Eternidade

Eternidade

domingo, 28 de abril de 2013

Revista Espírita - Ensinamentos...



Todas as leis que regem o conjunto dos fenômenos da Natureza têm conseqüências necessariamente fatais, quer dizer, inevitáveis, e esta fatalidade é indispensável à manutenção da harmonia universal. O homem, que sofre essas conseqüências, está, pois, em certos aspectos, submetido à fatalidade em tudo o que não depende de sua iniciativa; assim, por exemplo, ele deve fatalmente morrer: é a lei comum à qual não pode se subtrair, e, em virtude desta lei, pode morrer em toda idade, quando sua hora é chegada; mas se ele apressa voluntariamente a sua morte pelo suicídio ou por seus excessos, ele age em virtude de seu livre-arbítrio, porque ninguém o pode constranger a fazê-lo. Ele deve comer para viver: é da fatalidade; mas se come além do necessário, pratica ato de liberdade.



REVISTA ESPÍRITA
Jornal de Estudos Psicológicos
Publicada sob a Direção de Allan Kardec
Ano XI – julho 1868 – nº.7

FLUIDO VITAL / FLUIDO UNIVERSAL





FLUIDO VITAL   
      

     O fluido vital, também chamado de princípio vital, é uma forma modificada do fluido cósmico universal. Ele é o elemento básico da vida. Vida aqui considerada no sentido atribuído pela ciência, que se caracteriza pelos fenômenos do nascimento, crescimento, reprodução e morte. Observe que nessa categoria, evidentemente, não se incluem os Espíritos, já que não satisfazem, pelo menos, às duas últimas condições - reprodução e morte. Em Gabriel Delanne (A Evolução Anímica) vamos encontrar literalmente: “a alma não é vivente”, porque seja mais e melhor: - tem “existência integral”.


     Em “A Gênese”, Kardec assegura que “pela morte, o princípio vital se extingue”. De fato é a existência, ou não, de fluido vital que distingue um corpo vivo de outro sem vida. A diferença entre uma árvore viva e um pedaço de madeira é justamente a presença do fluido vital na primeira e sua ausência na segunda. 
 

     Apesar de já contarmos, ao nascer, com certa quantidade de fluido vital, o nosso corpo precisa ser constantemente suprido deste fluido, em razão da sua constante utilização, principalmente nos processos ligados ao metabolismo. É, contudo, característica dos seres vivos a capacidade de produzir fluido vital, continuamente, a partir do fluido cósmico universal, como também a capacidade de absorvê-lo diretamente, a partir dos próprios alimentos. Uma outra possibilidade de absorção do fluido vital é através da transfusão fluídica. Kardec refere claramente essa possibilidade quando afirma que: “O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro”. É justamente essa propriedade, característica do fluido vital, um dos fundamentos em que se baseia o passe. 


     No mesmo capítulo da obra de Kardec citada acima encontramos ainda a informação: “A quantidade de fluido vital não é a mesma em todos os seres orgânicos:  varia segundo as espécies, e não é constante no mesmo indivíduo, nem nos vários indivíduos de uma mesma espécie.” Realmente, na infância, a capacidade de processar o fluido cósmico para a produção do fluido vital é muito acentuada. Essa capacidade se mantém mais ou menos inalterada durante a juventude, mas a partir de certa idade ela torna-se bastante reduzida, fato este que leva a uma diminuição progressiva da vitalidade do indivíduo, levando ao envelhecimento geral do organismo. A morte ocorre quanto o organismo perde a capacidade de produzir e reter uma certa quantidade mínima de fluido vital - morte natural - ou quando uma lesão mais séria no corpo físico provoca uma taxa de escoamento desse fluido em quantidades superiores à sua capacidade de produção - morte acidental.


     Os seres do mundo espiritual, por não possuírem fluido vital, é que necessitam do nosso concurso, como indispensável, para muitas das tarefas assistenciais a que se propõem.  (Luiz Carlos Gurgel - Obra: O Passe Espírita).


FLUIDO UNIVERSAL       

     O fluido universal liga entre si todos os mundos; e, conforme os impulsos que lhe são dados pela vontade do Criador, forma todos os fenômenos da Criação. Ele é a própria vida e liga as diferentes matérias do nosso globo; é ele que, por suas propriedades subordinadas a leis, regula as diferentes coisas tão misteriosas para vós, as afinidades físicas e morais; é ele que vos faz ver o passado, o presente e o futuro, sobretudo quando a matéria que obstrui a vossa alma é anulada ou enfraquecida por uma causa qualquer; então essa dupla vista (embora menos desenvolvida do que após a morte), vê, sente e toca tudo, nesse meio fluídico que é o seu elemento e o espelho exato do que foi, é e será; porque não são senão as partes mais grosseiras desse fluido que sofrem sensíveis modificações de composição.
(Espírito Henry, antigo magnetizador - R. E. 1861)


Fonte:  Página Espírita - http://www.paginaespirita.com.br/fluido.htm

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Doações de Órgãos e Transplantes



Doação de Órgãos e Transplantes

Eurípedes Kühl

Natural de Igarapava, São Paulo, Eurípedes Kühl é médium psicógrafo, autor de 21 livros – onze psicografados, oito de lavra própria e mais dois no prelo (um psicografado e um de sua autoria) –, e pesquisador de inúmeros assuntos ligados ao Espiritismo. No centro espírita que freqüenta, Eurípedes é responsável pelo curso de médiuns, é médium passista e realiza palestras e cursos em outros centros. 
Aqui, ele fala sobre o tema da doação de órgãos e transplantes, sempre tendo em vista um enfoque a premissas espíritas. 


Dentre os sublimes avanços da medicina, na incessante busca de amenizar sofrimentos físicos, de homens e até de animais, um que tem se mostrado dos mais vitoriosos é o que cuida dos transplantes de órgãos. E, obviamente, para que haja um transplante de órgão, há que haver, precedendo-o, sua disponibilidade. É aí que a doação insere-se no contexto.

No que diz respeito a embriões destinados a transplantes, antecipamos aqui uma visão espírita para quaisquer  embriões:  jamais descartá-los!

O homem não cria células (espermatozóide + óvulo = embrião), apenas as manipula, e são duas as hipóteses em que eventualmente a biogenética pode utilizá-las  para fins terapêuticos:

a. embriões estruturados laboratorialmente, destinados aos processos de infertilidade do casal (um ou os dois cônjuges); os subsistentes, pelo que hoje se observa, cedo ou tarde, sofrerão descarte ou terão destino a experiências na extração de células-tronco para emprego em transplantes;
 b. embriões clonados – quantos embriões-clones se queiram, a partir de uma matriz, para os mesmos fins do item anterior;

Num e noutro caso, o material restante terá que ser descartado.

Vemos em O Livro dos Espíritos (Corpos Sem Alma):
 –  nas questões 136-a e 136-b, consta que podem existir corpos sem alma, sendo apenas uma massa de carne sem inteligência;
 – na questão 336, consta que Deus proveria os casos em que um corpo que deve nascer não encontrasse um Espírito para nele reencarnar-se (embriões-clones?);

No outro capítulo, União da Alma e do Corpo, questões 344 e 356-b, encontramos segura orientação:
– no momento da concepção, o Espírito se une em definitivo ao corpo, por laços ainda frágeis, podendo haver mortes prematuras, tanto pela imperfeição da matéria quanto, principalmente, por tratar-se de prova, tanto para ele quanto para os pais;
– há casos em que jamais houve um Espírito destinado aos corpos, nada devendo se cumprir neles (essa hipótese não autoriza sequer reflexões tendentes a justificar descarte de embriões, eis que é atribuição da Espiritualidade realizar a junção perispírito-embrião para a vida terrena do Espírito, e essa informação jamais foi passada a quem quer seja na Terra).

