse à figueira: nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isto. (...)
E
sendo já tarde saiu fora da cidade. E eles, passando pela manhã, viram
que a figueira se tinha secado desde as raízes. E Pedro, lembrando-se,
disse-lhe: Mestre, eis que a figueira que tu amaldiçoaste secou. E
Jesus, respondendo, disse-lhe: Tende fé em Deus; Porque, em verdade vos
digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te ao mar; e
não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o
que disser lhes será feito. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes,
orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis; E, quando estiverdes orando,
perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai que
está nos céus vos perdoe as vossas ofensas; Mas, se vós não perdoardes,
também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas
ofensas."
É
interessante observar que, nessa belíssima passagem evangélica, de
profunda significação, Pedro não compreendeu de imediato a lição do
Mestre, ele sentiu apenas o que seus sentidos registraram, e assim
entendeu a atitude de Jesus como se fosse uma maldição.
O
divino Amigo, todavia, não tinha tempo a perder, não tentou sequer
justificar-se. Ele, a personificação do Amor, jamais prejudicaria quem
quer que fosse; quanto mais uma inofensiva árvore, por não ter frutos
fora de época. Ele tinha conhecimento de todas as leis da Natureza e em
instante algum as transgrediria.
A
atitude de Jesus descortinou, como em tantos outros momentos, a
sabedoria do Grande Mestre: demonstrar na prática o poder que o homem
carrega dentro de si; poder esse que, usado à revelia, pode causar
malefícios irreversíveis não só contra a Natureza, mas também contra si e
os semelhantes.
(Sabe-se
hoje, através de estudos e também pela revelação dos Espíritos, o poder
que o pensamento armazena e se expressa pelas palavras. E, de acordo
com a emoção, o vigor veiculado, emite jatos de energia magnética na
direção do sujeito ou objeto focalizado.)
Primeiro
a lição prática: Jesus usou a vontade, através das palavras, para secar
a figueira. Deu um tempo suficiente e retornou para completar a lição
por meio da teoria.
É então que ressalta o poder da palavra quando pronunciada com fé somada ao poder da oração: "Tende fé em Deus (...), tudo que pedirdes orando crede que o recebereis e tê-lo-eis..."
Mas não deixa de alertar sobre a importância do perdão: "(...)
e quando estiverdes orando perdoai se tendes alguma coisa contra
alguém, para que vosso Pai que está nos céus vos perdoe as vossas
ofensas."
Neste
alerta está nitidamente expressa a força poderosa da Vontade. Jesus
usou-a. Os homens podem também usá-la. A tarefa que aguardava os Seus
discípulos exigia um grande esforço interior, muita vontade, e bem
dirigida, para prosseguirem até o fim.
Logo em seguida, completando o alerta, o Mestre conclui: (...) mas se vós não perdoardes, também vosso Pai que está nos céus vos não perdoará as vossas ofensas."
Nessa
conclusão, Jesus esclarece que os atos oriundos de qualquer ofensa não
serão perdoados. Portanto, cada ação é da responsabilidade de seu autor
perante as divinas leis.
O
Homem encarnado, em sua tríplice composição - corpo, perispírito,
Espírito -, ainda desconhece o potente manancial fluídico que possui.
Assim sendo, usa-o às cegas, como a criança que não avalia o perigo que
representam certos elementos e objetos nas próprias mãos.
O
perispírito, corpo fluídico do Espírito, está intimamente ligado ao
corpo físico e ao Espírito; assim sendo, conduz o pensamento que se
exterioriza sob o comando poderoso e autoritário da vontade.
A
atividade constante, dinâmica, ininterrupta do pensamento, sob esse
comando, age vigorosamente sobre a atmosfera do ambiente em que atua;
sobre as pessoas com as quais convive; sobre o próprio corpo espiritual,
que, por sua vez, reflete no corpo físico e no Espírito. A reação se
apresenta de acordo com a qualidade da emissão - boa ou má, superior ou
inferior, construtiva ou destrutiva, viciosa ou edificante - que será
multiplicada pelo tipo de companhia espiritual que possa atrair.
Assim, pensamentos, palavras de amor, ternura, piedade projetam energias salutares que impregnam a atmosfera em que se respira:
Deus
te abençoe! Tenha um bom dia! Tudo vai dar certo! Esse procedimento
atrai os bons Espíritos que, por sua vez, colaboram na emissão de
energias enriquecedoras.
