Eternidade

Eternidade

domingo, 31 de março de 2013

ALLAN KARDEC




Escolhido por Jesus, Allan Kardec veio realizar o trabalho da Codificação Espírita, e o fez de modo impecável.
Assim, desencarnou em 31 de março de 1869, deixando o legado luminífero infindável.
Muito obrigado! Espírito de Escol, onde quer que esteja, a consciência tranquila pelo dever cumprido te acompanha e acompanhará eternamente, pois, o teu trabalho foi e é incomparável!

"Coloco em primeira instância o consolo que é preciso oferecer aos que sofrem, erguer a coragem dos caídos, arrancar um homem de suas paixões, do desespero, do suicídio, detê-lo talvez no limiar do crime! Não vale mais isso do que os lambris dourados?"

ALLAN KARDEC (Viagem Espírita de 1862)
.........

"A caridade e a fraternidade não se decretam em leis. Se urna e outra não estiverem no coração, o egoísmo aí sempre imperará. Cabe ao Espiritismo fazê-las penetrar nele."

ALLAN KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 25 (Buscai e Achareis, item 8)

....................

ESCLARECIMENTOS DE ALLAN KARDEC

Carta à Sua Alteza o Príncipe G.


Revista Espírita, janeiro de 1859



PRÍNCIPE,



Vossa Alteza honrou-me dirigindo-me várias perguntas referentes ao Espiritismo; vou tentar respondê-las, tanto quanto o permita o estado dos conhecimentos atuais sobre a matéria, resumindo em poucas palavras o que o estudo e a observação nos ensinaram a esse respeito. Essas questões repousam sobre os princípios da própria ciência: para dar maior clareza à solução, é necessário ter esses princípios presentes no pensamento; permita-me, pois, tomar a coisa de um ponto mais alto, colocando como preliminares certas proposições fundamentais que, de resto, elas mesmas servirão de resposta a algumas de vossas perguntas.


Há, fora do mundo corporal visível, seres invisíveis que constituem o mundo dos Espíritos.


Os Espíritos não são seres à parte, mas as próprias almas daqueles que viveram na Terra ou em outras esferas, e que deixaram seus envoltórios materiais.


Os Espíritos apresentam todos os graus de desenvolvimento intelectual e moral. Há, por conseqüência, bons e maus, esclarecidos e ignorantes, levianos, mentirosos, velhacos, hipócritas, que procuram enganar e induzir ao mal, como os há muitos superiores em tudo, e que não procuram senão fazer o bem. Essa distinção é um ponto capital.


Os Espíritos nos cercam sem cessar, com o nosso desconhecimento, dirigem os nossos pensamentos e as nossas ações, e por aí
influem sobre os acontecimentos e os destinos da Humanidade.



Os Espíritos, freqüentemente, atestam sua presença por efeitos materiais. Esses efeitos nada têm de sobrenatural; não nos parecem tal senão porque repousam sobre bases fora das leis conhecidas da matéria. Uma vez conhecidas essas bases, o efeito entra na categoria dos fenômenos naturais; é assim que os Espíritos podem agir sobre os corpos inertes e fazê-los mover sem o concurso de nossos agentes exteriores. Negar a existência de agentes desconhecidos, unicamente porque não são compreendidos, seria colocar limites ao poder de Deus, e crer que a Natureza nos disse sua última palavra.



Todo efeito tem uma causa; ninguém o contesta. É, pois, ilógico negar a causa unicamente porque seja desconhecida.



Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente. Quando se vê o braço do telégrafo fazer sinais que respondem a um pensamento, disso se conclui, não que esses braços sejam inteligentes, mas que uma inteligência fá-los moverem-se. Ocorre o mesmo com os fenômenos espíritas. Se a inteligência que os produz não é a nossa, é evidente que ela está fora de nós.


Nos fenômenos das ciências naturais, atua-se sobre a matéria inerte, que se manipula à vontade; nos fenômenos espíritas age-se sobre inteligências que têm seu livre arbítrio, e não estão submetidas à nossa vontade. Há, pois, entre os fenômenos usuais e os fenômenos espíritas uma diferença radical quanto ao princípio: por isso, a ciência vulgar é incompetente para julgá-los.


O Espírito encarnado tem dois envoltórios, um material que é o corpo, o outro semi-material e indestrutível que é o perispírito. Deixando o primeiro, conserva o segundo que constitui para ele uma espécie de corpo, mas cujas propriedades são essencialmente diferentes. Em seu estado normal, é invisível para nós, mas pode tornar-se momentaneamente visível e mesmo tangível: tal é a causa do fenômeno das aparições.


Os Espíritos não são, pois, seres abstratos, indefinidos, mas seres reais e limitados, tendo sua própria existência, que pensam e agem em virtude de seu livre arbítrio. Estão por toda parte, ao redor de nós; povoam os espaços e se transportam com a rapidez do pensamento.



Os homens podem entrar em relação com os Espíritos e deles receberem comunicações diretas pela escrita, pela palavra e por outros meios. Os Espíritos, estando ao nosso lado e podendo virem ao nosso chamado, pode-se, por certos intermediários, estabelecer com eles comunicações seguidas, como um cego pode fazê-lo com as pessoas que ele não vê.


Certas pessoas são dotadas, mais do que outras, de uma aptidão especial para transmitirem as comunicações dos Espíritos: são os médiuns. O papel do médium é o de um intérprete; é um instrumento do qual se servem os Espíritos: esse instrumento pode ser mais ou menos perfeito, e daí as comunicações mais ou menos fáceis.

Os fenômenos espíritas são de duas ordens: as manifestações físicas e materiais, e as comunicações inteligentes. Os efeitos físicos são produzidos por Espíritos inferiores; os Espíritos elevados não se ocupam mais dessas coisas quanto nossos sábios não se ocupam em fazerem grandes esforços: seu papel é de instruir pelo raciocínio.



As comunicações podem emanar de Espíritos inferiores, como de Espíritos superiores. Reconhecem-se os Espíritos, como os homens, pela sua linguagem: a dos Espíritos superiores é sempre séria, digna, nobre e marcada de benevolência; toda expressão trivial ou inconveniente, todo pensamento que choque a razão ou o bom senso, que denote orgulho, acrimônia ou malevolência, necessariamente, emana de um Espírito inferior.


Os Espíritos elevados não ensinam senão coisas boas; sua moral é a do Evangelho, não pregam senão a união e a caridade, e jamais enganam. Os Espíritos inferiores dizem absurdos, mentiras, e, freqüentemente, grosserias mesmo.