Isto posto, todos embriões – matrizes ou clonados – devem ser respeitados como “vida em potencial”.

 

Premissas Espíritas

De início, consideramos que a medicina terrena é bênção divina, acompanhada de perto por Espíritos de elevada caridade e competência, os quais, sob orientação direta do Mestre Jesus, fazem aportar no planeta Terra, no tempo certo, benesses balsâmicas no trato das doenças, propiciando cura delas ou alívio da dor que causam.

Dessa forma, os progressos da medicina têm aval espiritual protetor. Disso não há que duvidar.

Os transplantes constituem uma sublime benesse. Salvam vidas. Aliviam dores.

Deslizam sobre o fio da navalha, pois na maioria dos casos lidam com a morte (anunciada, para pacientes que de outra forma morrerão a prazo certo; ou já acontecida, no caso dos doadores voluntários ou eventualmente involuntários).

É justamente por isso que aos espíritas – que bem conhecemos os desdobramentos subseqüentes à morte do corpo físico – os transplantes carreiam temores, quando não verdadeiro pavor. Isso não deveria acontecer.

 

Transplantes de Órgãos e a Codificação

Com especificidade, na Codificação da Doutrina dos Espíritos, não há menção nem de doação de órgãos, nem de transplantes deles. Contudo, sem forçar uma apropriação ou um entendimento favorável, permitimo-nos refletir sobre três questões comentadas por Espíritos evoluídos e registradas por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, as quais, isoladas, não favorecem mesmo eventual interligação. Contudo, essas três questões, acopladas, permitem-nos lucubrar que algo há sim, a respeito, conquanto velado. Vejamo-las:

– Questão 156: “Há casos em que há sangue nas veias, mas não há vida”; essa informação, promanada em 1857, diz de situação que talvez possamos configurar tanto como a morte encefálica quanto a morte cerebral, diagnósticos estes cuja precisão só seria alcançada no crepúsculo do século XX. Em tal estado, muito mais delicado do que um coma, é de se supor que o perispírito ou já está desligado ou em avançado processo de desate do corpo físico; numa ou noutra situação, a dor física estará ausente de qualquer injúria somática – extirpação de um órgão, por exemplo –, eis que o cérebro, então inapelável e definitivamente “desativado”, já não capta mais nenhuma mensagem “de dor” emitida pelo sistema nervoso central.

– Questão 257: “Ensaio Teórico Sobre Sensação nos Espíritos: o perispírito só ouve e sente o que quer”; (aqui, quer nos parecer que o ensinamento deixa a descoberto que, uma vez desligado do corpo físico, o perispírito, que é a sede das sensações, tem plenas condições de selecioná-las; sendo a doação de órgãos um ato de amor, subentendendo-se que o doador já trilha pelo desapego da matéria, e nesse caso, não sofrerá qualquer impressão negativa com a retirada de algum órgão do seu – para ele já inútil – traje carnal).

Obs: Há que se considerar, ainda, o jamais negado Amor do Pai a todos os seus filhos; nesse caso, da morte recente, o doador está com merecimento adicional, fruto do seu desprendimento das coisas da matéria (no caso, o corpo que o abrigou e que agora se decomporá, inexoravelmente).

– Questão 723: “No estágio da humanidade, a carne alimenta a carne”. Aqui, refletimos que, se a carne alimenta a carne, nada objeta apropriarmos a mesma idéia para dela extrair uma ilação, mas com outro enfoque: da mesma forma como a carne alimenta a carne, para o sustento da vida, um órgão (em boas condições) substitui outro (similar, mas danificado), para um período de sobrevida. Deve-se considerar, ainda, que qualquer que seja o tempo dessa sobrevida (ou melhoria de vida), decorrentes de um transplante, quem o recebeu, um dia morrerá, e aí a Lei Natural de Destruição – decomposição dos despojos físicos – se cumprirá: a parte transplantada terá o mesmo destino da matriz, isto é, retorno à natureza.

Encontramos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap I, item 3: “O corpo não passa de um acessório seu (do Espírito), de um invólucro, uma veste (do Espírito), que ele deixa, quando usada. (...) Por ocasião da morte, despoja-se dele (do corpo físico)”.

Anexando outra assertiva espiritual, temos Joanna de Angelis filosofando sobre o corpo humano: “(...) Alto empréstimo divino, é o instrumento da evolução espiritual na Terra. (...) Por enquanto, serve também de laboratório de experiências pelas quais os Construtores da Vida, há milênios, vêm desenvolvendo possibilidades superiores para culminarem em conjunto ainda mais aprimorado e sadio.”

A palavra empréstimo deixa patente que o homem, na verdade, não é dono do corpo que utiliza na romagem terrena, senão sim, é dele usufrutuário, ou se quiserem, inquilino temporário; já o servir de experiência laboratorial parece sinalizar que o altruísmo das doações de órgãos para transplantes intervivos, aí tem assento.

 

Rejeição Psicossomática

Sabemos nós, os espíritas, que cada ser humano tem todo um acervo de realizações positivas e negativas ao longo de inúmeras existências terrenas, daí advindo a inexistência de patamares espirituais semelhantes. Por isso mesmo, sendo diferentes as vibrações energéticas perispirituais do doador e do receptor, o órgão a ser transplantado não encontrará sintonia vibracional no destino. Daí advém a rejeição orgânica, que na verdade espelha diferença nos complexos, quanto sutis sistemas vitais de um e de outro, regulando o equilíbrio nos interplanos – material e espiritual.

Nesse caso, somente com altruísmo da parte do doador e com gratidão da parte do receptor, acreditamos que essa discrepância vibratória tenderá a ser atenuada, sob supervisão de Espíritos protetores, ocorrendo aquilo que o Espírito André Luiz denomina de “vibrações compensadas”. Nos transplantes, configuramos como equalização de fluidos, transitando nas camadas mais profundas do psiquismo do doador e do receptor.

 

Doação de Órgãos: Desprendimento Material

Somadas, as considerações acima sinalizam que a doação de órgãos pressupõe desprendimento dos bens terrenos – especificamente do corpo físico – dos quais o homem não passa de usuário eventual. Assim, doar órgãos é ato de amor, complementar aos que tenham sido realizados em vida. Só trará benefícios a quem o faça.

A Lei Divina de Ação e Reação, de ação automática e permanente, muito beneficiará o doador, além do que o beneficiado (e seu Anjo Guardião), seus parentes, amigos e a própria equipe médica envolvida, estarão todos direcionando a ele, doador, vibrações positivas, em preces de gratidão. Para o doador desencarnado isso é bênção incomparável.

Considerando que o corpo físico inclui-se no rol dos bens que o Criador coloca à disposição da criatura humana no seu roteiro existencial terreno, não deverá o homem se julgar detentor eterno desse bem, mas apenas responsável pela sua boa conservação, no período de utilização. Concluída esta, pela desencarnação, por que se preocupar com o destino que lhe será dado? Se nessa etapa terrena há a oportunidade de uma última ação de amor ao próximo, por que não investir nessa poupança celestial?
Se no último minuto de um moribundo pode ocorrer sua transformação moral (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap 5, Item 28), imagine-se que um receptor de órgão passa a ter mais que “um minuto”, e sim considerável sobrevida.

Pessoa alguma há que, após passar por um transplante, continue a mesma.

