Eternidade

Eternidade

sábado, 31 de agosto de 2013

Temos o dever de pensar no bem.



"O dever é a obrigação moral, diante de si mesmo em primeiro lugar, e, depois, dos outros. O dever é a lei da vida; ele se encontra nos mínimos detalhes e também nos atos mais elevados (...) O dever é muito difícil de ser cumprido na ordem dos sentimentos, porque se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do coração. Suas vitórias não têm testemunhas e suas derrotas não têm repressão. O dever íntimo do homem depende de seu livre-arbítrio (...)". 

O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII:7.



Espíritos do Senhor (Lacordaire)



"Acordai, meus irmãos, meus amigos! Que a voz dos espíritos comova os vossos corações. Praticai a generosidade e a caridade, sem-ostentação, isto é, fazei o bem com humildade; que cada um de vós destrua, pouco a pouco, os altares que erguestes ao orgulho; em uma palavra, sede verdadeiros cristãos e alcançareis o reino da verdade. Não duvideis mais da vontade de Deus, agora que o Senhor dela vos oferece tantas provas. Vimos preparar os caminhos para que as profecias se realizem. Quando o Senhor vos der uma satisfação mais evidente da sua bondade, que o enviado celeste encontre em vós uma grande família; que os vossos corações, brandos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele virá vos trazer; que o eleito só encontre em seu caminho as palmas deixadas pelo vosso retorno ao bem e à caridade, então vosso mundo se tornará o paraíso terrestre."

(Lacordaire, Constantine, 1863) em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VII, item 11.

A idéia de Deus e a Experimentação Psíquica

 


13º Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Léon Denis 
e os 143 anos do Lançamento de "O Livro dos Espíritos"


Exposição: Rosangela Pertile
[...] o encontro tem como tema "A idéia de Deus e a Experimentação Psíquica", tema inserido no livro "O Grande Enigma". 


E qual a importância de se saber disso? O que irá modificar em mim a convicção, a certeza da idéia de Deus? Em que esse conhecimento vai modificar minha vida e/ou o Universo? 

Nosso querido Léon Denis nos diz: 

"A questão de Deus é o mais grave de todos os problemas suspensos sobre nossas cabeças e cuja solução se liga, de maneira estrita, imperiosa, ao problema do ser humano e de seu destino, ao problema da vida individual e da vida social. O conhecimento da verdade sobre Deus, sobre o mundo e a vida, é o que há de mais essencial, de mais necessário, porque é Ele que nos sustenta, nos inspira e nos dirige, mesmo à nossa revelia. E esta verdade não é inacessível, como veremos; é simples e clara; está ao alcance de todos. Basta procurá-la, sem preconceitos, sem reservas, ao lado da consciência e da razão." 

Todos os Espíritos de escol que estiveram sobre nosso orbe, nos trouxeram a idéia de uma Potência Suprema. Porque será que essa idéia é inata no ser humano? Porque será que aqueles mais avançados na senda do bem tem a convicção deste Ser? 

Porque esta ideia é inerente ao ser humano, ao Espírito imortal. "O Livro dos Espíritos", em suas questões pertinentes à lei divina ou natural (614 em diante) nos diz que as leis estão em nossa consciência, ou seja, estão impressas em nosso ser, e isto é ponto pacífico na Doutrina Espírita. Deus é a causa primária de todas as coisas, e suas leis imutáveis estão gravadas em nossa consciência. 

E porque esta questão é grave, como nos diz Léon Denis? 

Porque pelo raciocínio da idéia de Deus, chegamos a várias conclusões. A primeira é que não somos fruto do acaso. O caos, que é aleatório, não pode ser tão perfeito como vislumbramos no Universo. E se esse caos produz esta perfeição toda, e a ordenação toda, logo não é o caos. :))))) 

Este raciocínio simples, por exclusão, nos leva à convicção da existência desta Potência Suprema. E como nós estamos inseridos neste contexto? Individualmente, como Espíritos imortais, temos a certeza de que não estamos sozinhos. A certeza de que há uma inteligência com leis perfeitas que regem o Universo, leis estas imutáveis como o próprio Ser. 

Este Ser criador, com todos os caracteres da perfeição, como tal é um Pai, zeloso, ciente, misericordioso e de infinito amor e bondade, e que quer que todos seus filhos caminhem dentro de suas leis, mas que lhes oferece o livre-arbítrio para a aprendizagem e para a elevação espiritual. 

Desta forma, chegamos a mais uma peça chave para as perguntas que povoam nosso ser: para onde iremos? Qual o fim da estrada? Para a perfeição. Seremos perfeitos, seremos deuses, como próprio Cristo nos falou. Teremos a perfeição que é suscetível à criatura. 

E como esta certeza modifica nossa porção social? 

Deus é o Ser criador. Fomos criados por Ele, tudo no Universo foi criado por Ele. Logo, tudo ao nosso redor tem a mesma fonte primária. Este pensamento nos leva ao sentimento de fraternidade. Mas como assim? 

Somos todos filhos do mesmo Pai, e não somos filhos únicos! 

Quando nós percebemos esta máxima, entendemos mais claramente o que Jesus nos diz com: "Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo". Quem de nós, que ama um irmão de sangue, não vai fazer a ele tudo de bom que quiser para nós mesmos? E se nós conseguirmos interiorizar a ideia de que este corpo de carne e os laços de sangue são da vida material, circunstancial, de que o que realmente existe são os laços de amor, que transcendem a morte? 

E se formos mais além... 

Os pais encarnados com famílias constituídas na terra, sempre sonham com a união de seus filhos, que os irmãos sejam unidos, se amem mutuamente, se ajudem, sejam fraternos. Agora imaginem o Pai de todos nós Espíritos imortais!!!!! 

Com esta rápida experimentação, percebemos nosso papel fundamental na sociedade, a de que somos importantes na manutenção da harmonia e na evolução social como um todo. Espíritos mais adiantados vieram nos dar seu testemunho junto a nós. Temos exemplos edificantes a seguir, como Bezerra de Menezes, Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, e claro, o Senhor Jesus. Através do exercício constante da caridade, do doar-se, conseguiremos chegar até a plenitude do amor. É um longo caminho a percorrer, são experiências incorporadas a uma bagagem espiritual, de reencarnação em reencarnação, de aprendizado em aprendizado, com a mudança paulatina e constante de nosso valores, depurando nosso Ser, chegando à perfeição que nos cabe. 

E qual o caminho a seguir? 

Vemos as facilidades do mundo, vemos pessoas enganando, traindo, cometendo atrocidades em nome do poder e até mesmo em nome de Deus. Às vezes até tentamos barganhar com Deus, barganha do tipo : "quando eu acertar na super-sena, vou ajudar nesta ou naquela instituição de caridade" ou então "vou para a Casa Espírita para ficar livre dos meus problemas". E o que acontece quando estamos em uma instituição religiosa e Deus não "tira" nossos fardos, nossos problemas? Saímos tal qual crianças rebeldes e ainda dizemos que "Deus não está vendo isso?", ou "sou pequeno demais para que Deus se importe comigo"? 

Nesta hora, a nossa condição de imortalidade fica embotada pelo homem "início, meio e fim". Nesta hora, quando as pressões do mundo nos enfraquecem, esquecemos daquele que exemplificou para nós tudo o que está contido nas leis do Pai. Esquecemos que Jesus nos disse que ele nunca nos deixará, até a consumação dos tempos. 

Esquecemos que há Espíritos mais evoluídos que nós que estão no nosso lado nos auxiliando, nos sustentando, que já têm em si a conquista do amor, incondicional e irrestrito. São aqueles que já caminham conforme a lei de Deus, e que nos auxiliam a caminhar pela mesma direção. São aqueles que nos dizem que todas as vicissitudes da vida são passageiras, são experiências necessárias ao nosso aprimoramento, e que teremos que quitar nossos débitos anteriores para podermos caminhar sem "malas" desnecessárias. 

E o que acontece quando damos ouvidos a estes amigos invisíveis? Começamos a nos harmonizar com o Universo. Começamos a caminhar nas leis divinas, erramos menos, nos tornamos mais felizes, e, como todo aquele que alcança a felicidade, sente prazer em compartilhar estes momentos com todos ao seu redor. 

E como a felicidade verdadeira é contagiante, contagiamos aqueles que estão ao nosso redor que, por sua vez, contagiam os seus próximos, e esta corrente aumenta a proporções a ponto de modificar a psicosfera de um ambiente. E dia chegará que todos deste planeta amado serão contagiados, e aí sim, estaremos completamente harmonizados com o Universo, com os Espíritos superiores e, principalmente, com o Pai. 

E, neste dia, a amaremos tanto a Humanidade, que entenderemos porque o Senhor Jesus, ao ser crucificado, disse "Pai, perdoa-os pois eles não sabem o que fazem." 

E é esta alegria contagiante, vibrante que o Mestre de Lion nos transmite. Alegria de sermos todos irmãos, de termos como morada o Universo, de termos como destinação a felicidade e o amor supremos, de termos como ferramenta de evolução as potências das alma e, entre elas, a vontade, alavanca propulsora poderosíssima, que temos que cultivar. 

E nada melhor para encerrarmos este convite ao Encontro de sexta-feira, ao estudo, à meditação do que as palavras poéticas e elevadas de Léon Denis: 

"De pé sobre a terra, meu sustentáculo, minha nutris e minha mãe, elevo os meus olhares para o Infinito, sinto-me envolvido na imensa comunhão da vida; os eflúvios da Alma universal me penetram e fazem vibrar meu pensamento e meu coração; forças poderosas me sustentam, aviventam em mim a existência. 

Por toda parte onde minha vista se estende, por toda parte que minha inteligência se transporta, vejo, discirno, contemplo a grande harmonia que rege os seres e, por vias diversas, os faz rumar para um fim único e sublime. 

Por toda parte vejo irradiar a Bondade, o Amor, a Justiça! Ó meu Deus! Ó meu Pai! Fonte de toda a sabedoria, de todo o amor, Espírito supremo cujo nome é Luz, eu te ofereço meus louvores e minhas aspirações! Que elas subam a ti, qual um perfume de flores, qual sobem para o céu os odores inebriantes dos bosques. Ajuda-me a avançar na senda sagrada do conhecimento, para uma compreensão mais alta de tuas leis, a fim de que se desenvolva em mim mais simpatia, mais amor pela grande família humana; pois sei que, pelo meu aperfeiçoamento moral, pela realização, pela aplicação ativa em torno de mim e, em proveito de todos, da caridade e da bondade, aproximar-te-ei de ti, e merecerei conhecer-te melhor, comungar mais intimamente contigo na grande harmonia dos seres e das coisas. Ajuda-me a desprender-me da vida material, a compreender, a sentir o que é a vida superior, a vida infinita. Dissipa a obscuridade que me envolve; depõe em minha alma uma centelha desse fogo divino que aquece e abrasa os espíritos das esferas celestes. Que tua doce luz e, com ela, os sentimentos de concórdia e de paz se derramem sobre todos os seres!" 

E é com o coração transbordando de alegrias que mais uma vez reiteramos o convite para "descobrirmos" Deus em nós, em nossos semelhantes, e acima de tudo, abraçarmos estes irmãos que caminham conosco, na lei de harmonia e continuidade. Obrigada pela oportunidade. Paz e luz a todos.


***

Perguntas/Respostas:

[01] <Mei_PB> Por que necessitamos tanto de entender Deus, sabendo que nossas percepções são infinitamente limitadas?
<Rosangela_Pertile> A idéia de Deus é inata aos seres. E isto está explicado na questão 4 a 6 de "O Livro dos Espíritos", pela nossa materialidade, acabamos nos distanciando desta idéia, no afastando de Deus, a idéia de um Deus punitivo e cruel foi corrente por muitos séculos. (t)


[02] <mobsued> Como Deus se relaciona conosco além de ter nos criado e criado o universo?
<Rosangela_Pertile> Bom amigo, espero ter entendido sua pergunta, caso não seja este o enfoque dado, por favor, refaça sua pergunta. Deus mostra pelas suas obras, pelos seus atributos. Percebemos que ele, depois da Criação do Universo, não cruzou os braços e descansou. Ele continua trabalhando até hoje. E Ele está presente em tudo. Pensar que Deus está a parte do Universo, é ser contrário à ideia de sua infinitude.
Para nós ainda é difícil raciocinar sobre algo que não conhecemos, senão por suas obras. Ele se relaciona conosco pelas suas leis, imutáveis, que regem tanto a parte moral quanto a material e uma de suas leis é a de solidariedade, e como tal, temos que nos auxiliar mutuamente, para nossa própria evolução. (t)


[03] <Mei_PB> Mas sendo o universo um efeito, poderia Deus fazer parte dele? Não seria tomar por efeito a causa?
<Rosangela_Pertile> Deus não faz parte do universo, o Universo que é parte de Deus, pois se Deus transcendesse algo ele não seria infinito. (t)


[04]<_Dulce_> Como podemos, na prática, descobrir Deus em nós e no próximo?
<Rosangela_Pertile> Esse é o "xis" da questão. Na realidade, nós sabemos como fazê-lo, como exteriorizar esta centelha de amor em nós. O que nos falta é a vontade, vontade esta que, se bem utilizada, nos impulsionaria para frente, em proporções que não acreditaríamos e sabe como poderemos praticar?
"Amar a Deus sobre todas as coisas; e ao próximo como a si mesmo." ou "faça aos outros apenas aquilo que gostaria que fizessem a você", alguém gosta de receber o mal???? Acredito que não! E se é para agir assim, só faríamos o bem, correto?
Mas como ainda não conseguimos, podemos começar cultivando em nós paciência, fraternidade, nos esbanjando nos serviços que a casa espírita nos oferece, visita fraterna, trabalho no bem, até mesmo descascar batatas naquele delicioso almoço fraterno. (t)


[05] <Mei_PB> Deus não está a parte do universo, conforme afirmativa anterior. Pergunto: O universo sendo efeito, faz parte de Deus? Não seria isso tomar o efeito pela causa?
<Rosangela_Pertile> Como você colocou a pergunta, estaríamos caindo no panteísmo, há uma matéria na revista espírita, que não me recordo o número, cujo titulo é "Deus está em toda a parte". Realmente para nós é um pouco difícil entendermos como isso se processa, até mesmo o que é Deus, além do "causa primária de todas as coisas", mas se Deus tiver fora de sua criação, ele não será infinito, pois restará uma parte que ele não esteja. Deus não está contido, ele contém. (t)


[06] <mobsued> Não gosto de conhecer Deus apenas como criador, pois Ele é presença viva em tudo que está evoluindo.
<Rosangela_Pertile> Aí é que está nossa dificuldade e nossa deficiência no conceito de Deus, Ele não foi apenas (ou é) é criador, Ele é presença viva em cada um de nós. Para nós ainda é difícil de entendermos Deus sem classificações, como os próprios espíritos nos dizem, no temos o sentido necessário para entender. Por enquanto acredito que sentir Deus pela sua criação, e colaborar para que as leis divinas, harmônicas e contínuas se façam seguir em nossa evolução da melhor forma possível, ou seja.... Vamos tentar fazer o que o Cristo nos exemplificou :))que já é um bom começo :)(t)


[07] <mobsued> Podemos senti-lo pelo seu amor!
<Rosangela_Pertile> com certeza!!!!


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Fonte: Portal do Espírito.

 


domingo, 25 de agosto de 2013

Reflitamos...


Os Animais e o Mundo Espiritual


Educando os Pensamentos...



SINTONIA



O cérebro é como um aparelho emissor e receptor de ondas mentais; o pensamento é um fluxo energético do campo espiritual. A vibração é um movimento de vaivém, chama-se movimento vibratório. Sintonia é a identidade ou harmonia vibratória, isto é, o grau de semelhança das emissões ou radiações mentais de dois ou mais espíritos, encarnados ou desencarnados, ou seja, afinidade moral.

Sabemos que o pensamento é um fluxo fluídico, é matéria sutil do corpo espiritual, logo é concreto e, às vezes muito visível, podendo perdurar longamente em dadas circunstâncias. Portanto o padrão vibratório é uma maneira de definir o padrão moral do espírito. Atraímos as mentes que possuem o mesmo padrão vibratório nosso, que estão no mesmo nível moral.

A comunicação interespiritual é controlada pelo grau de sintonia, a qual a seu turno, decorre da afinidade moral. Temos, por isso, a companhia espiritual que desejamos mediante o nosso comportamento, sentimentos, pensamentos e aspirações. Estão ao nosso redor aqueles que sintonizam conosco ou têm contas a ajustar.

É o caso e a hora de perguntar:

Como podemos elevar cada vez mais as nossas vibrações e, assim, aprimorar a capacidade de sintonia e vibração?

R.: Enriquecendo o pensamento por meio do desenvolvimento da INTELIGÊNCIA; - estudo, conhecimento, SENTIMENTO; - prática do bem, serviço prestado, moralidade, em suma, auto-aperfeiçoamento pelo esforço próprio no caminho do bem.

Com particular aplicação à Mediunidade, que não progride sem o aprimoramento do médium. Em virtude do princípio de sintonia, estabelece-se uma dependência entre encarnados e desencarnados quando ambos estão perturbados e emitindo vibrações viciadas. A identidade vibratória inferior, no caso do ódio, ressentimento, tristeza, desânimo etc., prende os desencarnados mais ou menos inconscientes do seu estado na aura magnética dos encarnados. Ocorre assim, influência recíproca, troca de pensamentos e sentimentos, e, portanto, obsessão bidirecional.

Com que fim os espíritos imperfeitos nos induzem ao mal? - Para que sofrais o que eles sofrem. Vejamos duas questões do Livro dos Espíritos, que nos esclarecem sobre o envolvimento entre encarnados e desencarnados: ( Capítulo IX, questões 467 / 469.)

–"Pode o homem eximir-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal?
R.: Pode, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam (vibrações, sintonia), ou aos que, pelos pensamentos, os atraem."


"Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos?
R.: Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós.



Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco. Foi por essa razão que Jesus, nosso Mestre, nos ensinou a oração dominical:

"Senhor! Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal."


Também nos é necessário educar nosso pensamento em coisas edificantes para uma melhor sintonia com a Espiritualidade Superior. O pensamento é idioma universal e, entendendo que o cérebro ativo é um centro de ondas em movimento constante, estamos sempre em correspondência com o objeto que nos prende a atenção.

Todo espírito, na condição evolutiva em que nos encontramos, é governado essencialmente por três fatores específicos; experiência, estímulo, inspiração:

. Experiência - É o conjunto de nossos próprios pensamentos.
. Estímulo - É a circunstância que nos impele a pensar.
. Inspiração - É a equipe dos pensamentos alheios que aceitamos ou procuramos.


Assim como possuímos, na Terra, valiosas observações alusivas à química da matéria densa, relacionando-lhe as unidades atômicas, o campo da mente oferece largas ensanchas ao estudo de suas combinações: pensamentos de crueldade, revolta, tristeza, amor, compreensão, esperança ou alegria tem natureza diferenciada, com características e pesos próprios.

A onda mental possui determinados coeficientes de força na concentração silenciosa, no verbo exteriorizado ou na palavra escrita. Mais uma vez vemos e compreendemos que somos naturalmente vítimas ou beneficiários de nossas próprias criações, segundo as correntes mentais que projetamos, escravizando-nos a compromissos com a retaguarda de nossas experiências ou libertando-nos para a vanguarda do progresso, conforme nossas deliberações e atividades, em harmonia ou em desarmonia com as Leis Eternas da Divindade.

Um livro, uma página, uma sentença, uma palestra, uma visita, uma notícia, uma distração ou qualquer pequenino acontecimento que te pareça sem importância, podem representar silenciosa tomada de ligação espiritual para determinado tipo de interesse ou de assunto.

Geralmente, toda criatura que ainda não traçou caminho de sublimação moral a si mesma assemelha-se ao viajante entregue, ao mar, ao sabor das ondas. Com a bússola do Evangelho, sabemos perfeitamente onde e como localizar o bem e o mal, razão porque dispomos todos nós do lema da vontade. O problema de sintonia corre por nossa conta.

André Luiz é bastante claro no seu livro Nos Domínios da Mediunidade - Cada médium com a sua mente, cada mente com seus raios, personalizando observações e interpretações, e conforme os raios que arremessamos, erguer-se-ão o domicílio espiritual na onda de pensamentos a que nossas almas se afeiçoam.

Basta que pensemos no que Jesus falou: A cada qual segundo suas obras. Não esqueçamos que a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos. Nossa mente é um núcleo de forças inteligentes, gerando plasma sutil que, a emanar sem parar, oferece recursos de objetividade, sob o comando de nossos próprios desígnios.

A ideia é um ser organizado por nosso espírito a que o pensamento dá forma e ao qual a vontade imprime movimento e direção. Então, com tudo isso, não podemos esquecer o problema de nossa sintonia na Mediunidade. Refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos nos outros as imagens que criamos. E, como não podemos enganar a força de atração, somente poderemos alcançar a claridade e a beleza, se começarmos emanar beleza e claridade no espelho de nossa vida íntima.

Estamos acostumados a ver a mediunidade em diversos lugares, missões santificantes e guerras destruidoras, tarefas com objetivos nobres e várias obsessões, que guardam suas origens nos reflexos da mente individual ou coletiva, combinados com as forças do alto ou degradantes influências baixas.

O Pensamento é um núcleo de forças, em torno do qual gravitam os bens e os males gerados por ele mesmo e ali se defrontam com fileiras de almas, sofrendo nos diferenciados lugares que lhe são característicos. Elevemos, então, nossos pensamentos redirecionando-os sempre para pensamentos altruístas.

Influência é um poder espiritual que todos temos e pelo qual irradiamos nossos conceitos e predicados morais, como também culturais, devendo atingir aqueles que pensam semelhantes a nós. Pense nas coisas desagradáveis e estará sintonizado espiritualmente com um desencarnado que se sente infeliz. Todavia, agora vem a celebre pergunta:

Será que você começou a pensar negativamente porque quis ou porque foi induzido por algum Espírito que está próximo a você?

As duas coisas podem perfeitamente acontecer. Se você resolveu ser infeliz a partir daquele momento, a decisão é totalmente sua, você é quem vai sofrer. Se foi induzido e passou a aceitar a sugestão, cabe a você mudar de opinião e não sintonizar com aquela entidade.


Allan Kardec, em A Gênese, cap. XIV, item 15, esclarece este mecanismo da influenciação de desencarnado para encarnado:

Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode-se pois dizer, sem receio de errar, que há, nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros.

Há mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. Tenha um homem, por exemplo, a ideia de matar a outro: embora o corpo material se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que intentou praticar.

O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito. Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo. Contudo, vendo a intenção, pode ela pressentir a execução do ato que lhe será a consequência, mas não pode determinar o instante em que o mesmo ato será executado, nem lhe assinalar os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê, porque circunstâncias ulteriores poderão modificar os planos assentados e mudar as disposições.

Ele não pode ver o que ainda não esteja no pensamento do outro; o que vê é a preocupação habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios bons ou maus. O trabalho, qualquer que seja ele, físico ou intelectual, aparece como o primeiro recurso no combate à insurgência de pensamentos deprimentes.

Logo, vem a boa leitura, a música harmoniosa, a conversa que edifica, e sobretudo a prece que nos liga com o Criador, facultando-nos força, otimismo e coragem para enfrentar as dificuldades que criamos.


(Do livro - Mediunidade e Reforma - Edicel)
Fonte: Portal do Espírito, por Aluney Elferr Albuquerque Silva.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O Livre-Arbítrio e a Presciência Divina




Revista Espírita - Outubro de 1863
(Thionville, 5 de janeiro de 1863 - Médium: Dr. R...)


Há uma grande lei que domina todo o Universo: a lei do Progresso. É em virtude dessa lei que o homem, criatura essencialmente imperfeita, deve, como tudo quanto existe em nosso globo, percorrer todas as fases que o separam da perfeição.

Sem dúvida Deus sabe quanto tempo cada um levará para chegar ao fim; mas como todo progresso deve resultar de esforço tentado para o realizar, não haveria nenhum mérito se o homem não tivesse a liberdade de tomar este ou aquele caminho. Com efeito, o verdadeiro mérito não pode resultar senão de um trabalho operado pelo Espírito para vencer uma resistência mais ou menos considerável.

Como cada um ignora o número de existências consagradas ao seu adiantamento moral, ninguém pode prejulgar nesta grande questão, e é aí, sobretudo, que brilha de maneira admirável a infinita bondade de nosso Pai celeste que, nada obstante o livre-arbítrio que nos conferiu, semeou em nosso caminho postes indicadores que iluminam os desvios. É, pois, por um resquício de predominância de matéria que muitos homens se obstinam em ficar surdos às advertências que lhes chegam de todos os lados, preferindo gastar em prazeres enganadores e efêmeros uma vida que lhes fora concedida para o progresso de seu Espírito.

Não se poderia afirmar, sem blasfêmia, que Deus tenha querido a infelicidade de suas criaturas, já que os infelizes expiam sempre, tanto numa vida anterior mal empregada, quanto por sua recusa em seguir o bom caminho, quando este lhe era claramente indicado.

Assim, depende de cada um abreviar a prova que deve sofrer. Para isto, guias seguros, bastante numerosos, lhe são concedidos, para que seja inteiramente responsável por sua recusa de seguir seus conselhos; e ainda neste caso, existe um meio certo de abrandar uma punição merecida, dando sinais de sincero arrependimento e recorrendo à prece, que jamais deixa de ser atendida, quando feita com fervor. O livre-arbítrio, pois, existe realmente no homem, mas com um guia: a consciência.

Vós todos que tendes acesso ao grande foco da nova ciência, não negligencieis de vos penetrar das eloquentes verdades que ela vos revela, e dos admiráveis princípios que são a sua consequência; segui-os fielmente: é aí, sobretudo, que refulge o vosso livre-arbítrio.

Pensai, por um lado, nas consequências fatais que arrastareis para vós ao vos recusardes a seguir o bom caminho, bem como nas magníficas recompensas que vos aguardam, caso obedeçais às instruções dos Espíritos bons; é aí que luzirá, por sua vez, a presciência divina.

Os homens se esforçam inutilmente em buscar a verdade por todos os meios que julgam ter na Ciência; esta verdade que lhes parece escapar caminha sempre ao seu lado e os cegos não a percebem!

Espíritos sábios de todos os países, aos quais é dado levantar a ponta do véu, não negligencieis os meios que vos são oferecidos pela Providência! Provocai nossas manifestações; fazei que delas se aproveitem sobretudo vossos irmãos menos favorecidos que vós; inculcai em todos os preceitos que vos chegam do mundo espiritual, e tereis bem merecido, porque havereis contribuído em larga escala para a realização dos desígnios da Providência.


Espírito Familiar


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Espírito de Verdade



O Espírito de Verdade

(José Francisco Costa Rebouças)


Como espírita que somos, procuramos dedicar toda a atenção aos ensinamentos da nossa doutrina, com a intenção de externar nossa própria interpretação sobre os diversos temas abordados por ela, perfeitamente fundamentados nos conceitos contidos na codificação do espiritismo, visto que, encontramos vários assuntos, que são comentados por muitos dos nossos confrades de maneira a nos deixar, perplexos, sem compreender o que dizem, pois, por mais que pesquisemos, não conseguimos encontrar respaldo na codificação elaborada pelos imortais da vida maior e tão bem realizada por Allan Kardec no Pentateuco espírita, para justificar tais interpretações.

Refiro-me por exemplo, a um dos assuntos mais discutidos e que provoca bastante polêmica entre os espiritistas, por se tratar de alguém tão importante para nós e que é o grande responsável pela doutrina que professamos, o “Espírito de Verdade”. Que muitos sustentam a opinião, de que se trata de uma falange de espíritos que reunidos firmaram os conceitos da codificação, no que discordamos pois temos a certeza pelo que encontramos noticiado nas obras espíritas, que é o próprio Jesus quem usa de tal denominação para se exprimir em diversas mensagens suas contidas nas obras básicas de Espiritismo.

Pois bem, quando digo que somos espíritas é porque só admito verdadeiramente discutir qualquer título, sob a ótica espírita, se claro, estiver fundamentado nos ensinos contidos na codificação e, pesquisando-a, podemos verificar que O Espírito de Verdade, se manifesta isoladamente em várias comunicações contidas no Evangelho Segundo o Espiritismo e, em outras tantas encontramos nomes de grandes trabalhadores desta obra insuperável como: Santo Agostinho, São Luiz, Fénelon, etc..., que fizeram parte da coletividade dos mensageiros do Mestre, sem assinarem suas comunicações como o Espírito de verdade, e sim utilizando o nome de suas individualidades anteriormente conhecidas.

Observando atentamente o contido no Livro dos Espíritos, exatamente no último parágrafo dos Prolegômenos, não temos qualquer dúvida quanto ao que afirmamos, pois entre as diversas personalidades do mundo maior, citadas como participantes ativos da obra, está alguém que se denomina simplesmente como O Espírito da Verdade, conforme segue:

“Lembra-te de que os Bons Espíritos só dispensam assistência aos que servem a Deus com humildade e desinteresse e que repudiam a todo aquele que busca na senda do Céu um degrau para conquistar as coisas da Terra; que se afastam do orgulhoso e do ambicioso. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira erguida entre o homem e Deus. São um véu lançado sobre as claridades celestes, e Deus não pode servir-se do cego para fazer perceptível a luz.”

São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito da Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc., etc.

Analisando o que acima está exposto, perguntamos: quem seria capaz de se proclamar O Espírito da Verdade, senão ele que nos asseverou em (João 14/6), “eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vai ao pai senão por mim”?

Passamos agora ao contido na Revista espírita, que aqui selecionamos:

1) Revista Espírita 1861, pág.305, o Espírito Erasto sob o título; Epístola de Erasto aos Espíritas Lioneses, lida no banquete de 19 de setembro de 1861, nos diz: 

“Não pederíeis crer o quanto estou orgulhoso em distribuir, a todos e a cada um, os elogios e os encorajamentos que o Espírito de verdade, nosso mestre bem amado, me ordenou conceder às vossas piedosas coortes: a ti, Diloud, a ti, sua digna companheira e a todos vossos devotados missionários que derramais os benefícios do Espiritismo, obrigado pelo vosso concurso e pelo vosso zelo”.

 
2) Revista Espírita 1864, pág.16, O Espírito Hahnemann, sob o Título; Um caso de Possessão – Senhorita Julie, relata:

“Essas obsessões frequentes terão também um lado muito bom, naquilo que sendo penetrada pela prece e pela força moral, pode-se fazê-la cessar e adquirir o direito de expulsar os maus Espíritos, cada um procurará, pela melhoria de sua conduta adquirir esse direito que o Espírito de Verdade, que dirige este globo, conferirá quando for merecido. Tende fé e confiança em Deus, que não permite que se sofra inutilmente e sem motivo”. 


3) Revista Espírita 1864, págs. 399, O Espírito de verdade, sob o título; Comunicação Espírita nos afirma:

"Há várias moradas na casa de meu Pai, eu lhes disse há dezoito séculos. Estas palavras o Espiritismo veio fazer compreendê-las.
E vós, meus bem-amados, trabalhadores que suportais o ardor do dia, que credes ter a vos lamentar da injustiça da sorte, bendizei vossos sofrimentos; agradecei a Deus que vos dá os meios de quitar as dívidas do passado; orai, não dos lábios, mas do vosso coração melhorado, para vir tomar, na casa de meu Pai a melhor morada; porque os grandes serão rebaixados; mas, vós o sabeis, os pequenos e os humildes serão elevados”.


4) Revista Espírita 1866, pág. 222, sob o título; Qualificação de Santo aplicada a certos espíritos, ensina: 

“ O Espírito que ditou a comunicação acima é, pois, muito absoluto no que concerne a qualificação de santo, e não está na verdade dizendo que os Espíritos superiores se dizem simplesmente Espíritos de Verdade, qualificação que não seria senão um orgulho mascarado sob outro nome, e que poderia induzir em erro se tomado ao pé da letra, porque ninguém pode se gabar de possuir a verdade absoluta, não mais do que a santidade absoluta. A qualificação de Espírito de verdade, não pertence senão a um e pode ser considerada como nome próprio; ela é especificada no evangelho. De resto, esse Espírito se comunica raramente, e somente em circunstâncias especiais; deve-se manter em guarda contra aqueles que se apoderam indevidamente desse título: são fáceis de se reconhecer, pela prolixidade e pela vulgaridade de sua linguagem”.


5) Revista Espírita 1867, pág 271, sob o título; Caracteres da Revelação Espírita, descreve:

“Ora, como é o Espírito de verdade que preside ao grande movimento de regeneração, a promessa de seu advento se encontra do mesmo modo realizada, porque, por consequência, ele é que é o verdadeiro Consolador.


6) Revista Espírita 1868, pág.49, o espírito LAMENNAIS, sob o título; Espíritos Marcados, esclarece:

“Sim, meus filhos, o povo caminhará mais depressa na nova mensagem anunciada pelo próprio Cristo, e todos virão escutar essa divina palavra, porque nela reconhecerão a linguagem da verdade e o caminho da salvação. Deus que permitiu esclarecer, sustentar vossa caminhada até esse dia, nos permitirá ainda vos dar as instruções que vos são necessárias”.


7) Revista Espírita 1868, pág. 51, o espírito ERASTO, sob o título Futuro do Espiritismo; informa:

"Eis, meus filhos, a verdadeira lei do Espiritismo, a verdadeira conquista de um futuro próximo. Caminhai, pois, em vosso caminho imperturbavelmente, sem vos preocupar com as zombarias de uns e amor-próprio ferido de outros. Estamos e ficaremos convosco, sob a égide do Espírito de Verdade, meu senhor e o vosso".


A seguir, passamos a transcrever trechos do contido em outras obras da codificação do espiritismo, para melhor fundamentarmos nossa afirmação em relação ao assunto em pauta:


8) Logo no primeiro Capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo, no item 7, encontramos o que abaixo transcrevemos:

“Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra”.



9) observemos agora, o teor da mensagem do Espírito de Verdade, relatada no Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo VI; item 5:
 
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
Advento do Espírito de Verdade

Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal.

Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis.

Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! pois que a morte é a ressurreição, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro.

Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.

Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades.

Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: "Irmãos! Nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade." - O Espírito de Verdade. (Paris, 1860.)


10) Livro dos Médiuns Capítulo IV; item 48:

Sistema unispírita, ou mono-espírita

“Como variedade do sistema otimista,temos o que se baseia na crença de que um único Espírito se comunica com os homens, sendo esse Espírito o Cristo, que é o protetor da Terra. Diante das comunicações da mais baixa trivialidade, de revoltante grosseria, impregnadas de malevolência e de maldade, haveria profanação e impiedade em supor-se que pudessem emanar do Espírito do bem por excelência. Se os que assim o crêem nunca tivessem obtido senão comunicações inatacáveis, ainda se lhes conceberia a ilusão. A maioria deles, porém, concordam em que têm recebido algumas muito ruins, o que explicam dizendo ser uma prova a que o bom Espírito os sujeita, com o lhes ditar coisas absurdas. Assim, enquanto uns atribuem todas as comunicações ao diabo, que pode dizer coisas excelentes para tentar, pensam outros que só Jesus se manifesta e que pode dizer coisas detestáveis, para experimentar os homens. Entre estas duas opiniões tão opostas, quem sentenciará? O bom-senso e a experiência. Dizemos: a experiência, por ser impossível que os que professam idéias tão exclusivas tudo tenham visto e visto bem.

Quando se lhes objeta com os fatos de identidade, que atestam, por meio de manifestações escritas, visuais, ou outras, a presença de parentes ou conhecidos dos circunstantes, respondem que é sempre o mesmo Espírito, o diabo, segundo aqueles, o Cristo, segundo estes, que toma todas as formas. Porém, não nos dizem por que motivo os outros Espíritos não se podem comunicar, com que fim o Espírito da Verdade nos viria enganar, apresentando-se sob falsas aparências, iludir uma pobre mãe, fazendo-lhe crer que tem ao seu lado o filho por quem derrama lágrimas. A razão se nega a admitir que o Espírito, entre todos santo, desça a representar semelhante comédia. Demais, negar a possibilidade de qualquer outra comunicação não importa em subtrair ao Espiritismo o que este tem de mais suave: a consolação dos aflitos? Digamos, pura e simplesmente, que tal sistema é irracional e não suporta exame sério”.


11) Gênese Capítulo I – item 42:

“Demais, se se considerar o poder moralizador do Espiritismo, pela finalidade que assina a todas as ações da vida, por tornar quase tangíveis as consequências do bem e do mal, pela força moral, a coragem e as consolações que dá nas aflições, mediante inalterável confiança no futuro, pela ideia de ter cada um perto de si os seres a quem amou, a certeza de os rever, a possibilidade de confabular com eles; enfim, pela certeza de que tudo quanto se fez, quanto se adquiriu em inteligência, sabedoria, moralidade, até à última hora da vida, não fica perdido, que tudo aproveita ao adiantamento do Espírito, reconhece-se que o Espiritismo realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito de Verdade que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa da sua vinda se acha por essa forma cumprida, porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador”.


12) Gênese Capítulo XVII – item 37: 

“As religiões que se fundaram no Evangelho não podem, pois, dizer-se possuidoras de toda a verdade, porquanto ele, Jesus, reservou para si a complementação ulterior de seus ensinamentos”.


13) Gênese Capítulo XVII – item 39:

“O Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de Verdade”.


14) Obras Póstumas – Segunda parte, 13ª edição: 

Perguntas de Kardec, páginas: 271/272/274/275;

a) Reconhecê-lo-ei, depois de minha morte, no mundo dos Espíritos?
Resposta: Sobre isso não pode haver dúvida; será ele quem virá receber-te e felicitar-te, se houveres desempenhado bem tua tarefa.

b) Meu espírito familiar, quem quer que tu sejas, agradeço-te o me teres vindo visitar. Consentirás em dizer-me quem és?
Resposta: Para ti chamar-me-ei A VERDADE e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.

c) Terás animado na terra alguma personagem conhecida?
Resposta: Já ti disse que, para ti sou A VERDADE; isto, para ti, quer dizer discrição; nada mais saberás a respeito. 


Outras Obras Complementares:

15) Livro, Missionários da Luz – Capítulo 9:
O sábio instrutor Alexandre esclarece: - “Mediunidade constitui “meio de comunicação”, e o próprio Jesus nos afirma: “eu sou a porta... se alguém entrar por mim será salvo e entrará, sairá e achará pastagens”! Porque audácia incompreensível imaginais a realização sublime sem vos afeiçoardes ao Espírito de Verdade, que é o próprio Senhor?” Ouvi-me irmãos meus!... Se vos dispondes ao serviço divino, não há outro caminho senão Ele, que detém a infinita luz da verdade e a fonte inesgotável da vida! Não existe outra porta para a mediunidade celeste, para o acesso ao equilíbrio divino que anelais no recôndito santuário do coração! Somente através dELE, vivendo-lhe as sublimes lições, alcançareis a sagrada liberdade de entrar nos domínios da Espiritualidade e deles sair, conquistando o pão eterno que vos saciará a fome para sempre. Sem o Cristo, a mediunidade é simples “meio de comunicação” e nada mais, mera possibilidade de informação, como tantas outras, da qual poderão assenhorear-se também os interessados em perturbações, multiplicando presas infelizes”. 

Diante do que aqui expomos, extraídos do contido na codificação espírita, sem pretensão de nos proclamar os donos da verdade, pois sabemos perfeitamente que só o Cristo pode ostentar esse título, e respeitando as opiniões dos que pensam contrariamente a nós, não podemos deixar de enfatizar que nossa afirmativa tem respaldo nos ensinos do consolador.
Esperamos, ter contribuído para elucidar definitivamente essa dúvida, e doravante seguirmos confiantes e convictos os ensinamentos da doutrina espírita, na absoluta certeza de que o próprio Senhor Jesus é, “O Espírito de Verdade”.



Fonte: Portal do Espírito.

Luz Espírita - Chico Xavier


Visão Espírita da Bíblia - José Herculano Pires




A Bíblia e o Evangelho

A Bíblia (que o nome quer dizer simplesmente: O Livro) é na verdade uma biblioteca, reunindo os livros diversos da religião hebraica. Representa a codificação da primeira revelação do ciclo do Cristianismo. Livros escritos por vários autores estão nela colecionados, em número de 42. Foram todos escritos em hebraico e aramaico e traduzidos mais tarde para o latim, por São Jerônimo, na conhecida Vulgata Latina, no século quinto da nossa era. As igrejas católicas e protestantes reuniram a esse livro os Evangelhos de Jesus, dando a estes o nome geral de Novo Testamento. 

O Evangelho, como se costuma designar o Novo Testamento, não pertence de fato à Bíblia. É outro livro, escrito muito mais tarde, com a reunião dos vários escritos sobre Jesus e seus ensinos. O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã. Traz uma nova mensagem, substituindo o deus-guerreiro da Bíblia pelo deus-amor do Sermão da Montanha. No Espiritismo não devemos confundir esses dois livros, mas devemos reconhecer a linha história e profética, a linhagem espiritual que os liga. São, portanto, dois livros distintos.

O Espiritismo

A antiga religião hebraica é geralmente conhecida como Mosaísmo, porque surgiu e se desenvolveu com Moisés. A nova religião dos Evangelhos é designada como Cristianismo, porque vem do ensino do Cristo. Mas, assim como nas páginas da Bíblia está anunciado o advento do Cristo, também nas páginas do Evangelho está anunciado o advento do Espírito da Verdade. Este advento se deu no século passado, com a terceira e última revelação cristã, chamada revelação espírita. Cinco novos livros aparecem, então, escritos por Kardec, mas ditados, inspirados e orientados pelo Espírito de Verdade e outros Espíritos Superiores. Os cinco livros fundamentais do Espiritismo, que têm como base O Livro dos Espíritos representam a codificação da terceira revelação. Essa revelação se chama Espiritismo porque foi dada pelos Espíritos. Sua finalidade é esclarecer os ensinos anteriores, de acordo com a mentalidade moderna, já suficientemente arejada e evoluída para entender as alegorias e símbolos contidos na Bíblia e no Evangelho. Mas enganam-se os que pensam que a Codificação do Espiritismo contraria ou reforma o Evangelho.


A Bíblia e o Espiritismo

Há tempos, apareceu em São Paulo um livro intitulado Contradições Bíblicas, que provocou certos rebuliços nos meios espíritas. Houve mesmo quem temesse pelos efeitos deletérios da obra. Fui dos que não lhe atribuíram nenhum valor, entendendo que nada se podia temer de um ataque a esse livro que representa um monumento milenar da história humana e um marco indelével na evolução espiritual da trra: a Bíblia. O tempo se incumbiu, logo mais, de provar que eu estava com a razão. O livrinho acusatório passou rapidamente ao esquecimento, e a Bíblia continuou a ser o que sempre foi.

Agora, aparece um livro melhor, escrito com mais cuidado, em bom português, analisando o problema bíblico com um pouco mais de atenção. Mas a sua posição é a mesma do anterior, sua finalidade é ainda apontar contradições no velho texto. Da Bíblia aos nossos dias, do confrade Mário Cavalcanti de Mello, está provocando, também, agitações no meio espírita. E não faltam os que lhe batam palmas, certos de que o livro demolidor tem uma grande missão a cumprir. Não obstante, aparecem os que se opõem a essa atitude antibíblica do confrade Cavalcanti de Mello, impedindo que a crítica ao livro se generalize entre os nossos confrades pouco informados do assunto.

Sinto-me feliz de ter sido um dos primeiros a levantar a pena contra o livro do confrade Cavalcanti de Mello, e de vir mantendo com ele uma polêmica serena e fraterna em torno do problema, no jornal "Mundo Espírita". Penso que me cabe o dever de dar alguma contribuição para o esclarecimento de um assunto de tamanha importância doutrinária. E mais feliz ainda me senti, quando, ao abrir o último número da "Revista Internacional de Espiritismo", encontrei o artigo do confrade Arnaldo S. Thiago, quem não conheço pessoalmente, mas cujos trabalhos admiro há tempos, refutando as asserções um tanto quentes do confrade Victor Magaldi, que em artigo anteior elogiara a obra.

Penso que nós, espíritas, temos o dever de analisar as coisas de maneira serena e compreensiva, pois foi a lição de Kardec e esse é o espírito da nossa doutrina. Sim, porque o Espiritismo não é uma doutrina dogmática, de postulados rígidos, mas uma doutrina evolutiva e amplamente compreensiva, que procura entender a vida em todas as suas manifestações, entendendo, portanto, o processo geral da evolução humana. Há espíritas que condenam a Psicanálise, o Darwinismo, o Existencialismo, e outras doutrinas científicas e filosóficas, numa atitude fechada de fanáticos religiosos, sem procurarem compreender a razão de ser dessas doutrinas e o que elas representam no imenso esforço do homem para interpretar o mundo e a vida. Há outros que condenam a Bíblia, como há os que condenam os próprios Evangelhos, e ainda os que condenam o Cristianismo, afirmando que o Espiritismo nada tem a ver com ele. Todas essas atitudes dogmáticas discordam daquilo que chamamos o espírito da doutrina. O Espiritismo não condena: explica. E, explicando, justifica os erros humanos, procurando corrigi-los pela compreensão e não pela coação.

No tocante à Bíblia, é o que podemos ver em Kardec. A Bíblia é para ele um livro de grande importância histórica, pois representa a codificação da I Revelação. A seguir, vêm os Evangelhos, que são a codificação da II Revelação. E depois, como sabemos, O Livro dos Espíritos e as obras que o completam, formando a codificação do Espiritismo. Todo um processo histórico está representado nessa trilogia. Se o confrade Mário Cavalcanti de Mello tivesse compreendido isso, em vez de escrever um livro demolidor, aproveitaria o sugestivo título que usou,  "Da Bíblia aos nossos dias", para mostra a beleza, a harmonia e a grandeza dessa extraordinária sequência das fases evolutivas da humanidade terrena.

Citemos um trecho esclarecedor de Kardec em A Gênese. Trata-se do número 6 do capítulo quatro: "A Bíblia, evidentemente, encerra fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia hoje aceitar, e outros que parecem estranhos e deriva de costumes que já não são os nossos. Mas, a par disso, haveria parcialidade em se não reconhecer que ela encerra grandes e belas coisas. A alegoria ocupa, ali, considerável espaço, ocultando sob o seu véu sublimes verdades, que se patenteiam, desde que se desça ao âmago do pensamento, pois logo desaparece o absurdo".

Nada se pode querer de mais claro, mais preciso e mais belo. Kardec revela a mais serena e elevada compreensão da Bíblia, e essa deve ser a nossa compreensão de espíritas em face do grande livro. O confrade Cavalcanti de Mello, que conheço e admiro, partiu de uma premissa falsa, ao escrever a sua obra de crítica bíblica. Sua intenção, cuja pureza reconheço e louvo, foi a de defender o Espiritismo contra o fanatismo bíblico. Mas mesmo nesse terreno a posição de ataque não pode surtir efeito, pois os que se apegam à Bíblia só poderão revoltar-se com crítica ferina e impiedosa do grande livro. Partisse da ideia de que a Bíblia é a codificação da 1ª Revelação, o livro que encerra, na sua linguagem dramática e alegórica, milenares experiências do homem na procura da Verdade e do Bem, e chegaria facilmente à conclusão de que é um livro do passado, que os Evangelhos e o Espiritismo superaram.

Não se entenda, porém, que falando de superação, - do ponto de vista histórico, - esteja eu endossando a afirmação de que a Bíblia é objeto de museu. Não. A Bíblia, como todos os grandes textos que encerram verdades reveladas, é um monumento imperecível. Como bem disse Kardec, os que souberem levantar os véus da alegoria encontrarão na Bíblia os mesmos e eternos princípios esclarecidos mais tarde por Jesus e pelo Espírito da Verdade. As matanças, os horrores, as imoralidades que o confrade Cavalcanti de Mello aponta na Bíblia, não são mais do que decorrências lógicas e naturais da época a que o livro se refere. É um pouco de exagero, querermos condenar hoje os costumes de tempos tão distantes.

Tenho dito e repetido, em meus artigos de polêmica doutrinária com os confrades da Escola de Niterói, - Imbassahy e Cavalcanti de Mello -, que lhes falta perspectiva histórica no exame dos problemas religiosos do Espiritismo. E a prova disso está aí, bem clara, no livro Da Bíblia aos nossos dias. Um pouco de perspectiva histórica teria modificado radicalmente a posição do confrade Mário Cavalcanti de Mello em face da Bíblia. Queira Deus que, no meio espírita, já tão cheio de incompreensões e confusões, este livro, fundamentalmente errado, não venha criar uma nova escola, absolutamente contrária ao espírito da nossa doutrina. 

A Santíssima Trindade



A trindade, dogma da união de três pessoas distintas - Pai, Filho e Espírito Santo - em um só Deus, o Mistério da Santíssima Trindade, tem sua origem em antigas religiões; logo, é anterior ao cristianismo, bem como outros dogmas que as religiões cristãs acolheram numa espécie de herança daqueles que elas julgam como religiões pagãs. Não é um contra-senso? 

