Devido à maior divulgação da
Doutrina Espírita, um número crescente de pessoas busca a Casa Espírita
esperando encontrar solução para seus diferentes problemas, muitos dos quais
são erroneamente associados à mediunidade, fazendo com que esta seja confundida
com um quadro patológico, por exemplo, com insônia, irritabilidade constante,
dor de cabeça, sintomas esses representando a aproximação e influência de
Espíritos desencarnados.
Muitos centros recebem essas
pessoas e as encaminham para reuniões mediúnicas, desconsiderando o
"lado psicológico" que as mesmas trazem. Outras vezes, classificam
estes casos como sendo "obsessão" e as encaminham para reuniões de
desobsessão. O Livro dos Espíritos nos ensina que os encarnados não são seres
destituídos de vontade, ou seja, passivos no processo de influência
mediúnica. A vontade do encarnado estabelece seus vínculos espirituais.
Portanto, no processo da influenciação mediúnica, o ser humano é totalmente
ativo, exercitando o seu livre-arbítrio.
Não adianta submeter uma pessoa ao
"desenvolvimento" mediúnico ou às sessões de desobsessão, se ela
não for sensibilizada a modificar seus comportamentos, se ela não se educar,
se não se conhecer.
A maioria dos
"problemas" de mediunidade é problema de caráter pessoal.
Mediunidade não é problema, é importante fator de aperfeiçoamento do
Espírito.
Qual a origem desses conceitos sobre a
mediunidade? O que sustenta essas idéias?
Com certeza, a desinformação,
opiniões apressadas, desejo de proselitismo, de criar e manter estados de
dependência entre essas pessoas e a casa espírita, reforçando a velha ideia
de que mediunidade é punição para aquele que não deseja trabalhar;
transformada em "calvário", estrada de difícil vencida, onde se
encontram dores e sombras, a mediunidade torna-se então uma punição utilizada
pelas Leis Divinas para justificar os infratores ou para convocá-los ao
caminho da retidão.
Desse modo, propaga-se a ideia
de que mediunidade mal desenvolvida, médium que se nega a trabalhar, produz
todo tipo de "revezes da sorte", dificuldades sócio-econômicas,
problemas de saúde, "desgraças" ao lar, e, às vezes, até a morte...
Como aclarar tal situação?
Relembrando conceitos e
definições que estão em "O Livro Dos Médiuns":
"Todo aquele que sente, num
grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium..."
(questão 159)
Nesta definição, o verbo
"sentir" expressa a idéia básica sobre a mediunidade: um sentido
psíquico, de ordem paranormal, capaz de ampliar a capacidade do ser humano
assegurando-lhe condições de servir de instrumento para a comunicação do
Mundo Espiritual com o Mundo Material.
Allan Kardec também registrou:
"...Essa faculdade é inerente ao
homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não
a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são
mais ou menos médiuns..." (questão 159)
A capacidade mediúnica é
considerada uma percepção inerente à estrutura psíquica das criaturas; por
isso é que a encontramos nos mais diferentes níveis de consciência da
humanidade. Ela não é moral, mas a moral do médium é que responde pelo seu
uso. Ela é simplesmente uma das funções psicofisiológicas do Homem, podendo
ser enquadrada como um dos sentidos que o Espírito encarnado utiliza a fim de
manifestar-se e desenvolver-se, gradativamente, para a plenitude da Vida.
Continuando, Kardec faz uma ressalva:
"...Usualmente, porém, essa
qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem
caracterizada, que se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que
depende de uma organização mais ou menos sensitiva..."(questão 159)
Ou então a questão 221: " A
faculdade mediúnica é indício de algum estado patológico ou simplesmente
anormal?
_ Ás vezes anormal, mas não patológico. Há
médiuns de saúde vigorosa. Os doentes o são por outros motivos."
Outro aspecto importantíssimo a ser
considerado: Quem é o médium?
Um
Espírito, ou seja, um ser que sente, pensa, quer e atende ao seu:
•
Planejamento Reencarnatório- a sua existência é um fato programado com
características próprias, o que, perante as Leis Divinas, o torna herdeiro de
si mesmo;
•
Ambientação Reencarnatória: a família, o trabalho, o contexto social, a
situação financeira etc;
e que,
devido ao processo mental, está em constante relação com outras mentes
encarnadas e desencarnadas, estabelecendo processos que conhecemos por
influenciações espirituais, através das quais se estabelecem vinculações por
naturais processos de afinidade.
Qual a finalidade da mediunidade segundo
a DOUTRINA ESPÍRITA?
Porque sempre estamos pensando,
esses processos são constantes, ininterruptos, caracterizando o "todos
somos médiuns", ou seja, a mediunidade está em nós como uma
faculdade natural, na base de todas as nossas relações, sendo chamada
de mediunidade generalizada. Constantemente atraímos e somos
atraídos por mentes que estão em conformidade com o nosso pensar do momento,
caracterizando estados alterados de percepção, de humor, de disposição
física, muitos semelhantes aos estados associados aos sintomas mediúnicos.
