Enviado em 12 de dezembro de 2016 | No programa: Espiritismo e Segurança Pública |
Escrito por Isaldino dos Santos | Publicado por Vanessa Cavalcanti
Quando, na primeira parte do seu livro “Obras Póstumas”, Allan Kardec faz uma introdução ao estudo da fotografia e telegrafia do pensamento pode parecer estranho porque desde os tempos de criança, na escola
aprendemos que o pensamento, por ser invisível e intocável, seria uma
coisa abstrata, em razão disso surge a seguinte pergunta: Se não pode
ser visto nem tocado, como se consegue fotografá-lo? Essa era e continua
sendo a incerteza para alguns, cuja dúvida tentaremos esclarecer.
Para melhor compreender como ocorre o procedimento fotográfico do
pensamento, em primeiro lugar é imprescindível que se tenha a certeza da
existência da alma, caso contrário será inútil tentar entendê-lo. De acordo com os ensinamentos da
Doutrina Espírita, Deus criou os espíritos simples e ignorantes, mas,
todos imortais. Vendo por esse ângulo, poderia parecer uma grande
injustiça do Criador cria-los para viver eternamente na ignorância e na
simplicidade, mas, isso não é verdade, essa aparente injustiça é apenas
uma suposição, porque, na sua misericordiosa bondade, Ele concedeu a
cada um a oportunidade de desenvolver a sua capacidade de conhecer e
manipular as coisas por meio da inteligência, adquirir conhecimentos, e
desse modo, gradativamente evoluir até alcançar a condição de espíritos
puros.
Porém, como toda evolução exige sacrifícios, para poder alcançar essa
pureza várias condições são impostas a cada espírito, e uma delas é ter
que passar por uma experiência vivendo um determinado tempo no mundo
material. Ocorre que, por não poder atuar diretamente sobre a matéria
bruta em razão de sua natureza fluídica, ele necessita de um instrumento
para lhe servir de intermediário. Para isso, retira uma porção do
fluido universal e forma um corpo semimaterial e outro material, os
quais o acompanharão por toda parte durante a sua passagem pela Terra,
formando assim o que chamamos de ser humano.
Sendo assim, cada ser humano é formado por três elementos distintos e harmônicos, interligados entre si por laços fluídicos.
O espírito, que é o ser sensível e pensante da criação, e sede de todos
os sentimentos; o períspirito, corpo semimaterial, imponderável,
invisível aos nossos olhos e que serve de ligação entre espírito e
matéria; e corpo físico, o instrumento que o espírito utiliza para atuar
no mundo material.
Esse corpo físico possui sete centros de força, também chamados de
chacras, situados no corpo energético, que são responsáveis pela
distribuição da energia vital, pelo equilíbrio do organismo físico, e
tem como tarefa a absorção de energias do meio ambiente. Além disso, é
dotado também de cinco órgãos físicos, cada um com a função específica
de captar as sensações externas e, por meio do períspirito, envia-las
para o espírito, e entre eles destacamos dois, que são os que mais
interessam ao assunto que estamos tratando: os olhos e os ouvidos, que
captam e transmitem, respectivamente, as imagens e os sons.
Por exemplo, quando olhamos para um objeto, ou assistimos uma cena
qualquer, as imagens são captadas pelo nosso sentido da visão, e depois,
por meio de ondas, transmitidas para o perispirito que as fotografa e
arquiva no cérebro. Quando queremos lembrar daquele objeto, ou daquela
cena, o arquivo se abre e reproduz aquelas fotografias que nele estão
gravadas e arquivadas, exibindo-as para o nosso espírito. Por isso, o
Codificador do Espiritismo, comparou a mente humana com um álbum que pode ser manuseado para reviver cenas passadas.
Quando estamos falando com alguém, o ar que sai dos pulmões passa
pelas cordas vocais que vibram e produzem um som articulando as
palavras. Aquele som, por nós emitido, se propaga pelo espaço por meio
de ondas sonoras que obedecem a um padrão chamado frequência, é captado
pelo órgão auditivo da pessoa com quem conversamos e, em seguida,
transmitido ao seu períspirito que o recebe quase instantaneamente,
grava e armazena.
Quando a pessoa quer lembrar daquelas palavras o períspirito abre o
seu arquivo e, por meio de ondas pensantes, as repete. Foi, também, por
esse motivo que o cientista e neurocirurgião Wilder Penfield, da
Universidade Mc Gill em Montreal no Canadá, assim como Kardec, definiu a
mente como sendo um gravador de máxima fidelidade que grava as experiências vividas,
como se fosse uma fita magnética as quais, futuramente poderão ser
reproduzidas, bastando, para isso, um leve toque no cérebro com um
eletrodo.
Da mesma forma que as imagens e os sons podem ser recebidos,
fotografados e gravados pelo perispírito, com o que pensamos ocorre o
mesmo. Como o pensamento é atributo do espírito, e tem força criadora,
ele consegue impor a sua vontade e atuar sobre os fluidos dando-lhes
forma ou modificando-os. Desse modo, tudo o que pensamos cria imagens
fluídicas que, semelhante a um espelho, reflete no nosso perispírito,
onde também são fotografadas e armazenadas, podendo, igualmente, serem
reproduzidas posteriormente. Portanto, nada há de estranho em se falar
em fotografia e telegrafia do pensamento, já que se trata de um
mecanismo de grande utilidade, que serve de advertência e nos orienta a
procurar reciclar as nossas ideias.
