A árvore da fé viva não cresce no coração, miraculosamente.
Qual acontece na vida comum, o Criador dá tudo, mas não prescinde do esforço da criatura.
Qualquer planta útil reclama especial atenção no desenvolvimento.
Indispensável cogitar-se do trabalho de proteção, auxílio e defesa.
Estacadas,
adubos, vigilância, todos os fatores de preservação devem ser postos em
movimento, a fim de que o vegetal precioso atinja os fins a que se
destina.
A conquista da crença edificante não é serviço de menor esforço.
A maioria das pessoas admite que a fé constitua milagrosa auréola doada a alguns espíritos privilegiados pelo favor divino.
Isso, contudo, é um equívoco de lamentáveis consequências.
A
sublime virtude é construção do mundo interior, em cujo desdobramento
cada aprendiz funciona como orientador, engenheiro e operário de si
mesmo.
Não
se faz possível a realização, quando excessivas ansiedades terrestres,
de parceria com enganos e ambições inferiores, torturam o campo íntimo, à
maneira de vermes e malfeitores, atacando a obra.
A lição do Evangelho é semente viva.
O coração humano é receptivo, tanto quanto a terra.
É imprescindível tratar a planta divina com desvelada ternura e instinto enérgico de defesa.
Há
muitos perigos sutis contra ela, quais sejam os tóxicos dos maus
livros, as opiniões ociosas, as discussões excitantes, o hábito de
analisar os outros antes do autoexame.
Ninguém
pode, pois, em sã consciência, transferir, de modo integral, a vibração
da fé ao espírito alheio, porque, realmente, isso é tarefa que compete a
cada um.
Emmanuel
Obra: 'Vinha de Luz' - Francisco Cândido Xavier
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