A mediunidade também se
expressa de modo mais intenso, sempre baseada na relação de sintonia mental,
em pessoas que possuem sensibilidade bastante acentuada, caracterizando
a mediunidade de serviço, através da qual o médium não desfruta
apenas as vantagens da mediunidade generalizada, pois se vê investido de uma
missão mediúnica a que os Espíritos deram o nome de mediunato.
Portanto, encontramos:
•
MEDIUNIDADE NATURAL (Generalizada) - um instrumento para o progresso do
Espírito.
•
MEDIUNIDADE DE SERVIÇO (Mediunato) - podendo aparecer sob a forma de
mediunidade atormentada em razão do pretérito do próprio médium, devendo
receber tratamento adequado, mas será também um instrumento para o progresso
do Espírito;
•
SINTOMAS DE FUNDO MEDIÚNICO - alterações de comportamentos que tratadas
coerentemente, com a utilização da terapia do Evangelho de Jesus e se
necessário, com acompanhamento terapêutico adequado, desaparecerão,
permanecendo apenas o resultado de experiências que certamente levam ao
crescimento espiritual.
O Centro Espírita deve
oferecer através do estudo e prática da Doutrina Espírita, meios para
despertar o Ser, sensibilizando-o para que se comprometa consigo e com a
Vida.
"A
mediunidade à luz do Espiritismo é bendita prova para o Espírito liberar-se
de problemas complexos (...), onde o Ser se alça das baixas vibrações para as
faixas superiores da Vida."
E as dores e dificuldades a vencer
?
"Não decorrem do fato mediúnico, mas
antes dos débitos do médium, efeito da sua leviandade, invigilância e ações
negativas, que ora lhe pesam como justa carga de que se deve liberar como as
demais criaturas, mediante esforço e sacrifício, renúncia e amor."
"Cada médium é um Espírito em luta com
as suas conquistas e deficiências".
Pode a mediunidade tornar-se um problema
?
"Abandonar uma enxada, é deixá-la ao
tempo, abandonar a faculdade mediúnica, não cuidando dela, é abandonar-se,
pois ela não deixa de existir, como todas as suas implicações"
(companhias espirituais afins, efeitos no organismo físico e perispiritual,
...etc).
A mediunidade é, por si mesma, uma aptidão
neutra. O seu uso sempre estará conforme a moral daquele que a possui. Daí
ser preciso uma ética para o seu exercício saudável.
Como o Espiritismo orienta o uso da
mediunidade ?
Enraizada na estrutura espiritual do
indivíduo, a mediunidade necessitará de exercício e correta aplicação -
conforme a programação individual. Com o Espiritismo, a mediunidade será
praticada dentro de uma ética, visando à educação do Espírito. Assim, ele (o
Espiritismo) oferecerá uma metodologia e recursos para a viabilização do
exercício de automatização e para o despertar quanto à responsabilidade do
médium na aplicação de seus recursos mediúnicos, conferindo-lhe oportunidade
de discernimento através do:
•
Estudo consciente e sistemático
•
Trabalho metódico, - na vida social, cumprindo com os seus deveres
•
Cultivo da vigilância e da oração
•
Prática da caridade no seu sentido elevado
" Nunca será demais
que os médiuns se voltem para a reflexão, o silêncio interior e mergulho
mental nas lições do Evangelho em que haurirão inspiração e resistência para
as contínuas lutas contra o mal que, afinal, reina dentro de todos nós".
Concluindo, é preciso compreender
que mediunidade não é problema e sim, solução. Para que ela adquira a
característica de problema, aquele que a possui está, talvez, se perdendo em
processos naturais da vida, nos quais encontra desafios que, se bem
enfrentados, fazem a diferença entre Ter problema e Ser problema.
Emmanuel, na lição No
Serviço Cristão, afirma: "Não adianta guardar a certeza na sobrevivência
da alma, além da morte, sem o preparo terrestre na direção da vida
espiritual".
Sendo, então, cada um de
nós um Espírito em luta com as suas conquistas e deficiências, reconhecemos
em tudo isso, a mediunidade com Jesus, como o recurso salutar que Deus nos
oferece agora, desde já, a fim de que possamos acordar o coração para a
responsabilidade de viver, e, então, nos preparar adequadamente frente aos
desafios por nós mesmos programados….desde antes.
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Bibliografia:
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•
KARDEC, ALLAN - O Livro dos Médiuns, Cap XIV e XVIII- FEESP . 2ª ed. São
Paulo. 1989.
•
FRANCO, DIVALDO P. - Enfoques Espíritas, pelo espírito Vianna de Carvalho,
Lição 21 Considerações sobre a Mediunidade, LEAL, 3a. Ed. 1980. • O
"Problema de Mediunidade" - editorial da SBEE, 1989.
•
INCONTRI, DORA - A Educação segundo o Espiritismo - 1ª Parte - Cap. I A
Natureza Humana. FEESP, 1ª edição. 1997.
•
NEVES, J.; AZEVEDO, G.; CALAZANS, N.; FERRAZ, J. "Vivência Mediúnica -
Projeto Manoel P. de Miranda", Cap. 1 - Conceitos. LEAL. 1ª edição.
Salvador. 1994.
•
Xavier, Francisco C. - Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel, FEB, 15ª edição,
1992.
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Eternidade
sexta-feira, 15 de abril de 2016
Mediunidade na vida e suas implicações e dificuldades
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