Daí, a auto-reforma.

NOTA: Obviamente, não doar órgãos é um direito pleno de cada indivíduo. E jamais o não-doador poderá ser acusado de egoísmo ou de falta de amor para com seu próximo. Mas, verdade seja dita, quem doa demonstra vivenciar louvável posicionamento em estágio moral que só benefícios espirituais hão de lhe ser dispensados. O não-doador – e somente ele – poderá responder à auto-pergunta: – E se um dia eu precisar de um transplante?

 

Conclusão

Passamos a palavra para o Professor Doutor Raul Marino Jr., neurocirurgião e professor titular de Neurocirurgia da Divisão de Clínica Neurocirúrgica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Fazemos nossas, as palavras dele:

“(...) Heróis são difíceis de achar – doadores vivos, doadores potenciais mantidos vivos em UTIs em respiradores artificiais e famílias esclarecidas que acabaram de sofrer a tragédia da perda de um ente querido.
É preciso uma alta dose de altruísmo, solidariedade e generosa caridade cristã para transferir a própria vida, por nossa vontade, após nos despirmos das prisões da carne, ou consentir que um parente venha a compartilhar o dom da vida com alguém da lista nacional (de pacientes aguardando recepção de órgãos), após um infortúnio.
 (...) Os transplantes, ligados intimamente que estão ao ato supremo das doações, surgiram como que para testar nossas virtudes de solidariedade humana, nosso altruísmo, nossa generosidade, nossa piedade, nossa compaixão, nossa filantropia, nossa benevolência, nossa bondade, nosso amor ao próximo, nosso espírito humanitário, nossa indulgência, nossa excelência moral, nossa grandeza de alma, nossa misericórdia, nosso espírito de socorro, amparo e auxílio e, sobretudo, a virtude mais decantada nos Evangelhos: o amor e a caridade”. (Folha de S.Paulo, A3, “Opinião”, 15 de maio de 2001).



Fonte: Portal do Espírito
http://www.espirito.org.br/portal/publicacoes/esp-ciencia/004/doacao-de-orgaos.html

Fertilização in Vitro

Louise Brown, primeira pessoa a nascer por meio da fertilização in vitro, 
segura bebês concebidos pelo mesmo método
REUTERS
 
 
Tudo começou com a descoberta de óvulos em 1827 no corpo feminino, mas foi só em 1843, isto é, 16 anos depois, que sua função no sistema conceptivo humano seria revelada.
 
Em 1884 o médico norte-americano William Pancoast resolve fazer uma inseminação artificial ao injetar esperma em uma mulher que estava anestesiada. É claro que ele não avisou a receptora, que deu à luz um menino. O médico só comunicou a experiência anos depois ao marido. Depois o caso foi esquecido e o tema só voltou a ser abordado em 1937, quando o especialista em fertilidade humana, John Rock, publica um artigo no New England Journal of Medicine, onde sugere o potencial da fertilização in vitro. No ano seguinte resolveu colocar em prática o seu discurso e faz experiências em cobaias humanas. Após anos de estudos e experimentos, isto é, sete anos depois, os resultados começam a aparecer, mesmo assim de forma muito tímida, isto porque dos 800 óvulos colhidos, Rock e sua equipe só conseguem fertilizar quatro deles. Foi um feito inédito que lamentavelmente não foi totalmente coroado de êxito, porque os óvulos não foram implantados em mulheres.
 
Em 1949 ,o papa Pio XII condena a fertilização de óvulos humanos fora do corpo. Para ele, a prática seria o mesmo que “tirar o trabalho de Deus de Suas mãos”. A advertência do papa parecia ter detido a ousadia dos pesquisadores, quando, em 1961, o cientista italiano Daniele Petrucci anuncia que fertilizou 40 óvulos, dez vezes mais do que conseguiu Rock e sua equipe. E não parou por aí. O Dr. Petrucci anuncia que cultivou em laboratório um embrião humano por 29 dias antes de destruí-lo. Nesse período o embrião já teria adquirido batimentos cardíacos. Essa informação foi como uma explosão que não só abalou os alicerces da Igreja, mas deixou em dúvida a comunidade científica, pois a experiência não foi comprovada. A Igreja Católica classifica a experiência de “sacrilégio”, isto é, “pecado grave contra a religião e as coisas sagradas”, ou como diria o compositor popular “fé cega, faca amolada”. O pior de tudo é que o cientista era italiano, o que seria o mesmo que dizer que o inimigo estava às portas do Vaticano. Sete anos depois, em uma encíclica chamada “Humanae Vitae”, o papa Paulo VI proíbe os católicos de usar métodos contraceptivos e reforça a ligação entre o sexo e a procriação. A mensagem é interpretada não só como um ataque à pílula anticoncepcional, mas também aos métodos de fertilização artificial.
 
Em 1977 os cientistas Robert Edwards e Patrick Steptoe retiram um óvulo da paciente Lesley Brown e o fertilizam com sucesso. Dias depois, o embrião é implantado no útero de Brown. Um mês depois, descobre-se que a mulher ficou grávida. É a primeira gravidez de proveta. Em 1978 nasce em Oldham, na Inglaterra, Louise Brown, o primeiro bebê de proveta. Antes do nascimento da criança, os pais haviam vendido a história para um tablóide britânico por meio milhão de dólares.
 
Em 1982, apesar das novas condenações do Vaticano, o jornal Washington Post publica um levantamento que aponta o nascimento de um total de 54 bebês de proveta na Austrália e outros 33 no Reino Unido.
 
Em 1984 nasce o primeiro bebê de proveta brasileiro: Ana Paula Caldeira, em São José dos Pinhais, cidade da região metropolitana de Curitiba.
 
Em 1997, vinte anos depois do nascimento do primeiro bebê de proveta, outro experimento de fertilidade vira notícia: nasce a ovelha Dolly, o primeiro animal clonado.
 
Em 2006, um embrião gerado por fertilização in vitro, e congelado há 13 anos é ‘adotado’ e desenvolve-se em um bebê na Espanha, marcando um recorde mundial de viabilidade após um longo período de armazenamento. Um ano depois, a britânica Louise Brown, primeiro bebê de proveta do mundo, dá à luz uma criança, concebida naturalmente.
 
Eis aí, de forma sumária, a história da fertilização in vitro. Analisando a questão do ponto de vista material, chegaremos à conclusão que a assistência médica é uma dádiva divina, que beneficia milhares de casais inférteis. Alguns casais conseguem seus filhos através da fertilização in vitro.
 
A ciência é essencial ao progresso humano, daí a aprovação e advertência dos Espíritos:
“Não pode o homem, pelas investigações científicas, penetrar alguns dos segredos da Natureza?
“A Ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas; ele, porém, não pode ultrapassar os limites que Deus estabeleceu.” (Questão 19 de O Livro dos Espíritos).
 
Vale a pena lembrar que o controle do processo da fertilização in vitro fica por conta dos geneticistas espirituais, que são responsáveis pela escolha dos gametas relativos à fecundação.
Um exemplo da intervenção espiritual está em Missionários da Luz, no cap. 13, onde é descrito o minucioso auxílio prestado por Alexandre ao casal Adelino e Raquel, selecionando um espermatozóide, dentre milhões, para fecundar o óvulo. Apesar de toda tecnologia empregada na fertilização in vitro, o sucesso da experiência depende dos Espíritos responsáveis pelo processo.
 