Todavia, pensamentos e palavras de ódio, raiva, deboche, revolta, projetam energias deletérias:
Maldição!
Vá pro inferno! Nada dá certo comigo! Todo tipo de obscenidade e
palavrões. E os Espíritos infelizes são atraídos pelo magnetismo
emitido, aproximam-se e colaboram na ampliação dos fluidos saturados,
bem como na concretização dos pensamentos infelizes.
Por
isso, frases otimistas, cheias de fé, de esperança, reanimam. Frases
pessimistas abatem o ânimo. Portanto, o estado de ânimo depende da vontade, do querer.
Existe
um axioma popular que diz: "Querer é poder!" Realmente, o querer, a
vontade, são poderosos. Quando se quer com vigor, consegue-se, pois a
emissão das energias é impulsionada pela vontade e dá força para
reverter qualquer estado negativo, depressivo em que se encontra. Com
fé, se atraem amigos espirituais e, através da oração, estabelece-se
sintonia com os Planos Superiores. Por isso, Jesus afirmou: (...)
qualquer que disser a este monte ergue-te e lança-te ao mar, e não
duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que
disser lhe será feito."
A
vontade se manifesta através dos pensamentos, palavras, gestos, atos,
nos momentos mais simples da vida, quando se quer, ou não se quer:
falar, andar, comer, sorrir, chorar... até os atos mais complexos:
pensar, refletir, progredir, amar, obedecer, estudar, criar, prejudicar,
mentir, acusar, e assim por diante.
A
vontade pode ser direcionada a favor do próprio indivíduo ou contra
ele, os semelhantes, a Natureza, um ideal. Para o bem, para o mal. Para
construir, para destruir.
Léon Denis define muito bem a vontade: "A
Vontade é força suprema; é a própria alma que exerce o seu império
sobre as potências inferiores: o uso que dela façamos determinará nosso
adiantamento preparando o nosso futuro, fortificando-nos ou
deprimindo-nos." ("Depois da Morte", pág. 212).
Num outro momento, o grande estudioso da Doutrina dos Espíritos afirma:
O
poder da vontade sobre os fluidos é ilimitado e aumenta com a elevação
do Espírito. No ambiente terrestre, seu poder sobre a matéria é
limitado, visto que o homem não se conhece e não sabe utilizar as forças
que estão nele..." (Idem, pág. 209).
O
poder da vontade se compara ao da água e do fogo: Quando bem
direcionados, controlados, são os maiores indutores do progresso; porém,
sem controle, sem limites, causam tragédias e destruições.
No
episódio da figueira, Jesus demonstrou o poder de destruição da
vontade, e a necessidade de usá-la para o bem. Para tanto, acrescentou a
fé, a oração e o perdão, para que seus efeitos se ampliassem.
Na
breve existência sobre a Terra, Seus feitos exaltaram não apenas o
poder da vontade, mas também os seus benefícios: curou cegos,
paralíticos, leprosos, obsidiados, acalmou tempestades, caminhou sobre
as águas, suportou dores físicas e morais superlativas. Jesus manipulava
os fluidos com conhecimento de causa. Assim, usou a figueira para que
Seus discípulos testemunhassem a força, o manancial de energia que cada
um possuía e, ao mesmo tempo, aprendessem a manipular corretamente essas
energias. É preciso conhecer a ferramenta para utilizá-la com proveito.
O
mal não é criação divina. É o produto da inferioridade do homem. Deus
deu-lhe as ferramentas para serem bem usadas. Quando mal utilizadas,
produzem malefícios, tanto para si quanto para os semelhantes, afetando a
ambiência em que vive. Assim, ao observar detalhadamente as múltiplas
utilidades que uma lâmina apresenta, em suas diferentes versões,
perceber-se-á que abre caminhos ásperos; facilita a vida doméstica;
salva vidas e as prolonga em salas de cirurgia. Tornou-se, portanto,
instrumento de sobrevivência da Humanidade. No entanto, nem sempre se
imagina quanto mal, quanta desgraça acarreta quando mal empregada.
Todavia, nos bastidores de toda essa dinâmica progressiva ou destrutiva a
vontade se faz presente.
A
vontade, mal direcionada pelo homem, é hoje a principal causadora dos
despautérios em que a Terra se debate. É necessário reverter o
direcionamento de seus desejos para o bem comum, para o amor, para a
fraternidade. Ninguém vive feliz projetando destruição... Pois,
destruindo a seara alheia se destrói as próprias fontes de vida em que
se respira.
