Eternidade

Eternidade

sábado, 30 de novembro de 2013

Seminário sobre a Obra Memórias de um Suicida


Hospedagem




Hospedagem  ( 48 )


Mt. 10:11
"E, em qualquer cidade ou aldeia em que
entrardes, procurai saber quem nela seja
digno, e hospedai-vos aí até que vos
retireis."






"E, em qualquer cidade ou aldeia"   - Sem preferência, sem levar em conta a preocupação da localização, o discípulo foi instruído a ir a todos os locais: pobres, prósperos, grandes ou não. Assim também, somos convocados quando identificados com a mensagem de Jesus, a agir sem discriminações, seguindo a determinação do Alto nas vias das circunstâncias.

Cidade lembra lugar organizado, com população e infra estrutura asseguradora da sobrevivência, dispondo de, pelo menos, o essencial para as facilidades dos habitantes. Aldeia recorda lugar primitivo, com pessoal geralmente simples, ligado à natureza. Espiritualmente focalizada a questão, encontramos homens-cidades e homens-aldeias. Tudo depende da condição íntima e evolutiva de cada um. Assim, convivemos com as mais diversificadas pessoas, ou grupo de pessoas, quanto aos valores que carreiam, ao longo do caminho...





"Em que entrardes,"  - Quanto aos locais, durante a peregrinação do ser pela Terra, vai ele registrando os mais simples e os mais significativos no encaminhamento de sua aprendizagem e de suas possibilidades de cooperação. Ainda que ficasse, como raramente acontece, em um só lugar, toda uma existência, ver-se-ia obrigado a entrar em contato, em sintonia com todo o tipo de criaturas. Relacionamo-nos, desse modo, com as mais diversas modalidades de vibrações, de interesses, de influências, penetrando, pelas vias da simpatia, que naturalmente nos aproxima uns dos outros, no coração de muitos seres. Sejam eles esposos, filhos, pais, amigos, irmãos... Se, na distribuição e dinamização dos recursos espirituais, somos convocados a sair de nós mesmos, na solução e superação dos problemas que nos são inerentes, necessitamos "entrar" território a dentro da aldeia íntima, selecionando conceitos, pensamentos e tendências para o que não podemos prescindir da vigilância.




"Procurai saber quem nela seja digno,"   - Compete a cada um a iniciativa de saber, pois, os padrões morais variam de criatura para criatura. O que é justo para uma deixa de ser para outra. Agora, para saber, devemos olhar, observar, nos aproximar, atentos às reações que são elementos grandemente reveladores. A orientação não implica na seleção de privilegiados, mas na identificação daquele que se dispõe em reeducar-se. Não se deve esquecer que o próprio discípulo, apesar de seguidor do Mestre, ele o faz como portador de numerosas fraquezas e imperfeições. Seja no trato com os semelhantes ou no exame de seus valores, é imperioso distinguir o que seja digno. Digno é aquele que se afirma no Bem, ou aquilo que, eticamente, revela Bondade.

No entanto, ante a filosofia do Cristo, faz-se digno até mesmo o celerado ou o delinquente que quer se libertar, bem como o vício, ou a paixão que em nós identificamos e cujas energias, sentimos, podem ser revertidas ou canalizadas para ângulos positivos.





"E hospedai-vos aí"   - Hospedar um viajante era um dever, um hábito de todos os judeus. Muito louvável, porque representava um ato de caridade, numa época em que eram raras as pensões.

Hospedar implica em acomodar, estabelecer. Espiritualmente, expressa a permanência na pauta da cooperação. É abrigar-se sob o teto dos pensamentos e atitudes dignas, com discernimento, perseverança e bom ânimo, a fim de que os objetivos sejam alcançados.





"Até que vos retireis."   - Uma vez atingidos os objetivos de auxílio no campo de relação ou vencida a luta de superação dos problemas que nos são afetos, é lícito e mesmo imperioso que se parta para novas experiências. O apego, a ausência de capacidade de desvincular-se têm sido fatores de escravização milênios afora. Se somos convocados ao ajuste, a nos hospedar, a conviver, somos também convidados aos processos da separação ou da retirada no momento justo. Quando não o fazemos somos levados, às vezes, a verdadeiras cirurgias, portadoras de apreensões e sofrimentos. São as mudanças, ou afastamentos bruscos, as desencarnações.




Obra: Luz Imperecível, Coordenação: Honório Onofre de Abreu
Estudo Interpretativo do Evangelho
à Luz da Doutrina Espírita

sábado, 23 de novembro de 2013

VERDADE E LUZ




Perguntas e Respostas


Que são fluidos?

Os fluidos são o veículo do pensamento dos Espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. Todos estamos mergulhados no fluido cósmico universal, substância básica da Criação, que varia da imponderabilidade até a ponderabilidade. Os fluidos espirituais estão impregnados dos pensamentos dos Espíritos, portanto varia de qualidade ao infinito. A atmosfera fluídica é formada pela qualidade dos pensamentos nela predominantes.


O que é o Passe?

É a transferência de fluidos de uma pessoa a outra, através da prece e imposição de mãos, procedimento largamente usado nos centros espíritas. As energias são oriundas dos fluidos humanos (do passista) e fluidos espirituais (dos Espíritos que trabalham com a equipe de médiuns). Existem três tipos de magnetismo: o humano, o espiritual e o misto. O tipo de magnetismo utilizado nas casas espíritas é o misto, pois à ação dos encarnados soma-se a ajuda benéfica dos Espíritos que trabalham na área, qualificando, direcionando e potencializando os fluidos.


Existem milagres?

O milagre é fenômeno que não se consegue explicação racional e nos parece sobrenatural. Na verdade é apenas a manifestação intencional (provocada por agentes conscientes) ou espontâneas (causadas por agentes inconscientes) de determinadas leis da natureza, ainda desconhecidas pelo homem. Deus criou leis perfeitas e imutáveis. Se o milagre existisse seria uma transgressão a estas leis. O que existe é a ignorância dos princípios que regem as leis de Deus. O que pode parecer milagre para uns, é perfeitamente explicável para outros. Por exemplo um índio selvagem que visse um eclipse do sol, acharia aquilo um milagre, mas estudando astronomia, percebe que um astro se sobrepõe a outro com um fenômeno natural. A ciência ajuda na desmistificação dos milagres. Chegará o dia em que em todos conhecerão as leis que regem os fluidos, a mediunidade, a influência do mundo espiritual sobre o mundo físico, a ação dos Espíritos sobre a matéria, etc...


