A
vida moderna exaustiva e, às vezes, extravagante, por necessidades reais
e imaginárias, toma as horas físicas e mentais dos seres humanos,
sobrecarregando-os de preocupações que os estressam. Em conseqüência,
os distúrbios de comportamento aumentam a sua estatística tormentosa,
demonstrando que as grandes conquistas de fora não conseguiram harmonizar
a criatura interior.
A
desenfreada ansiedade e a incessante busca pela posse de artefatos e de coisas
para preencher o vazio existencial, de forma alguma lograram plenificar aquele
que se afadiga pelo conseguir.
Aplicando
todo o tempo disponível na realização desse objetivo que
parece básico para uma existência feliz, empenha-se cada vez mais,
não se dando conta de outros valores que permanecem aguardando a sua
atenção e interesse.
Dessa
forma, após conseguirem aquela meta inicial, perdem o encanto todos aqueles
que assim procediam, transferindo para as coisas o tormento íntimo, continuando
tão frustrados quanto antes, por constatar a falta de sentido e de significação
de que aparentemente se revestem.
Somente
possui valor aquilo que pode ser envolvido pelo amor, preenchido pelo amor,
irradiando amor.
Não
é, pois, na quantidade, que está a solução dos problemas
emocionais, mas na qualidade da conquista, no seu objetivo relevante.
Em
face dessa circunstância, a que representa ambição desmedida,
as amizades são apressadas, os conhecimentos humanos são superficiais,
as afeições são interesseiras, não harmonizando
de forma significativa a emoção pessoal.
Diz-se
que esse é um mecanismo de autodefesa, de que se utilizam as criaturas
humanas, a fim de evitarem sofrer dilacerações interiores, prejuízos
psicológicos, tendo em vista os insucessos iniciais experimentados.
Não
têm razão, porém, esses que assim pensam. O importante não
é a resposta que advém da oferta que se faz, mas é, ela
em si mesma, que tem significação, mediante o enriquecedor ato
praticado.
Se,
por acaso, produz conseqüencias inamistosas ou gravames perturbadores,
a raiz desse efeito encontra-se naquele que responde mal ao bem que recebe,
merecendo ser realmente assistido, porque é portador de desequilíbrio
e de tormentos, de que talvez não se dê conta.
O
escrúpulo, que nasce do pessimismo, é tão negativo quanto
o entusiasmo, que resulta da irreflexão.
Dessa
forma, amigos surgem, passam e desaparecem, substituídos por outros igualmente
transitórios, rápidos.
Vale,
porém, a pena, investir mais no ser humano, oferecer-lhe mais luz de
entendimento e de confiança, de respeito e de estima.
Altera,
portanto, a tua maneira de relacionar-te. Cuida mais e melhor dos teus conhecidos
e evita revidar com animosidade as ondas mentais molestas que te enviam os inimigos.
Reserva-te
alguns minutos diários para a fraternidade, embora a agitação
dos teus compromissos, e constatarás quanto este comportamento te fará
bem.
Nem
todos que se te acercam são frívolos ou insensatos, como pensas.
Examina com mais cuidado as pessoas a quem te afeiçoas e descobrirás
tesouros de amizade que te surpreenderão.
Há
muitos amigos que te estimam, e quando desaparecem da tua presença, talvez
não seja por ingratidão ou indiferença, mas porque foram
compelidos a distância, porque passam por dificuldades que desconheces,
por compromissos novos, ou vitimados por enfermidades.
Procura
informar-te sobre eles, quando lhes notes a falta.
Se
enfermos, visita-os, levando-lhes a tua solidariedade, a tua palavra de amizade,
a chama da tua fé espiritual.
Essa
atitude constitui generosa fonte de caridade que é pouco praticada.
Se,
de todo, as circunstâncias não te permitirem, embora sempre possas
fazê-lo se te empenhares honestamente, escreve-lhes algo, endereça-lhes
vibrações de saúde, telefona-lhes, diz-lhes que os estimas
e que lhes sentes a ausência.
Faze-te
presente junto aos enfermos, quanto te seja possível. A saúde,
na Terra, é dom precioso, que sofre periódicas alterações,
convidando a pausas de reflexão e de esforço interior.
Usa-a para
espalhar o bem-estar e não apenas para amealhar valores passageiros.
Aplica-a
também em favor do teu próximo, o irmão que padece enfermidades
e experimenta sofrimentos, muitas vezes disfarçados em sorrisos pálidos
e rostos esquálidos.
Assim
agindo, distribuindo bênçãos, recolherás preciosas
gemas de paz e de bem-estar.
Somente
é possível valorizar-se algo, quando se tem carência ou
necessidade inadiável.
Na
doença, todos se renovam com um sorriso gentil, uma palavra de ânimo,
uma visita fraternal, demonstrando-lhes que não estão a sós
no testemunho evolutivo.
Doa,
portanto, hoje, e estarás acumulando haveres que não enferrujam,
as traças não roem, os ladrões não roubam.
Quando
visitares enfermos, não lhes imponhas a descrição do seu
quadro orgânico ou emocional, exigindo que te narre o problema de saúde
que vem sofrendo.
Se
te aborda o tema, ouve-o com atenção e evita aumentar-lhe a preocupação,
falando sobre outros dramas e tragédias do teu conhecimento.
Sê
otimista sem exagero, realista sem crueza. Conversa, edificando, se a ocasião
o permitir.
Não
prolongues a tua visita, tornando-a cansativa. Atua de forma que o paciente
anele pelo teu retorno à sua cabeceira.
Conforta-o
com uma leitura edificante, com notícias auspiciosas, com uma oração
refazente.
Se
ele solicitar-te a aplicação de passes, faze-o sem jactância,
não deixando falsa impressão de cura milagrosa ou pronto restabelecimento.
A caridade é gentil e discreta, bondosa e calmante.
Diante
de alguém enfermo, recorda-te de Jesus e entrega-o à Sua proteção,
procurando ser o instrumento de que Ele se possa utilizar para encorajá-lo
e apaziguá-lo.
Sempre,
pois, que possível, visita os irmãos que se encontram enfermos.
Joanna
de Ângelis
Livro: Diretrizes para o Êxito.