A demonstração do Divino Amigo para Seus discípulos foi também para a Humanidade de todos os tempos: "Nunca mais coma alguém fruto de ti."
Nessa breve demonstração, iluminou consciências inexperientes: tudo que se destrói no presente, com certeza faltará no futuro.
Sem
vontade não se constrói, não se evolui. A vida se compõe de desafios
constantes. A cada desafio vencido, uma vitória alcançada. Se a cada
desafio forem somados a força da fé, o poder da oração e a plenitude do
perdão, não há o que temer. A vontade bem direcionada conduzirá a alma
pelos caminhos do Amor.
Nos momentos cruciais em que as asperezas das provas enfraquecerem a vontade, é importante recordar:
Num
momento de ira, Moisés destruiu as tábuas da lei; mas, de vontade
firme, armou-se de humildade, retornou à áspera tarefa e recuperou os
Dez Mandamentos.
Num momento de inferioridade, Judas traiu Jesus.
Num instante de medo, a vontade de Pedro vacilou, e ele negou Jesus.
Num momento de autoridade, Paulo perseguiu Jesus; todavia, num arroubo de coragem, abandonou tudo e seguiu Jesus.
Com a vontade centrada no Divino Mestre Jesus, todos se redimiram.
A. Merci Spada Borges - "O Reformador" - Novembro/2000 - Págs. 336/337.
domingo, 21 de julho de 2013
sábado, 20 de julho de 2013
Vigiai e Orai para não cairdes em tentação
No evangelho de Mateus, encontramos as palavras de Jesus
“Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”.
Essa
frase de Jesus tem subjacente uma sabedoria extraordinária, já não
representa um simples preceito moral ou religioso, mas passa com a
doutrina espírita a ser entendido como lei.
O
mestre tinha uma missão a cumprir: ensinar ao homem as leis do amor, do
perdão e da prática da caridade, leis emanadas de Deus, que governam os
homens, os espíritos e os mundos sem exceção.
Para
passar esses ensinos ele não poderia derrogar as leis naturais, pois
era necessário que o homem através do progresso das ciências atingisse
níveis de compreensão mais elevados.
Sendo
conhecedor do estágio evolutivo do homem “espírito em evolução” a quem
se dirigia, e dada a sua elevada categoria espiritual, encontrou na
simplicidade e na parábola, a fórmula mágica para passar o amor e a
verdade, sem ferir, sem magoar, sem escandalizar.
Hoje
porém, e fruto dos conhecimentos entretanto alcançados pelas ciências e
pelo intelecto, surge o Consolador prometido, a doutrina espírita, que
nos revela essas leis de forma mais esclarecida, mais prática e mais
racional.
Vamos
analisar por partes cada um destes itens “vigiai”, “orai”, “para na
cairdes em tentação” para que melhor possamos compreender o profundo
alcance trazido por Jesus.
Porque devemos vigiar?
Neste item teremos de ter atenção a dois tipos de vicissitudes, as de ordem material e as de ordem espiritual.
Em
relação à matéria deveremos conhecer as nossas tendências no sentido de
eliminarmos o que há em nós de instintos inferiores que acalentamos no
nosso íntimo, pois devemos ter presente que somos espíritos em evolução
portadores de defeitos e virtudes que revelam a nossa essência.
A vigilância faz-se necessária pois o quotidiano apresenta-nos constantemente situações que nos sugestionam e condicionam.
Para
melhor compreender esse efeito, vejamos como exemplo o marketing, que
mais não faz que sugestionar na nossa mente o desejo de consumir.
Analogamente
no nosso inconsciente acalentamos ideias inferiores que fazem parte do
nosso património espiritual, que quando sugestionadas por fatores
externos “reflexos condicionados psíquicos” com a ajuda de mentes afins,
accionam e potenciam, essas mesmas ideias e tendências inferiores.
Essas
mesmas tendências que trazemos em nós, uma vez despertas, fazem
accionar a mente impulsionando o desejo, e como consequência voltamos a
vivenciar experiencias negativas do passado.
Não
podemos esquecer também que pelo acto de pensar permutamos ideias,
influenciamos e somos influenciados por mentes afins, que tanto podem
ser encarnados como desencarnados, que nos sugestionam a fim de que lhes
possamos satisfazer os apetites.
Como
verificamos, a aproximação dessas entidades é feita a convite, ou seja,
se acalentamos paixões inferiores, atraímos para nós, sobre a nossa
responsabilidade, entidades que potenciam em nós tudo o que nos liga à
matéria e que nos faz estagnar na marcha evolutiva.