Essa reciclagem é imprescindível porque, como espíritos encarnados
que somos, vivemos aqui na Terra mergulhados nessa atmosfera fluídica
que envolve todo o universo, onde cada um possui sua característica
fluídica particular, dita aura, ou seja, um campo energético resultante
de emanações de natureza eletromagnética, que irradia em torno do corpo.
Em razão disso, estamos sempre numa constante troca de energias
com aquelas vindas do cosmo, e as individuais, provenientes das outras
pessoas, as quais poderão ser positivas ou negativas, e entre elas
existe uma tendência a unirem-se ou afastarem-se, uma atração ou
repulsão.
Em um ambiente saudável, por exemplo, onde a maioria dos pensamentos
são bons, pelo processo de irradiação ocorrerá um fluxo daquelas
energias positivas que se dirigirão às pessoas presentes, e aquelas que
estiverem receptivas as atrairão e consequentemente, serão influenciadas
ao bem. Nesse caso, mesmo que haja uma pequena parcela de pensamentos
malévolos, eles não poderão impedir que as boas influências se produzam,
pois, por estar em posição de minoria, serão paralisadas e repudiadas.
Portanto, quando estamos no mesmo padrão vibratório
de pessoas que estejam pensando no bem, se os nossos pensamentos também
forem bons, pelo processo telepático atraímos e emitimos energias
salutares, melhor dizendo, haverá uma troca daquelas positivas. Porém,
se o ambiente estiver infestado de pensamentos maus, (carregado),
saturado de fluidos negativos e forem a maioria, enfraquecerão as boas
irradiações impedindo-as de penetrar naquele meio, e, as pessoas que
também estiverem sob influências maléficas, receberão cargas de energias
deletérias, que irão alojar-se no períspirito de cada uma,
influenciando-a ao mal. Desse modo, se a nossa sintonia for com alguém
que esteja emitindo energias malévolas e estivemos pensando no mal, elas
se unirão e, obviamente, a permuta será de fluidos deletérios.
O ser humano é regido por duas espécies de normas comportamentais: As
leis humanas, feitas pelo homem para regular a relação material entre
eles, e as Divinas, elaboradas pelo Criador, para harmoniza-los
espiritualmente. Embora ambas tenham o mesmo objetivo, a diferença entre
uma e outra é que, de acordo com as primeiras, somente haverá infração
quando o indivíduo as desrespeitar por meio de atos ou de palavras.
Se um indivíduo pratica o mal contra o seu semelhante com ações
concretas ou palavras ofensivas, desrespeita as leis humanas e terá que
responder perante à Justiça reparando o dano por ele causado; enquanto
as segundas, além de poderem ser infringidas por obras e palavras,
poderão também pelo pensamento. Quando alguém apenas pensa em praticar o
mal contra o seu próximo, mas, por um motivo qualquer, até mesmo pelo
emprego do livre arbítrio, não concretiza o seu intento, permanecendo
apenas na vontade, mesmo assim ocorre a infração, porque o pensamento se materializa intimamente, a cena é fotografada e arquivada no seu períspirito.
Nesse caso, em razão de ainda não conhecer a Lei de Causa e Efeito, e
ignorar as consequências das normas que regem a ação dos fluidos entre
as pessoas, ele acredita estar impune, o que é um grande equívoco, pois,
muito embora o seu desejo não tenha se realizado, não havendo,
portanto, efeito material, mesmo assim não deixa de ser uma infração,
pois a causa foi plasmada, fotografada e arquivada, e, como não há um só
pensamento – criminoso ou virtuoso – que não tenha ação real sobre a
massa humana, e sobre cada indivíduo, terá que responder perante a Lei
Divina.
Sendo assim, a conclusão que se tem é que, no dia em que o homem, que ainda não tem consciência dos efeitos que seus maus pensamentos irão produzir sobre os demais,
conhecer e perceber claramente a influência que poderão exercer sobre
os seus semelhantes, já que nenhum corpo serve de obstáculo ao fluido
perispiritual que a todos atravessa, e constatar que aquelas más
energias vindas de outras pessoas, da mesma forma poderão lhe causar
grandes males, considerando que elas poderão ser alteradas, pois o
controle das energias é feito através do pensamento, perceberá, também, a
necessidade de não mais mantê-los, e assim, com toda certeza procurará
corrigir-se e não mais pensará em fazer o mal.
Por isso, quando o Mestre Jesus nos aconselhou a orar e vigiar, foi
para que mantivéssemos uma vigilância constante, não somente sobre os
nossos atos e palavras, mas, também, e principalmente naquilo que
pensamos. Portanto quando presenciarmos uma cena de violência, como por
exemplo um processo de linchamento, onde algumas pessoas, recapitulando
vivências animalescas adormecidas no seu íntimo, atuam como feras, o que
devemos fazer é nos afastar dali o mais depressa possível para não nos
deixar influenciar pelas energias negativas emanadas daquela turba e,
consequentemente, também participar daquela chacina.
Se estivermos com intenção de praticar o mal contra alguém, devemos, de
imediato, procurar substituir aquelas más energias – nocivas ao próximo –
por pensamentos benevolentes, a fim de impedir que
aquela ideia malévola seja plasmada, fotografada e arquivada na nossa
mente, podendo a qualquer momento se exteriorizar.
Fonte: Rádio Boa Nova
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