Eternidade
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
Necessidade de Meditação para o Médium
A prática mediúnica exige uma preparação acurada do médium trabalhador, para que sua atuação apresente cada vez mais qualidade, no sentido de não apenas proporcionar boas comunicações dos espíritos – sejam eles sofredores ou já esclarecidos – mas com o fim de se obter progresso no próprio trabalho de aperfeiçoamento do seareiro, do ponto de vista ético-moral, dentro e fora da Casa Espírita. Não podemos esquecer, desse modo, que a tarefa do Espiritismo é iluminar consciências, promovendo a elevação espiritual dos homens.
Nesse sentido, para que a atuação dos médiuns, especificamente na sala mediúnica, se dê com proveito para a reunião de que ele participa, faz-se necessário conhecer e utilizar as quatro pontes que permitirão ao trabalhador mediúnico melhorar seu contato com a própria consciência de serviço.
Essas quatro pontes são definidas pela equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda (PMPM) como a oração, a meditação, e ação no bem e o estudo, conforme é explicitado no mais recente livro do Projeto – Consciência e Mediunidade –, apresentado ao público espírita durante seminário realizado na Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB) no dia 14 de setembro de 2003.
No seminário, a equipe do PMPM mostrou como o médium pode reconhecer seu nível de consciência, que é o pensamento identificador do Ser, através da prática da oração, da meditação, da ação e do estudo, de modo a obter a perfeita integração entre o saber e o fazer. Aqui abordaremos a ponte da meditação, uma vez reconhecida sua importância no intercâmbio mediúnico e o pouco que ela é utilizada, porque ainda incompreendida, nas hostes espíritas, embora facilite em muito a concentração do medianeiro durante as reuniões de trabalho.
Impurezas da personalidade
Segundo Divaldo Franco – conforme nos relata o PMPM –, “enquanto o sensitivo não se habituar às disciplinas da meditação, seus registros passarão pelo seu inconsciente, como uma corrente de água circulando num tubo em forma de “U” e se contaminando, ao passo que se ele estiver harmonizado pelo hábito da meditação, seus registros transitarão pelo superconsciente, apresentando-se escoimados das impurezas de sua personalidade”.
Pela meditação, pois, adquire-se a expansão da consciência e o “eu” transcende o consciente inferior além do mundo objetivo (material), até alcançar o nível superconsciente, que é a instância capaz de tirar as “cores anímicas” do exercício mediúnico.
Se a oração na prática mediúnica (antes, durante e depois) serve tanto como preparação, invocação e terapia, a meditação facilita ainda mais o intercâmbio com os Espíritos amigos e o processo de atendimento às entidades carentes, pois “quem ora fala e quem medita ouve”, conforme assegura o Espírito Joanna de Ângelis.
A meditação, assim, reflete positivamente na atuação do médium, uma vez que “no silêncio, teu espírito se torna mais livre e pode entrar em contato conosco”, salienta a Benfeitora, revelando ainda que essa prática constitui um meio valioso de autoconhecimento e “quem se conhece identifica melhor o pensamento alheio”.
A meditação, facilitadora da concentração, tanto acalma quanto permite ao médium acessar as fibras mais íntimas de si mesmo, ampliando os sentimentos elevados em direção ao Plano Superior. “A concentração nas reuniões mediúnicas deve ser dinâmica, centrada na compaixão pelos que sofrem” – informa o Projeto Manoel Philomeno de Miranda.
Isso é exigido do médium porque “somente uma lâmina d’água tranquila e límpida transmite bem as imagens nela incidentes”, posto que o médium, “abrindo-se para os ideais superiores, fecha a chave de transmissão pelo inconsciente e aciona a transmissão superconsciente”.
Noções técnicas sobre meditação
As informações que aqui apresentamos são ensinamentos da benfeitora Joanna de Ângelis, contidos nos livros “Momentos de meditação”, “Alegria de viver”, “Vida: desafios e soluções” e “O homem integral”, citados na obra de Manoel Philomeno de Miranda ora em estudo (“Consciência e mediunidade”).
Para se iniciar na arte da meditação, ao médium sem conhecimentos dessa prática é recomendado se fixar num pensamento do Cristo, repetindo-o e aplicando-o diariamente na conduta através da ação, ou seja, vivenciar uma pequena lição evangélica, aumentando a pouco e pouco o tempo de dedicação, “treinando o inquieto corcel mental e aquietando o corpo desacostumado”.
Nesse trabalho poderão surgir sensações e comichões que devem ser atendidos, com calma, mantendo-se a mente ligada à ideia central, até que os incômodos sejam superados, pois “a meditação deve ser atenta, mas não tensa, rígida”.
O praticante precisa escolher, de preferência em casa ou num local mais compatível, um lugar asseado, agradável (se possível) e torna-lo habitual, de forma que sua psicosfera seja enriquecida com a qualidade superior dos pensamentos do meditante.
Para essa tarefa importa reservar uma hora calma do dia, durante a qual o praticante esteja repousado. Caso prefira exercitar-se em grupo, é imperioso procurar a companhia de pessoas moralmente sadias e sábias, que primem pela harmonização.
Para meditar, no entanto, não é necessário fugir do contato com a sociedade, nem é preciso buscar fórmulas ou práticas místicas, impor-se novos hábitos em substituição aos anteriores, a fim de se obter um estado de paz, decorrente da meditação.
A “reoxigenação” das “células da alma”, revigorando as disposições otimistas para a ação do progresso espiritual, começa preponderantemente com a respiração calma, em ritmo tranquilo e profundo. Em seguida vem o relaxamento muscular, eliminando-se pontos de tensão física e mental, a partir do afastamento da ansiedade e da falta de confiança.
Então, resta manter-se sereno, imóvel o quanto possível, com a mente fixada “em algo belo, superior e dinâmico, qual o ideal de felicidade, além dos limites e das impressões objetivas”.
Quem medita está necessariamente num processo de silêncio mental, procurando não fugir da realidade objetiva, mas superá-la. A ideia não é perseguir um alvo à frente, mas buscar harmonizar-se no todo.
Com o passar do tempo, o praticante já mais familiarizado com essas técnicas poderá exercitar-se também fora do ambiente escolhido. Por isso é que é possível praticar a meditação enquanto se executa um trabalho rotineiro, como a faxina doméstica ou banho, por exemplo.
Fonte: Alma Espírita, por Francisco Muniz
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