A
Comunicabilidade dos Espíritos com os encarnados não é um fato recente,
mas antiquíssimo, com a única diferença que no passado era apanágio dos
chamados iniciados e na atualidade, com o advento do Espiritismo,
tornou-se fenômeno generalizado a todas as camadas sociais.
A
possibilidade dos Espíritos se comunicarem é uma questão muito bem
estabelecida, resultante de observações e experiências rigorosamente
realizadas por eminentes pesquisadores.
Os
Espíritas não têm dúvidas a este respeito; porém, determinados
companheiros que abraçam correntes religiosas diferentes da Doutrina
Espírita, procuram criticá-la chamando a atenção, entre outras coisas,
sobre a proibição mosaica de evocar os mortos.
Na
lei mosaica está escrito: “(...) Não vos virareis para os adivinhadores
e encantadores, não os busqueis, contaminando-vos com eles: eu sou o
Senhor vosso Deus. (...)” (07) “(...) Quando, pois algum homem ou mulher
em si tiver um espírito adivinho, ou for encantador, certamente
morrerão; com pedras se apedrejarão; o seu sangue é sobre eles.” (08)
“(...)
Não achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua
filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem
feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um
espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo
aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor, e por estas
abominações o Senhor teu Deus as lança fora de diante dele. (...)” (06)
“Se
a lei de Moisés deve ser tão rigorosamente observada neste ponto, força
é que o seja igualmente em todos os outros. Por que seria ela boa no
tocante às evocações e má em outras de suas partes? (...) Desde que se
reconhece que a lei mosaica não está mais de acordo com a nossa época e
costumes em dados casos, a mesma razão procede para a proibição de que
tratamos.
Demais,
é preciso entender os motivos que justificavam essa proibição e que
hoje se anularam completamente. O legislador hebreu queria que o seu
povo abandonasse todos os costumes adquiridos no Egito, onde as
evocações estavam em uso e facilitavam abusos (...).” (01)
A
proibição de Moisés foi mais para conter um comércio grosseiro e
prejudicial com os desencarnados. Os Israelitas necessitavam de uma ação
mais disciplinadora porque, além do mais “(...) a evocação dos mortos
não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para
com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos
augúrios e presságios explorados pelo charlatanismo e pela superstição.
(...)”
Naquela
época, aliada à prática pura e simples de evocar os mortos, havia um
verdadeiro comércio com os adivinhadores “(...) associadas às praticas
da magia e do sortilégio, acompanhadas até de sacrifícios humanos.
(...)” (02) A proibição, tinha, pois, razão de ser.
Nos
dias atuais, o ser humano adquiriu novas conquistas, o progresso se fez
pelo predomínio da razão e, a prática de intercâmbio espiritual ou
mediúnica, defendida pelo Espiritismo, tem outras finalidades:
moralizadora, consoladora e religiosa.
“(...)
A verdade é que o Espiritismo condena tudo que motivou a interdição de
Moisés; (...)” (02) os espíritas não fazem sacrifícios humanos, não
interrogam astros, adivinhos e magos para informarem-se de alguma coisa,
não usam medalha, talismã, fórmulas sacramentais ou cabalísticas para
atrair ou afastar Espíritos.
O
Espírita sincero sabe que “(...) O futuro é vedado ao homem por
princípio, e só em casos raríssimos e excepcionais é que Deus faculta a
sua revelação. Se o homem conhecesse o futuro, por certo que
negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade. (...)”
(04)
A
evocação dos Espíritos exercida na prática espírita tem o fito de
receber conselhos dos Espíritos superiores, de moralizar aqueles
voltados para o mal e continuar com as relações de amizades e amor entre
entes queridos que partilharam, ou não, a vivência reencarnatória.
Pelas
orientações instrutivas e altamente moralizadoras fornecidas pelos
benfeitores espirituais, pelo valioso aprendizado oferecido pelos
desencarnados sofredores, conclui-se que a prática mediúnica, é um fator
de progresso humano pelos benefícios que acarreta.
“(...)
Sem dúvida, poderoso instrumento pode converter-se em lamentável fator
de perturbação, tendo em vista o nível espiritual e moral daquele que se
encontra investido de tal recurso.
Não
é uma faculdade portadora de requisitos morais. A moralização do Médium
libera-o da influência dos Espíritos inferiores e perversos, que se
sentem, então, impossibilitados de maior predomínio por faltarem os
vínculos para a necessária sintonia. (...)” (09) “Repelir as
comunicações de além-túmulo é repudiar o meio mais poderoso de
instruir-se, já pela iniciação nos conhecimentos da vida futura, já
pelos exemplos que tais comunicações nos fornecem. A experiência nos
ensina, além disso, o bem que podemos fazer, desviando do mal os
Espíritos imperfeitos, ajudando os que sofrem a desprenderem-se da
matéria e a se aperfeiçoarem. Interdizer as comunicações é, portanto,
privar as almas sofredoras da assistência que lhes podemos e devemos
dispensar. (...)”. (03)
MEDIUNIDADE E SERVIÇO AO PRÓXIMO
Aspiras
ao desenvolvimento da mediunidade para mais fácil intercâmbio com o
Plano Espiritual. Isso é perfeitamente possível; entretanto, é preciso
lhe abraces as manifestações, compreendendo que ela te pede amor e
dedicação aos semelhantes para que se transforme num apostolado de
bênçãos.
Reconhecerás
que não reténs com ela um distrito de entretenimento ou vantagens
pessoais e sim um templo-oficina, através do qual os benfeitores
desencarnados se aproximam dos homens, tão diretamente quanto lhes é
possível, apontando-lhes rumo certo ou lenindo-lhes os sofrimentos,
tanto quanto lhe utilizarás os recursos para socorrer desencarnados, que
esperam ansiosamente quem lhes estenda uma luz ao coração desorientado.
Receberás
com ela não apenas a missão consoladora de reerguer os tristes, mas
também a tarefa espinhosa de suportar, corajosamente, a incompreensão
daqueles que se comprazem sob a névoa do materialismo, muita vez
interessados em estabelecer a dúvida e a negação para obterem, usando o
nome da filosofia e da ciência, livre trânsito nas áreas de experiência
física, em que a fé opõe uma barreira aos abusos de ordem moral.
Nunca
lhe ostentarás a força com atitudes menos dignas, que te colocariam na
dependência do mal, e, ainda mesmo quando ela te propicie meios com os
quais te podes sobrepor aos perseguidores e adversários, tratá-los-ás
com o amor que não foge à verdade e com a verdade que não desdenha o
equilíbrio admitindo que não te assiste o direito de te antepores à
justiça da vida.
Terás
a mediunidade por flama de amor e serviço, abençoando e auxiliando onde
estejas, em nome da Excelsa Providência, que te fez semelhante
concessão por empréstimo. E nos dias em que esse ministério de luz te
pese demasiado nos ombros, volta-te para o Cristo — o Divino Instrumento
de Deus na Terra — e perceberás, feliz, que o coração crucificado por
devotamento ao bem de todos, conquanto pareça vencido, carrega em
triunfo a consciência tranquila do vencedor. (*)
*
XAVIER, Francisco Cândido. Examinando a Mediunidade. In: Encontro
Marcado. Pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro - FEB, 1991 págs.
93-94.
* * *
FONTES DE CONSULTA
01
- KARDEC, Allan. Da Proibição de Evocar os Mortos. In: - . O Céu e o
Inferno. Trad. De Manoel Justiniano Quintão, 30ª ed. Rio de Janeiro,
FEB, 1992. item 3, pág 156.
02 - Item 4, págs. 157-159.
03 - Item 15. pág. 165.
04 - Intervenção dos Demônios nas Modernas Manifestações. In: . O Céu e o Inferno. Trad.
de Manoel Justiniano Quintão. 30ª ed.. Rio de Janeiro, FEB, 1992. Item 10, pág. 143.
05 - O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 75. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1983. Introdução, item 6, p.25.
06
- VELHO TESTAMENTO. In: A Bíblia Sagrada. Trad. Por João Ferreira de
Almeida. 42 Ed. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica Brasileira, 1980.
Deuteronômio, 18:10 - 12 págs 205- 206.
07
- VELHO TESTAMENTO. In: A Bíblia Sagrada. Trad. Por João Ferreira de
Almeida. 42 Ed. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica Brasileira,
1980.Levítico, 19:31, pág. 126.
08 - Levítico, 20:27. Pág. 127.
09
- FRANCO, Divaldo Pereira. Mediunidade. In: _ . Estudos Espíritas .
Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1995. pág.
138.
Fonte: ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
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