Eternidade

Eternidade

domingo, 6 de dezembro de 2020

VASO ESCOLHIDO

(Tim e Moisés Luna)


No deserto das incompreensões o amor de Deus a nos chamar

A nos levantar das lutas humanas e enxugar lágrimas de um mundo afã

Em Damasco, num portal de luz o inolvidável tecelão

Vai se encantar com a visão celeste, se curvar ante o seu Mestre

Se ofuscar com a luz amiga e entender a razão da vida enfim

Palavra em harmonia, canções maestralmente entoadas

Por anjos de esferas sublimadas ao clarão que ofusca

O brilho do sol compadecido, inspirado, amável

Percorre os caminhos, acalma o gemido dos aflitos

De todos irmãos pequeninos, dos sedentos de Deus

De amor, pois Tu és o meu Vaso Escolhido

Necessário se faz amar, renovar-se no entendimento

Necessário é trabalhar, ser fiel no pouco e no muito

Necessário é esperar, a esperança é companheira

Necessário é perdoar, o amor mais puro se doa

NAS VIBRAÇÕES DO ORGULHO

 

"Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado." (Lucas, 14:11.)

 Maria Emília sempre foi uma servidora dedicada da Casa Espírita. Com grande habilidade para organizar eventos e administrar recursos, ela foi se destacando como uma notável líder.

Em poucos anos, a colaboradora fiel se tornou presidente do Centro e, logo no início de sua gestão, já se percebia melhorias em alguns setores, especialmente na instituição que acolhia moradores de rua da comunidade. O prédio foi reformado e os atendidos puderam ter acesso a serviços médicos, refeição de qualidade, assim como mais conforto nas dependências da instituição.

O trabalho de Maria Emília perante a instituição, sem dúvida, é digno de mérito e beneficia centenas de pessoas. Mas, paralelo à sua brilhante atuação na senda do bem, os confrades mais próximos começaram a perceber nela traços de intolerância. Ocorrências infelizes em determinados eventos se tornaram mais frequentes: uma palavra ríspida aqui, a postura arrogante acolá, além do triste hábito de valorizar as fofocas e justificar suas decisões e atos como sendo instruções e atos como sendo instruções espirituais.

 A conduta autoritária que a líder espírita passou a exibir é um exemplo claro da vaidade e do orgulho, ainda muito presentes nas casas espíritas. O médium vaidoso trabalha nas vibrações do ego e, não raro, é assediado por entidades enfermiças, puramente interessadas em colocar a perder as tarefas e a união de todo o grupo.

O orgulhoso não aceita críticas, despreza o valor alheio e tiraniza a si próprio nos meandros da culpa, já que possui crenças baseadas no perfeccionismo que o oprime. Tornando-se arrogante, ele afasta as pessoas, pois em sua ilusão se crê autossuficiente e só consegue ouvir aquilo que lhe convém.

O livro dos médiuns alerta:

Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns [...].¹

E o Evangelho,² a seu turno, cita o princípio da reencarnação como fator aniquilante do orgulho e da vaidade, pois, aquele que ocupa elevada posição em uma existência, na outra poderá se curvar à condição mais humilhante.

Dessa forma, é imperioso que priorizemos o trabalho na Casa Espírita. Repudiemos as interferências do egoísmo e do orgulho, para que a palavra dos Espíritos Superiores nos chegue pura, isenta de qualquer alteração.  

 

¹ KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. cap. 20, it. 228.

² _________,  O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 7, it. 6,11 e 12

Fonte: Reformador, junho/2016.