Eternidade

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segunda-feira, 12 de março de 2018

Humildade não é subserviência




O Mestre colocou como ponto culminante de suas palavras a humildade ao lado do amor e do  respeito, porque só sabe respeitar quem é humilde, pois este consegue visualizar o outro sem  preconceitos. Só consegue ouvir quem é humilde, pois que este sabe não possuir toda verdade. Só  tem forças para não julgar quem é humilde. Só se propõe a fazer, ou servir quem é humilde porque  não se preocupa com o julgamento dos outros. Não há privilégios na criação divina, por isso não nos  acreditemos maiores e melhores do que os outros.

Enquanto homens dominados pela matéria disputam sobre a terra o status dos cargos, outros hão que  conscientes da necessidade de se espiritualizarem disputam o privilégio dos encargos, ou seja, do  trabalho construtivo, do bem servir. Jesus veio valorizar o homem pelas suas virtudes e pelo seu real  saber, e a seus discípulos que queriam segui-lo disse: “Porque o Filho do Homem também não veio  para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos”.

O Mestre situou uns hóspedes a mesa de um anfitrião, que os servia com a solicitude de um criado de  modo que na aparência, o anfitrião era o menor de todos que ali se achavam, mas na verdade, era o maior, porque era o dono da casa. “Quem é o maior, quem está à mesa ou quem serve? Não é quem esta à mesa? Mas eu estou no meio de vós como quem serve”. O Mestre quis nos ensinar que ninguém pode mandar sem saber fazer, porque a condição essencial de quem manda é também fazer. Mandar fazendo e fazer mandando. “O que manda seja como o que serve”. O que manda seja como o que trabalha. Veja bem, Ele não disse: “O que trabalha seja como o que manda”.

Pregar ou falar de humildade, não torna ninguém humilde, e também essa virtude nada tem a ver com a presença ou ausência de bens materiais porque é uma forma de comportamento íntimo. Ainda, confundimos humildade com inferioridade, submissão e pobreza, no entanto, ela está relacionada com distinção, gentileza, lucidez, graciosidade e simplicidade. Entre todas as virtudes, somente a humildade não realça a si mesma porque o verdadeiro humilde não acredita que o seja. Só quem tem plena consciência de seu valor pessoal é que não precisa se exaltar. Quando adquirimos o auto descobrimento somos levados à verdadeira humildade perante a vida; facultando-nos a simplicidade de coração e o respeito cultural por todas as pessoas. Os humildes apreenderam com a introspecção, ou seja, auto descobrimento, a fazer de si mesmos um “canal ou espaço transcendente”, por onde flui silenciosamente a Inteligência Universal, instrumento pelo qual retomamos a conexão com a causa primeira, Deus.

Esse auto descobrimento não está confinado a nenhuma religião especificamente; ao contrário, é acessível a todos os seres, contudo só se deixa penetrar por aqueles que têm “simplicidade de coração e humildade de espírito”. Por meio de seus recursos infinitos recebemos as mais sublimes contribuições: psicológicas, filosóficas, artísticas, científicas, religiosas, alargando a compreensão da vida dentro e fora de nós mesmos.

Ser humilde como Jesus Cristo, Ghandi e Sócrates, não é alienar-se ou ser agressivo contra as demais pessoas e apresentar-se descuidado, sem higiene, indiferente ao progresso. Quem assim se comporta é preguiçoso e não humilde, da mesma forma aquele que aceita todos os caprichos que se lhe impõem, esse se aproxima mais daqueles que tem medo de enfrentamentos das lutas. Humildade não é conivente com o erro ou com o mal, em silêncio comprometedor. Antes é ativa, combatente, cativante, decidida, sendo mais um estado interior do que de aparência.

Os fariseus e escribas surpreendiam continuamente Jesus com perguntas estapafúrdias, armando-lhe ciladas e fingindo serem seus admiradores, mas a intenção era de oprimi-lo, humilhá-lo e acusá-lo.
O que fazer diante dessas oportunidades em que tentavam humilhá-lo injustamente? Deixar ser menosprezado? Deixar ser esmagado, desmoralizado? Não, Jesus não era um covarde, não era um tímido, não era um subserviente passivo. Sua humildade era altaneira, sua mansidão era cheia de atividade e sua bondade não chegava ao extremo de renunciar à seu espírito de justiça que o caracterizava. Além de tudo devia defender sua integridade moral, precisava manifestar-se a altura de sua doutrina, que não podia ser rebaixada na sua pessoa.