Na questão 344 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos Espíritos:
“Em que momento a alma se une ao corpo?”
Eis a resposta, repleta de sabedoria:
“A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”
 
Kardec insiste e na 354, volta a inquirir:
“Como se explica a vida intrauterina?”
“É a da planta que vegeta. A criança vive vida animal. O homem tem a vida vegetal e a vida animal que, pelo seu nascimento, se completam com a vida espiritual.”
 
Apesar da insistência dos cientistas em considerar a matéria como essencial à vida, e relegarem os Espíritos à imaginação humana e às fantasias da fé da cega, eles ainda não sabem de onde vem a vida. Sem os Espíritos a matéria seria como o metal que veste os robôs que imitam os humanos.
 
Uma prova evidente da existência e importância dos Espíritos é colocada na questão 356 do livro em pauta:
“Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos?
“Alguns há, efetivamente, a cujos corpos nunca nenhum Espírito esteve destinado.”
 
a) – Pode chegar a termo de nascimento um ser dessa natureza?
“Algumas vezes; mas não vive.”
 
b) – Segue-se daí que toda criança que vive após o nascimento tem forçosamente encarnado em si um Espírito?
“Que seria ela, se assim não acontecesse? Não seria um ser humano.”
 
Apesar dos materialistas e ateus e todo aparato tecnológico utilizado em suas experiências, os Espíritos jamais se submeteram aos seus caprichos, a vida vem de Deus e suas Leis são executadas por Espíritos superiores, que estão acima da matéria e da má vontade dos homens.

 
 
Bibliografia

– TORQUATO, Evagelista. Revista Fale! – “A medicina que faz vidas”. Ano X, nᵒ 80, Omni Editora, Janeiro 2011, pags. 24 a 37.
– KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB, 76a edição, 1995.
– XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Pelo Espírito André Luis, cap. 13.
 
 
Fonte: Casa Editora O Clarim, por Bernardino da Silva Moreira.

domingo, 21 de abril de 2013

A terceira revelação




Quando estudamos o Espiritismo nos deparamos com a informação que a Doutrina Espírita é a Terceira Revelação, ou seja: Moisés, Cristo e Espiritismo. Com Jesus no centro, como o sol a iluminar as duas outras no dizer de J. Herculano Pires¹.

Desta maneira, no capítulo primeiro de O Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos: “O Espiritismo é a Terceira Revelação da lei de Deus...”. Mais adiante, em Instruções dos Espíritos: “Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá”. E se não bastassem as duas afirmações anteriores, em O Livro dos Espíritos, na questão 627, temos a seguinte resposta: “Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou”. Ora, somente uma Doutrina que tivesse grande significação para o mundo poderia estar circundada ou ter como colaboradores Espíritos com uma missão tão nobre, significação esta compatível ou estando à altura de uma Terceira Revelação. Então, não resta dúvida que o Espiritismo pode ser compreendido, sim, como a Terceira Revelação, não sendo uma invenção de Kardec, ou apenas uma boa ideia para legitimar a Doutrina.

Falando rapidamente de cada uma destas revelações, poderemos dizer que, com Moisés, além dos 10 Mandamentos, temos a propagação da ideia de um Deus único, no meio das crenças politeístas da época, como fator importante para a formação daquilo que conhecemos como Civilização Ocidental. Depois veio Jesus, trazendo a mensagem do amor e da consolação: “Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados”², e também a mensagem da vitória sobre a morte, bem como sua influência profunda na História da Humanidade, tanto é assim que para os religiosos ou não, a História é dividida em antes e depois de Cristo. E finalmente, com o passar dos séculos, veio o Espiritismo, confirmando a moral de Jesus como verdadeira, não através da absorção da cultura religiosa dominante, indo também além de uma simples Instrução dos Espíritos, mas sim e principalmente, através da análise de inúmeras mensagens mediúnicas (livro O Céu e o Inferno, de Kardec) que nos revelam a vida após a morte, mostrando na prática que vivenciar o amor, exemplificado por muitos e magistralmente por Jesus, vale mesmo a pena. Em compensação, viver os maus sentimentos enquanto encarnado, traz consequências funestas já nesta vida como na outra; entretanto, até para estes espíritos, o futuro não se desenha numa fornalha de penas eternas e sim um caminho visitado pela dor e pelas vicissitudes, nas sucessivas experiências reencarnatórias, até que o espírito, cansado, procure outra vez olhar para o Céu.

A conquista gradual da felicidade, ensina o Espiritismo, depende unicamente da evolução intelecto/moral do espírito, independente da crença religiosa, da cor da pele, da nacionalidade, da classe social, da profissão, de questões estéticas do seu corpo, ou se a pessoa é homem ou mulher; desta maneira até um ateu, que pratique o bem, estará em melhores condições que nós, que porventura, animados pela ilusão de possuirmos o título de espírita, católico, judeu, ou protestante, acreditarmos, por isto, que o nosso pedaço de céu já estará garantido, sem o suor do trabalho e da reforma íntima.

Entendemos, desta maneira, que a Terceira Revelação é mais que um rótulo para se revelar no sentido profundo que a Doutrina Espírita tem, na libertação do Homem de formas equivocadas de entender a realidade, convidando-o para seguir um novo destino. Entretanto, para alguns de nós só bastam as coisas não andarem como queríamos, basta não vermos o suceder dos acontecimentos como supomos que eles deveriam ser, como, por exemplo, a difusão do Espiritismo, considerada por alguns como insatisfatória, o mundo de regeneração parecendo ainda distante, entre outras questões, para manter muitos espíritas encurvados, desanimados, com os olhos voltados para o chão. E, neste contexto, a crença na Terceira Revelação, da Doutrina Espírita forte e transformadora, também aos poucos vai indo embora. É como se algo se perdesse no caminhar dos anos.

Esta perspectiva obviamente pessimista tem uma causa muito simples, nossa crônica falta de fé em Deus, pois é fácil crer em Deus, por questões hipotéticas ou lógicas, mas coisa bem diferente é Tê-lo de maneira verdadeira no coração, pois o espírita, acostumado ao uso da razão, esquece-se de usar, às vezes, a dimensão da fé, naquilo que transcende o homem e seu entendimento.

Na questão 783 de O Livro dos Espíritos está escrito: “Quando um povo, ou civilização não progride quanto deveria, Deus envia um abalo físico ou moral que o transforma”. Esta é uma questão de fé, acreditar que Deus vai fazer através ação do mundo espiritual sobre nós, pelo encarnar ou reencarnar de espíritos missionários, pelas Leis naturais ou de outras formas que desconhecemos. Desta forma, se Deus pode fazer, por que Ele não faria nada pelo Espiritismo? Por que então este medo? Por que então perder o entusiasmo pela Doutrina em conjecturas pessimistas? A verdade é que Deus não nos abandonou, nem o Espiritismo está entregue à sua própria sorte.

É um erro, portanto, crer que “O Espiritismo será o que o fizerem os homens”³, entendendo com isto que estamos sozinhos, como se os Espíritos Superiores tivessem ido embora, e, com certeza, não era a convicção profunda de Léon Denis, autor da frase, é tanto assim que no Congresso Espírita Internacional em 1905, na Bélgica, Léon Denis falou: Lutemos, então, com coragem, com sabedoria, com prudência. O mundo invisível está conosco. Elevemos nosso grito de esperança e de confiança na justiça eterna e consciente que governa os mundos. Creiamos, esperemos, ajamos!..4.

É interessante uma passagem em que um grande espírito diz a Kardec: “Não esqueças que podes triunfar, como podes falir. Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem”5. Esta mesma recomendação cabe a todos nós, se falharmos como espíritas, o Espiritismo não falhará, pois outras almas mais fortes virão fazer o trabalho que negligenciamos, até que a verdade triunfe e a vontade de Deus se cumpra.