A bondade de um médium não consiste somente na facilidade das comunicações, mas, sobretudo, na natureza das comunicações que recebe. Um bom médium é aquele que simpatiza com os bons Espíritos e não recebe senão boas comunicações.


Todos temos um Espírito familiar que se liga a nós desde o nosso nascimento, nos guia, nos aconselha e nos protege; esse Espírito é sempre bom.


Além do Espírito familiar, há Espíritos que são atraídos para nós por sua simpatia por nossas qualidades e nossos defeitos, ou por antigas afeições terrestres. Donde se segue que, em toda reunião, há uma multidão de Espíritos mais ou menos bons, segundo a natureza do meio.



Podem os Espíritos revelar o futuro?



Os Espíritos não conhecem o futuro senão em razão de sua elevação. Os que são inferiores não conhecem mesmo o seu, por mais forte razão o dos outros. Os Espíritos superiores o conhecem, mas não lhes é sempre permitido revelá-lo. Em princípio, e por um desígnio muito sábio da Providência, o futuro deve nos ser ocultado; se o conhecêssemos, nosso livre arbítrio seria por isso entravado. A certeza do sucesso nos tiraria o desejo de nada fazer, porque não veríamos a necessidade de nos dar ao trabalho; a certeza de uma infelicidade nos desencorajaria. Todavia, há casos em que o conhecimento do futuro pode ser útil, mas deles jamais podemos ser juizes: os Espíritos no-los revelam quando crêem útil e têm a permissão de Deus; fazem-no espontaneamente e não ao nosso pedido. E preciso esperar, com confiança a oportunidade, e sobretudo não insistir em caso de recusa, de outro modo se arrisca a relacionar-se com Espíritos levianos que se divertem às nossas custas.



Podem os Espíritos nos guiar, por conselhos diretos, nas coisas da vida?


Sim, eles o podem e o fazem voluntariamente. Esses conselhos nos chegam diariamente pelos pensamentos que nos sugerem. Freqüentemente, fazemos coisas das quais nos atribuímos o mérito, e que não são, na realidade, senão o resultado de uma inspiração que nos foi transmitida. Ora, como estamos cercados de Espíritos que nos solicitam, uns num sentido, os outros no outro, temos sempre o nosso livre arbítrio para nos guiar na escolha, feliz para nós quando damos a preferência ao nosso bom gênio.


Além desses conselhos ocultos, pode-se tê-los diretos por um médium; mas é aqui o caso de se lembrar dos princípios fundamentais que emitimos a toda hora. A primeira coisa a considerar é a qualidade do médium, senão o for por si mesmo. Médium que não tem senão boas comunicações, que, pelas suas qualidades pessoais não simpatiza senão com os bons Espíritos, é um ser precioso do qual podem-se esperar grandes coisas, se todavia for secundado pela pureza de suas próprias instruções e se tomadas convenientemente: digo mais, é um instrumento providencial.


O segundo ponto, que não é menos importante, consiste na natureza dos Espíritos aos quais se dirigem, e não é preciso crer que o primeiro que chegue possa nos guiar utilmente. Quem não visse nas comunicações espíritas senão um meio de adivinhação, e em um médium uma espécie de ledor de sorte, se enganaria estranhamente. É preciso considerar que temos, no mundo dos Espíritos, amigos que se interessam por nós, mais sinceros e mais devotados do que aqueles que tomam esse título na Terra, e que não têm nenhum interesse em nos bajular e em nos enganar. Além do nosso Espírito protetor, são parentes ou pessoas que se nos afeiçoaram em sua vida, ou Espíritos que nos querem o bem por simpatia. Aqueles vêm voluntariamente quando são chamados, e vêm mesmo sem que sejam chamados; temo-los, freqüentemente, ao nosso lado sem disso desconfiar. São aqueles aos quais pode-se pedir conselhos pela via direta dos médiuns, e que os dão mesmo espontaneamente sem que lhes peça. Fazem-no sobretudo n a intimidade, no silêncio, e então quando nenhuma influência venha perturbá-los: aliás, são muito prudentes, e não se tem a temer da sua parte uma indiscrição imprópria: eles se calam quando há ouvidos demais. Fazem-no, ainda com mais bom grado, quando estão em comunicação freqüente conosco; como eles não dizem as coisas senão com o propósito e segundo a oportunidade, é preciso esperar a sua boa vontade e não crer que, à primeira vista, vão satisfazer a todos os nossos pedidos; querem nos provar com isso que não estão às nossas ordens.


A natureza das respostas depende muito do modo como se colocam as perguntas; é preciso aprender a conversar com os Espíritos como se aprende a conversar com os homens: em todas as coisas é preciso a experiência. Por outro lado, o hábito faz com que os Espíritos se identifiquem conosco e com o médium, os fluidos se combinam e as comunicações são mais fáceis; então se estabelece, entre eles e nós, verdadeiras conversações familiares; o que não dizem num dia, dizem-no em outro; eles se habituam à nossa maneira de ser, como nós à sua: fica-se, reciprocamente, mais cômodo. Quanto à ingerência de maus Espíritos e de Espíritos enganadores, o que é o grande escolho, a experiência ensina a combatê-los, e pode-se sempre evitá-los. Se não se lhes expuser, não vêm mais onde sabem perder seu tempo.




Qual pode ser a utilidade da propagação das idéias espíritas?


O Espiritismo, sendo a prova palpável, evidente da existência, da individualidade e da imortalidade da alma, é a destruição do Materialismo. Essa negação de toda religião, essa praga de toda sociedade. O número dos materialistas que foram conduzidos a idéias mais sadias é considerável e aumenta todos os dias: só isso seria um benefício social. Ele não prova somente a existência da alma e sua imortalidade; mostra o estado feliz ou infeliz delas segundo os méritos desta vida. As penas e as recompensas futuras não são mais uma teoria, são um fato patente que se tem sob os olhos. Ora, como não há religião possível sem a crença em Deus, na imortalidade da alma, nas penas e nas recompensas futuras, se o Espiritismo conduz a essas crenças aqueles em que estavam apagadas, disso resulta que é o mais poderoso auxiliar das idéias religiosas: dá a religião àqueles que não a têm; fortifica-a naqueles em que ela é vacilante; consola pela certeza do futuro, faz aceitar com paciência e resig nação as tribulações desta vida, e afasta do pensamento do suicídio, pensamento que se repele naturalmente quando se lhe vê as conseqüências: eis porque aqueles que penetraram esses mistérios estão felizes com isso; é para eles uma luz que dissipa as trevas e as angústias da dúvida.