Fonte: www.portaldoespirito.com.br

A Vida Superior




A alma virtuosa, depois de haver vencido suas paixões, depois de abandonar o corpo, miserável instrumento de dor e de glória, vai, através da imensidade, juntar-se às suas irmãs do espaço. Atraída por uma força irresistível, ela percorre regiões onde tudo é harmonia e esplendor; mas a linguagem humana é muito pobre para descrever o que aí se passa.

Entretanto, que alívio, que deliciosa alegria então experimenta, sentindo quebrada a pesada cadeia que a retinha à Terra, podendo abraçar a imensidão, mergulhar no espaço sem limites, librar-se além dos mundos!
Não mais tem um corpo enfermo, sofredor e pesado como uma barra de chumbo; não mais terá fardo material para arrastar penosamente.

Desembaraçada de suas cadeias, entra a irradiar e embriaga-se de espaço e de liberdade. A fealdade terrena e a decrepitude deram lugar a um corpo fluídico de aparência graciosa e de formas ideais, diáfano e brilhante.

Aí encontra aqueles a quem amou na Terra, que a precederam na nova vida e agora parecem esperá-la. Então, comunica-se livremente com todos, suas expansões são repletas de felicidade, embora ainda um pouco anuviadas por tristes reminiscências da Terra e pela comparação da hora presente com um passado cheio de lágrimas. Outros Espíritos que perdera de vista em sua última encarnação, mas que se tinham tornado seus afeiçoados por provas suportadas em comum no decurso das idades, vêm também juntar-se aos primeiros. Todos os que compartilharam seus bons ou maus dias, todos os que com ela se engrandeceram, lutaram, choraram e sofreram correrão ao seu encontro, e sua memória, despertando-se desde então, ocasionará explosões de felicidade e venturas que a pena não sabe descrever.

Como resumir as impressões da vida radiante que se abre ao Espírito? A veste grosseira, o manto pesado que lhe constrangia os sentidos íntimos, despedaçando-se subitamente, tornam centuplicadas as suas percepções. O horizonte se lhe alarga e não tem mais limites. O infinito incomensurável, luminoso, desdobra-se às suas vistas com suas ofuscantes maravilhas, com seus milhões de sóis, focos multicores, safiras e esmeraldas, joias enormes, derramadas no azul e seguidas de seus suntuosos cortejos de esferas. Esses sóis, que aparecem aos homens como simples lampadários, o Espírito os contempla em sua real e colossal grandeza; vê-os mais poderosos que o luminar do nosso planeta; reconhece a força de atração que os prende, e distingue ainda, em longínquas profundezas, os astros maravilhosos que presidem às evoluções.
Todos esses fachos gigantescos, ele os vê em movimento, gravitando, prosseguindo seu curso vagabundo, entrecruzando-se, como globos de fogo lançados no vácuo pela mão de um invisível jogador.

Nós, perturbados sem cessar por vãos rumores, pelo confuso sussurro da colmeia humana, não podemos conceber a calma solene, o majestoso silêncio dos espaços, que enche a alma de um sentimento augusto, de um assombro que toca as raias do pavor.

Mas o Espírito puro e bom é inacessível ao temor. Esse infinito, frio e silencioso para os Espíritos inferiores, anima-se logo para ele e o faz ouvir sua voz poderosa. Livre da matéria, a alma percebe, aos poucos, as vibrações melodiosas do éter, as delicadas harmonias que descem das regiões celestes e compreende o ritmo imponente das esferas.

Esse cântico dos mundos, essas vozes do infinito que soam no silêncio ela os saboreia até se sentir arrebatar. Recolhida, inebriada, cheia de um sentimento grave e religioso, banha-se nas ondas do éter, contempla as profundezas siderais, as legiões de Espíritos, sombras ligeiras que flutuam e se agitam em esteiras de luz.
Assiste à gênese dos mundos, vê a vida despertar-se e crescer na sua superfície, segue o desenvolvimento das humanidades que os povoam e, nesse grande espetáculo, verifica que em toda parte do Universo a atividade, o movimento e a vida ligam-se à ordem.

Qualquer que seja seu adiantamento, o Espírito que acaba de deixar a Terra não pode aspirar a viver indefinidamente dessa vida superior. Adstrito à reencarnação, essa vida não lhe é senão um tempo de repouso: uma compensação aos seus males, uma recompensa aos seus méritos. Apenas aí vai retemperar-se e fortificar-se para as lutas futuras.

Porém, nas vidas que o esperam não terá mais as angústias e os cuidados da existência terrestre. O Espírito elevado é destinado a renascer em planetas mais bem dotados que o nosso. A escala grandiosa dos mundos tem inúmeros graus, dispostos para a ascensão progressiva das almas, que os devem transpor cada um por sua vez.

Nas esferas superiores à Terra o império da matéria é menor. Os males por esta originados atenuam-se, à medida que o ser se eleva e acabam por desaparecer. Lá, o ser humano não mais se arrasta penosamente sob a ação de pesada atmosfera; desloca-se de um lugar para outro com muita facilidade. As necessidades corpóreas são quase nulas e os trabalhos rudes, desconhecidos. Mais longa que a nossa, a existência aí se passa no estudo, na participação das obras de uma civilização aperfeiçoada, tendo por base a mais pura moral, o respeito aos direitos de todos, a amizade e a fraternidade. As guerras, as epidemias e os flagelos não têm acesso e os grosseiros interesses, causa das nossas ambições, não mais dividem os povos.