Ficamos a perceber as palavras de Emmanuel no livro Fonte Viva, quando nos diz:
“As mais terríveis tentações decorrem do fundo sombrio de nossa
individualidade, assim como o lodo mais intenso, capaz de tisnar o lago,
procede do seu próprio seio.
Renascemos na Terra com as forças desequilibradas do nosso pretérito para as tarefas do reajuste.
Nas raízes de nossas tendências, encontramos as mais vivas sugestões de inferioridade.
Não
te proponhas, desse modo, atravessar o mundo, sem tentações. Elas
nascem contigo, assomam de ti mesmo e alimentam-se de ti, quando não as
combates, dedicadamente, qual o lavrador sempre disposto a cooperar com a
terra da qual precisa extrair as boas sementes.”
Allan
Kardec, o codificador do espiritismo ao desenvolver a explicação da
oração dominical, no seu Cap. XXVIII do Evangelho Segundo o Espiritismo
esclarece:
“-
A causa do mal está em nós próprios, e os maus Espíritos apenas se
aproveitam de nossas tendências viciosas, nas quais nos entretêm, para
nos tentarem.
-
Cada imperfeição é uma porta aberta às suas influências, enquanto eles
são impotentes e renunciam a qualquer tentativa contra os seres
perfeitos.
-
Tudo o que possamos fazer para afastá-los será inútil, se não lhes
opusermos uma vontade inquebrantável na prática do bem, com absoluta
renúncia ao mal.
-
É, pois, contra nós mesmos que devemos dirigir os nossos esforços, e
então os maus Espíritos se afastarão naturalmente, porque o mal é o que
os atrai, enquanto o bem os repele.”
Como
podemos verificar as tendências inferiores que fazem parte do nosso
património evolutivo, manifestam-se naturalmente, daí a necessidade da
vigilância permanente das nossas tendências.
Porque devemos orar?
A
oração é um ato através do qual nos colocamos em sintonia permutando
energias com as esferas mais altas da vida, com entidades do bem,
sublimando sentimentos.
Essa
permuta de energias aproxima as entidades do bem que nos aconselham e
ajudam a superar as nossas fraquezas e como sabemos onde há entidades do
bem, as entidades do mal afastam-se não podendo actuar sobre nós, uma
vez que não lhes estamos a dar o campo de sintonia para lhe absorver a
influenciação.
Através da prece, conforme no explica Allan Kardec, no cap. XXVII do Evangelho Segundo o Espiritismo, Item 7:
E o que ainda lhe concederá, são os meios de se livrar das dificuldades, com a ajuda das ideias que lhe serão sugeridas pelos Bons Espíritos, de maneira que lhe restará o mérito da acção.
Deus assiste aos que se ajudam a si mesmos, segundo a máxima: "Ajuda-te e o céu te ajudará", e não aos que tudo esperam do socorro alheio, sem usar as próprias faculdades.
Mas, na maioria das vezes, preferimos ser socorridos por um milagre, sem nada fazermos.”
Explica ainda Allan Kardec, no cap. XXVII do Evangelho Segundo o Espiritismo, Item 10:
Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera.
Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao infinito.
Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente está na razão directa da energia do pensamento e da vontade.
É assim que a prece é ouvida pelos Espíritos, onde quer que eles se encontrem, assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem a suas inspirações, e que as relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados.“
Como verificamos, somos regidos por leis de sintonia, permutamos energias com encarnados e desencarnados.
De acordo com os nossos sentimentos e com as nossas aspirações teremos ao nosso redor entidades que nutrem os mesmos valores.
Dependendo
da nossa “vigia” ou “ policiamento” dos pensamentos emitidos,
naturalmente teremos mais condições de atrair entidades do bem que nos
inspiram no caminho recto, recebendo-lhes a influenciação benéfica.
Em
contrapartida se não “vigiamos” os pensamentos, atrairemos os que
pensam na mesma ordem de valores, recebendo-lhes a influenciação
correspondente, “caindo na tentação”, conforme nos advertiu Jesus.
Bibliografia:
Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec
Fonte Viva; Francisco Candido Xavier
Desenvolvimento Mediúnico; Rino Curti
Carlos Santa Marinha
Fonte: http://portugalespiritsmo.blogspot.pt
sexta-feira, 19 de julho de 2013
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Deus está em toda parte
Como
Deus tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, pode se imiscuir
nos detalhes ínfimos, se preocupar com os menores atos e os menores
pensamentos de cada indivíduo? Tal é a questão que se coloca
frequentemente.
