Eternidade

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sábado, 15 de fevereiro de 2020

Visitar enfermos


A vida moderna exaustiva e, às vezes, extravagante, por necessidades reais e imaginárias, toma as horas físicas e mentais dos seres humanos, sobrecarregando-os de preocupações que os estressam. Em conseqüência, os distúrbios de comportamento aumentam a sua estatística tormentosa, demonstrando que as grandes conquistas de fora não conseguiram harmonizar a criatura interior.

A desenfreada ansiedade e a incessante busca pela posse de artefatos e de coisas para preencher o vazio existencial, de forma alguma lograram plenificar aquele que se afadiga pelo conseguir. 

Aplicando todo o tempo disponível na realização desse objetivo que parece básico para uma existência feliz, empenha-se cada vez mais, não se dando conta de outros valores que permanecem aguardando a sua atenção e interesse. 

Dessa forma, após conseguirem aquela meta inicial, perdem o encanto todos aqueles que assim procediam, transferindo para as coisas o tormento íntimo, continuando tão frustrados quanto antes, por constatar a falta de sentido e de significação de que aparentemente se revestem. 

Somente possui valor aquilo que pode ser envolvido pelo amor, preenchido pelo amor, irradiando amor. 

Não é, pois, na quantidade, que está a solução dos problemas emocionais, mas na qualidade da conquista, no seu objetivo relevante. 

Em face dessa circunstância, a que representa ambição desmedida, as amizades são apressadas, os conhecimentos humanos são superficiais, as afeições são interesseiras, não harmonizando de forma significativa a emoção pessoal. 

Diz-se que esse é um mecanismo de autodefesa, de que se utilizam as criaturas humanas, a fim de evitarem sofrer dilacerações interiores, prejuízos psicológicos, tendo em vista os insucessos iniciais experimentados. 

Não têm razão, porém, esses que assim pensam. O importante não é a resposta que advém da oferta que se faz, mas é, ela em si mesma, que tem significação, mediante o enriquecedor ato praticado. 

Se, por acaso, produz conseqüencias inamistosas ou gravames perturbadores, a raiz desse efeito encontra-se naquele que responde mal ao bem que recebe, merecendo ser realmente assistido, porque é portador de desequilíbrio e de tormentos, de que talvez não se dê conta.

O escrúpulo, que nasce do pessimismo, é tão negativo quanto o entusiasmo, que resulta da irreflexão. 

Dessa forma, amigos surgem, passam e desaparecem, substituídos por outros igualmente transitórios, rápidos. 

Vale, porém, a pena, investir mais no ser humano, oferecer-lhe mais luz de entendimento e de confiança, de respeito e de estima. 

Altera, portanto, a tua maneira de relacionar-te. Cuida mais e melhor dos teus conhecidos e evita revidar com animosidade as ondas mentais molestas que te enviam os inimigos. 

Reserva-te alguns minutos diários para a fraternidade, embora a agitação dos teus compromissos, e constatarás quanto este comportamento te fará bem.
Nem todos que se te acercam são frívolos ou insensatos, como pensas. Examina com mais cuidado as pessoas a quem te afeiçoas e descobrirás tesouros de amizade que te surpreenderão. 

Há muitos amigos que te estimam, e quando desaparecem da tua presença, talvez não seja por ingratidão ou indiferença, mas porque foram compelidos a distância, porque passam por dificuldades que desconheces, por compromissos novos, ou vitimados por enfermidades. 

Procura informar-te sobre eles, quando lhes notes a falta. 

Se enfermos, visita-os, levando-lhes a tua solidariedade, a tua palavra de amizade, a chama da tua fé espiritual. 

Essa atitude constitui generosa fonte de caridade que é pouco praticada. 

Se, de todo, as circunstâncias não te permitirem, embora sempre possas fazê-lo se te empenhares honestamente, escreve-lhes algo, endereça-lhes vibrações de saúde, telefona-lhes, diz-lhes que os estimas e que lhes sentes a ausência. 

Faze-te presente junto aos enfermos, quanto te seja possível. A saúde, na Terra, é dom precioso, que sofre periódicas alterações, convidando a pausas de reflexão e de esforço interior.

Usa-a para espalhar o bem-estar e não apenas para amealhar valores passageiros. 

Aplica-a também em favor do teu próximo, o irmão que padece enfermidades e experimenta sofrimentos, muitas vezes disfarçados em sorrisos pálidos e rostos esquálidos. 

Assim agindo, distribuindo bênçãos, recolherás preciosas gemas de paz e de bem-estar.
Somente é possível valorizar-se algo, quando se tem carência ou necessidade inadiável. 
Na doença, todos se renovam com um sorriso gentil, uma palavra de ânimo, uma visita fraternal, demonstrando-lhes que não estão a sós no testemunho evolutivo. 

Doa, portanto, hoje, e estarás acumulando haveres que não enferrujam, as traças não roem, os ladrões não roubam. 

Quando visitares enfermos, não lhes imponhas a descrição do seu quadro orgânico ou emocional, exigindo que te narre o problema de saúde que vem sofrendo. 

Se te aborda o tema, ouve-o com atenção e evita aumentar-lhe a preocupação, falando sobre outros dramas e tragédias do teu conhecimento. 

Sê otimista sem exagero, realista sem crueza. Conversa, edificando, se a ocasião o permitir. 

Não prolongues a tua visita, tornando-a cansativa. Atua de forma que o paciente anele pelo teu retorno à sua cabeceira. 

Conforta-o com uma leitura edificante, com notícias auspiciosas, com uma oração refazente. 

Se ele solicitar-te a aplicação de passes, faze-o sem jactância, não deixando falsa impressão de cura milagrosa ou pronto restabelecimento. A caridade é gentil e discreta, bondosa e calmante.

Diante de alguém enfermo, recorda-te de Jesus e entrega-o à Sua proteção, procurando ser o instrumento de que Ele se possa utilizar para encorajá-lo e apaziguá-lo.

Sempre, pois, que possível, visita os irmãos que se encontram enfermos.


Joanna de Ângelis
Livro: Diretrizes para o Êxito.

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