Eternidade

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sábado, 24 de agosto de 2019

Depressão, um outro olhar...



É,... esse tema não é fácil de falar e muito menos de escrever.
Mas tenho uma ânsia por conversar sobre isso. E vou ousar fazê-lo.

O que seria mesma a depressão?
Por que há momentos em que nós “caímos” numa tristeza profunda e (que parece) sem fim...?
Primeiramente, prefiro ver as doenças pelo prisma da medicina oriental: quando ela aparece no corpo, algo na alma que não está bem.
Tenho uma ligeira intuição de que a depressão é uma necessidade Yin (princípio feminino) do corpo em dizer não ao ativismo exacerbado do sistema Yang (princípio masculino) em que vivemos.
O que poderia ser a depressão senão abnegação ao retorno à nossa “caverna”, ao nosso “poço profundo”, às nossas “águas escuras e lamacentas”.  
Num sistema que obriga a você ser sempre ativa, feliz, sorridente, sexy, empreendedora, consumista e ao mesmo tempo econômica e equilibrada nas suas finanças, que exige um corpo Yang: magra, mas com seios enormes e quadril largo, não me surpreende  que a depressão é a doença vilã do nosso século. 
 
E drogas lícitas são produzidas em massa para negar exatamente o que é necessário a todo ser humano: o mergulho até sua alma.
E se eu disser que esse mergulho não dói, estarei mentindo.
Ele só não dói, como rasga, dilacera, sangra, cria feridas; mas quando retornamos, voltamos conscientes de nós mesmas, fortes, indissolúveis, completas.
E é disso que temos medo, da nossa sombra, pois estamos habituadas a negar o escuro. Porque isso resulta em solidão, e o mundo Yang renega qualquer tentativa de você ficar sozinha; renega a introspecção, a retirada, a calmaria, a contemplação.
A boa notícia e que quanto mais você desce, mais imerge, mais forte fica e menos tem que mergulhar tão fundo.
O ser humano é fixado em luz e iluminação. Sim, devemos sempre nos direcionar para a luz, mas não podemos negar a nossa sombra. Ao fazermos isso, estamos negando a nós mesmos.
Recentemente tive que entrar na “caverna” (e há tempo que não fazia isso...). Mergulhei no lago escuro da minha alma e realmente não gostei nada do que vi. E o pior, você precisa gostar e aceitar para então poder saber lidar.
Fiquei dias chorando, perdida, odiando (algo que nem sabia que podia sentir), com pena de mim mesma e não querendo aceitar a minha escuridão.
Tive ajuda?
Sim. Não faça isso sozinha a não ser que já esteja por demais habituada.
Mas não foi nenhum psiquiatra ou psicólogo que me orientou (deixo claro que tenho o maior respeito por esses profissionais), mas sim uma Mulher mais velha, uma Anciã.
Uma mistura de portuguesa, espanhola e descendente de índios, conhecedora e guardiã de antigas tradições. Não, não, ela não é uma xamã, curandeira ou qualquer termos utilizados para descrever uma mulher sábia. Até muito pelo contrário.
Ela simplesmente é uma mulher que consegue trafegar entre os dois mundos.. Uma Mentora que resolveu me ajudar.
Um encontro nas Montanhas do Sul do Brasil (SC) que mais tarde iria mudar a visão de como eu via minha vida.
E quando nos permitirmos sermos ajudadas, mais possibilidades, pessoas e novos caminhos emergem nos guiando para nossa cura, nosso autoconhecimento.
Simples assim?
Sim, simples assim.
Isso não tem nada a ver com religião, fé ou filosofia. Tem a ver com você acreditar e amar você mesma. Acreditar que você é um ser que possui toda a sabedoria do universo dentro de você.  Saber que você faz parte de Tudo e que este Tudo está interconectado. E que há sombra e luz, e que você deve amá-las e aceitá-las por igual.
Feito isso, você começa a compreender melhor o outro, e quando isso acontece sua capacidade de amar cresce. E se começa a perceber que não existe nada e nem ninguém perfeito.
Quer um exemplo bem louco?
 
Numa primavera atrás, eu estava no meu jardim e uma mosca pousou em mim. Nossa que nojo!!! Matei sem dó nem piedade. Argh...
No mesmo dia, uma linda e pequena borboleta azulada quase pousou em mim. Ai que emoção, que linda. Mas ela preferiu seguir para outro lugar. E eu a segui como uma fada no bosque,.... e fiquei estupefata quando eu vi a “preciosa” borboleta pousar em cima do “cocô” do meu cachorro e se deleitar com tal feito.
Sim, as borboletas tem sua sombra.... (risos). 
Hoje em dia eu continuo a gostar de borboletas, mas passei a não odiar tanto as moscas.
Então quando vir aquela tristeza infinda, aquele momento de se recolher e novamente entrar na caverna, encare isso de outra forma, com respeito, aceitação e amor. Pois é um momento todo seu, de mais ninguém. E diga: “e lá vou eu, visitar minhas profundezas, minhas tristezas, minha dor, minha sombra”.
Não estou dizendo para ninguém largar seu remédio de tarja preta neste momento. Mas que se comece a refletir sobre isso que escrevi. E que comece a procurar um caminho que você consiga chegar até sua alma, e em tudo que ela representa e traz.
E a “depressão” vai sumir?
Não, ela não vai nunca sumir. Você só vai aprender a lidar com ela.
Existem terapias e vivências nas quais você tem um despertar da alma; Reiki, Constelação Familiar, Mandala de Tara, Círculos de Mulheres, Danças femininas.
Experimente-as!
Aos poucos, em dose lenta, em ritmo Yin, ela irá se afastar, adormecer, dando lugar a consciência da sua alma.
Aí você pode me dizer neste momento: “Isso não é fácil!!!”
Parafraseando uma grande Guia Espiritual, Prema Dasara, eu respondo: “E quem disse que seria fácil?”
Apenas tente!
Dê essa chance a você!
 
 
Fonte: Postado por Bianca Furtado, blog oficial da Autora dos livros "Brumas da Ilha" e "Filhas da Lua"
 
 

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