Se considerarmos agora a moral ensinada pelos Espíritos superiores, ela é toda evangélica, é dizer tudo: prega a caridade cristã em toda a sua sublimidade; faz mais, mostra a necessidade para a felicidade presente e futura, porque as conseqüências do bem e do mal que fizermos estão ali diante dos nossos olhos. Conduzindo os homens aos sentimentos de seus deveres recíprocos, o Espiritismo neutraliza o efeito das doutrinas subversivas da ordem social.


Essas crenças não podem ser um perigo para a razão?



Todas as ciências não forneceram seu contingente às casas de alienados? É preciso condená-las por isso? As crenças religiosas não estão ali largamente representadas? Seria justo, por isso, proscrever a religião? Conhecem-se todos os loucos que o medo do diabo produziu? Todas as grandes preocupações intelectuais levam à exaltação, e podem reagir lastimavelmente sobre um cérebro fraco; teria fundamento ver-se no Espiritismo um perigo especial a esse respeito, se ele fosse a causa única, ou mesmo preponderante, dos casos de loucura. Faz-se grande barulho de dois ou três casos aos quais não se daria nenhuma atenção em outra circunstância; não se levam em conta, ainda, as causas predisponentes anteriores. Eu poderia citar outras nas quais as idéias espíritas, bem compreendidas, detiveram o desenvolvimento da loucura. Em resumo, o Espiritismo não oferece, sob esse aspecto, mais perigo que as mil e uma causas que a produzem diariamente; digo mais, que ele as oferece muito menos, naq uilo que ele carrega em si mesmo seu corretivo, e que pode, pela direção que dá às idéias, pela calma que proporciona ao espírito daqueles que o compreende, neutralizar o efeito de causas estranhas. O desespero é uma dessas causas; ora, o Espiritismo, fazendo-nos encarar as coisas mais lamentáveis com sangue frio e resignação, nos dá a força de suportá-las com coragem e resignação, e atenua os funestos efeitos do desespero.


As crenças espíritas não são a consagração das idéias supersticiosas da Antigüidade e da Idade Média, e não podem recomendá-las?


As pessoas sem religião não taxam de superstição a maioria das crenças religiosas? Uma idéia não é supersticiosa senão porque ela é falsa; cessa de sê-lo se se torna uma verdade. Está provado que, no fundo da maioria das superstições, há uma verdade ampliada e desnaturada pela imaginação. Ora, tirar a essas idéias todo seu aparelho fantástico, e não deixar senão a realidade, é destruir a superstição: tal é o efeito da ciência espírita, que coloca a nu o que há de verdade ou de falso nas crenças populares. Por muito tempo, as aparições foram vistas como uma crença supersticiosa; hoje, que são um fato provado, e, mais que isso, perfeitamente explicado, elas entram no domínio dos fenômenos naturais. Seria inútil condená-las, não as impediria de se produzirem; mas aqueles que delas tomam conhecimento e as compreendem, não somente não se amedrontam, mas com elas ficam satisfeitos, e é a tal ponto que aqueles que não as têm desejam tê-las. Os fenômenos incompreendidos deixam o camp o livre à imaginação, são a fonte de uma multidão de idéias acessórias, absurdas, que degeneram em superstição. Mostrai a realidade, explicai a causa, e a imaginação se detém no limite do possível; o maravilhoso, o absurdo e o impossível desaparecem, e com eles a superstição; tais são, entre outras, as práticas cabalísticas, a virtude dos sinais e das palavras mágicas, as fórmulas sacramentais, os amuletos, os dias nefastos, as horas diabólicas, e tantas outras coisas das quais o Espiritismo, bem compreendido, demonstra o ridículo.


Tais são, Príncipe, as respostas que acreditei dever fazer às perguntas que me haveis dado a honra em me endereçar, feliz se elas podem corroborar as idéias que Vossa Alteza já possui sobre essas matérias, e vos levar a aprofundar uma questão de tão alto interesse; mais feliz ainda se meu concurso ulterior puder ser para vós de alguma utilidade.



Com o mais profundo respeito, sou, de Vossa Alteza, o muito humilde e muito obediente servidor,

Allan Kardec

sábado, 30 de março de 2013

Objetivos da Reencarnação



Objetivos da Reencarnação


Ensina-nos Allan Kardec [LE-qst 330] que a reencarnação está para os Espíritos, assim como a morte está para os encarnados: é um processo inelutável, tão certo quanto o desencarne o é para os homens.

A encarnação é uma necessidade evolutiva, porque somente ao contato com a matéria física consegue o Espírito certos elementos necessários ao seu progresso.

A luta pela sobrevivência, o período de infância, o esquecimento do passado são condições exclusivas da vida na Terra e essenciais à aquisição de certos valores.

O Espírito São Luís, examinando o tema diz:

"A passagem dos Espíritos pela vida corpórea é necessária, para que eles possam realizar, com a ajuda do elemento material, os propósitos cuja execução Deus lhe confiou. É ainda necessária por eles mesmos, pois a atividade que então se veem obrigados a desempenhar ajuda-os a desenvolver a inteligência. Deus, sendo soberanamente justo, deve aquinhoar equitativamente a todos os seus filhos. É por isso que Ele concede a todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de ação." [ESE cap IV]

Kardec completa o tema:

"A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover ao alimento do corpo, à sua segurança, ao seu bem estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento é a sua união com a matéria. Daí se constituir uma necessidade a encarnação. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e progresso material do globo que lhe serve de habitação.

É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente." [GEN]

Estes objetivos reencarnatórios são sistematizados didaticamente por Allan Kardec em três tipos: expiação, prova e missão [LE-qst 872].
 

Expiação

Expiar, segundo a definição vulgar, significa sofrer em função de alguma coisa. A expiação surge como objetivo encarnatório, quando o homem malbarata o código divino que rege o universo. Quando o indivíduo por excessos, maldade ou por imprudência fere a lei geral que cuida dos nossos destinos, torna-se incurso na Lei de Causa e Efeito, para que, através do sofrimento, se reeduque.

"A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são consequentes a uma falta, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal." [CI-cap VIII]

Em [O Consolador-qst 246] Emmanuel afirma:

"A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime."

Características da expiação:
Sempre dolorosa.
Sempre ligada a uma falta.


Prova (Provação)

Ainda em [O Consolador-qst 246] Emmanuel continua:

"A prova é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual."