Então, não perdia a ocasião de ensinar, não só a seus agressores, mas a todos modernos escribas e fariseus de hoje que necessitam da mesma lição. Em outra oportunidade ensinava que, “Aquele que se humilhar e se tornar pequeno como uma criança será o maior no reino dos céus”. Continuando com seu pensamento acrescentou: “Todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado”.

A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade como se mostram numa criança. O Espiritismo a seu turno, vem falar que a Humildade é a virtude que nos aproxima de Deus, já que “sem a simplicidade de coração e humildade de espírito ninguém pode entrar no reino de Deus”. A humildade é, pois, a chave para se vencer o orgulho e assim conhecer-se, reformar-se e desse modo evoluir.

por Adauto Reami

Fontes: Espírito do Cristianismo – Cairbar Schutel; A Sabedoria de Sócrates e o Cristianismo Redivivo – Leonardo Machado; Os Prazeres da Alma – Francisco do E. Santo Neto – Hammed e Auto Descobrimento, uma Busca Interior – de Divaldo P.Franco)

quinta-feira, 8 de março de 2018

Parábola dos primeiros lugares


Parábola dos Primeiros Lugares
(Lucas XIV, 7:11)

Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola: Quando fores por alguém convidado para um casamento, não te sentes no primeiro lugar; para não suceder que seja por ele convidada uma pessoa mais considerada do que tu e, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então irás envergonhado ocupar o último lugar.

Pelo contrário, quando fores convidado vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima; então isto será para ti uma honra diante de todos os mais convivas. Pois todo o que se exalta será humilhado; mas todo o que se humilha, será exaltado.

1. Cairbar Schutel

É costume dos orgulhosos, que querem ostentar grandeza, ocupar na sociedade as posições mais distintas; tornarem-se salientes, para atrair atenções. Jesus que costumava freqüentar certas reuniões em ocasiões que julgava próprias, para estudar o caráter e a psicologia das gentes, antes de propor a seus discípulos a Parábola da Grande Ceia,

julgou de bom aviso ensinar-lhes que, mesmo como convivas desse banquete espiritual, não deveriam pleitear os primeiros lugares, posições inadequadas aos que devem observar estritamente a humildade, único meio de exaltação e de conquista de mérito.

Nenhum valor tem para Jesus os que se salientam pomposamente nos primeiros lugares e praticam todas as obras que aparentemente são boas, para serem visto pelos homens, os que alargam seus filactérios, alongam suas fímbrias, e gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e de serem chamados mestres.

O conviva da grande ceia deve ser sóbrio, modesto, prudente, recatado, cheio de boa vontade, laborioso, e, em vez de se recostar comodamente no primeiro lugar que encontra vago em torno da mesa do banquete, deve fazer-se como o servo que, depois de bem examinar as iguarias, serve equitativamente aos convivas, segundo o paladar de cada um deles.

A cadeira de Moisés, o estudante de Evangelho já o sabe, não deve ser ocupada pelos novos convivas da grande ceia, para que lhes não seja aplicado o libelo condenatório pronunciado pelo Mestre contra os escribas e fariseus. (Mateus, XXIII)

A sentença do Mestre: O que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado, tem estrita aplicação a todos os que já receberam a palavra de Jesus em Espírito e Verdade.

Na Parábola do Bom Servo está escrita a obrigação dos que desejam os primeiros lugares espirituais. Não é por ocupar os primeiros lugares na sociedade que os obteremos.

Ninguém pense em galgar as eminências da glória, sem haver prestado seus serviços à causa da verdade, sem ter experimentado, para tal fim, provas difíceis de vencer, sem haver triunfado nas lutas, sem ter vendido o mundo com suas enganadoras miragens.

Os primeiros lugares espirituais não são aqueles em que somos honrados, mas aqueles em que nos colocamos para honrar; não são aqueles em que somos servidos, mas os em que nos dão ensejo de servir. O Filho do Homem não veio ao mundo para ser servido, mas para servir.
 
 
do livro Parábolas e Ensinos de Jesus, por Cairbar Schutel

domingo, 4 de março de 2018

Psicografia - Despedidas


O ser humano, apesar de toda a sua suposta religiosidade e conhecimento, se abala no momento da despedida de um ente querido.

