Capítulo XVI - Grandes Descobertas.
Sem
nenhum ruído e sem emissão de gases poluentes, o veículo viajor do
tempo partiu do velho oriente, todos acomodados e embalados por um
relaxante som ambiente.
Eram tantas reflexões provocadas por aqueles acontecimentos que ninguém ousou quebrar o oportuno silêncio por algum tempo.
A
última parada daquela primeira viagem estaria programada em alguns
segundos, o período previsto se esgotava e logo estariam todos de volta
ao pátio do Liceu, tudo havia valido muito a pena, e a enriquecedora
aventura junto as maravilhas dos homens e de Deus, seria o maior tesouro
que levariam consigo, fariam parte das emocionantes lembranças vividas
nos bancos escolares da infância, e tomara um todos pudessem recordá-los
com alegria no dia de suas formaturas.
Uma leve guinada a esquerda, um giro a direita, uma ajustada nos ponteiros e seguiam agora ao roteiro final.
Paris,
1860, um edifício com amplas janelas de arquitetura colonial, na
Avenue Sainte-Anne nº 59, com uma pesada aldrava no seu lindo portal.
Bateram,
e um Sr. de meia idade lhes recebeu com um sorriso largo e bonachão, D.
Filó reconheceu-o logo como Hipollyte, o seu amigo de maior afetividade
e confiança, atrás dele vinha também Amélie, uma senhora de aparência
agradável, que abraçando uma a uma das crianças, dava-lhes boas vindas á
hospitaleira maneira daquele cantinho da França.
Um
bule de café cheiroso e fumegante e legítimos petit-fours acabados de
sair do forno os esperavam na bandeja de oferendas para uma deliciosa
merenda.
O
casal Rivail fez questão de apresentar o pequeno, porém aconchegante
lar onde viviam, sendo que um cômodo era reservado ao escritório do
Professor, com uma biblioteca de fazer inveja a quem sofre desse tipo de
pecha, já aos amantes da boa leitura, admirariam e curtiriam aquele
local e aquela família que valorizava as boas conquistas da cultura.
Sr.
Hippolyte era excelente docente, pedagogo, e como D. Filó explicou,
também um pesquisador de mão cheia, um apaixonado pelos estudos e pelas
disciplinas em que instruía.
Naquele instante por exemplo, estava aplicadíssimo em experiências investigativas para provar uma revolucionária teoria.
As tinha batizado de "Ensaios Espíritas".
Trabalhava
sob tríplice aspecto que o conduziriam pelos caminhos da verdade,
apoiado em bases científicas, no raciocínio teológico e na livre
filosofia.
Empenhado
em provar que o dom da vida e a criação, não se determinava por
começo, meio e conclusão, que tudo ia muito mais além do que se
conhecia, e que era contínua sua evolução.
Que
o que anima os seres vivos que conhecemos tão rudimentarmente, é um
principio cósmico elementar provindo de uma Energia similar entretanto
infinitamente mais inteligente.
Independente da matéria física palpável, transmigra entre variadas moradas e planos, progressivamente.
A
esse elemento etéreo permanente, deu o nome de "espírito, que sujeito a
lei de ação e reação, vai se burilando moral e intelectualmente,
adquirindo em vários estágios existenciais a sua qualificação natural,
da simplicidade e ignorância em que foi criado até atingir a
sublimidade, chegando o mais próximo que puder da perfeição divinal.
Com
muita observação e experimentação e antes de dar por finalizada sua
razão, percebeu também que era passível a comunicação entre esses seres,
qualquer que fosse o seu estado, estivesse encarnado ou não.
Essa
informação corroborava com o que já haviam trazido outros mestres
antepassados, concluindo que era possível a ligação mental pelos
pensamentos em fina sintonia frequencial.
A
esse tipo de emissão e recepção de mensagens denominou de
"mediunidade". Analisando pelo método de percepção orientada, atribuiu a
este experimento grande finalidade, a de codificar junto aos
"espíritos" de sabedoria superior uma doutrina que traria á luz
desconhecidas revelações, que colaborariam para abrir os olhos da
humanidade em relação a uma única verdade.
Infelizmente
este amigo, como os demais sábios que ousaram desafiar aqueles que se
julgavam formuladores das crenças e conhecimentos considerados
irrefutáveis, foi fortemente combatido e teve até seus livros queimados
em praça pública por detratores inconformados que não conceberam rever
conceitos e possibilidades que pudessem interferir no seus domínios e
mexer com a realidade. Provavelmente furtando-lhes o poder.
Para
tornar acessível seus estudos Sr. Hippolyte utilizou um pseudônimo meio
estranho e confuso, Allan Kardec, que segundo revelado por um "nobre"
amigo de ideal, havia sido a alcunha quando fora um druida em sua
penúltima experiência existencial.
O
Sr. Kardec, entusiasta e defensor do livre pensamento e da digna
sabedoria, e ainda que vitimado por muitas iniquidades ,escreveu muitas
obras levando a frente o que tinha certeza que futuramente seria um
grande feito, uma descoberta que levaria os homens a descobrirem os
meios e os fins que o conduzirão a Real Felicidade.
As
crianças antes de se despedirem daquele simpático casal foram
presenteados com uma coleção autografada de cinco livros daquele autor
tão querido e que lhes advertia assim :
"Unindo
o senso de justiça de Moisés , de Jesus o amor incondicional e a luz da
sapiência trazida pelos amigos da superior orbe espiritual, seja esta a
terceira revelação, "Amor Verdadeiro e dedicada e contínua Instrução".
Dedico
esta obra a minha amiga especial D.Filó, aos seus pupílos, e a um que
mora em meu coração sem pagar aluguel, meu querido bisneto que hoje aqui
me visitou sem saber este "Menino' que eu sou seu bisavô.
Um
abraço muito apertado depois daquela significativa surpresa, e todos já
estavam á postos novamente na "nave da imaginação", após um dia
agitado de muito aprendizado e considerações. Retornaram para a estação
inicial pousando bem de mansinho, os pais já esperavam a porta da sala
de aulas, com saudades e ansiosos para saberem as novidades que
envolveram naquele dia os seus amados filhinhos.
(Fim)
(História de: Paty Bolonha - 2010/2011, no livro D. Filó Sophia - início, meio e fim. - Respeite o conteúdo e a autoria)
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