As provas são uma série de situações apresentadas ao Espírito encarnado objetivando o seu crescimento. Através do esforço próprio, das lutas e do sacrifício ele vai burilando a sua personalidade, desenvolvendo a sua inteligência e se iluminando espiritualmente.

"Não se deve crer que todo sofrimento por que se passa neste mundo seja necessariamente o indício de uma determinada falta: trata-se, frequentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito, para acabar a sua purificação e acelerar o seu adiantamento." [ESE-cap V it.9]

Lembra Kardec que nem toda prova é uma expiação, mas em toda expiação há uma prova, porque diante do sofrimento expiatório, o homem ver-se-á convidado a desenvolver (lutar) pelos valores de resignação.

Características da prova:
Não está vinculada a uma falta.
Não é sempre dolorosa, embora possa ser.
Representa sempre luta para crescimento pessoal.
 

Missão

"Um Espírito querendo avançar mais, solicita uma missão, uma tarefa, pela qual será tanto ou mais recompensado, se sair vitorioso."[ESE-cap V it 9]

Pelo exposto, podemos entender a missão como sendo uma tarefa específica que objetiva o bem da criatura.

Lembra ainda Kardec que:

"Todo homem, sobre a Terra, tem uma pequena ou grande missão" e que "as missões dos Espíritos tem sempre o bem por objeto. Há tantos gêneros de missões quanto as espécies de interesses a resguardar."

Informa que a importância das missões está em relação com a capacidade e a elevação do Espírito, e que cada um tem sua missão neste mundo, porque cada um pode ser útil em algum sentido.

Kardec [CI] emprega ainda a expressão reparação para designar aquela condição onde o indivíduo reencarna com o propósito de fazer o bem a quem ontem fez o mal. Pode-se considerar a reparação como uma variante da missão.

Características da missão:
Tarefa específica.
Pressupõe certa condição evolutiva prévia.
Objetiva o melhoramento de algo ou alguém.


Bibliografia:

a) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
b) Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
c) A Gênese - Allan Kardec
d) O Consolador - Emmanuel/Chico Xavier
e) O Problema do Ser, do Destino e da Dor - Leon Denis
f) A Reencarnação e Suas Provas - Carlos Imbassay
g) Reencarnação - Gabriel Dellane
h) Depois da Morte - Leon Denis
i) A Memória e o Tempo - Hermínio Miranda

Tragédias Coletivas e Doutrina Espírita - Palestra Nazareno Feitosa - CEAL

quinta-feira, 28 de março de 2013

Na Revolução Espiritual








Estamos na condição do cultivador que se encontra em árduo serviço no solo, achanando a gleba e manejando o arado para lançar, por fim, a semente renovadora e produtiva. Realizado o trabalho da plantação, surge o período abençoado da espera.


E de tanta paz carecemos na complementação do serviço que, para sermos mais precisos, somos impelidos a lembrar a tarefa do cirurgião cujo esforço, em seguida ao trabalho operatório, é compelido a aguardar as respostas orgânicas do paciente.


Estejamos no desempenho de nossas atividades normais, dentro daquele preceito do orai e vigiai, porquanto, aqueles irmãos nossos do passado, a quem suplicamos renovação para eles e para nós, muito dificilmente se dispõem a essa mesma renovação.


Tenhamos paciência e calma, bom ânimo e fé, e assim, como usamos medicamentos, em doses certas e nas ocasiões certas, a fim de que o desequilíbrio do corpo desapareça em favor da saúde, adotemos comportamento análogo mobilizando palavras de paz, amor e bênção, ante as dificuldades da alma, para que se nos refaça a harmonia espiritual.

PELO ESPÍRITO BATUÍRA

DO LIVRO.: MAIS LUZ.

PELO MEDÍUM FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

terça-feira, 26 de março de 2013

Vida e Obra de Allan Kardec




Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou simplesmente Allan Kardec, foi o codificador da Doutrina Espírita. Antes de conhecermos melhor a vida deste professor francês, mostraremos como foi seu primeiro contato com o mundo espiritual, que consequentemente serviu de marco inicial para o Espiritismo. 


Os fatos que precederam o aparecimento do Espiritismo

As irmãs Fox e o fenômeno de Hydesville

O ano é 1848. Em um vilarejo localizado no estado americano de Nova York, nos Estados Unidos, havia uma família de sobrenome Fox. Fenômenos estranhos aconteciam ao lado das adolescentes moradoras daquele lar. As irmãs Kate e Margaret Fox produziam a manifestação de barulhos diversos em sua casa, parecendo que forças do invisível tentavam de alguma maneira comunicarem-se com o mundo material. Através destas meninas, este fato sobrenatural transformou-se em atração, ao ponto das mesmas estabelecerem com o ser comunicante um tipo de código, onde uma pancada na parede significaria uma resposta afirmativa às perguntas feitas. Já duas pancadas, significariam uma negativa, além de outros sinais, que poderiam formar frases inteiras. Os curiosos acabaram por descobrir que aquela manifestação era o Espírito de uma pessoa que havia vivido, quando encarnado, na casa dos Fox. Seu nome fora Charles Rosma, e seus restos mortais, até então desaparecidos, estavam enterrados no porão do local. Esta descoberta fascinou muitas pessoas, despertando o interesse sobre o mundo espiritual. 

Quanto às irmãs Fox, que não aproveitaram a oportunidade de suas faculdades de contato com o mundo espiritual, para buscar novos conhecimentos, acabaram, depois de adultas, por desacreditar no invisível, sem conseguir dar explicações mais plausíveis do que a existência do Espírito e sua possibilidade de comunicação com os homens.



As mesas girantes

França, 1850: no início deste ano, surgiu no país europeu uma brincadeira que atraía nobres da sociedade parisiense. Acostumados às festas de salões, muitos franceses passaram a divertir-se com as chamadas "mesas girantes ou falantes". 

Tratava-se de mesinhas redondas, sobre as quais certas pessoas colocavam suas mãos e instantaneamente estes móveis começavam a girar e dar saltos, sem que ninguém fizesse alguma força.

Tudo parecia um fenômeno magnético, ou seja, produto de algum tipo de poder mental dos que se dispunham a brincar. O fenômeno então começou a ganhar proporções maiores e espalhou-se por outros países da Europa, chegando também na América. Desenvolveu-se uma forma de "conversar" com as mesinhas. Através de pancadas no chão, produzidas com os pés do objeto, formou-se um código alfabético, onde uma pancada seria a letra a; duas, a letra b, e assim sucessivamente. Basicamente, as perguntas eram sobre futilidades, que em nada ajudavam a entender o que estava ocorrendo.