Em seu estado atual de inferioridade, os homens não podem, senão dificilmente, compreender Deus infinito, porque eles mesmos são acanhados e limitados, é porque eles o imaginam acanhado e limitado como eles; imaginam-no como um ser circunscrito, e fazem a si mesmos dele uma imagem à sua imagem. Nossos quadros que o pintam sob os traços humanos não contribuem pouco para manter esse erro no espírito das massas, e que adoram nele a forma mais do que o pensamento. Para a grande maioria é um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidão dos céus, e porque suas faculdades e suas percepções são limitadas, não compreende que Deus possa ou se digne intervir diretamente nas menores coisas.
Na impossibilidade em que está o homem para compreender a própria essência da divindade, não pode dele se fazer senão uma ideia aproximada com a ajuda de comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que podem, pelo menos, mostrar-lhe a possibilidade daquilo que, à primeira vista, lhe parece impossível.
Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos, é evidente que cada molécula desse fluido produzirá sobre cada molécula da matéria com a qual está em contato, uma ação idêntica a que produziria a totalidade do fluido. É o que a química nos mostra a cada passo.
Esse fluido, sendo sem inteligência, age mecanicamente tão-só pelas forças materiais; mas se supusermos esse fluido dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, ele agirá, não mais cegamente, mas com discernimento, com vontade e liberdade; ele verá, ouvirá e sentirá.
As propriedades do fluido perispiritual podem disso nos dar uma ideia. Ele não é inteligente por si mesmo, uma vez que é matéria, mas é o veículo do pensamento, das sensações e das percepções do espírito, consequentemente, é da sutileza desse fluido que os Espíritos penetram por toda parte, desvendam nossos pensamentos, vêm e agem à distância; é a esse fluido, chegado a um certo grau de depuração, que os Espíritos superiores devem o dom da ubiqüidade; basta um raio do seu pensamento dirigido sobre diversos pontos, para que possam ali manifestar sua presença simultaneamente. A extensão dessa faculdade está subordinada ao grau de elevação e de depuração do Espírito.
Mas os Espíritos, por elevados que sejam, são criaturas limitadas em suas faculdades, de seu poder e da extensão de suas percepções não poderiam, sob esse aspecto, se aproximar de Deus; no entanto, eles podem nos servir de ponto de comparação. O que um Espírito não pode cumprir senão num limite restrito; Deus, que é infinito, o cumpre em proporções infinitas. Há ainda esta diferença de que a ação do Espírito é momentânea e subordinada às circunstâncias: a de Deus é permanente; o pensamento do Espírito não abarca senão um tempo e um espaço circunscritos; o de Deus abarca o universo e a eternidade. Em uma palavra, entre os Espíritos e Deus há a distância do finito ao infinito.
O fluido perispiritual não é o pensamento do Espírito, mas o agente e o intermediário desse pensamento; como é o fluido que o transmite, dele está de alguma sorte impregnado, e na impossibilidade que estamos de isolar o pensamento, parece não fazer senão um com o fluido, como o som não faz senão um com o ar, de sorte que podemos, por assim dizer, materializá-lo. Do mesmo modo que dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito pela causa, dizer que o fluido se torna inteligente.
Que seja assim ou não o pensamento de Deus, quer dizer que ele agisse diretamente ou por intermédio de um fluido, para a facilidade de nossa inteligência, nos representemos esse pensamento sob a forma conoreta de um fluido inteligente enchendo o universo infinito, penetrando todas as partes da criação: a Natureza inteira está mergulhada no fluido divina, tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude; não há um ser, por ínfimo que seja, que dele não esteja de alguma sorte saturado.
Estamos, assim, constantemente em presença da Divindade; não há uma única de nossas ações que possamos subtrair ao seu olhar; nosso pensamento está em contato com o seu pensamento, e é com razão que se diz que Deus lê nas mais profundas dobras de nosso coração; estamos nele como ele está em nós, segundo a palavra do Cristo, para estender sua solicitude sobre as menores criaturas, não tem necessidade de mergulhar seu olhar do alto da imensidão, nem deixar a morada de sua glória, porque esta morada está por toda parte; nossas preces, para serem ouvidas por ele, não têm necessidade de transpor o espaço, nem de serem ditas com uma voz retumbante, porque, sem cessar, penetrados por ele, nossos pensamentos repercutem nele.