E se quisermos participar de alguma maneira deste triunfo, existe um mínimo que podemos fazer, ao invés de sermos apenas expectadores, que é oferecer à sociedade e aos outros espíritas o nosso testemunho pessoal, que se revela na maneira como nós, sendo espíritas, estamos resolvendo nossos problemas, como nós sendo espíritas estamos nos comportando diante da dor, da falta de perdão, diante da falta de dinheiro. Se nós nos mantemos firmes como espíritas, mesmo longe dos holofotes da mídia, mesmo vivendo na obscuridade, sem o reconhecimento das pessoas. Como nós, sendo Espíritas, estamos diante de um mundo caótico, violento e vicioso, se estamos nos deixando levar nas ondas do pessimismo, ou se conseguimos nos manter confiantes no futuro do mundo. É assim que Kardec escreveu certa vez: “São nos momentos críticos que se conhecem os corações sólidos, os devotamentos verdadeiros. É então que as convicções profundas se distinguem das crenças superficiais ou simuladas. Na paz não há mérito em ter coragem”6.



1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Introdução de J. Herculano Pires. Editora Lake, 67a edição. 2007.
2. ____. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo quinto.
3. DENIS, Léon. No Invisível. 1903.
4. Texto completo disponível no site http://www.autoresespiritasclassicos.com.
5. KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Minha missão.
6. ____. Revista Espírita. Novembro de 1865 em Alocução.

Fonte: Casa Editora O Clarim.

sábado, 20 de abril de 2013

MATÉRIA



À primeira vista, não há o que pareça tão profundamente variado, nem tão essencialmente distinto, como as diversas substâncias que compõem o mundo.
Entre os objetos que a Arte ou a Natureza nos fazem passar diariamente ante o olhar, haverá duas que revelam perfeita identidade, ou, sequer, paridade de composição?
Quanta dessemelhança, sob os aspectos da solidez, da compressibilidade, do peso e das múltiplas propriedades dos corpos, entre os gases atmosféricos e um filete de ouro, entre a molécula aquosa da nuvem e a do mineral que forma a carcaça óssea do globo!
Que diversidade entre o tecido químico das variadas plantas que adornam o reino vegetal e o dos representantes não menos numerosos da animalidade na Terra!
Entretanto, podemos estabelecer como princípio absoluto que todas as substâncias, conhecidas e desconhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam, quer do ponto de vista da constituição íntima, quer pelo prisma de suas ações recíprocas, são, de fato, apenas modos diversos sob que a matéria se apresenta; variedadesem que ela se transforma sob a direção de forças inumeráveis que a governam. (G. VI 3)¹ 

Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa. (L.E. 7)² 
A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por Ele em dado momento?
– Só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo. Por mais distante que logreis figurar o início de Sua ação, podereis concebê-Lo ocioso, um momento que seja? (L.E. 21)²

A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria?
– Da matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como fluido universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido vos é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada. (L.E. 29)²
Os mundos mais afastados do Sol não estão privados de luz e calor. Neles a eletricidade desempenha um papel que ainda desconhecemos. (L.E. 58)² 

A matéria dos corpos orgânicos e dos corpos inorgânicos é sempre a mesma. Porém, nos corpos orgânicos, está animalizada. (L.E. 51)² 
A inteligência e a matéria são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o Espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá-la. (L.E. 71)² 
Todas as da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma. (L.E. 617)² 
A necessidade da destruição se enfraquece no homem à medida que o Espírito sobrepuja a matéria. Assim é que o horror à destruição cresce com o desenvolvimento intelectual e moral. (L.E. 733)²
Têm alguma coisa de material as penas e gozos da alma depois da morte?
– Não podem ser materiais, di-lo o bom-senso, pois que a alma não é matéria. Nada tem de carnal essas penas e esses gozos; entretanto, são mil vezes mais vivos do que os que experimentais na Terra, porque o Espírito, uma vez liberto, é mais impressionável. Então, já a matéria não lhe embota as sensações. (L.E. 965)²

 As manifestações (dos Espíritos) não podem dar-se senão exercendo o Espírito ação sobre a matéria. (L.M. 53)³
O perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, serve de ligação entre a alma e o corpo. – Ainda que fluídico, etéreo, vaporoso, invisível para nós, em seu estado normal, não deixa de ser matéria. A alma nunca será desligada do seu perispírito. (L.M. 54)³ O perispírito pode adquirir as propriedades da matéria e tornar-se tangível. (L.M. 126)³ Podem os Espíritos familiares favorecer os interesses materiais por meio de revelações?
– Os nossos Espíritos protetores podem, em muitas circunstâncias, indicar-nos o melhor caminho, sem entretanto, nos conduzirem pela mão, porque, se assim fizessem, perderíamos o mérito da iniciativa e não ousaríamos dar um passo sem a eles recorrermos, com prejuízo do nosso aperfeiçoamento. (L.M. 291)³


¹. KARDEC, Allan. A Gênese.
². ____. O Livro dos Espíritos.
³. ____. O Livro dos Médiuns.

A Chegada de "O Livro dos Espíritos" no Brasil




Na época atual, pode-se adquirir com a maior facilidade um exemplar de "O Livro dos Espíritos". No entanto, não foram poucos os obstáculos enfrentados para que sua publicação se concretizasse, tanto na França como no Brasil.

No livro Mandato de Amor, publicado pela União Espírita Mineira, encontra-se um relato de Francisco Cândido Xavier sobre as dificuldades de ordem material que Allan Kardec enfrentou quando da primeira publicação de O Livro dos Espíritos:

“Em princípios de 1857, o livreiro E. Dentu, amigo do Professor Hyppolyte Léon Denizard Rivail, desde os idos de 1828, havia encaminhado os originais da primeira obra espírita compilada pelo referido professor à tipografia de Beau, situada em Saint Germain em Laye, 23 Km a oeste de Paris.

O proprietário da tipografia presidia normalmente os trabalhos de revisão e aprimoramento do que viria a ser a primeira obra da Codificação Espírita, quando algo inesperado sucedeu-se: sua desencarnação.

O fato logo repercutiu negativamente no andamento da obra, já que os dois filhos do tipógrafo relegaram-na ao esquecimento ao assumirem o posto do pai. Os apelos do Prof. Rivail não se fizeram ouvir e os filhos limitavam-se a dizer que a feitura da edição iria demorar muito.

Valendo-se de inspiração superior, o Prof. Rivail resolveu por bem solicitar o concurso da viúva do tipógrafo. Deliberou visitá-la em sua residência e esclareceu-lhe sobre o que se passava. A viúva, tomada de simpatia pela causa, leu os originais de “O Livro dos Espíritos”. Sentindo-se reconfortada em sua dor moral, e usando de sua autoridade perante os filhos, escreveu sobre os originais a ordem irrevogável: TRÉS URGENT (URGENTÍSSIMO).

A tipografia logo iniciou a impressão e o indispensável acabamento dos dois mil primeiros exemplares, em formato grande, com 176 páginas.

Raiava o inesquecível dia 18 de abril daquele ano de 1857, e os editores, representados por Dentu, finalmente trouxeram a lume, na praça parisiense, a auspiciosa edição. A Cidade Luz acabava de acolher, então, em seu seio, a luz mais brilhante e poderosa de sua História.”
A primavera exuberante inundava Paris quando, na Galeria d\'Orléans do Palais Royal, Allan Kardec publicava sua primeira obra espírita: O Livro dos Espíritos. Tal fato representava um marco para o início de um novo momento para a evolução espiritual da humanidade.

No plano espiritual, a equipe formada pelos Espíritos Superiores encarregados da nova revelação, sob as ordens de Jesus, mobilizava-se para que, a partir daquele século XIX, o Espiritismo se consolidasse. O primeiro passo havia sido dado.

No Brasil, porém, esse livro demorou a chegar. Os que tinham acesso às obras de Allan Kardec eram geralmente intelectuais que conheciam o idioma francês, os quais percebiam a necessidade urgente de se traduzirem as obras de Kardec para o português, de modo que o Espiritismo pudesse chegar ao conhecimento e estudo por parte de todos, sem distinções.

Dois nomes se destacaram nesse cenário brasileiro: Luis Olímpio Teles de Menezes (1828-1893), na Bahia, e Joaquim Carlos Travassos (1839-1915), no Rio de Janeiro.¹

Teles de Menezes, um dos pioneiros do Espiritismo no Brasil, publicava, em 1866, na Bahia, em português, a Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, por ele mesmo traduzida da 13ª edição francesa de O Livro dos Espíritos. Foi ele também o responsável pela publicação do primeiro jornal espírita do Brasil: O echo d’além-túmulo, em março de 1869.

É ao Dr. Travassos (ele era médico) que o Brasil espírita deve a primeira tradução das obras de Kardec. Foi ele, em 1875, sob o pseudônimo de Fortúnio, a fazer a primeira tradução para o português de O Livro dos Espíritos, a partir da 20ª edição francesa. A publicação foi feita pela primeira editora no Brasil a publicar as obras básicas de Allan Kardec: a B. L. Garnier, fundada em 1844, no Rio de Janeiro, por Baptiste-Louis Garnier, um jovem empreendedor de 21 anos, recém-chegado da França.

Foi ele também que fez a tradução das demais obras de Kardec:

- O Livro dos Médiuns, em 1875, a partir da 12ª edição francesa, sem o nome do tradutor;
- O Céu e o Inferno, em 1875, a partir da 4ª edição francesa, sem o nome do tradutor;
- O Evangelho Segundo o Espiritismo, em 1876, a partir da 16ª edição francesa, sem o nome do tradutor.
Dr. Travassos, numa carta dirigida ao Sr. Pierre-Gaëtan Leymarie (1827-1901), responsável pela continuidade do trabalho de divulgação das obras de Kardec em Paris, assim se expressou em determinado trecho:

“Permitindo o Pai celeste que eu fosse, com o nosso amigo Sr. C. Lieutaud, um dos propagadores do Espiritismo neste canto do mundo chamado Brasil, empreendi a tradução, para a língua nacional, das obras do Mestre. Graças ao auxílio dos bons Espíritos, essas imortais obras estão sendo publicadas, apesar das dificuldades e da resistência que as grandes ideias geralmente encontram, sobretudo uma filosofia que visa extirpar os vícios de uma sociedade egoísta que resume toda a sua satisfação nos prazeres materiais.”

Como se vê, desde o lançamento de O Livro dos Espíritos, na França, em 18 de abril de 1857, até sua tradução e publicação no Brasil, passaram-se 18 anos!

Foi justamente pelas mãos do Dr. Travassos que um exemplar de O Livro dos Espíritos, em português, chegou às mãos do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, também médico e seu amigo pessoal. E foi este livro que atraiu o ilustre médico e político para a Doutrina Espírita.
Estava reservada a Bezerra de Menezes uma tarefa missionária em relação ao Espiritismo: conciliar as divergências existentes na época e consolidar a Doutrina Espírita no território brasileiro. Sua tarefa se confirmou ao assumir, em agosto de 1895, a presidência da Federação Espírita Brasileira (fundada em 1884).

Nessa mesma época, a Livraria Espírita, em Paris, de propriedade da Sra. Amélie Gabrielle Boudet (1795-1883), viúva de Allan Kardec, entra em liquidação por absoluta falta de recursos financeiros. Não havia interessados em manter a tarefa de divulgação espírita na Europa. Na França, a tarefa espírita chegava ao fim, com a desencarnação da viúva de Kardec e o fechamento definitivo da Livraria.

Foi assim que, em 15 de novembro de 1897, o Sr. Leymarie concede, gratuitamente, à Federação Espírita Brasileira, os direitos de publicação, em português, das obras de Kardec, com o compromisso de manter fidelidade aos originais. O responsável por essa transação foi Bezerra de Menezes, que nessa época era o presidente da Federação Espírita Brasileira. Transferia-se, assim, para o Brasil, a tarefa de continuar a divulgação da Doutrina Espírita.

Nas primeiras décadas do século XX, outro vulto se destaca: Luís Olímpio Guillon Ribeiro (1875-1943), que muitas contribuições trouxe para o Espiritismo no Brasil. Dotado de grande inteligência e senso prático (era formado engenheiro civil), entre os vários serviços prestados à causa espírita, também realizou as traduções das obras de Kardec para o português.
Na minuciosa pesquisa biobibliográfica desenvolvida por Zêus Wantuil (diretor e colaborador da Federação Espírita Brasileira, desencarnado em setembro de 2011) e Francisco Thiesen (1927-1990), composta de três volumes, encontram-se os pormenores de todos esses episódios, os quais muito resumidamente aqui foram citados.²

Foi graças à atuação, sabe-se lá com quantos e quais sacrifícios, desses intrépidos trabalhadores do passado e de muitos outros que se mantiveram anônimos, que o Brasil espírita deve sua formação em relação ao Espiritismo.

Até os dias atuais, passaram-se 138 anos desde que a primeira edição em português de O Livro dos Espíritos foi efetuada no Brasil. Embora tenha encontrado, de imediato, funda ressonância entre pessoas identificadas com o espírito renovador das recentes revelações, pode-se avaliar quanto é grande a tarefa de divulgar, ensinar, esclarecer, estudar e, sobretudo, vivenciar os ensinamentos espíritas!


¹. Federação Espírita do Paraná – http://www.feparana.com.br.
². WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec (Pesquisa biobibliográfica e ensaios de interpretação) Vol III. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. 4.ed. 1998.

Fonte: Casa Editora O Clarim.

Karma e Família




Entenda a importância da família do ponto de vista espiritual.
  Karma é uma expressão que vem do sânscrito e significa ação.
  Nesse contexto, é uma ação que deve ser tomada para remover ou modificar erros do passado. Na prática, tudo que fazemos gera consequência ou karma.
  O que realmente importa é se o karma será bom ou ruim.
  Evitar o karma é impossível, mas é possível agir para que ele seja positivo.
  A família é um dos maiores karmas que temos, já que nela foram reunidas em um único grupo espiritual, almas afins, principalmente no que tange as necessidades de evolução espiritual.
  Cada família, ou melhor, cada grupo espiritual que se reúne em uma experiência aqui na Terra, tem um propósito comum entre seus integrantes, no entanto genericamente, para todos os casos, as famílias se formam para aflorar suas afinidades e qualidades, bem como para transmutar seus karmas, e é aí que os conflitos começam, principalmente porque não estamos acostumados a enxergar a família como o celeiro da reforma íntima na Terra.
  Há uma percepção por parte do ser humano espiritualizado que diz que a Terra é uma escola, porque aqui nos são oferecidas todas as condições necessárias para que possamos evoluir.
  Experiências e situações transformadoras que tem o papel de educar e domar nossos instintos inferiores e estimular a angelitude de nossas almas, através do desenvolvimento do amor.
  Para compreendermos bem a importância da família no cenário da missão evolutiva que cada alma encarnada tem nesse planeta, entenda que se a Terra é uma escola então a família é a sala de aula.

"A família é a união de espíritos reunidos por laços kármicos e de afinidade".A família é o cenário perfeito no qual somos inseridos, porque proporciona inúmeras possibilidades de resgates (transmutação do karma ruim) de uma só vez. Na família se reencontram desafetos de outras vidas, vilões e suas vítimas, assassinos e assassinados, assaltantes e assaltados e tantas outros relações mal resolvidas do passado que são rearranjadas na estrutura da família.
  Quanto mais próximos estamos de uma ou mais pessoas, quanto mais perto é esse convívio, podemos notar duas situações mais específicas:
  1-Grande afinidade; quando a relação é harmônica, feliz, suave, tranqüila e principalmente sem cobranças de comportamento entre as pessoas.
  2-Grande karma ou necessidade de resgate; quando a relação é conflitante, conturbada, as emoções positivas oscilam muito com as negativas, o clima é intenso, há grande cobrança de comportamento entre os integrantes do grupo.


Paz e Luz!

 
(Bruno J.Gimenes)

Aniversário de "O Livro dos Espíritos"


segunda-feira, 15 de abril de 2013

O milagre de pães e peixes aconteceu?



Ao conversar com alguns amigos espíritas, entristecemo-nos pelo modo com que observam os Evangelhos, aceitando-os de capa a capa, ou como está escrito, sacralizando os conceitos ali emitidos, como se os evangelistas não tivessem sido anotadores dos acontecimentos, e terem escrito muitos anos depois da desencarnação do Mestre Galileu. 

Para nós, essas pessoas estão abdicando do direito de questionar, argüir, e procurar explicações mais aceitáveis para alguns acontecimentos.

Vamos exemplificar com uma passagem que nos veio à mente; a da multiplicação dos pães e peixinhos. Teria essa passagem ocorrido, realmente? Se ocorreu não teria sido aumentada ao passar pela tradição oral de boca a ouvido durante três décadas, até ser escrito o primeiro Evangelho?

Hoje, com o conhecimento espírita, sabemos que pode ter acontecido realmente, mas nunca através de milagre, pois as leis divinas não são derrogadas.
Vamos examinar sob a nossa ótica, o que poderia ter ocorrido: Sabemos que nas sessões de efeitos físicos, os Espíritos podem construir alguns objetos usando os fluidos apropriados dos médiuns. Sabemos de casos em que os eles fabricaram e/ou transportaram bombons e outras guloseimas.

Kardec explica no Livro dos Médiuns e na Revista Espírita que a matéria está disseminada no espaço e os espíritos podem aglutiná-la, com a força do pensamento, para um determinado efeito. Ele chamou isto de, laboratório do mundo invisível.Ora, Jesus de Nazaré tinha uma extraordinária força psíquica, e o mundo espiritual estava à sua disposição para ajudá-lo. Portanto era perfeitamente possível a materialização de pães e peixes suficiente para alimentar aquelas pessoas.

A segunda hipótese seria a do fenômeno de transporte. Os Espíritos teriam transportado o pão assado e o peixe frito de lugares onde eles existiam. Certamente, as casas de moradia e algum comércio. Esta tese esbarra em duas dificuldades: 1ª) A desonestidade, pois algumas pessoas sofreriam prejuízos. 2ª) Não se fabricava tantos pães, pois cada família fazia o suficiente para o seu consumo. Não havia casas comerciais, como as que conhecemos hoje, que comercializam o pão.

A nossa lógica tem outra explicação: a fraternidade, a solidariedade. Como aquele rapazinho, muitas outras pessoas deveriam ter levado algum lanche. Ao vê-lo entregar os seus pães e peixinhos, muitos outros fizeram o mesmo, e todos se fartaram.

Então não houve um milagre? Houve sim! O milagre da fraternidade a ponto de alguns dividirem o que era apenas seu.

Um último lembrete: para reunir cinco mil homens, fora as mulheres e crianças, seria necessário esvaziar centenas de aldeias e pequenas cidades da judéia, pois cada aldeia deveria ter 150 moradores ou um pouco mais.

Os evangelistas mentiram? Não! Mas talvez tenham se entusiasmado. Porém deixaram uma lição: a solidariedade. A fraternidade faz milagres!



por Amilcar Del Chiaro Filho (desencarnou em 2006).

Fonte: Revista Cristã de Espiritismo

sábado, 13 de abril de 2013

REFLEXÕES


LUZ DO DIA...


O Acaso não existe



A Harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primaria ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.

O que você acha dessa frase? As coisas acontecem ou não por acaso? Há ou não coincidências? Será que existem ou não eventos totalmente aleatórios sem nenhum vínculo causal inteligente? Pensar sobre a resposta dessas perguntas pode mudar para sempre o rumo de nossas vidas.
Quem acredita no acaso costuma creditar uma série de acontecimentos bons ou não à sorte ou ao azar e assim se desliga da responsabilidade em cuidar de si mesmo ou de sua própria vida. Afinal, se tudo é mesmo fruto do acaso, por que se importar se nosso esforço pouco influiria?

Quem, por sua vez, acredita que nada ocorre ao acaso e procura tirar proveito de cada experiência vivenciada em seu dia a dia, acaba bebendo o néctar da renovação sem fazer muito esforço. Simplesmente o fato de abraçar a idéia que há algo maior que interfere nos acontecimentos de nossa vida por si só já abre um caminho enorme para que nos sintamos mais conectados e responsáveis por nossas escolhas.

É muito mais fácil se desconectar quando não se vincula a nada. É mais fácil não ser disciplinado quando achamos que nosso esforço pouco influirá no resultado final das coisas que fazemos. Quando mudamos nossa visão da vida, mudamos nossa forma de pensar, falar e agir. E isso, por si só, já é suficiente para modificar muitas coisas.

Pessoalmente nunca acreditei em acaso, mesmo antes de estudar filosofia, religiões e versões científicas, como a física quântica, que nos oferecem muitas reflexões, a fim de nos mostrar que estamos todos ligados em uma grande teia inteligente. Portanto, o acaso não existiria, mas, sim, conseqüências ou respostas da vida a tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. Nesse caso, não há mais espaço para você acreditar que é vítima, pois não há vítimas.

Todos somos responsáveis. Todos interferimos diretamente na vida que temos. Por isso, ter essa visão de mundo não apenas me ajudou a ser bem mais comprometido com minhas escolhas como percebo que ajuda a muitas outras pessoas a fazer o mesmo.

E você? O que tem a dizer sobre isso? Acredita mesmo que os acontecimentos de sua vida são aleatórios ou já consegue perceber a relação de causa e efeito entre o ser humano que você é e a vida que você tem?

Creio que vale a pena pensar bem a respeito e fazer as mudanças em sua forma de pensar, falar e agir que julgar necessárias. Quem sabe não está aqui a porta que faltava se abrir para você ter a vida que tanto gostaria de ter?


Fonte: Harmonia Espiritual

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Esquete Revelação - A Caminho da Luz

Esquete apresentado pela 
Companhia de Teatro Laboro,

 no Seminário Lítero-Musical: 
A Caminho da Luz.


Assistam acessando este link...

Muito bom!


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=W8_PDskwaUE




O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Farol a indicar caminhos...



A história das civilizações se perpetua através dos livros, proporcionando o enriquecimento histórico e cultural dos povos. O livro, cada vez mais lido, torna-se instrumento atuante sobre a mente humana. Os livros tanto podem enriquecer, ampliar, libertar, quanto deturpar ou escravizar consciências. Portanto, é necessário valorizar aqueles que dignificam o homem.
Sob a luz abençoada do Consolador, O livro dos espíritos comemora 156 anos a iluminar consciências. Segundo publicação do próprio Codificador:
    Contém a doutrina completa, como a ditaram os próprios Espíritos, com toda a sua filosofia e todas as suas consequências morais. É a revelação do destino do homem, a iniciação no conhecimento da natureza dos Espíritos e nos mistérios da vida de além-túmulo. Quem o lê compreende que o Espiritismo objetiva um fim sério, que não constitui frívolo passatempo.

    Seu conteúdo se distribui em quatro partes; os temas, adredemente escolhidos, são desenvolvidos de forma muito original: perguntas e respostas. É uma disposição que facilita agradavelmente a leitura e o seu entendimento.

    A primeira edição dessa obra monumental foi revelada ao público a 18 de abril de 1857. Não foi por acaso que essa data ficou gravada nos anais do Espiritismo. Tão importante se tornou que, na atualidade, foi instituída como Dia Nacional do Espiritismo.

    O êxito do lançamento foi esplêndido. A primeira edição esgotou-se rapidamente. Em março de 1860, após revista, corrigida e ampliada, foi lançada a segunda edição, com seu conteúdo e formato definitivos. Completou-se, dessa forma, o primeiro livro da Codificação Espírita em toda sua amplitude filosófica e moral.

    O Espírito Baluze, em comunicação mediúnica e espontânea, faz referência a esse estandarte do Espiritismo:   
    E quando tantas esperanças não pedem senão para se espalhar,quando tantas outras regiões estão, como essa, numa prostração mortal, desejamos que, em todos os corações, em todos os recantos perdidos deste mundo, penetre O livro dos espíritos. Só a doutrina que ele encerra será capaz de mudar o espírito das populações [...].3 (Destaque nosso.)

    Em 1868, ao ser lançada A gênese,Allan Kardec ressalta em suas páginas:
O livro dos espíritos só teve consolidado o seu crédito, por ser a expressão de um pensamento coletivo, geral. Em abril de 1867,completou o seu primeiro período decenal. Nesse intervalo, os princípios fundamentais, cujas bases ele assentara, foram sucessivamente completados e desenvolvidos, por virtude da progressividade do ensino dos Espíritos.
Nenhum, porém, recebeu desmentido da experiência; todos,sem exceção, permaneceram de pé, mais vivazes do que nunca, enquanto que, de todas as ideias contraditórias que alguns tentaram opor-lhe, nenhuma prevaleceu[...].4 (Destaque nosso.)

    Tão importante se tornou O livro dos espíritos que os jornais da época se apressaram a publicar artigos favoráveis sobre essa obra monumental:
O livro dos espíritos, do Sr.Allan Kardec, é uma página nova do grande livro do infinito, e estamos persuadidos de que um marcador assinalará essa página. Ficaríamos desolados se pensassem que acabamos de fazer aqui um anúncio bibliográfico; se pudéssemos supor que assim fora, quebraríamos a nossa pena imediatamente. Não conhecemos absolutamente o autor, mas confessamos abertamente que ficaríamos felizes em conhecê-lo. Aquele que escreveu a introdução que inicia O livro dos espíritos deve ter a alma aberta a todos os sentimentos nobres.[...]
    A todos os deserdados da Terra,a todos os que caminham e caem, regando com suas lágrimas o pó da estrada, diremos:
Lede O livro dos espíritos; isso vos tornará mais fortes. Também aos felizes, aos que pelos caminhos só encontram os aplausos da multidão ou os sorrisos da fortuna, diremos: Estudai-o; ele vos tornará melhores.5 (Destaques nosso.)

    Chegara o momento em que o eminente trabalhador deveria retornar ao lar espiritual. Completara galhardamente a missão a que viera: a Codificação estava estruturada no Pentateuco Consolador. Tendo o grande missionário desencarnado, foi publicada a sua biografia, de que extraímos o seguinte excerto:
    Data do aparecimento de O livro dos espíritos a fundação do Espiritismo que, até então, só contara com elementos esparsos, sem coordenação, e cujo alcance nem toda gente pudera apreender. A partir daquele momento, a doutrina prendeu a atenção dos homens sérios e tomou rápido desenvolvimento. Em poucos anos, aquelas ideias conquistaram numerosos aderentes em todas as camadas sociais e em todos os países. Esse êxito sem precedentes decorreu sem dúvida da simpatia que tais ideias despertaram, mas também é devido, em grande parte, à clareza com que foram expostas e que é um dos característicos dos escritos de Allan Kardec.6 (Destaque nosso.)

    O Sr. Camille Flammarion fez um discurso emocionante junto ao túmulo de Kardec:
[...] Quando, pelo ano de 1850,as manifestações, novas na aparência, das mesas girantes,das pancadas sem causa ostensiva,dos movimentos insólitos de objetos e móveis começaram a prender a atenção pública, determinando mesmo, nos de imaginação aventureira, uma espécie de febre, devida à novidade de tais experiências, Allan Kardec, estudando ao mesmo tempo o magnetismo e seus singulares efeitos, acompanhou com a maior paciência e clarividência judiciosa as experimentações e as tentativas numerosas que então se faziam em Paris. Recolheu e pôs em ordem os resultados conseguidos dessa longa observação e com eles compôs o corpo de doutrina que publicou em 1857, na primeira edição de O livro dos espíritos. Todos sabeis que êxito alcançou essa obra, na França e no estrangeiro. Havendo atingido a 16a edição, tem espalhado em todas as classes esse corpo de doutrina elementar [...].7 (Destaque nosso.)

    Doze anos depois de seu lançamento,precisamente em maio de 1869, após a desencarnação do amorável Codificador, O livro dos espíritos alcançou sua décima sexta edição francesa. E, nos dias atuais, após 156 anos de divulgação, a obra basilar da Codificação já foi traduzida para as mais diversas línguas do mundo, entre elas o japonês. O livro dos espíritos é o alicerce sólido, a pedra angular dessa consoladora Doutrina, revivescência do Evangelho de Jesus.8

Referências:

1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Guillon Ribeiro. 80. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. pt. 1, cap. 3, Do
método, it. 35.
2______. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 3, n. 3, p. 154 e 155, mar. 1860. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed.
2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. À venda O livro dos espíritos – Segunda edição.
3______. ______. ano 9, n. 5, p. 199, mai.1866. Trad. Evandro Noleto Bezerra.2. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Lembrança retrospectiva de um Espírito.
4______. A gênese. Trad. Guillon Ribeiro,52. ed. 5. reimp. Rio de Janeiro: FEB,2012. Introdução, p. 16.
5______. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 1, n. 1, p. 64 e 65,jan. 1858. Trad. Evandro Noleto Bezerra.
4. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011.
A Doutrina Espírita, p. 64 e 65.
6______. ______. ano 12, n. 5, p. 188 e 189, mai. 1869. Trad. Evandro Noleto Bezerra.3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
Biografia do sr. Allan Kardec.
7______. ______. p. 197. Discursos pronunciados junto ao túmulo. O espiritismo e a ciência.
8WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec – Pesquisa biobibliográfica e ensaios de interpretação. 4. ed. Rio de Janeiro:FEB, 1998. v. 3,cap. 1, As obras espíritasde Allan Kardec.


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Fonte: Reformador - edição abril/2013