Foi então que uma senhora, chamada Emília de Girardim, veio a desenvolver um método de contato, que consistia de uma mesa que se movia ao redor de um eixo, lembrando uma roleta. Sobre a mesa, letras do alfabeto eram colocadas em círculos, além de números e os termos sim e não. No meio desta circunferência, havia uma agulha ou mesmo um ponteiro metálico, e então as pessoas envolvidas colocavam suas mãos sobre a borda da mesa. O móvel passava a girar, parando sob o ponteiro metálico a letra do alfabeto que viria a formar uma frase desta força invisível.

No decorrer dos questionamentos feitos ao fenômeno, descobriu-se que o mesmo era produzido por Espíritos que habitavam o mundo espiritual. Porém, ninguém tirou desta surpreendente descoberta a utilidade que ela trazia.


Kardec e os Espíritos
 
Em 1855, Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor francês de aritmética, pesquisador de astronomia e magnetismo, foi convidado por um amigo seu a ver de perto estas manifestações que ocorriam nos salões da capital francesa. Rivail era discípulo de Pestalozzi, chamado de pai da pedagogia moderna, e casado com Amélie Gabrielle Boudet. Nascido em 03 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, já ouvira sobre o assunto das mesas girantes e não entendia bem o que estava acontecendo. Homem criterioso, Rivail não se deixava levar por modismos e como estudioso do magnetismo humano acreditava que todos os acontecidos poderiam estar ligados à ação das próprias pessoas envolvidas, e não de uma possível intervenção espiritual.

O professor então participou de algumas sessões, e algo começou a intrigá-lo. Percebeu que muitas das respostas emitidas através daqueles objetos inanimados fugiam do conhecimento cultural e social dos que faziam parte do "espetáculo". Como os móveis, por si só, não poderiam mover-se, fatalmente havia algum tipo de inteligência invisível atuando sobre os mesmos, e respondendo aos questionamentos dos presentes.

Rivail presenciava a afirmação daqueles que se manifestavam, dizendo-se almas dos homens que viveram sobre a Terra. Foi então, que uma das mensagens foi dirigida ao professor. Um ser invisível disse-lhe ser um Espírito chamado Verdade e que ele, Rivail, tinha uma missão a desenvolver, que seria a codificação de uma nova doutrina .

Atento aos dizeres do Espírito, e depois de muitos questionamentos à entidade, pois não era homem de impressionar-se com elogios, resolveu aceitar a tarefa que lhe fora incumbida. 

O Espírito de Verdade disse-lhe ser de uma falange de Espíritos superiores que vinha até aos homens cumprir a promessa de Jesus, no Evangelho de João, capítulo XIV; versículos 15 a 26: "E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conhecereis, porque habita convosco e estará em vós... Mas, aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito".

Através dos Espíritos, Rivail descobriu que em uma de suas encarnações anteriores foi um sacerdote druida, de nome Allan Kardec. 

Foi então que resolveu adotar este pseudônimo durante a codificação da nova doutrina, que viria a se chamar Doutrina Espírita ou Espiritismo. Kardec assim procedeu para que as pessoas, ao tomarem conhecimento dos novos ensinamentos espirituais, não os aceitassem por ser ele, um conhecido educador, quem estivesse divulgando. Mas sim, que todos os que tivessem contato com a boa nova a aceitassem pelo seu teor racional e sua metodologia objetiva, independente de quem a divulgasse ou a apoiasse.



A Codificação

A partir daí foram 14 anos de organização da Doutrina Espírita. No início, para receber dos Espíritos as respostas sobre os objetivos de suas comunicações e os novos ensinamentos, Kardec utilizou um novo mecanismo, a chamada cesta-pião: um tipo de cesta que tinha em seu centro um lápis. Nas bordas das cestas, os médiuns, pessoas com capacidade de receber mais ostensivamente a influência dos Espíritos, colocavam suas mãos, e através de movimentos involuntários, as frases-respostas iam se formando. Julie e Caroline Baudin, duas adolescentes de 14 e 16 anos respectivamente, foram as médiuns mais utilizadas por Kardec no início. 

Com o decorrer do tempo, a cesta-pião foi dando lugar à utilização das próprias mãos dos médiuns, fenômeno que ficou conhecido como psicografia.

Todas as perguntas e respostas feitas por Kardec aos Espíritos eram revisadas e analisadas várias vezes, dentro do bom senso necessário para tal. As mesmas perguntas respondidas pelos Espíritos através das médiuns eram submetidas a outros médiuns, em várias partes da Europa e América. Assim, o codificador viajou por cerca de 20 cidades. Isso para que as colocações dos Espíritos tivessem a credibilidade necessária, pois estes médiuns não mantinham contato entre eles, somente com Kardec.

Este controle rígido de tudo o que vinha de informações do mundo espiritual ficou conhecido por "Controle Universal dos Espíritos". Disto, estabeleceu-se dentro da Doutrina Espírita que qualquer informação vinda do plano espiritual só terá validade para o Espiritismo se for constatada em vários lugares, através de diversos médiuns, que não mantenham contato entre si. Fora isso, toda comunicação espiritual será uma opinião particular do Espírito comunicante.

Com todo um esquema coerentemente montado, Allan Kardec preparou o lançamento das cinco Obras Básicas da Doutrina Espírita, a Codificação, tendo início em 1857 com o lançamento de "O Livro dos Espíritos". Estes livros contêm toda a teoria e prática da doutrina, os princípios básicos e as orientações dos Espíritos sobre o mundo espiritual e sua constante influenciação sobre o mundo material.

Durante a codificação, Kardec lançou um periódico mensal chamado "Revista Espírita", em 1858. Nele, comentava notícias, fenômenos mediúnicos e informava aos adeptos da nova doutrina o crescimento da mesma e sua divulgação. Servia várias vezes como fórum de debates doutrinários, entre partidários e contrários ao Espiritismo. A Revista Espírita foi a semente da imprensa doutrinária.

No mesmo ano, Kardec viria a fundar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Constituída legalmente, a entidade passou a ser a sociedade central do Espiritismo, local de estudos e incentivadora da formação de novos grupos.

Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869, aos 65 anos, vítima de um aneurisma. Sua persistência e estudo constantes foram essenciais para a elaboração do movimento espírita e organização dos ensinos do Espírito de Verdade.





