[...] “esses fluidos têm para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes.”
.........................................................................................................
Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem.
- Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas;
- mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual.
- Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção;
- outras vezes, são produto de um pensamento inconsciente.
- Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera.
É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista_psíquica,
sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o
conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações.
Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores - enfermidades,
cicatrizes, membros amputados, etc. - que tinha então. Um decapitado se
apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conservado
essas aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não é
coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que,
retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais defeitos, seu perispírito
lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo
que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma
vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou
negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e à que se transporte o seu pensamento.
Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado a usar.
- Um avarento manuseará ouro,
- um militar trará suas armas e seu uniforme,
- um fumante o seu cachimbo,
- um lavrador a sua charrua e seus bois,
- uma mulher velha a sua roca.
Para o Espírito, que é, também ele, fluídico,
esses objetos fluídicos são tão reais, como o eram, no estado material,
para o homem vivo; mas, pela razão de serem criações do pensamento, a
existência deles é tão fugitiva quanto a deste.
Fonte: Allan Kardec. A Gênese, cap. XIV, itens 3 e 14.