Razão e Compreensão
O relacionamento com aqueles com quem convivemos e nos encontramos é sempre um desafio de alto significado.
O universo que cada um traz consigo, seu
mundo particular, suas conquistas e dificuldades são expostas, gerando,
não poucas vezes, conflitos nas relações humanas.
Naturalmente que, quanto mais próximas e frequentes forem essas relações, mais elas exigem de nós.
Assim é que na vida em família, onde o
verniz social e as aparências superficiais não se sustentam, os
conflitos se mostram às vezes intensos.
Porém, não por acaso, a Providência Divina
escolhe, define e, algumas vezes mesmo nos consulta, para estabelecer
com quem e entre quem estaremos iniciando uma nova jornada.
Será no meio familiar que enfrentaremos os
maiores desafios de relacionamento, e será ali, inúmeras vezes, que
teremos as mais significativas lições para a vida.
Além do próprio lar, encontraremos outras
oportunidades de aprendizado. Será o vizinho um tanto excêntrico, o
chefe pouco tolerante, o colega de trabalho mal-humorado.
Porém, não podemos nos esquecer que será a
vida de relação que nos possibilitará o exercício da compreensão, da
tolerância, do amor o próximo.
Ao entendermos cada ser humano como uma
alma em evolução, que renasceu, como nós, mais uma vez, com bons
desafios para enfrentar, veremos que somos todos mais parecidos do que
podemos imaginar.
É claro que cada um traz suas
peculiaridades, suas manias, suas falhas. Mas, em essência, somos todos
almas buscando a perfeição.
Assim, quando alguma dificuldade acontece, no relacionamento com alguém, talvez seja melhor não buscar o enfrentamento.
Muitas vezes enfrentamos ao outro,
discutimos, brigamos, gerando tensão e nervosismo, para deixar claro que
estamos com a razão, que merecemos um pedido de desculpas.
E para isso, pagamos o preço de perdas de amizade, dificuldades no emprego, tensões familiares complexas.
Talvez, em nossas dificuldades de
relacionamento, devêssemos nos perguntar quem está com a caridade, quem
está com a compreensão, quem está com a humildade, e não quem está com a
razão.
Afinal, a vida em sociedade, inevitável
para nosso progresso, é a oportunidade de desenvolver valores morais de
que ainda não dispomos.
Assim, o intolerante será nosso professor
de paciência, o arrogante nos ensinará a humildade e o extravagante nos
oportunizará o desenvolvimento da compreensão.
Todos aqueles que cruzam nossos caminhos
nos trazem lições, de uma ou de outra maneira. Alguns pelo exemplo que
oferecem, outros por aquilo que nos exigem para a convivência.
Nesse sentido, Jesus, o pedagogo por
excelência, nos convida a, se alguém nos chamar para caminharmos mil
passos, oferecermo-nos para andar dois mil. E, se alguém nos pedir a
capa, oferecermos a túnica também.
Nessas aparentes perdas que imaginamos
ter, aos olhos do mundo, estaremos ganhando, nas questões da alma, os
verdadeiros e mais importantes valores que podemos amealhar para nós
mesmos.
Redação do Momento Espírita.
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