Não importa o quão o outro deseje essa partida, o quão debilitado ou ainda a dor que padeça, quer-se sempre mantê-lo um pouco mais, tê-lo por mais tempo mesmo diante das consequências.

Assim o término de uma relação conjugal, a independência dos filhos, mudar-se e deixar amigos e o maior de todos o desencarne, são acontecimentos que deixam as despedidas com sabor de perda. Vejam meus amigos, as despedidas surgem em nossas vidas como parte de um processo natural de crescimento.

Todos esses fatos nos remetem ao grande questionamento: Esse negar ao outro a despedida seria um ato de Amor ou de Egoísmo? A despedida seria realmente uma perda?

Não pretendemos acusar, julgar, mas sim entender as motivações que induzem a tais sentimentos.

O Amor como sabemos mesmo diante de nossa pequenez, nasce de atitudes nobres e genuínas, expressando a vontade do Pai, em tudo que temos de melhor. Por isso dizemos que o amor jamais prende ao contrário o amor dá asas para que possamos voar e alcançar patamares maiores de evolução. Jesus já nos ensina que por nos amar o Pai nos concede o livre arbítrio sempre, a fim de que possamos construir o nosso aprendizado.

Entendemos ainda que o Amor não é um gesto solitário, mas solidário, aonde através de uma ação fraterna vamos de encontro ao outro, no exercício do bem, permitindo que ele cresça e colha o fruto de suas ações.

Mesmo diante de nossas limitações é possível a percepção de que o Egoísmo se traduz no desejo de se fazer um bem. Portanto, o egoísmo, não é o desejo de fazer o mal. Mas, diferentemente do Amor que é um gesto solidário, o egoísmo é um gesto solitário, onde o único beneficiário desse bem somos nós mesmos. Assim é comum desejarmos o que parece um bem para nós, mesmo que isso traga infelicidade e prejuízos ou atrasos ao outro. Quando somos egoístas, estamos nos equivocando, na compreensão do que seja realmente o bem para nós.

Pela Lei da Causa e Efeito toda ação tem uma reação. Prejudicando o outro, estarei, portanto, prejudicando a mim mesmo.

Retomemos agora ao nosso questionamento central, já recordando os conceitos apresentados.

O que acham meus amigos: negar a despedida é um ato de amor ou de egoísmo? A despedida seria uma perda?

Toda despedida implica em novos aprendizados, em oportunidades e em ciclos novos de vida. Em momento algum significa afastamento definitivo ou perda de momentos vividos, pois sabemos que estamos constantemente aprendendo e interagindo um com os outros, não importando a distância que nos separe.

Quando temos a capacidade de entender a despedida dessa maneira, a saudade que a acompanha, passa a ser muito mais tolerável e aceitável.

Num relacionamento que se finda, seja uma amizade ou conjugal, reter o outro não seria viver uma mentira?

Dentro do processo de amadurecimento não é chegado o momento em que temos que viver por nossas próprias convicções?

No ciclo da vida o momento natural de desgaste do corpo físico e a liberdade do espírito não faz parte de um processo natural de novas fases de uma única vida?

Amor não aprisiona, a educação orienta os caminhos, mas não obriga; e viver a espiritualidade não é a meta de todos nós?

Se entendemos tudo isso, por que ainda a dor, o ressentimento e a tristeza, nas despedidas? Arrisco dizer que é por que ainda não sabemos vivenciar todas essas verdades, mas que estamos procurando a cada dia, dando um passo de cada vez, conquista-las como saber.

Convido-os, portanto, a analisarem as atitudes diante das despedidas e sem julgamentos, mas com vontade de exercitar o Amor trazido por Jesus, efetuar as mudanças necessárias em nosso íntimo a fim de podermos entender e aceitar as despedidas não como o fim, mas como oportunidades de novos reencontros.

Que sejamos exemplos de amor nas idas e vindas que a vida nos oferece.

Com carinho,

16.06.15

Médium: Lúcia (Grupo Mediúnico Maria de Nazaré – CAVILE)

Espírito:Irmão Matheus (Colônia Espiritual Maria de Nazaré)