Assim, as religiões dogmáticas cristãs copiaram as trindades originadas das religiões mais antigas, das quais, citaremos apenas três: brahmânica, egípcia e babilônica. Brahma, Siva e Vishnu, dos hindus; Osíris, Ísis e Orus dos egípcios; Ea, Istar e Tamus, dos babilônios. Existem outras, mas, para abreviar, ficamos com estas. Importa-nos considerar, aqui, a Santíssima Trindade, um dogma ou "artigo de fé", decidida pelo Concílio de Nicéia em 325 d.C. Notem bem: evento bem posterior às escrituras do Evangelho de Jesus. Pela ordem, vejamos:

PAI


É a "primeira pessoa" da Santíssima Trindade: Deus. Na Gênese de Moisés, Deus criou o homem a sua imagem e semelhança (cap. 1, vs. 26 e 27); porém, parece-nos que houve uma inversão de valores: o homem é quem criou um Deus a sua imagem... Como pode a criatura, limitada, limitar o ilimitado, o criador, colocando-o como pessoa unida à duas outras! Por isso que alguém disse que "o homem é a medida de todas as coisas". Personificar Deus - o Deus antropomorfo -, confundi-lo com os fenômenos da natureza, foi próprio de criaturas das eras primevas, porém, aqui, parece-nos que é inviável, salvo se o estão considerando como "pessoa jurídica" ou fictícia... Nós, espíritas, não ficamos com essas complicações que denunciam, tão somente, os interesses sectários em prol de classes sacerdotais ou pastorais, nada mais que profissionais das religiões. Ficamos com a Religião em Espírito e Verdade - Religião do Espírito - que, com respeito ao nosso criador, postula: 


"Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas". (1)

FILHO


É a "segunda pessoa" da Santíssima Trindade: Jesus. Para nós, filho de quem? De José e Maria, segundo a carne; de Deus, segundo o Espírito. Como pessoa, apenas é o nosso irmão mais velho, por existir antes da formação da Terra, quiçá do Sistema Solar. Por isso, foi confundido com o próprio Deus. A sua divindade não está circunscrita numa posição intermediária da Trindade. Vejamos:
 

"Transformado em parte intrínseca de Deus, Jesus de Nazaré perdeu a sua personalidade própria, "ensanduichado" entre Deus e o Espírito Santo. O Deus uno de Jesus, o Pai, cuja concepção simples e clara abalou o mundo antigo e revelou a fraternidade universal dos povos e das raças, fragmentou-se em três pessoas, o que vale dizer em três deuses, iniciando a hierarquia da Igreja, que se prolongaria indefinidamente no tempo". (2)
 

Temos que reconhecer que passamos por fases primitivas do conhecimento no processo evolutivo, no qual estamos inseridos. As questões dos mitos e dos símbolos foram úteis até certo ponto; porém, a partir deste, tornaram-se pedras de tropeço. O homem só permanece neles por comodismo ou interesses mesquinhos. É o caso da permanência no mito irracional da Trindade, daí a origem da mitologia cristã e do sectarismo religioso.
 

"A superioridade de Jesus sobre os homens não se prendia às particularidades de seu corpo, mas às de seu Espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e à de seu perispírito, haurida na parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres." (3)
 

Jesus, como ficou dito acima, é o nosso irmão mais velho, não é Deus. Em várias passagens evangélicas ele fez referência ao Pai, citamos apenas esta:
 

"Vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai, e vosso Pai; para meu Deus, e vosso Deus." (João 20: 17)
 

Acresce que, sobre a paternidade de Deus, Paulo, na sua Epístola aos Romanos, escreveu "que somos filhos de Deus, portanto seus herdeiros, acrescentando: e co-herdeiros de Cristo". (Romanos, 8: 17)

A divindade de Jesus é pela sua realização espiritual. É divino, porque já se depurou das imperfeições humanas e está mais próximo de Deus! É o nosso guia e modelo, segundo a questão nº 625, de O Livro dos Espíritos. 



 

ESPÍRITO SANTO

É a "terceira pessoa" da Santíssima Trindade. Como vimos acima, personificar Deus ou confundi-lo com Jesus é uma aberração; aqui, a personificação do Espírito Santo continua na mesma, para não dizer pior. Já não e sem tempo de compreender que não se trata de uma pessoa, mas de um coletivo inumerável de bons para espíritos puros, isto é, seres atuantes como colaboradores diretos de Jesus e da Espiritualidade Maior. Assim, o problema maior de interpretação dos nossos opositores está relacionado ao "Espírito Santo". Vejamos:
 

"As antigas escrituras não continham o qualificativo santo, quando se falava do Espírito. Todos os apóstolos reconheciam a existência de Espíritos, mas entre estes, bons e maus. (...) Foi só com a tradução das antigas escrituras e constituição da Vulgata que esse qualificativo foi acrescentado, com certeza para fortificar o "Mistério da Santíssima Trindade", tirado de uma lenda hindu, (...). Esse mistério veio criar uma doutrina nova sobre a concepção de Espírito, atribuindo a este, quando revestido do qualificativo Santo, um ser misterioso, incriado, também Deus e co-eterno com o Pai." (4)
Como se vê, não há como nós espíritas conciliarmos com o dogma da Santíssima Trindade e, conseqüentemente, com o mistério da divisão de Deus em três partes distintas. Deus é único: 


"se houvesse vários deuses, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder no ordenamento do Universo", segundo a questão nº 13, de O Livro dos Espíritos.
 


Encerrarmos estas considerações, com a seguinte lição de Emmanuel:
 

"Os textos primitivos da organização cristã não falam da concepção da Igreja Romana, quanto à chamada "Santíssima Trindade". (...) Por largos anos, antes da Boa Nova, o bramanismo guardava a concepção de Deus, dividido em três princípios essenciais, que os seus sacerdotes denominavam Brama, Siva e Vishnu. Contudo, a Teologia, que se organizava sobre os antigos princípios do politeísmo romano, necessitava apresentar um complexo de enunciados religiosos, de modo a confundir os espíritos mais simples, mesmo porque sabemos que se a Igreja foi, a princípio, depositária das tradições cristãs, não tardou muito que o sacerdócio eliminasse as mais belas expressões do profetismo, inumando o Evangelho sob um acervo de convenções religiosas, e roubando às revelações primitivas a sua feição de simplicidade e de amor". (5)

(1) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Questão Nº 1.
(2) Revisão do Cristianismo, Herculano Pires, pág. 12, Ed. Paidéia - 1977.
(3) A Gênese, Allan Kardec, cap. XV, nºs 1 e 2, pág. 270, 18ª Edição - IDE-1988.
(4) Vida e Atos dos Apóstolos, Cairbar Schutel, pág. 6, 8ª Ed. O Clarim - 1987.
(5) O Consolador, Emmanuel, F.C.Xavier, Q. 264, pág. 159, 6ª Ed. FEB-1976.

 

(as.) Julio Laurentino de Lima - juliollima@gmail.com
(Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo, Fev/2008, pág. 15 - Editora O Clarim)