A imagem de um fluido inteligente universal, evidentemente, não é senão uma comparação, mas própria para dar uma ideia mais justa de Deus do que os quadros que o representam sob a figura de um velho com longa barba, coberto com um manto. Não podemos tomar nossos pontos de comparação senão nas coisas que conhecemos; é por isto que se diz todos os dias: O olhar de Deus, a mão de Deus, a voz de Deus, o sopro de Deus, a face de Deus. Na infância da Humanidade, o homem toma suas comparações pela letra; mais tarde, seu espírito, mais apto a agarrar as abstrações, espiritualiza as ideias materiais. A de um fluido universal inteligente, penetrando tudo, como seria o fluido luminoso, o fluido calórico, o fluido elétrico ou qualquer outro, se fossem inteligentes, tem por objeto fazer compreender a possibilidade para Deus de estar em toda a parte, de se ocupar de tudo, de velar sobre um ramo de planta como sobre os mundos. Entre ele e nós a distância está suprimida; compreendemos sua presença, e este pensamento, quando nos dirigimos a ele, aumenta a nossa confiança, porque não podemos mais dizer que Deus está muito longe e é muito grande para se ocupar de nós. Mas este pensamento, tão consolador para o humilde e para o homem de bem, é muito terrificante para o mau e os orgulhosos endurecidos, que esperam subtrair-se a ele por causa da distância, e que, doravante, se sentirão sob o aperto de seu poder.
Nada impede de admitir, para o princípio de soberana inteligência, um centro de ação, um foco principal irradiando sem cessar, inundando o universo com seus eflúvios, como o sol com a sua luz. Mas, onde está esse foco? É provável que não esteja mais fixado sobre um ponto determinado quanto não o é a sua ação. Se simples Espíritos têm o dom da ubiqüidade, esta faculdade em Deus deve ser sem limites.
Deus enchendo o universo, poder-se-ia admitir, a título de hipótese, que esse foco não tem necessidade de se transportar, e que ele se forma sobre todos os pontos onde a sua soberana vontade julga a propósito se produzir, de onde poder-se-ia dizer que ele está por toda a parte e em nenhuma parte.
Diante desses problemas insondáveis, nossa razão deve se humilhar. Deus existe: disso não poderíamos duvidar; ele é infinitamente justo e bom; é sua essência; sua solicitude se estende a tudo: nós o compreendemos agora; sem cessar em contato com ele, podemos orar com a certeza de ser ouvido por ele; não pode querer senão o nosso bem, é porque devemos ter confiança nele. Eis o essencial; para o restante esperemos que sejamos dignos para compreende-lo.
Em seu estado atual de inferioridade, os homens não podem, senão dificilmente, compreender Deus infinito, porque eles mesmos são acanhados e limitados, é porque eles o imaginam acanhado e limitado como eles; imaginam-no como um ser circunscrito, e fazem a si mesmos dele uma imagem à sua imagem. Nossos quadros que o pintam sob os traços humanos não contribuem pouco para manter esse erro no espírito das massas, e que adoram nele a forma mais do que o pensamento. Para a grande maioria é um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidão dos céus, e porque suas faculdades e suas percepções são limitadas, não compreende que Deus possa ou se digne intervir diretamente nas menores coisas.
Na impossibilidade em que está o homem para compreender a própria essência da divindade, não pode dele se fazer senão uma ideia aproximada com a ajuda de comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que podem, pelo menos, mostrar-lhe a possibilidade daquilo que, à primeira vista, lhe parece impossível.
Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos, é evidente que cada molécula desse fluido produzirá sobre cada molécula da matéria com a qual está em contato, uma ação idêntica a que produziria a totalidade do fluido. É o que a química nos mostra a cada passo.
Esse fluido, sendo sem inteligência, age mecanicamente tão-só pelas forças materiais; mas se supusermos esse fluido dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, ele agirá, não mais cegamente, mas com discernimento, com vontade e liberdade; ele verá, ouvirá e sentirá.
As propriedades do fluido perispiritual podem disso nos dar uma ideia. Ele não é inteligente por si mesmo, uma vez que é matéria, mas é o veículo do pensamento, das sensações e das percepções do espírito, consequentemente, é da sutileza desse fluido que os Espíritos penetram por toda parte, desvendam nossos pensamentos, vêm e agem à distância; é a esse fluido, chegado a um certo grau de depuração, que os Espíritos superiores devem o dom da ubiqüidade; basta um raio do seu pensamento dirigido sobre diversos pontos, para que possam ali manifestar sua presença simultaneamente. A extensão dessa faculdade está subordinada ao grau de elevação e de depuração do Espírito.
Mas os Espíritos, por elevados que sejam, são criaturas limitadas em suas faculdades, de seu poder e da extensão de suas percepções não poderiam, sob esse aspecto, se aproximar de Deus; no entanto, eles podem nos servir de ponto de comparação. O que um Espírito não pode cumprir senão num limite restrito; Deus, que é infinito, o cumpre em proporções infinitas. Há ainda esta diferença de que a ação do Espírito é momentânea e subordinada às circunstâncias: a de Deus é permanente; o pensamento do Espírito não abarca senão um tempo e um espaço circunscritos; o de Deus abarca o universo e a eternidade. Em uma palavra, entre os Espíritos e Deus há a distância do finito ao infinito.
O fluido perispiritual não é o pensamento do Espírito, mas o agente e o intermediário desse pensamento; como é o fluido que o transmite, dele está de alguma sorte impregnado, e na impossibilidade que estamos de isolar o pensamento, parece não fazer senão um com o fluido, como o som não faz senão um com o ar, de sorte que podemos, por assim dizer, materializá-lo. Do mesmo modo que dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito pela causa, dizer que o fluido se torna inteligente.
Que seja assim ou não o pensamento de Deus, quer dizer que ele agisse diretamente ou por intermédio de um fluido, para a facilidade de nossa inteligência, nos representemos esse pensamento sob a forma conoreta de um fluido inteligente enchendo o universo infinito, penetrando todas as partes da criação: a Natureza inteira está mergulhada no fluido divina, tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude; não há um ser, por ínfimo que seja, que dele não esteja de alguma sorte saturado.
Estamos, assim, constantemente em presença da Divindade; não há uma única de nossas ações que possamos subtrair ao seu olhar; nosso pensamento está em contato com o seu pensamento, e é com razão que se diz que Deus lê nas mais profundas dobras de nosso coração; estamos nele como ele está em nós, segundo a palavra do Cristo, para estender sua solicitude sobre as menores criaturas, não tem necessidade de mergulhar seu olhar do alto da imensidão, nem deixar a morada de sua glória, porque esta morada está por toda parte; nossas preces, para serem ouvidas por ele, não têm necessidade de transpor o espaço, nem de serem ditas com uma voz retumbante, porque, sem cessar, penetrados por ele, nossos pensamentos repercutem nele.
A imagem de um fluido inteligente universal, evidentemente, não é senão uma comparação, mas própria para dar uma ideia mais justa de Deus do que os quadros que o representam sob a figura de um velho com longa barba, coberto com um manto. Não podemos tomar nossos pontos de comparação senão nas coisas que conhecemos; é por isto que se diz todos os dias: O olhar de Deus, a mão de Deus, a voz de Deus, o sopro de Deus, a face de Deus. Na infância da Humanidade, o homem toma suas comparações pela letra; mais tarde, seu espírito, mais apto a agarrar as abstrações, espiritualiza as ideias materiais. A de um fluido universal inteligente, penetrando tudo, como seria o fluido luminoso, o fluido calórico, o fluido elétrico ou qualquer outro, se fossem inteligentes, tem por objeto fazer compreender a possibilidade para Deus de estar em toda a parte, de se ocupar de tudo, de velar sobre um ramo de planta como sobre os mundos. Entre ele e nós a distância está suprimida; compreendemos sua presença, e este pensamento, quando nos dirigimos a ele, aumenta a nossa confiança, porque não podemos mais dizer que Deus está muito longe e é muito grande para se ocupar de nós. Mas este pensamento, tão consolador para o humilde e para o homem de bem, é muito terrificante para o mau e os orgulhosos endurecidos, que esperam subtrair-se a ele por causa da distância, e que, doravante, se sentirão sob o aperto de seu poder.
Nada impede de admitir, para o princípio de soberana inteligência, um centro de ação, um foco principal irradiando sem cessar, inundando o universo com seus eflúvios, como o sol com a sua luz. Mas, onde está esse foco? É provável que não esteja mais fixado sobre um ponto determinado quanto não o é a sua ação. Se simples Espíritos têm o dom da ubiqüidade, esta faculdade em Deus deve ser sem limites.
Deus enchendo o universo, poder-se-ia admitir, a título de hipótese, que esse foco não tem necessidade de se transportar, e que ele se forma sobre todos os pontos onde a sua soberana vontade julga a propósito se produzir, de onde poder-se-ia dizer que ele está por toda a parte e em nenhuma parte.
Diante desses problemas insondáveis, nossa razão deve se humilhar. Deus existe: disso não poderíamos duvidar; ele é infinitamente justo e bom; é sua essência; sua solicitude se estende a tudo: nós o compreendemos agora; sem cessar em contato com ele, podemos orar com a certeza de ser ouvido por ele; não pode querer senão o nosso bem, é porque devemos ter confiança nele. Eis o essencial; para o restante esperemos que sejamos dignos para compreende-lo.
Fonte: Revista Espírita nº 5, maio/1866
segunda-feira, 15 de julho de 2013
domingo, 14 de julho de 2013
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Doações de Órgãos - Cremação
Quais as consequências para a alma da pessoa que doa os seus órgãos
ou cujo corpo é cremado?
_______________________
O corpo é um instrumento bendito que Deus nos
concedeu para que pudéssemos renascer na Terra e aqui, enfrentando as
dificuldades naturais da vida material, aprimorar os nossos
conhecimentos e sentimentos. Diante de sua grande importância,
incumbe-nos manter a integridade desse maravilhoso patrimônio,
conservando a vitalidade que lhe é própria.
Fomos dotados do instinto de preservação, uma defesa
automática que nos faz evitar situações de perigo à nossa integridade e
nos leva a buscar os meios necessários à sua manutenção. Por isso temos
reflexos defensivos contra eventuais ataques à nossa pessoa; o medo
impede-nos atitudes para as quais não estamos preparados e coloquem em
risco a nossa vida; e as dores nos levam a buscar solução para a fome, o
frio e os males físicos.
Porém, mais importante do que o corpo humano, é a
alma. Porque a alma somos nós mesmos, a individualidade que pensa e
sente; que é imaterial e imortal, portanto sobrevivente à destruição do
corpo de carne. Assim como a roupa estragada não serve mais ao homem,
igualmente o corpo morto é imprestável à alma. Quanto mais somos
apegados às coisas materiais, mais valor damos à elas e mais falta
sentiremos delas após o desencarne. O contrário é verdadeiro: Quanto
mais valorizamos a alma, menos sofreremos com a perda das coisas
materiais depois da morte do corpo.
Em qualquer caso, a doação dos nossos órgãos será
sempre um ato que nos beneficiará. Fazendo o bem ao próximo, por exemplo
livrando-o da cegueira, dos processos dolorosos da hemodiálise ou de um
fraco coração, atraímos a misericórdia divina e a simpatia dos bons
espíritos, que intercedem em nosso favor, amenizando o nosso próprio
sofrimento no retorno à Espiritualidade. Nenhuma consequência negativa
há para o espírito, porquanto este não sofrerá com a retirada do órgão, a
qual não atingirá o corpo espiritual. Isso mesmo quanto a pessoa não
fez em vida doação voluntária. E se o doador é alguém apegado ao seu
corpo, a extração de um órgão será fato menor ante a perda da vida, até
porque, muitas vezes, o espírito nem percebe ou então não compreende o
que está acontecendo.
Na hipótese de cremação, que nenhum benefício trará a
ninguém, a questão merece ser analisada apenas quanto ao espírito mais
materializado. É que, embora tenha ocorrido a morte, esse espírito não
se desliga imediatamente do corpo, permanecendo a ele ligado até que se
rompam todos os laços perispirituais. Enquanto isso não ocorre, é
possível que as sensações do corpo material repercutam no corpo
espiritual. Assim, o espírito poderá sentir parcialmente a destruição
das células, acarretando-lhe muito sofrimento, conquanto ele, espírito,
não esteja sendo efetivamente queimado. Em havendo proposta de cremação,
recomenda a Espiritualidade que se aguarde pelo menos 72 horas para a
sua realização, tempo que permitirá o desligamento do espírito.
Valorizemos o corpo, mas acima de tudo valorizemos a
alma, enobrecendo os sentimentos pelas boas obras, adquirindo
inteligência e a empregando com sabedoria, para que assim melhorados
possamos tranquilamente nos libertar da matéria, retornando à
Espiritualidade equilibrados e resplandecendo luz.
Autor: Donizete Pinheiro
Livro: Respostas Espíritas
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