Resumo das Obras Básicas da Doutrina Espírita

  1. O Livro dos Espíritos: lançado por Allan Kardec em 1857, é o principal livro da Doutrina Espírita. Podemos chamá-lo de espinha dorsal, pois sustenta todas as outras obras doutrinárias. Divide-se em quatro partes: "As causas primárias"; "Mundo espírita ou dos Espíritos"; "As leis morais"; e "Esperanças e consolações". É composto de 1018 perguntas feitas por Kardec aos Espíritos superiores responsáveis pela vinda do Espiritismo aos homens. O que é Deus? De onde viemos? Para aonde vamos? O que estamos fazendo na Terra? Estas são algumas das questões respondidas pela falange do Espírito de Verdade.
  2. O Livro dos Médiuns: teve seu lançamento em 1861. Nele, Allan Kardec mostra os benefícios e os perigos da mediunidade, ou seja, o canal que liga o homem encarnado ao mundo espiritual. Demonstra que embora todos os seres vivos possuam esta abertura de contato, há aqueles que a têm de uma forma mais abrangente. Kardec e os Espíritos superiores alertam sobre a sutileza desta faculdade, para que uma pessoa possa contatar os Espíritos sem ser prejudicada por entidades maléficas, descontrolando sua mediunidade.
  3. O Evangelho Segundo o Espiritismo: editado em 1864, esta obra pode ser entendida como a parte moral da Doutrina Espírita. Nela, Kardec e os Espíritos superiores comentam numa linguagem acessível as principais passagens da vida de Jesus. Explicam suas parábolas e demonstram a grandiosidade do Mestre nos seus ensinos, dando-nos, além disso, conselhos importantes sobre nossa conduta diária frente às dificuldades e dúvidas da vida.
  4. O Céu e o Inferno: Kardec lançou este livro em 1865. Através da evocação dos Espíritos de pessoas das mais diferentes classes sociais, crenças e condutas, demonstra-nos como foi a chegada e a vivência espiritual destes seres após o seu desencarne. Rainhas, camponeses, religiosos, assassinos, ignorantes e intelectuais são alguns dos que contam o que os aguardava depois de suas atitudes terrenas e como poderão ser suas vidas futuras.
  5. A Gênese: nesta obra, de 1868, Kardec explica a Gênesis Bíblica, a formação do Universo, demonstrando a coerência da mesma quando confrontada com os conhecimentos científicos, despida das alegorias próprias da época em que foi escrita. Expõe o que são os milagres, explicados pelas leis da natureza, produtos da modificação dos fluidos que nos cercam. Enfim, faz a religião e a ciência caminharem juntas, fortalecendo a fé dos que crêem em Deus.


Fonte:  http://www.espiritismo.org/biokardec.htm

segunda-feira, 25 de março de 2013

DEUS - NOSSO PAI



PALESTRA

DEUS - NOSSO PAI
LE-1- O que é Deus?
- Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
- Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da criação.
- A harmonia que regula as forças do universo revela combinações e fins determinados, e por isso, mesmo um poder inteligente.

ATRIBUTOS DA DIVINDADE
- DEUS é eterno.
é imutável.
é imaterial.
é único.
é todo poderoso.
é soberanamente justo e bom.

-DEUS É ESPÍRITO E DEVE SER ADORADO EM ESPÍRITO E EM VERDADE. (JOÃO- IV: 24)


Acima, colocamos um exemplo de como a palestra pode ser apresentada em uma lousa. A seguir, os comentários que podem ser feitos a cada item em destaque.
  

OBJETIVO:

Esta palestra tem por finalidade a esclarecer sobre a concepção espírita de Deus, seus atributos e como adorá-lo.
Comece dizendo que Deus não é aquele velhinho de longas barbas brancas, e que às vezes, de dedo em riste, escolhe quem deve ou não sofrer. Na palestra, será demonstrado que o Pai é misericordioso e que suas Leis foram feitas para nos ajudar a progredir, em todos os sentidos.


INTRODUÇÃO:

Desde os tempos mais remotos, quando o homem adquiriu a consciência de si mesmo, quando começou a raciocinar, veio junto com estes aspectos de humanidade a concepção de um ou vários seres superiores que tinham criado as coisas que o homem não tinha feito ou não entendia. Começou-se a adorar como deuses as montanhas, os raios, as tempestades, o mar.
Com a evolução moral e intelectual também evoluiu esta visão de Deus ou Deuses, a partir do que veio a concepção do Deus único com os povos hebreus.
Dentro da corrente de pensamento do Criador único apareceu com Moisés uma imagem mais complexa de Deus. Este grande profeta nos trouxe um Deus parcial, vingativo, irado, guerreiro. Visão esta dentro do entendimento que aquela população, de cerca de 3700 anos atrás, tinha condições de absorver.
Passando-se mais ou menos 1.700 anos, veio Jesus Cristo mudar radicalmente este entendimento do nosso Criador. Demonstrando um Deus que é acima de tudo um Pai amoroso, soberanamente justo e bom. E é dentro desta concepção que a Doutrina Espírita desenvolve a sua visão do criador de todas as coisas, cumprindo assim o seu papel de Consolador Prometido por Jesus, que viria a seu tempo relembrar tudo o que Ele tinha dito e falar de coisas que Ele não podia dizer naquela época remota.


LE-1- O que é Deus?
- Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.


Na primeira questão de ‘O Livro dos Espíritos", Kardec faz esta pergunta ao Espírito de Verdade. O que pode significar esta resposta? Esta primeira resposta já traça toda uma linha de raciocínio para a visão do Universo que nos rodeia, pois tudo isto se baseia na compreensão que temos do Criador. Os espíritos colocam a Deus como a inteligência suprema do universo, arquiteto de todas as leis, sejam elas morais, físicas, químicas, orgânicas. Pois todas elas foram criadas por esta inteligência para a harmonia deste Universo.
Ele é a causa primária de todas as coisas, pois tudo veio d’Ele, nada existia antes d’Ele, tudo o que existe no mundo material e também no mundo espiritual foi Ele quem criou.
Aqui, os espíritos nos demonstram que Deus não tem corpo, ou seja, não é homem ou mulher, preto ou branco, velho ou moço. Que Ele é uma força positiva e inteligente que a tudo permeia.



PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
- Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da criação.
- A harmonia que regula as forças do universo revela combinações e fins determinados, e por isso, mesmo um poder inteligente.