Chegará afinal um dia em que o Espírito, depois de haver percorrido o ciclo de suas existências terrestres, depois de se haver purificado através dos mundos, por seus renascimentos e migrações, vê terminar a série de suas encarnações e abrir-se a vida espiritual, definitivamente, a verdadeira vida da alma, donde o mal, as trevas e o erro estão banidos para sempre. A calma, a serenidade e a segurança profunda substituem os desgostos e as inquietações de outrora. A alma chegou ao término de suas provações, não mais terá sofrimento. Com que emoção rememora os fatos de sua vida, esparsos na sucessão dos tempos, sua longa ascensão, a conquista de seus méritos e de sua elevação! Que ensinamento nessa marcha grandiosa, no percurso da qual se constitui e se afirma a unidade de sua natureza, de sua personalidade imortal!

Compara os desassossegos de outras épocas, os cuidados e as dores do passado, com as aventuras do presente, e saboreia-as a longos tragos. Que inebriamento o de sentir-se viver no meio de Espíritos esclarecidos, pacientes e atenciosos; unir-se-lhes pelos laços de inalterável afeto; participar das suas aspirações, ocupações e gozos; ser-se compreendido, sustentado, amado por todos, livre das necessidades e da morte, na fruição de uma mocidade sobre a qual os séculos não fazem mossa!

Depois, vai estudar, admirar, glorificar a obra infinita, aprofundar ainda os mistérios divinos; vai reconhecer por toda parte a beleza e a bondade celeste; identificar-se e saciar-se com elas; acompanhar os Gênios superiores em seus trabalhos, em suas missões; compreender que chegará um dia a igualá-los; que subirá ainda mais e que a esperam, sempre e sempre, novas alegrias, novos trabalhos, novos progressos: tal é a vida eterna, magnífica, a vida do espírito purificado pelo sofrimento.

Os céus elevados são a pátria da beleza ideal e perfeita em que todas as artes bebem a inspiração. Os Espíritos eminentes possuem em grau superior o sentimento do belo. Este é a fonte dos mais puros gozos, e todos sabem realizá-lo em seus trabalhos, diante dos quais empalidecem as obras-primas da Terra.
Cada vez que uma nova manifestação do gênio se produz sobre o mundo, cada vez que a arte se nos revela sob uma forma aperfeiçoada, pode dizer-se que um Espírito descido das altas esferas tomou corpo na Terra para iniciar os homens nos esplendores da beleza eterna. Para a alma superior, a arte, sob seus múltiplos aspectos, é uma prece, uma homenagem prestada ao Princípio de todas as coisas.

O Espírito, pelo poder de sua vontade, opera sobre os fluidos do espaço, os combina, dispondo-os a seu gosto, dá-lhes as cores e as formas que convêm ao seu fim. É por meio desses fluidos que se executam obras que desafiam toda comparação e toda análise.

Construções aéreas, de cores brilhantes, de zimbórios resplendentes: sítios imensos onde se reúnem em conselho os delegados do Universo; templos de vastas proporções de onde se elevam acordes de uma harmonia divina; quadros variados, luminosos: reproduções de vidas humanas, vidas de fé e de sacrifício, apostolados dolorosos, dramas do infinito. Como descrever magnificências que os próprios Espíritos se declaram impotentes para exprimir no vocabulário humano?

É nessas moradas fluídicas que se ostentam as pompas das festas espirituais. Os Espíritos puros, ofuscantes de luz, agrupam-se em famílias. Seu brilho e as cores variadas de seus invólucros permitem medir a sua elevação, determinar-lhes os atributos. Suaves e encantadores concertos, comparados aos quais os da Terra não são mais que ruídos discordantes; por cenários têm eles o espaço infinito, o espetáculo maravilhoso dos mundos que rolam na imensidão, unindo suas notas às vozes celestes, ao hino universal que sobe a Deus.
Todos esses Espíritos, associados em falanges inumeráveis, conhecem-se e amam-se. Os laços de família, os afetos que os uniam na vida material, quebrados pela morte, aí se reconstituem para sempre.
Destacam-se dos diversos pontos do espaço e dos mundos superiores para comunicarem mutuamente os resultados de suas missões, de seus trabalhos, para se felicitarem pelos êxitos obtidos e coadjuvarem-se uns aos outros nas empresas difíceis.

Nenhum pensamento oculto, nenhum sentimento de inveja tem ingresso nessas almas delicadas. O amor, a confiança e a sinceridade presidem a essas reuniões onde todos recolhem as instruções dos mensageiros divinos, onde se aceitam as tarefas que contribuem para elevá-los ainda mais.

Uns seguem a observar o progresso e o desenvolvimento dos globos; outros encarnam nos diversos mundos para cumprir missões de devotamento, para instruir os homens na moral e na Ciência; outros ainda, os Espíritos-guias ou protetores, ligam-se a alguma alma encarnada, a sustentam no rude caminho da existência, conduzem-na do nascimento à morte, durante muitas vidas sucessivas, vindo acolhê-la no termo de cada uma delas, quando entra no mundo invisível. Em todos os graus da hierarquia espiritual, as almas têm um papel a executar na obra imensa do progresso e concorrem para a realização das leis superiores.

Quanto mais o Espírito se purifica, mais intensa, mais ardente nele se torna a necessidade de amar, de atrair para a sua luz e para a sua felicidade, para a morada em que não se conhece a dor, tudo o que sofre, tudo o que luta e se agita nas baixas camadas da existência.

Quando um desses Espíritos adota um de seus irmãos atrasados e torna-se seu protetor, seu guia, com que solicitude afetuosa lhe sustenta os passos, com que alegria contempla os seus progressos e com quanta dor vê as quedas que não pôde evitar!

Assim como a criança descida do berço ensaia seus primeiros passos sob os olhares enternecidos da sua carinhosa mãe, assim também, sob a égide invisível de seu pai espiritual, o Espírito é assistido nos combates da vida terrestre.

Todos temos um desses Gênios tutelares que nos inspira nas horas difíceis e dirige-nos pelo bom caminho. Daí a poética tradição cristã do anjo da guarda. Não há concepção mais grata e consoladora. Saber que temos um amigo fiel e sempre disposto a socorrer-nos, de perto como de longe, influenciando-nos a grandes distâncias ou conservando-se junto de nós nas provações; saber que ele nos aconselha por intuição e nos aquece com o seu amor, eis uma fonte inapreciável de força moral. O pensamento de que testemunhas benévolas e invisíveis vêem todos os nossos atos, regozijando-se ou entristecendo-se, deve inspirar-nos mais sabedoria e circunspecção. É por essa proteção oculta que se fortificam os laços de solidariedade que ligam o mundo celeste à Terra, o Espírito livre ao homem, Espírito prisioneiro da carne. É por essa assistência contínua que se criam, de um a outro lado, as simpatias profundas, as amizades duradouras e desinteressadas. O amor que anima o Espírito elevado vai pouco a pouco se estendendo a todos os seres sem cessar, revertendo tudo para Deus, pai das almas, foco de todas as potências efetivas.



(Léon Denis - Depois da Morte)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Limitações Humanas




Limitações Humanas  ( 34 )



Mt. 6:27
"E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados,
acrescentar um côvado à sua estatura?"






"E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados,"  - A pergunta formulada pelo Cristo nos leva, sem dúvida, a reflexões capazes de nos favorecerem no levantamento de nossas limitações. Se de um lado os recursos de que somos dotados podem e nos têm projetado para faixas a se ampliarem cada vez mais, de outro lado é imperioso estarmos conscientes da existência de componentes, cuja presença está inteiramente à mercê dos desígnios celestes. Ajudando-nos a compreender este fato, o texto evangélico registra com sabedoria, "com todos os seus cuidados".

Esclarece, também, quanto ao imperativo de discernirmos, quanto ao que nos cabe fazer, e quanto ao que é de atribuição exclusiva da vontade e da Misericórdia do Criador.







"Acrescentar um côvado à sua estatura?"  - A imagem didática de Jesus é incisiva, capaz de separar com nitidez a diligência ou cuidados de nossa competência, com a medida sábia das fontes que nos dirigem. Se de nossa parte emerge a necessidade de cultivar, cuidar e provisionar para que os fatos se encadeiem, de outro lado não podemos esquecer que o mecanismo do crescimento extrapola totalmente nossas acanhadas possibilidades de realização.

No cerne de todos os fatos e acontecimentos está presente a providência d'Aquele que nos conduz, enquanto em nossas mãos, como elaboradores, segundo os sistemas da Evolução, estão entregues instrumentos, tempo, condições, ambiente e materiais suficientes a que a evolução possa ter seu curso, garantindo a cada qual a cota de participação nas engrenagens da vida.

Auxiliando-nos no entendimento deste tema, Paulo já afirmava: Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento." (I Cor. 3:6).







Obra: Luz Imperecível, Coordenação: Honório Onofre de Abreu
Estudo Interpretativo do Evangelho
à Luz da Doutrina Espírita

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Perante a Arte

 

 

 Perante a Arte



“Colaborar na Cristianização da Arte, sempre que se lhe apresentar ocasião.
A Arte deve ser o Belo criando o Bem.

Repelir, sem crítica azeda, as expressões artísticas, torturadas que exaltem 
a animalidade ou a extravagância.

O trabalho artístico que trai a Natureza nega a si próprio.

Burilar incansavelmente as obras artísticas de qualquer gênero.

Melhoria buscada, perfeição entrevista.

Preferir as composições artísticas de feitura espírita integral, preservando-se 
a pureza doutrinária.

A arte enobrecida estende o poder do amor.

Examinar com antecedência as apresentações artísticas para as reuniões festivas 
 nos arraias espíritas, dosando-as e localizando-as segundo as condições 
das assembléias a que se destinem.

A apresentação artística é como o ensinamento: deve observar condições e lugar.

“E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará os vossos corações 
e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” – Paulo.

(Filipenses, 4:7)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Dependência química, desajustes da alma



Nos últimos tempos, a sociedade brasileira de um modo geral vem sendo atormentada pelo fantasma da dependência química. Infelizmente, o assunto é destaque nos veículos de comunicação em todo o país.

Em todas as cidades, em maior ou menor grau, é possível encontrar dependentes químicos padecendo pelo vício nas ruas, praças e becos. São pessoas de variadas classes sociais, níveis de formação e faixa etária. A dependência química não é seletiva, ao contrário, é epidêmica.

O número de usuários de substâncias tóxicas é crescente e chega a índices preocupantes. Estima-se que no Brasil cerca de 9 milhões de pessoas fazem uso de substâncias ilícitas e, se mencionarmos os etilistas e tabagistas, devemos acrescentar às estatísticas mais 9 milhões de pessoas. A impressão que temos é que a situação fugiu do controle.

O problema do uso de substâncias tóxicas é semelhante a um câncer de alta malignidade. Espalha-se rapidamente e gera outras temidas consequências, como homicídios, furtos, roubos e outras modalidades do crime, no qual dezenas de pessoas todos os dias perdem a guerra para o tráfico de drogas e são vitimadas covardemente. Enquanto famílias inteiras são destruídas, traficantes se enriquecem à custa do sofrimento alheio. 


O que é dependência química? 

A dependência química ou síndrome da dependência é definida pela ciência como a perda do controle do organismo sobre o uso de substâncias químicas (drogas ilícitas, etilismo, tabagismo, medicações), ou seja, o corpo passa a depender dessas substâncias para realizar suas funções. Na ausência delas, manifesta sintomas conhecidos como síndrome de abstinência.

É uma doença crônica de ação rápida e difícil controle, que pode levar o indivíduo à morte. Hoje é considerado um problema de saúde pública. 


O conceito de "Droga" 

As drogas são substâncias tóxicas de origem natural ou sintética, de efeitos nocivos para o organismo. Podem ser ingeridas, inaladas, injetadas ou absorvidas pela pele e têm ação específica no cérebro, estimulando as áreas responsáveis pelo prazer, o que provoca uma ligeira sensação de bem-estar. Para sustentar esse falso prazer, o usuário necessita de doses cada vez maiores, com isso viciando o corpo físico e o Espírito.
 
Essas substâncias podem causar atrofia no tecido cerebral, resultando em déficit de aprendizagem, distúrbios cognitivos, demência e esquizofrenia. 


Causas da dependência química 

Diversos fatores são apontados pela ciência como causas da dependência química. Os principais estudos apontam para as questões psicológicas, sociais, congênitas (mães usuárias transmitem o vício para os filhos ainda na gestação) e genéticas. Cientificamente, não há uma resposta definitiva para a causa da dependência química nas pessoas. 


A explicação do Espiritismo 

Segundo Joanna de Ângelis, o indivíduo deve ser analisado de forma holística. A organização do ser compreende Espírito, corpo e mente, considerando a imortalidade da alma e a pluralidade das existências. Através dessas considerações, pode-se compreender que as origens de várias patologias físicas e psicológicas estão relacionadas à enfermidade do Espírito, adquirida outrora ou fruto da imaturidade e de seu grau de adiantamento ainda limitado.

De maneira geral, deve-se observar a busca incessante pela compreensão do "eu"; as consequências dos próprios atos, as quais resultam em problemas aparentemente infindáveis para o ser humano; as inquietudes do Espírito atormentado pela consciência culpada; a preocupação excessiva com o corpo físico e a negação do Espírito; o imediatismo existencial e a falta de confiança no Criador. Quando não há entendimento para essas questões, o ser humano pode mergulhar em uma crise existencial, caracterizada pelo vazio, a solidão e graves conflitos psicológicos que levam à depressão e a outros transtornos comportamentais, que acabam por induzir esses Espíritos menos preparados a buscar um refúgio nas substâncias entorpecentes.

Diz Joanna de Ângelis, em “Psicologia da Gratidão”: "Nessa busca de realização pessoal, base de sustentação para uma existência feliz, surge o desafio do significado existencial, no momento em que a sociedade experimenta a pandemia psicopatológica das vidas vazias”.
Por outro lado, durante a jornada evolutiva, o Espírito imperfeito é convidado a se despir das tendências viciosas adquiridas ao longo de existências pregressas. Essas intenções negativas podem permanecer gravadas no perispírito por um longo tempo, o que acaba sendo exteriorizado para a matéria, explicando dessa forma a predisposição genética para o desenvolvimento da dependência química em alguns indivíduos. Um Espírito que teve contato com substâncias químicas em existências anteriores pode, por exemplo, apresentar uma probabilidade maior de desenvolver a doença na reencarnação subsequente.

O Espírito de Manoel Philomeno de Miranda também esclarece a questão no livro "Nas Fronteiras da Loucura":

"Espiritualmente atrasado, sem as fixações dos valores morais que dão resistência para a luta, o homem moderno, que conquistou a lua e avança no estudo das origens do Sistema Solar que lhe serve de berço, incursionando pelos outros planetas, não conseguiu conquistar-se a si mesmo. Logrou expressivas vitórias, sem alcançar a paz íntima, padecendo os efeitos dos tentames tecnológicos sem os correspondentes valores de suporte moral. Cresceu na horizontal da inteligência sem desenvolver a vertical do sentimento elevado. Como efeito, não resiste às pressões, desequilibra-se com facilidade e foge, na busca de alcoólicos, de tabacos, de drogas alucinógenas de natureza tóxica...” 


Dependência química e obsessão 

É sabido que o plano espiritual exerce influência direta sobre o plano material e vice-versa. Nossos pensamentos funcionam como transmissores e receptores de vibrações, com o que somos capazes de influenciar e sermos influenciados. Basta um pensamento fixo para atrair para junto de nós Espíritos que comungam as mesmas ideias. Se pensarmos positivamente, as vibrações recebidas do plano espiritual também serão proveitosas; se acontece o contrário, teremos aproximação de Espíritos menos desenvolvidos, intencionados a ações perturbadoras.

Através desse mecanismo, alguns Espíritos reencarnados são influenciados à prática de ações nocivas para eles mesmos e para outros. Não raro são os casos de dependência química originados pela obsessão. Se há um grau mais acentuado de mediunidade não doutrinada por parte do obsidiado, a influência pode ser maior.

É necessário esclarecer que a obsessão só acontece quando permitimos; portanto, na maioria das vezes, não há atenuantes. O Espírito de André Luiz relata alguns casos de dependência química por obsessão no livro "Nos Domínios da Mediunidade". 


O dependente químico no além-túmulo 

O uso contínuo de drogas das mais variadas formas, quando não leva o indivíduo ao suicídio consciente, acaba por aniquilar a vida física por sobrecarga de tóxicos na matéria (overdose).

A compulsão viciosa não termina com o fechar dos olhos físicos. O Espírito permanece sob ação das substâncias nocivas impregnadas ao seu perispírito. O desespero e o sofrimento se fazem presentes. O Espírito delinquente é acometido pelos efeitos da abstinência e então inicia uma busca incessante pelas substâncias entorpecentes, o que o torna, em alguns casos, um obsessor ou escravo de legiões de Espíritos tendenciados ao mal, em condições semelhantes, e assim permanece até obter o merecimento de um resgate.

Por vezes, é necessário o internamento compulsório em instituições manicomiais do plano espiritual para desintoxicar o Espírito envolto por substâncias nocivas e reparar os desajustes da consciência. Quando retorna ao plano físico, traz consigo as lesões no perispírito que podem imprimir na matéria as consequências do abuso pretérito, além de ter que se submeter às mesmas provações de antes. 


Que fazer para combater a dependência química? 

A resposta é dada por Joanna de Ângelis por meio de Divaldo Franco, no livro "Após a tempestade". Analisemos:

"A educação moral à luz do Evangelho sem disfarces nem distorções; a conscientização espiritual sem alardes; a liberdade e a orientação com bases na responsabilidade; as disciplinas morais desde cedo; a vigilância carinhosa dos pais e mestres cautelosos; a assistência social e médica em contribuição fraternal constituem antídotos eficazes para o aberrante problema dos tóxicos –autoflagelo que a Humanidade está sofrendo, por haver trocado os valores reais do amor e da verdade pelos comportamentos irrelevantes quão insensatos na frivolidade. O problema, portanto, é de educação na família cristianizada, na escola enobrecida, na comunidade honrada e não de repressão policial..."

A situação exige comprometimento de diversas instituições, a começar pela família, que tem um papel preponderante na tutela de um Espírito. O seio familiar constitui o alicerce para uma reencarnação bem-sucedida de um Espírito.

As instituições religiosas também exercem grande influência no combate à dependência química, porque toda e qualquer religião que é capaz de transformar o homem em um ser melhor é digna de respeito e valorização. A formação religiosa contribui para o desenvolvimento do caráter, esculpindo na personalidade humana os princípios éticos e morais.

A sociedade também deve assumir a sua responsabilidade e não fechar os olhos diante da situação. Cada indivíduo deve cumprir com seu dever e ter consciência de que todos nós estamos sujeitos a vivenciar o problema dentro de nossos lares.

É certo que a espiritualidade também trabalha em benefício daqueles que atravessam essa dolorosa situação, mas sem a nossa colaboração todos os esforços dos Espíritos superiores serão nulos. Deus nos convida a auxiliar nesta tarefa. "Toda forma de servir é uma bênção."


Fonte: O Consolador, por André Luiz Alves Jr.

Encontre tempo e quebre as amarras

(Annie Stegg)



Quem desconhece a educação e o saber, vive às margens do caminho, ou dorme o sono da ignorância. (…) 

Quem não deseja estudar, quem reclama tempo para o seu próprio aprimoramento, deve sair da porta de entrada da escola e deixar os outros passarem. 

Há aqueles que encontram tempo para tudo isso. A esses, louvamos seus esforços e pedimos a Cristo que os abençoe pela quebra das amarras que possibilitaram o alcance das primeiras letras da compreensão das verdades espirituais eternas.



pelo Espírito Miramez, médium João Nunes Maia
livro: Segurança Mediúnica

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Luz do Dia




O conhecimento da verdade sobre Deus, sobre o mundo e a vida 
é o que há de mais essencial, de mais necessário, 
porque é Ele que nos sustenta, nos inspira e nos dirige, 
mesmo à nossa revelia.

(Léon Denis)

domingo, 3 de novembro de 2013

sábado, 2 de novembro de 2013

Luz Espiritual


A biblioteca de Nova York

 
Allan Kardec
Um jornal de Nova York publica um fato bastante curioso, do qual certo número de pessoas já tinha conhecimento, e sobre o qual, desde alguns dias, eram feitos comentários assaz divertidos. Os espiritualistas vêem nele um exemplo a mais das manifestações do outro mundo. As pessoas sensatas não vão procurar tão longe a explicação, reconhecendo claramente os sintomas característicos de uma alucinação. É também a opinião do próprio Dr. Cogswell, o herói da aventura.

O Dr. Cogswell é o bibliotecário chefe da Astor Library. O devotamento que se permite ao acabamento de um catálogo completo da biblioteca, muitas vezes o leva a consagrar a esse trabalho as horas que deveria destinar ao sono. É assim que tem oportunidade de visitar sozinho, à noite, as salas onde tantos volumes se acham arrumados nas estantes.

Há cerca de quinze dias, pelas onze horas da noite, ele passava, com o castiçal na mão, diante de um dos recantos cheios de livros, quando, para sua grande surpresa, percebeu um homem bem-posto, que parecia examinar com cuidado os títulos dos volumes. A princípio, imaginando que se tratasse de um ladrão, recuou e observou atentamente o desconhecido. Sua surpresa tornou-se ainda mais viva quando reconheceu, no visitante noturno, o doutor ***, que tinha vivido na vizinhança de Lafayette-Place, mas que estava morto e enterrado havia seis meses.

O Dr. Cogswell não acredita muito em aparições e as teme menos ainda. Não obstante, resolveu tratar o fantasma com atenção e, levantando a voz, disse-lhe: Doutor, como se explica que em vida provavelmente jamais tenhais vindo a esta biblioteca, e agora a visitais depois de morto? Perturbado em sua contemplação, o fantasma olhou o bibliotecário ternamente e desapareceu sem responder.

– Singular alucinação, disse o Sr. Cogswell de si para si. Sem dúvida terei comido algo indigesto ao jantar.
Retornou ao trabalho; depois foi deitar-se e dormiu tranqüilamente. No dia seguinte, à mesma hora, teve vontade de visitar a biblioteca. No mesmo local da véspera encontrou o mesmo fantasma, dirigiu-lhe as mesmas palavras e obteve o mesmo resultado.

Eis uma coisa curiosa, pensou ele; é preciso que eu volte amanhã.

Antes de voltar, porém, o Dr. Cogswell examinou as estantes que pareciam interessar vivamente ao fantasma e, por uma singular coincidência, reconheceu que estavam repletas de obras antigas e modernas de necromancia. No dia seguinte, ao encontrar pela terceira vez o doutor morto, variou a pergunta e lhe disse:

“É a terceira vez que vos encontro, doutor. Dizei-me se algum desses livros perturba vosso repouso, a fim de que eu o mande retirar da coleção.” O fantasma não respondeu desta, como das outras vezes, mas desapareceu definitivamente, e o perseverante bibliotecário pôde voltar à mesma hora e ao mesmo lugar, noites seguidas, sem o encontrar.

Entretanto, aconselhado por amigos, aos quais havia contado a história, e pelos médicos a quem consultou, decidiu repousar um pouco e fazer uma viagem de algumas semanas até Charlestown, antes de retomar a tarefa longa e paciente que se havia imposto, e cuja fadiga, sem dúvida, havia causado a alucinação que acabamos de narrar.

Observação – Sobre o artigo, faremos uma primeira observação: é a falta de cerimônia com que os negadores dos Espíritos se atribuem o monopólio do bom-senso. “Os espiritualistas – diz o autor – vêem no fato um exemplo a mais das manifestações do outro mundo; as pessoas sensatas não vão procurar tão longe a explicação, reconhecendo claramente os sintomas de uma alucinação.” Assim, de acordo com esse autor, somente são sensatas as pessoas que pensam como ele; as demais não têm senso comum, mesmo que fossem doutores, e o Espiritismo os conta aos milhares. Estranha modéstia, na verdade, a que tem por máxima: Ninguém tem razão, exceto nós e nossos amigos!

Ainda estamos para ter uma definição clara e precisa, uma explicação fisiológica da alucinação. Mas, em falta de explicação, há um sentido ligado a esta palavra; no pensamento dos que a empregam, significa ilusão. Ora, quem diz ilusão diz ausência de realidade; segundo eles, é uma imagem puramente fantástica, produzida pela imaginação, sob o império de uma superexcitação cerebral. Não negamos que assim possa ser em certos casos; a questão é saber se todos os fatos do mesmo gênero estão em condições idênticas. Examinando o que foi relatado acima, parece que o Dr. Cogswell estava perfeitamente calmo, como ele próprio declara, e que nenhuma causa fisiológica ou moral teria vindo perturbar-lhe o cérebro. Por outro lado, mesmo admitindo nele uma ilusão momentânea, restaria ainda explicar como essa ilusão se produziu vários dias seguidos, à mesma hora, e com as mesmas circunstâncias; isso não é o caráter da alucinação propriamente dita. Se uma causa material desconhecida impressionou seu cérebro no primeiro dia, é evidente que essa causa cessou ao cabo de alguns instantes, quando o fantasma desapareceu. Como, então, ela se reproduziu identicamente três dias seguidos, com vinte e quatro horas de intervalo? É lamentável que o autor do artigo tenha negligenciado de o fazer, porquanto deve, sem dúvida, ter excelentes razões, visto pertencer ao grupo das pessoas sensatas.

Contudo, reconhecemos que, no fato acima mencionado, não há nenhuma prova positiva da realidade e que, a rigor, poder-se-ia admitir que a mesma aberração dos sentidos tenha podido repetir-se. Mas dar-se-á o mesmo quando as aparições são acompanhadas de circunstâncias, de certo modo, materiais? Por exemplo, quando pessoas, não em sonho, mas perfeitamente despertas, vêem parentes ou amigos ausentes, nos quais absolutamente não pensavam, aparecer-lhes no momento da morte, que vêm anunciar, pode-se dizer que seja um efeito da imaginação? Se o fato da morte não fosse real, haveria incontestavelmente ilusão; mas quando o acontecimento vem confirmar a previsão – e o caso é muito freqüente – como não admitir outra coisa, senão simples fantasmagoria? Ainda que o fato fosse único, ou mesmo raro, poder-se-ia crer num jogo do acaso; mas, como dissemos, os exemplos são inumeráveis e perfeitamente provados. Que os alucinacionistas se disponham a nos dar uma explicação categórica e, então, veremos se suas razões são mais probantes que as nossas. Gostaríamos, sobretudo, que nos provassem a impossibilidade material que a alma – principalmente eles, que se julgam sensatos por excelência, e admitem que temos uma alma que sobrevive ao corpo – que nos provassem, dizíamos, que essa alma, que deve estar em toda parte, não possa estar à nossa volta, ver-nos, ouvir-nos e, desde então, comunicar-se conosco.

> (Texto de Allan Kardec, transcrito de Revue Spirite, maio de 1860).

Espiritismo - Tríplice Aspecto



TRÍPLICE ASPECTO
DEFINIÇÕES (Segundo o Aurélio) 

Ciência: "Conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. Soma de conhecimentos práticos que servem a um determinado fim".

Filosofia:
 "[do grego philosophía, "amor à sabedoria".]  Estudo que se caracteriza pela intenção de ampliar incessantemente a compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la na sua totalidade, quer pela busca da realidade capaz de abranger todas as outras, (...), quer pela definição do instrumento capaz de apreender a realidade, o pensamento, tornando-se o homem tema inevitável de consideração."

Religião: 
"Crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, considerada(s) como criadora(s) do universo, e que como tal deve(m) ser adorada(s) e obedecida(s).  Qualquer filiação a um sistema específico de pensamento ou crença que envolve uma posição filosófica, ética, metafísica, etc. Modo de pensar ou agir, princípios."

ESPIRITISMO: CIÊNCIA, FILOSOFIA E RELIGIÃO

O Espiritismo, na sua feição de Consolador prometido pelo Cristo, apresenta três aspectos diferentes: Ciência, Filosofia e Religião.

O Espiritismo é Ciência

O Espiritismo é ciência porque estuda, à luz da razão e de pesquisas específicas os fenômenos mediúnicos, isto é, os fenômenos provocados pelos Espíritos e que são fatos naturais. Não existe o sobrenatural; todos os fenômenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica.  Sintetizando, Kardec afirma: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos, e de suas relações com o mundo corpóreo.

O Espiritismo é FilosofiaO Espiritismo é uma filosofia porque dá uma coerente  e exata interpretação da vida.  Toda filosofia gera uma ética.  Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso.
Como filosofia, o Espiritismo compreende todas as consequências morais que dimanam das relações que se estabelecem entre nós e os espíritos. 

O Espiritismo é ReligiãoO Espiritismo é religião porque ele tem por fim a transformação moral do homem, retomando os ensinamentos de Jesus Cristo, para que sejam aplicados na vida diária de cada pessoa. Revive o Cristianismo na sua verdadeira expressão de amor e caridade.
Segundo Emmanuel, "a ciência, a filosofia e a religião constituem o triângulo sublime sobre o qual a doutrina do espiritismo assenta as próprias bases, preparando a humanidade do presente para a vitória do AMOR."
O Espiritismo pode então ser simbolizado como um triângulo de forças espirituais, em que a Ciência e a Filosofia vinculam à Terra o triângulo, constituindo-se um campo nobre de investigações humanas, visando o aperfeiçoamento da humanidade.  A Religião é o ângulo divino que liga ao céu, edificando e iluminando os sentimentos.

 O ESPIRITISMO É FILOSOFIA 
Toda doutrina que dá uma interpretação da vida, uma concepção própria do mundo, é uma filosofia. Neste aspecto, enquadra-se o estudo dos problemas da origem e destinação dos homens, bem como a existência de uma suprema inteligência, causa primeira de todas as coisas.

O Espiritismo é uma filosofia porque a partir dos fenômenos espirituais e dos fatos, dá uma interpretação da vida, explicando o porquê das dores, dos sofrimentos e das desigualdades entre as criaturas, e elucida as questões fundamentais da existência.  Para todo efeito existe uma causa e esta causa pode estar nesta ou em vidas anteriores.




A Doutrina dos Espíritos nos fala que:

  • Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

  • Deus é o criador da matéria que constitui os mundos e dos espíritos que são os seres que povoam o Universo e que são perfectíveis por sua natureza.

  • O espírito propriamente dito é o princípio inteligente; sua natureza íntima nos é desconhecida; para nós ele é imaterial porque não tem nenhuma analogia com o que chamamos matéria.

  • Os espíritos são seres individuais, têm um envoltório etéreo, imponderável, chamado perispírito, espécie de corpo fluídico, semelhante a forma humana e povoam o espaço constituindo o mundo invisível.

  • Os espíritos revestem-se temporariamente de um corpo material.

  • A encarnação é necessária ao desenvolvimento moral e intelectual do espírito e para a realização das Obras de Deus.

  • O aperfeiçoamento do espírito é o fruto de seu próprio trabalho; não podendo em uma única existência corpórea adquirir todas as qualidades morais e intelectuais que devem conduzi-lo ao objetivo que é o Progresso.

  • A vida espiritual é a vida normal do espírito; ela é eterna; a vida corpórea é transitória e passageira; é apenas um instante na eternidade.

  • Em consequência de seu livre-arbítrio, uns tomam o caminho mais curto, que é o do bem, outros os mais longos que é o do mal.

  • Deus não criou o mal; estabeleceu leis, e essas leis são sempre boas, porque ele é soberanamente bom; aquele que as observasse fielmente seria perfeitamente feliz, mas os Espíritos, tendo seu livre-arbítrio, nem sempre as observam, e o mal veio de sua desobediência.

  • Deus sendo soberanamente bom e justo não condena suas criaturas a castigos perpétuos pelas faltas temporárias; oferece-lhes em qualquer ocasião meios de progredir e reparar o mal que elas praticaram.

  • Os espíritos, encarnando-se, trazem com eles o que adquiriram em suas existências precedentes; é a razão por que os homens mostram instintivamente aptidões especiais, inclinações boas ou más que lhe parecem inatas.

  • O esquecimento das existências anteriores é uma graça de Deus que, em sua bondade, quis poupar ao homem lembranças frequentemente penosas.

  • Em suas encarnações sucessivas, o Espírito, sendo pouco a pouco despojado de suas impurezas e aperfeiçoado pelo trabalho, chega ao termo de suas existências corpóreas. Pertence então à ordem dos espíritos puros.

O ESPIRITISMO É CIÊNCIA
O espiritismo pode ser definido como uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.

O Espiritismo é uma ciência de observação, e não o produto da imaginação.Os espíritos não vieram dizer que haviam pessoas que morriam e continuavam se sentindo vivas, mas provocaram a manifestação desses espíritos para que fossem observados e analisados.  Desta forma surgia a teoria.

As ciências não fizeram progressos sérios senão depois que os seus estudos se basearam no método experimental. Acreditava-se que esse método só poderia ser aplicado a matéria, mas o é também às coisas metafísicas.

O Espiritismo procede da mesma maneira que as ciências positivas, isto é, aplica o método experimental.  Fatos novos que se apresentam, que não podem ser explicados pelas leias conhecidas, são observados, comparados, analisados e partindo dos efeitos às causas, chega-se a lei que os rege; depois as conseqüências são deduzidas e busca-se as aplicações úteis.  Todos os princípios da Doutrina dos Espíritos foram deduzidos por este método.  Nenhuma teoria foi preconcebida.

O Espiritismo demonstra experimentalmente a existência da alma e da imortalidade, principalmente através do intercâmbio mediúnico entre os encarnados e os desencarnados; i.é.; entre o plano físico e o plano espiritual. O conhecimento de um não pode ser completo sem o conhecimento do outro, eles se completam.

Se o Espiritismo tivesse aparecido antes das descobertas científicas teria abortado, como tudo que vem antes do tempo.  A ciência do mundo, se não deseja continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta necessidade do Espiritismo, cuja finalidade Divina é a iluminação dos sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem. (Gênese).

ESPIRITISMO É RELIGIÃO

O Espiritismo é a religião porque tem por finalidade a transformação moral do homem, retomando os ensinamento de Cristo, para que sejam aplicados na vida diária de cada pessoa.  Revive o Cristianismo na sua verdadeira expressão de AMOR e CARIDADE, religando a criatura à sua origem divina.

Não possui culto material, não tem rituais nem cerimônias, não possui símbolos, velas, roupas e aparatos especiais, não admite o culto de imagens, não possui sacerdotes nem ministros.

Não admite rotulação, assim não existem "Espiritismo de Umbanda", "Espiritismo de Mesa Branca" ou "Espiritismo Kardecista". É apenas "Espiritismo", que é baseado na Codificação.

Explica ao homem que ele é um Espírito livre em evolução, responsável direto pelos seus atos, e portanto pelos seus fracasso ou vitórias.

A fé espírita é a fé racionada e coloca a CARIDADE, o AMOR como a condição básica de evolução do Espírito, independente do credo.

Por isso não diz "Fora do Espiritismo não há Salvação" e sim "Fora da Caridade não há Salvação".

A caridade é a maior das virtudes porque proporciona aos homens colocar em prática o mandamento essencial que é "Amar ao próximo com a si mesmo".

A caridade abrange três requisitos essenciais:

  • . Benevolência para com todos
  • . Indulgência  para com as faltas do próximo
  • . Perdão às faltas alheias

Fonte:
O que é o Espiritismo 
A Gênese
. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa