Eternidade

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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Sacrifício Implícito


 
Jesus é o modelo incólume do sacrifício, pelo qual renunciou às esferas celestes para demandar um tempo com a Humanidade, convivendo com suas angústias, suas alegrias e suas complexas situações emocionais. Por ser amor de cunho cósmico, consciência madura e sublime, conseguiu iluminar o entendimento de muitos daqueles que buscavam soluções intensas para as suas emoções, não as solucionando, mas oferecendo diretrizes incontestáveis de amor. 

Uma delas é a diretriz do sacrifício pessoal. Todas as questões de ordem evolutiva demandam trabalho e minuciosa disciplina para serem exitosamente resolvidas. Com o sacrifício pessoal é assim. Para a criatura encontrar dentro do coração as balizas seguras para se libertar dos interesses eminentemente egoístas e auxiliar a si mesma a se desprender dos apegos que traz é possível, somente, por meio de uma intensa e vigorosa análise e constante trabalho de doação à Causa maior, que é o amor na sua máxima expressão. 

Foi por isso que o Cristo, pelo meio mais desafiador, convidou aqueles que O buscavam a ir direto aos seus próprios interesses e renunciá-los. Jesus fez isso várias vezes: ao jovem rico pediu renúncia imediata dos interesses da posse. Ele, no entanto, não soube aproveitar. Para a enlouquecida de Magdala o Mestre solicitou também a renúncia aos apegos sensualistas e ela soube muito bem aproveitar. 

Qual foi a diferença entre uma e outro, senão o reconhecimento muito sensível das dores que o orgulho gera? Quando reconhecemos com delicada atenção as dores que trazemos pela força do orgulho contumaz, nos dispomos a renunciar pelo trabalho constante e sacrificial para que realmente haja em nós a paz e o equilíbrio. 

Esse reconhecimento não é tarefa simplória, porque há nele o desafio de percebermos também os prazeres distorcidos que sentimos na exaltação da personalidade. Essa exaltação faz com que os desejos infrenes que movimentam os pensamentos e os sentimentos sejam atendidos. Por sua vez, ter esses desejos atendidos traz uma ideia que distorce gravemente o nosso senso de realidade. Como então nos libertar do ciclo vicioso dos desejos egoístas atendidos constantemente pela força do nosso orgulho? É o reconhecimento da dor mais profunda que sentimos, aquela que se faz tão intensa e silenciosa, não, porém, imperceptível, que somente um coração que se entrega ao sacrifício pode perceber. 

Essa dor é a dor de não amar, a mais profunda de todas e a mais esquecida dos homens, posto que praticamente o egoísmo toma nas emoções o desejo único de ser amado, ou desejado, ou ter os seus interesses atendidos. 

Prestemos atenção na jornada dos mártires, dos sábios, dos iluminados, e veremos claramente que aqueles superaram essa dor, acolheram essa estranha forma de se movimentar, de desejar tudo para si e escolheram querer apenas amar-se e amar aos outros, resumindo nisso o seu sagrado ofício, o seu sacrifício implícito.

Jesus, no alto da compaixão, com os braços abertos no madeiro injusto e egoísta dos homens, demonstrou para todos nós o convite consciencial: “Pai, perdoa-os, eles não sabem o que fazem”. Que coração é esse, que na hora de clamar para ser atendido nas Suas mais indescritíveis dores, clama pelas nossas dores, roga pela nossa ignorância, suplica pelas nossas animalidades? 

Meditemos sobre isso e encontraremos na dor a forma de suplantá-la e sublimá-la na alma dorida!

Nos encorajemos diante do cordeiro de Deus, que viveu sacrifícios para que a Humanidade conhecesse os potenciais que trazemos.

Nós trazemos em nós as marcas emocionais de nossas fugas e declinações, trazemos em nós os anseios de paz e de fraternidade, trazemos em nós as dicotomias da alma, os paradoxos do pensamento, e, por isso, rogamos que em meio a tudo que nos aconteça seja Jesus a nossa fortaleza, iluminando os nossos corações!

Apesar dos dias que se seguem, sacrificiais para o Espírito e o seu aprimoramento, suplicamos que não cessem as provações libertadoras, mas que nós sejamos dóceis e amorosos nas mais tempestuosas adversidades, para que o nosso Eu busque de fato a oportunidade de sermos na prática o que queremos e almejamos na mente, o que suplicamos na alma e nos sentimentos! 
 
Para onde foram os Teus companheiros, Mestre, nas horas de maior testemunho?

Por isso, pedimos que em nossas horas tenhamos o carinho e o amor aos companheiros que estão ao nosso lado, sejam estes os que permanecem, sejam eles os que conosco não estão. O que mais pedimos é que sejamos nós o constante coração, sem jamais medir esforços de auxiliar, perdoar, compreender e servir, hoje e sempre, em nome do Teu amor!
 

Honório
 

(Mensagem psicofônica pelo médium Afro Stefanini II, na reunião mediúnica da Federação Espírita do Estado de Mato Grosso, em 21 de novembro de 2016)

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