Muitos homens pedem provas espetaculares e especiais da existência de Deus. Acreditam-se muito importantes para que Deus pudesse se interessar em aparecer para eles ou enviar um sinal dos céus para provar a sua existência.
A maior prova que existe é a própria criação, pois é pela obra que se conhece o criador. É só olharmos em nossa volta e vermos as maravilhas naturais que acontecem todo o dia, e que não damos a menor atenção. Basta olharmos para o nosso corpo, como foi gerado, seu funcionamento que comprova uma maravilhosa máquina que a nossa razão ainda não entende completamente.
Neste momento, diga para o público lembrar da natureza, a harmonia da cadeia alimentar, do germinar de uma árvore, da beleza de um rio ou do oceano. A imponência da floresta tropical em contraste com um deserto, seja ele quente ou frio, onde também germina a vida.
Lembre das estrelas, estes sóis girando no infinito, muitos deles carregando mundos habitados, onde lá também Deus colocou a vida.
Diga que devemos começar a perceber a grandiosidade da obra que nos rodeia e agradecer ao Criador por tudo que Ele nos deu.




ATRIBUTOS DA DIVINDADE

Não temos a capacidade de conhecer a Deus completamente, isto só acontecerá quando depurarmos o nosso espírito de toda a imperfeição. Mas agora podemos ter uma pálida imagem do nosso Pai, que poderá nos ajudar a ter uma idéia mais justa de sua grandeza.

Deus é Eterno: Não teve começo e nem vai ter fim. Não foi criado, pois se o tivesse sido, não seria Deus. Vive em um plano absoluto, onde não existe o tempo e nem o espaço, muito diferente do nosso, que é o plano relativo, onde o tempo e o espaço são os comandantes das ações. É muito difícil para nós entendermos estes conceitos, pois estamos acostumados a viver e raciocinar dentro do relativo, do começo e o fim, da vida e da morte, do dia e da noite, do bem e do mal.

Deus é imutável e imaterial: Deus não muda de forma e nem de conteúdo, não muda de personalidade e nem de humor, não fica irado ou alegre. Pois Ele é espírito, de uma natureza totalmente diferente da matéria; esta sim, mutável. Se Deus fosse mutável, as suas leis também seriam e o universo não teria estabilidade.

Deus é único: Se tivéssemos dois ou mais deuses diferentes, as leis que regem o universo e a nossa vida não seriam iguais, em uma parte do universo teria uma lei e em outra parte, outras leis totalmente diferentes. Sendo assim, a razão nos diz que o universo não sobreviveria como uma unidade. E os astrônomos já comprovaram que as leis que regem a matéria aqui são as mesmas que regem a matéria a bilhões de anos-luz de distância.

Deus é todo poderoso: Por ser único, Deus tem o poder supremo sobre todas as coisas, nada acontece contra a sua vontade e se um fato ocorreu é porque Deus assim quis que acontecesse. Não existe outra criatura ou ser que tenha mais poder que Deus.

Deus é soberanamente justo e bom: A harmonia do universo e a racionalidade das leis que temos demonstram que Deus é totalmente justo e bondoso. Depois que O compreendemos de uma forma mais completa, percebemos com mais clareza a bondade de suas leis que regem a nossa vida. Ir contra elas é agir contrário ao equilíbrio, trazendo a consequência do sofrimento.
Se entendermos que nada acontece na nossa vida sem a vontade de Deus e que tudo é para o nosso bem e desenvolvimento, conforme a mais perfeita justiça, começamos a ter uma visão mais clara da necessidade das nossas dores e sofrimentos, que são somente provas e expiações para o nosso aprendizado e crescimento espiritual.
Esta lista está longe de ser completa, pois existem inúmeros atributos que ainda não temos condições de entender, pois a nossa capacidade ainda é pouca para vislumbrar a grandeza e a perfeição de nosso Pai Celestial.



Deus é Espírito, e deve ser adorado em Espírito em Verdade. – JESUS.

Há dois mil anos, Jesus já nos deu uma justa imagem de Deus, quando nos ensina que Deus é espírito, ou seja, é universal na sua bondade, benevolência e justiça. E que devemos adorá-lo em espírito e em verdade, ou seja, através do culto interior, aplicando as suas leis na melhoria do nosso espírito, melhorando o nosso comportamento no dia-a-dia.
Não precisamos adorar imagens, acender velas, usar roupas especiais ou fazer gestos exteriores para agradar a Deus. O que Ele nos pede é que devemos sacrificar o nosso orgulho e o nosso egoísmo, acendendo dentro de nós a luz espiritual, usando a roupagem do bom comportamento perante a todos e a tudo.
Encerre dizendo que o Pai só aguarda que façamos de nossa parte, compreendendo a vida, para que Ele tenha condições de nos ajudar em nossas dúvidas e sofrimentos.



_______________________________
Fonte: http://www.espiritismo.org

domingo, 24 de março de 2013

O MAGNETISMO




Uma vídeo aula completa sobre magnetismo, tema amplamente abordado 
nos estudos da doutrina espírita, tendo como participante o 
engenheiro civil e pesquisador espírita Jacob Melo, 
autor do livro “Cure-se e Cure pelos Passes”.

A Comunicabilidade dos Espíritos



A Comunicabilidade dos Espíritos com os encarnados não é um fato recente, mas antiquíssimo, com a única diferença que no passado era apanágio dos chamados iniciados e na atualidade, com o advento do Espiritismo, tornou-se fenômeno generalizado a todas as camadas sociais.

A possibilidade dos Espíritos se comunicarem é uma questão muito bem estabelecida, resultante de observações e experiências rigorosamente realizadas por eminentes pesquisadores.

Os Espíritas não têm dúvidas a este respeito; porém, determinados companheiros que abraçam correntes religiosas diferentes da Doutrina Espírita, procuram criticá-la chamando a atenção, entre outras coisas, sobre a proibição mosaica de evocar os mortos.

Na lei mosaica está escrito: “(...) Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores, não os busqueis, contaminando-vos com eles: eu sou o Senhor vosso Deus. (...)” (07) “(...) Quando, pois algum homem ou mulher em si tiver um espírito adivinho, ou for encantador, certamente morrerão; com pedras se apedrejarão; o seu sangue é sobre eles.” (08)

“(...) Não achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor, e por estas abominações o Senhor teu Deus as lança fora de diante dele. (...)” (06)

“Se a lei de Moisés deve ser tão rigorosamente observada neste ponto, força é que o seja igualmente em todos os outros. Por que seria ela boa no tocante às evocações e má em outras de suas partes? (...) Desde que se reconhece que a lei mosaica não está mais de acordo com a nossa época e costumes em dados casos, a mesma razão procede para a proibição de que tratamos.

