Razão espiritual das deficiências físicas
"Os desregramentos de qualquer expressão impõem necessidades reparadoras, que gravam nos recessos do Espírito as matrizes que organizarão as futuras engrenagens de que se utilizará a vida para realizar as suas altas finalidades."
(Joanna de Ângelis / Divaldo Pereira Franco)
Muito mais penosa pode ser a existência para aquele que traz uma deficiência física sem compreender-lhe as verdadeiras razões. Timidez e revolta, sem dúvida, pesam-lhe no coração. E é também para estes que as vozes dos espíritos superiores se dirigem, trazendo o verdadeiro sentido das palavras do Cristo:
"bem-aventurados os que sofrem, porque serão consolados".
Os espíritos superiores trazem no livro "Céu e Inferno", compilado por Allan Kardec, uma revelação esclarecedora sobre a causa de nossos sofrimentos: "O Espírito sofre a pena sobre a causa de nossos sofrimentos: "O Espírito sofre a pena das suas imperfeições, seja no mundo espiritual, seja no mundo corporal. Todas as misérias, todas as vicissitudes que suportamos na vida corporal, são consequências de nossas imperfeições, de expiações de faltas cometidas, seja na existência presente, seja nas precedentes".
Com tais esclarecimentos, começamos a entender que a pessoa nascida com uma deficiência física não é uma vítima da natureza ou do cego acaso. Pelo contrário, está recebendo a bendita oportunidade da misericórdia divina para ressarcir erros cometidos e corrigir deficiências morais arraigadas em sua alma.
Pela natureza dos sofrimentos pode-se deduzir a gravidade das faltas cometidas.
Os espíritos ainda esclarecem:
"Pela natureza dos sofrimentos e das vicissitudes que se experimentam na vida corporal, pode-se julgar da natureza das faltas cometidas, em uma precedente existência, e das imperfeições que lhe são causa". O que significa dizer que não estamos sofrendo à toa, nem muito menos além do que, pelas irrevogáveis leis de compensação, merecemos.
Arrependimento, expiação e reparação.
Importante conceito sobre os mecanismos das leis divinas é o que os espíritos superiores nos transmitem, referindo-se às consequências de uma grave falta cometida:
"O arrependimento é o primeiro passo para a melhoria; mas só ele não basta, é preciso, ainda, a expiação, a reparação. Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento abranda as dores da expiação, no que traz a esperança e prepara os caminhos da reabilitação. Mas unicamente a reparação pode anular o efeito, em destruindo a causa. O perdão seria uma graça e não uma anulação. O arrependimento pode ocorrer em qualquer parte e em qualquer tempo. Se é tardio, o culpado sofre por mais tempo. A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais, que são a consequência da falta cometida, seja desde a vida presente, seja, depois da morte, na vida espiritual, seja em nova existência corporal, até que os traços da falta tenham se apagado".
A necessidade de reparação do erro cometido.
Sobre essa questão de necessidade de reparação do erro cometido, por parte do espírito culpado, explica-nos Allan Kardec:
"A necessidade de reparação é um princípio de rigorosa justiça, que se pode considerar como sendo a verdadeira lei de reabilitação moral dos espíritos. É uma doutrina que nenhuma religião ainda proclamou. Entretanto, algumas pessoas a repelem, porque achariam mais cômodo poder apagar as suas faltas pelo simples arrependimento, que não custa senão palavras, e com a ajuda de algumas fórmulas. Permita-lhes se crerem quites: verão mais tarde, se isso lhes basta. Poder-se-ia perguntar se esse princípio não é consagrado pela lei humana, e se a justiça de Deus pode ser inferior à dos homens".
Quanto a este conceito de reparação das faltas, conclui o codificador:
"Quando essa perspectiva da reparação estiver inculcada na crença das massas, será um freio bem mais poderoso do que o do inferno e das penas eternas, porque diz respeito à atualidade da vida, e o homem compreenderá a razão de ser das circunstâncias penosas em que está colocado.
Por que algumas pessoas já nascem com deficiências físicas?
Frequentemente há quem pergunte:
Por que vemos tantas pessoas nascerem cegas, surdas, mudas ou afetadas de moléstias incuráveis, enquanto outras possuem todas as vantagens físicas? Será um efeito do acaso, ou um ato da Providência?
E o codificador do Espiritismo responde, embasado nas respostas dadas pelos espíritos superiores:
"Se fosse do acaso, a Providência não existiria. Admitida, porém, a Providência, perguntamos como se conciliam esses fatos com a sua bondade e justiça? É por falta de compreensão da causa de tais males que muitos se arrojam a acusar Deus. Compreende-se que quem se torna miserável ou enfermo, por suas imprudências ou por excessos, seja punido por onde pecou: porém, se a alma é criada ao mesmo tempo do corpo, que fez ela para merecer tais aflições, desde o seu nascimento, ou para ficar isenta delas? Se admitimos a justiça de Deus, não podemos deixar de admitir que esse efeito tem uma causa; e se esta causa não se encontra na vida presente, deve achar-se antes desta, porque em todas as coisas a causa deve preceder ao efeito. Há, pois, necessidade de a alma já ter vivido, para que possa merecer uma expiação".
O Espiritismo nos dá força para suportarmos nossas vicissitudes e expiações.
Explica-nos ainda o codificador que "nem sempre uma vida penosa é expiação. Muitas vezes é prova escolhida pelo Espírito, que vê um meio de avançar mais rapidamente, conforme a coragem com que saiba suportá-la".
Os estudos espíritas nos mostram, portanto, que ao adquirirmos a convicção dessas verdades, teremos força para suportarmos as vicissitudes da vida e aceitaremos a nossa sorte, sem invejar a dos outros.
"Os contornos anatômicos da forma física, disformes ou perfeitos, longilíneos ou brevilíneos, belos ou feios, fazem parte dos estatutos educativos. Em geral, a reencarnação sistemática é sempre um curso laborioso de trabalho contra os defeitos morais preexistentes nas lições e conflitos presentes. Pormenores anatômicos imperfeitos, circunstâncias adversas, ambientes hostis, constituem, na maioria das vezes, os melhores lugares de aprendizado e redenção para aqueles que renascem."
(André Luiz / Francisco Cândido Xavier)
O raiar da compaixão
Embora ainda haja muita incompreensão e dores, afirma Liszt, estarmos próximos do que ele chama o "raiar da compaixão", em que aqueles que não se preocupam com os outros perceberão que é apenas mais prático cuidar dos menos afortunados. Qualquer parte de uma comunidade que sofre, ocasiona uma série de reações sobre a restante.
(Franz Liszt / Rosemary Brown)
Consciência Espírita
Fonte: Universo Espírita
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