Demais, é preciso entender os motivos que justificavam essa proibição e que hoje se anularam completamente. O legislador hebreu queria que o seu povo abandonasse todos os costumes adquiridos no Egito, onde as evocações estavam em uso e facilitavam abusos (...).” (01)

A proibição de Moisés foi mais para conter um comércio grosseiro e prejudicial com os desencarnados. Os Israelitas necessitavam de uma ação mais disciplinadora porque, além do mais “(...) a evocação dos mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos augúrios e presságios explorados pelo charlatanismo e pela superstição. (...)”

Naquela época, aliada à prática pura e simples de evocar os mortos, havia um verdadeiro comércio com os adivinhadores “(...) associadas às praticas da magia e do sortilégio, acompanhadas até de sacrifícios humanos. (...)” (02) A proibição, tinha, pois, razão de ser.

Nos dias atuais, o ser humano adquiriu novas conquistas, o progresso se fez pelo predomínio da razão e, a prática de intercâmbio espiritual ou mediúnica, defendida pelo Espiritismo, tem outras finalidades: moralizadora, consoladora e religiosa.

“(...) A verdade é que o Espiritismo condena tudo que motivou a interdição de Moisés; (...)” (02) os espíritas não fazem sacrifícios humanos, não interrogam astros, adivinhos e magos para informarem-se de alguma coisa, não usam medalha, talismã, fórmulas sacramentais ou cabalísticas para atrair ou afastar Espíritos.

O Espírita sincero sabe que “(...) O futuro é vedado ao homem por princípio, e só em casos raríssimos e excepcionais é que Deus faculta a sua revelação. Se o homem conhecesse o futuro, por certo que negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade. (...)” (04)

A evocação dos Espíritos exercida na prática espírita tem o fito de receber conselhos dos Espíritos superiores, de moralizar aqueles voltados para o mal e continuar com as relações de amizades e amor entre entes queridos que partilharam, ou não, a vivência reencarnatória.

Pelas orientações instrutivas e altamente moralizadoras fornecidas pelos benfeitores espirituais, pelo valioso aprendizado oferecido pelos desencarnados sofredores, conclui-se que a prática mediúnica, é um fator de progresso humano pelos benefícios que acarreta.

“(...) Sem dúvida, poderoso instrumento pode converter-se em lamentável fator de perturbação, tendo em vista o nível espiritual e moral daquele que se encontra investido de tal recurso.

Não é uma faculdade portadora de requisitos morais. A moralização do Médium libera-o da influência dos Espíritos inferiores e perversos, que se sentem, então, impossibilitados de maior predomínio por faltarem os vínculos para a necessária sintonia. (...)” (09) “Repelir as comunicações de além-túmulo é repudiar o meio mais poderoso de instruir-se, já pela iniciação nos conhecimentos da vida futura, já pelos exemplos que tais comunicações nos fornecem. A experiência nos ensina, além disso, o bem que podemos fazer, desviando do mal os Espíritos imperfeitos, ajudando os que sofrem a desprenderem-se da matéria e a se aperfeiçoarem. Interdizer as comunicações é, portanto, privar as almas sofredoras da assistência que lhes podemos e devemos dispensar. (...)”. (03)



MEDIUNIDADE E SERVIÇO AO PRÓXIMO

 
Aspiras ao desenvolvimento da mediunidade para mais fácil intercâmbio com o Plano Espiritual. Isso é perfeitamente possível; entretanto, é preciso lhe abraces as manifestações, compreendendo que ela te pede amor e dedicação aos semelhantes para que se transforme num apostolado de bênçãos.

Reconhecerás que não reténs com ela um distrito de entretenimento ou vantagens pessoais e sim um templo-oficina, através do qual os benfeitores desencarnados se aproximam dos homens, tão diretamente quanto lhes é possível, apontando-lhes rumo certo ou lenindo-lhes os sofrimentos, tanto quanto lhe utilizarás os recursos para socorrer desencarnados, que esperam ansiosamente quem lhes estenda uma luz ao coração desorientado.

Receberás com ela não apenas a missão consoladora de reerguer os tristes, mas também a tarefa espinhosa de suportar, corajosamente, a incompreensão daqueles que se comprazem sob a névoa do materialismo, muita vez interessados em estabelecer a dúvida e a negação para obterem, usando o nome da filosofia e da ciência, livre trânsito nas áreas de experiência física, em que a fé opõe uma barreira aos abusos de ordem moral.

Nunca lhe ostentarás a força com atitudes menos dignas, que te colocariam na dependência do mal, e, ainda mesmo quando ela te propicie meios com os quais te podes sobrepor aos perseguidores e adversários, tratá-los-ás com o amor que não foge à verdade e com a verdade que não desdenha o equilíbrio admitindo que não te assiste o direito de te antepores à justiça da vida.

Terás a mediunidade por flama de amor e serviço, abençoando e auxiliando onde estejas, em nome da Excelsa Providência, que te fez semelhante concessão por empréstimo. E nos dias em que esse ministério de luz te pese demasiado nos ombros, volta-te para o Cristo — o Divino Instrumento de Deus na Terra — e perceberás, feliz, que o coração crucificado por devotamento ao bem de todos, conquanto pareça vencido, carrega em triunfo a consciência tranquila do vencedor. (*)

* XAVIER, Francisco Cândido. Examinando a Mediunidade. In: Encontro Marcado. Pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro - FEB, 1991 págs. 93-94.

* * *

FONTES DE CONSULTA

01 - KARDEC, Allan. Da Proibição de Evocar os Mortos. In: - . O Céu e o Inferno. Trad. De Manoel Justiniano Quintão, 30ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1992. item 3, pág 156.
02 - Item 4, págs. 157-159.
03 - Item 15. pág. 165.
04 - Intervenção dos Demônios nas Modernas Manifestações. In: . O Céu e o Inferno. Trad.
de Manoel Justiniano Quintão. 30ª ed.. Rio de Janeiro, FEB, 1992. Item 10, pág. 143.
05 - O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 75. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1983. Introdução, item 6, p.25.
06 - VELHO TESTAMENTO. In: A Bíblia Sagrada. Trad. Por João Ferreira de Almeida. 42 Ed. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica Brasileira, 1980. Deuteronômio, 18:10 - 12 págs 205- 206.
07 - VELHO TESTAMENTO. In: A Bíblia Sagrada. Trad. Por João Ferreira de Almeida. 42 Ed. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica Brasileira, 1980.Levítico, 19:31, pág. 126.
08 - Levítico, 20:27. Pág. 127.
09 - FRANCO, Divaldo Pereira. Mediunidade. In: _ . Estudos Espíritas . Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1995. pág. 138.


Fonte: ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita