Eternidade

Eternidade

domingo, 30 de agosto de 2015

O Evangelho e os Ciclos Evolutivos


A evolução é Lei Divina, e a sua progressão contínua assemelha-se ao movimento em espiral aberta, caracterizando os ciclos evolutivos. As experiências reencarnatórias, por exemplo, poderão ser repetidas, mas jamais serão exatamente iguais, porque as condições em tempos diferentes já não serão mais as mesmas.

"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre tal é a Lei", presente na Criação, em todas as graduações, do micro ao macrocosmo, em quaisquer níveis de consciência, tanto para o indivíduo quanto para as coletividades. 

Haverá, então, um começo e um fim, isto é, uma primeira hora e uma última hora, em cada ciclo, era ou período evolutivo.

Revela-nos a Doutrina Espírita que há diferentes categorias de mundos: 
  • mundos primitivos,
  • mundos de expiações e de provas,
  • mundos regenerador3es e
  • mundos felizes.
E sabemos, ainda, conforme os Espíritos Consoladores, que a Terra é um dos mundos de expiações e de provas, em via de transição para o ciclo seguinte, de regeneração.  

O Evangelho nos fala dos trabalhadores da primeira e última hora, esclarecendo-nos que os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros.

No ciclo de expiações e de provas, os trabalhadores da primeira hora - dizem os Espíritos -, são os profetas, os patriarcas, os apóstolos. Porque os primeiros serão os últimos, é seguro concluirmos que muitos deles estiveram, estão e estarão reencarnados na Terra, nessa fase de transição, de última hora, do nosso atual ciclo evolutivo.

Já os espíritas-cristãos são os trabalhadores da última hora, afirmam os Espíritos do Senhor. São os últimos a se apresentarem para o trabalho, cabendo-lhes iniciar no ponto onde os trabalhadores da primeira hora estão encerrando: neste final de ciclo evolutivo, de expiações e de provas.

Conclui-se com o Evangelho, à luz da Doutrina Espírita, que os servos fiéis, últimos de um ciclo evolutivo, serão também os primeiros e os últimos a trabalhar na Obra do ciclo seguinte.

Todavia, os espíritas-cristãos não se devem esquecer da advertência evangélica de que muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos. Quer isto dizer que serão trabalhadores da primeira hora no novo ciclo apenas os verdadeiros espíritas-cristãos, e não os que somente assim se denominam.

Uma nova era nascerá para humanidade terrena. No ciclo evolutivo da regeneração o bem terá franca supremacia sobre o mal; entretanto, compreendamos, como  todo ciclo, o de regeneração também será longo, e exigirá trabalho árduo e continuado por parte daqueles que herdarão a Terra - os puros e mansos de coração. A fase de transição atual é mesmo a do Apocalipse, com os seus ais, com as suas dores. Muitos de nós não alcançarão a elevação necessária aos trabalhadores da primeira hora e, por aplicação da Divina Lei de Justiça, haverão de recomeçar em outro mundo o aprendizado indispensável ao despertamento da consciência espiritual.

Nas "Instruções dos Espíritos", contidas no capítulo XX - "Os Trabalhadores da Última Hora" - de O Evangelho segundo o Espiritismo (ed. FEB), encontram-se as seguintes considerações:

"O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa-vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má-vontade (...)."

"Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora." (Constantino, Espírito Protetor.)

"(...) os obreiros que chegaram na primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso (...) e, finalmente, pelos espíritas (...). Últimos chegados, eles aproveitam dos labores intelectuais dos seus predecessores (...) muitos dentre aqueles revivem hoje, ou reviverão amanhã, para terminarem a obra que começaram outrora. Mais de um patriarca, mais de um profeta, mais de um discípulo do Cristo (...) se encontram no meio deles (...) trabalhando, não já na base e sim na cumeeira do edifício (...)." (Henri Heine.)

"(...) mas, atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.

(...) Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-lo-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de Sua lei; os que seguem Sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição." (Erasto, anjo da guarda do médium.) (Os grifos são nossos.)

"(...) Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! (...) Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: 'Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra', porquanto o Senhor lhes dirá: 'Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!' (...).

(...) pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. cumprir-se-ão estas palavras: 'Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus.'" (O Espírito da Verdade.)


Fonte: Reformador, dezembro/2003. 

Plantação Espiritual



 Numa só existência podem viver diversas situações.

Num só dia, é possível a prática de atos numerosos.
Numa hora, apenas, tua mente pode criar múltiplos pensamentos.
Não olvides que todos nós
estamos plantando espiritualmente no tempo.
Articula os acontecimentos que te rodeiam para o bem;
insiste na projeção dos atos que te possam honrar
e ajuda a ti mesmo, imaginando o que seja útil, edificante e belo.
Não é necessário perder o corpo no túmulo
para que venhas a renascer.
Cada instante, quando queremos, pode ser o começo
de gloriosa renovação, tanto quanto pode representar
o início de quedas e equívocos deploráveis.


Auxilia a ti próprio, produzindo o bem.
Sem que percebas, vives invariavelmente nas vidas que te cercam.
Observa o que te trazem ao coração aqueles que te acompanham.
Se a mentira ou a aversão te visitam, não te esqueças
de que constituem os frutos de tua própria plantação.
Cada criatura reflete, em si, aquilo que lhe damos ou impomos.  
Nas alheias demonstrações para conosco,
é possível analisar a qualidade de nossa sementeira.  

      
Aprendamos a cultivar o auxílio fraterno,
o trabalho construtivo, a concórdia santificante
e a solidariedade fiel, através de todos os passos
e de todos os minutos, porque o amanhã
será resposta viva à nossa conduta de hoje,
tanto quanto a bênção, ou a dor de agora,
consubstanciam os resultados das nossas ações de ontem.        
Caminha, iluminando a estrada com os recursos
da bondade e da alegria, convicto de que
a nossa família na Eternidade é constituída
de nossas próprias obras, e, desse modo,
estarás organizando magníficos moldes espirituais
para as tuas novas tarefas na elevação,
ou na reencarnação, em futuro próximo.



 Emmanuel (espírito) / Chico Xavier

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Reforma Interior



Tendes seguidamente ouvido recomendações quanto ao vosso padrão vibratório, o qual deve ser, o mais possível, harmonioso e estável, evitando-se oscilações e quedas.

Não seria cabível exigir de vós elevação constante de pensamentos e vibrações. Entretanto, embora atualmente impossível vossa estabilização nos planos mais elevados que frequentemente atingis, por esforço próprio, tanto na esfera do pensamento como na do sentimento, bom seria que evitásseis ao máximo oscilações vibratórias. Naturalmente, referimo-nos a oscilações "para baixo", em sentido de "queda", e não aos vôos intelectuais e afetivos em que necessariamente vos deveis exercitar, até que vos possais estabilizar em planos mais elevados.

Infelizmente notamos, em muitos dos seguidores do Mestre, uma atitude de certa forma comodista. Deixam-se influenciar por entidades inferiores, ou obedecem a impulsos menos dignos, contando mais tarde reabilitarem-se mediante o devido retorno ao bom caminho, ou por meio de preces e passes, esquecidos de que a queda tem invariavelmente seu preço doloroso, e cada pacto com as forças do mal, por ligeiro que seja, implica sintonia e ligação, muitas vezes prolongando-se mais do que esperava o encarnado invigilante.

Olvidam muitos que não podem ligar-se ocasional e momentaneamente a uma entidade colérica, por exemplo, sem correrem o risco de tê-la, talvez por longo tempo, como obsessora, não mais atendendo a apelos inconscientes, na forma de impulsos raivosos do encarnado, mas acompanhando-o constantemente e, já agora, impelindo-o no sentido das explosões de ódio.

Conhecêsseis o imenso valor e a oportunidade sempre atual da oração e da vigilância, saberíeis evitar frequentes "pequenas quedas", eivadas do perigo de se tornarem em grande e terrível derrocada espiritual, e tampouco correríeis o risco de instantes, embora ligeiros, de sintonia com o astral inferior.

Muitos dão excessiva importância aos fatores cármicos, ao considerarem o problema das obsessões. Na realidade, mesmo o número de obsessões oriundas de rancores e inimizades pregressas diminuiria prodigiosamente, se atentásseis devidamente para o valor imenso da oração e da vigilância.

Para que ocorra obsessão, necessário é que haja, primeiramente ligação. E para que se efetive a ligação, é imprescindível sintonia.

É fato muito conhecido que mesmo os mais evoluídos Espíritos, encarnados entre vós, sempre contaram com acirrados inimigos nos planos astrais inferiores, em virtude mesmo de seu adiantamento espiritual. No entanto, embora o peso tremendo das vibrações adversas que os atingem e, muitas vezes, chegam a abalar profundamente, jamais se teve notícia de que Espíritos de escol fossem vítimas de obsessão. Sabeis que o próprio Cristo não escapou ao assédio das forças das trevas, mas de forma alguma poderia ser influenciado obsessivamente, por absoluta inexistência e impossibilidade de sintonia e ligação entre suas elevadíssimas vibrações e as de seus adversários.

Com o único recurso de defesa ante tais perigos, necessário vos é buscar, firme e decididamente, destruir a "criatura velha" que em todos habita, sujeita e vulnerável, por sua imperfeição, aos ataques das forças inferiores, e abraçar sinceramente o propósito de vossa reforma interior.

A ninguém ocorreria, galgando uma escada, subir e descer o mesmo degrau, repetidamente. Não pretenderíeis subir a escada de Jacó, permanecendo em perpétuo movimento de "queda - ascensão - queda".

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O Espírito Desencarnado


O Espírito desencarnado

O transe da morte é sempre um estado de crise para qualquer indivíduo, variando conforme o adiantamento moral de cada um. Daí a passagem do estado da matéria para a vida espiritual acarretar uma espécie de perturbação mais ou menos longa, até que se quebrem todos os elos entre o Espírito e sua organização física.

Além disso, vários fatores intervêm na situação do desencarnado logo após a morte: a idade em que ocorreu a desencarnação (jovem ou idoso?), o tipo de morte (natural ou violenta?), se era apegado ou desprendido dos bens materiais, se tinha bons hábitos ou vícios inveterados, se possuía ideias materialistas ou espiritualistas. Daí a necessidade do adormecimento do Espírito, logo após o desprendimento do corpo físico, para se refazer do transe da morte.

Antes, porém, que o Espírito adormeça, ocorre o interessante fenômeno de recordação da vida passada, em que um panorama desfila ante seus olhos. Tem-se notícia de que, em fração de segundos, o Espírito revê, minuciosamente, todos os fatos da vida terrena que acabou de deixar, cena após cena, desde a infância até a desencarnação, desde o incidente mais insignificante até o acontecimento mais importante.
Naquele momento, o Espírito é capaz de avaliar causas e consequências de todos os seus atos, sejam bons ou maus, como um registro para aproveitamento em vidas futuras. Só depois, sobrevêm o sono cujo tempo varia de Espírito para Espírito.

O juiz John Worth Edmonds, que era notável médium psicógrafo, falante e vidente, escreveu longa mensagem de seu amigo desencarnado, o juiz Peckam, a quem ele muito estimava. Nessa época ainda não era conhecido pelos psicólogos o fenômeno da visão panorâmica. Afirma, então, o Espírito Peckam: No momento da morte, revi, como num panorama, os acontecimentos de toda a minha existência.
Todas as cenas, todas as ações que eu praticara passaram ante meu olhar, como se houvessem gravado na minha mentalidade, em fórmulas luminosas. Nem um só dos meus amigos, desde a minha infância até a morte, faltou à chamada.
Na ocasião em que mergulhei no mar, tendo nos braços minha mulher, apareceram-me meu pai e minha mãe e foi esta quem me tirou da água, mostrando uma energia, cuja natureza só agora compreendo. (A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano)



Por seu turno, o Espírito que em vida se chamou Dr. Horace Abraham Ackley relata como se passaram os primeiros momentos após o seu despertamento no Mundo Espiritual: Logo que voltei a mim, todos os acontecimentos de minha vida me desfilaram sob as vistas, como num panorama; eram visões vivas, muito reais, em dimensões naturais, como se o meu passado se houvera tornado presente.
Foi todo o meu passado que revi, compreendido o último episódio: o da minha desencarnação. A visão passou diante de mim com tal rapidez, que quase não tive tempo de refletir, achando-me como que arrebatado por um turbilhão de emoções. A visão, em seguida, desapareceu com a mesma instantaneidade com que se mostrara; às meditações sobre o passado e o futuro, sucedeu em mim vivo interesse pelas condições atuais. (A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano)



Muitas pessoas indagam: Como é possível alguém que passa por incontáveis "mortes", experimenta o estado de erraticidade e reencarna várias vezes, esquecer que existe o Mundo Espiritual? Explicam, então, os Espíritos codificadores que a situação de esquecimento ou perturbação nunca é definitiva.
Ela é transitória, e a lembrança, mais ou menos rápida, das vidas anteriores dependerá do grau de evolução de cada Espírito. C. W. Leadebeater, em “Auxiliares Invisíveis” comenta sobre o mal que os ensinamentos errôneos a respeito da condição do Espírito após a morte provocam na Humanidade, principalmente no mundo ocidental. Certas religiões assustam os seus adeptos, criando neles muita perturbação e surpresa quando chegam no Mundo Espiritual.
Conta ele o exemplo de um inglês que, em uma mensagem transmitida três dias depois de morto, narrou que, encontrando um grupo de Espíritos amigos, perguntou: Mas, se eu estou morto, onde é que estou? Se isto é o céu, não me parece grande coisa; se é o inferno, é melhor do que eu esperava!
Surpresa semelhante tem o Espírito Monsenhor Robert Hugh Benson. Relata ele, em “A Vida nos Mundos Invisíveis”, obra recebida pelo médium Anthony Borgia, que, durante todo o período que sucedeu a sua última desencarnação, nenhuma idéia lhe ocorrera sobre tribunal de julgamento ou juízo final como sugerira a religião ortodoxa. Esses conceitos e os de céu e inferno lhe pareceram totalmente impossíveis e, na realidade, fantasias absurdas.



Em “A Vida no Outro Mundo”, seu autor, Cairbar Schutel, combate a idéia de que nada existe após a morte e que se o Espírito não é imortal, (...) a vida é uma farsa que começa no berço e se acaba no túmulo. Como vimos anteriormente, os Espíritos levam consigo, para o Além-Túmulo, as qualidades boas ou más, todos os vícios e costumes e todos os conhecimentos e aptidões.
Os criminosos vêem-se mergulhados em profundas trevas e só ouvem os lamentos de suas vítimas. Os suicidas só têm, na mente, o seu ato tresloucado. Allan Kardec, na Revista Espírita de maio de 1862, no capítulo intitulado Uma Paixão de Além-Túmulo, reporta-se ao suicídio, por amor, de um garoto de 12 anos de idade. Perguntado sobre sua situação, o jovem responde:



Meu corpo lá estava inerte e frio e eu planava em volta dele; chorava lágrimas quentes. Vocês se admiram das lágrimas de uma alma. Oh! Como são quentes e escaldantes! Sim, eu chorava, porque acabava de reconhecer a enormidade de meu erro e a grandeza de Deus! Entretanto, não tinha certeza de minha morte; pensava que meus olhos se fossem abrir.
O sofrimento dos Espíritos desencarnados é proporcional ao tipo de vida que levaram e ao maior ou menor apego que tenham à vida material. Durante a crise da morte, eles lutam para reter a vida corporal que lhes foge, e esse sentimento se prolongará por muito tempo.
Aqueles muito ligados à vida material erram pelas vizinhanças do lar e do local do trabalho; julgam-se ainda vivos e pretendem participar dos negócios de que se ocupavam quando encarnados. Os viciados e libertinos continuam a sentir enorme ansiedade e procuram a convivência de devassos que lhes saciem os apetites sexuais e os vícios. O avarento fica em estado de angústia, por não poder impedir que os herdeiros esbanjem a fortuna amealhada durante a vida terrena.



Em “Primeiras Impressões de Um Espírito”, mensagem transmitida pelo Espírito Delphine de Girardin à médium Sra. Gostel na Sociedade Espírita de Paris, consta, dentro da sua perspectiva, o seguinte: Falarei da estranha mudança que se opera no Espírito após a libertação. Ele se evapora dos despojos que abandona, como uma chama se desprende do foco que a produziu; depois se dá uma grande perturbação e essa dúvida estranha: estou morto ou vivo?
A ausência das sensações primárias produzidas pelo corpo espanta e imobiliza, por assim dizer. Assim como um homem habituado a um fardo pesado, nossa alma, aliviada de repente, não sabe o que fazer de sua liberdade; depois o espaço infinito, as maravilhas sem número dos astros, sucedendo-se num ritmo harmonioso, os Espíritos solícitos, flutuando no ar e deslumbrantes de luz sutil que parece atravessá-los, o sentimento da libertação que inunda, de súbito, a necessidade de lançar-se também, no espaço como pássaros que querem treinar suas asas, tais são as primeiras impressões que todos nós sentimos. (Revista Espírita, de Allan Kardec, novembro de 1860, n° 11)



Temos informações, através de várias mensagens, que, no Além, assim como no Aquém, existem vagabundos, saltimbancos e fanfarrões. Existem, da mesma maneira, aqueles que se propõem a auxiliar os companheiros atrasados e, ainda, os que preferem trabalhar pelo seu próprio aprimoramento. Sócrates e Platão disso já tinham conhecimento e afirmavam:



A alma impura, nesse estado, encontra-se pesada, é novamente arrastada para o mundo visível, pelo horror do que é invisível e imaterial. Ela erra, segundo se diz, ao redor dos monumentos e dos túmulos, juntos dos quais foram vistos, às vezes fantasmas, como devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo sem estar inteiramente puras, e que conservam alguma coisa de forma material, o que permite aos nossos olhos percebê-las.
Essas não são as almas dos bons, mas as dos maus, que são forçadas a errar nesses lugares, onde carregam as penas de sua vida passada, e onde continuam a errar, até que os apetites inerentes às suas respectivas formas materiais façam-nas devolver a um corpo. Então, elas retornam, sem dúvida aos mesmos costumes que, durante a vida anterior, eram de sua predileção. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec)



Como Deus não se compraz com o sofrimento eterno de seus filhos, passada uma fase de depuração dos fluidos mais densos, sobrevêm ao Espírito o sono reparador a que estão sujeitos todos os recém-chegados ao Mundo Espiritual. Nesse momento, Espíritos amigos e familiares recolhem os recém-desencarnados e os levam para as diversas estações de repouso.
Ao despertar desse sono, que pode variar de horas a séculos, o Espírito desencarnado começa a perceber o que está em sua volta. Surpreende-se ao encontrar um ambiente muito semelhante ao da Terra. Por esse motivo, muitos pensam que ainda estão vivos.
E, só a partir de uma tomada de consciência da realidade em que se encontram, surgirão para eles novas oportunidades: estudos, tarefas, trabalho assistencial, tudo de acordo com o seu adiantamento espiritual, sua capacidade e suas necessidades. Comentando as palestras familiares que estabelece com o Além-Túmulo, Allan Kardec diz a respeito da desencarnação:



Extinguindo-se as forças vitais, o Espírito se desprende do corpo no momento em que cessa a vida orgânica. Mas a separação não é brusca ou instantânea. Por vezes começa antes da cessação completa da vida; nem sempre é completada no instante da morte. Sabemos que entre o Espírito e o corpo existe um liame semi-material, que constitui o primeiro envoltório. Este liame não se quebra subitamente. E, enquanto subsiste, fica o Espírito num estado de perturbação comparável ao que acompanha o despertar.
Ao entrar no mundo dos Espíritos é acolhido pelos amigos que o vêm receber, como se voltasse de penosa viagem. Se a travessia foi feliz, isto é, se o tempo de exílio foi empregado de maneira proveitosa para si e o elevou na hierarquia do mundo dos Espíritos, eles o felicitam. Ali reencontra os conhecidos, mistura-se aos que o amam e com ele simpatizam, e então começa, para ele, verdadeiramente, a sua nova existência. (Revista Espírita, abril de 1959, no 4, de Allan Kardec)



Na erraticidade, o Espírito não adquire, imediatamente, o saber e a virtude; antes, conserva sua inteligência ou ignorância, idéias, concepções, ódios ou afeições. O que se abala com o desligamento do corpo é a memória, e a sua lucidez retornará segundo o nível moral do desencarnado e à medida que se apagam as impressões terrenas.
Se o Espírito errante tem bons propósitos, ele progride nos aspectos intelectual, moral e espiritual, podendo trazer-nos, mais tarde, as notícias das Colônias Espirituais onde estagiou, uma vez que, enquanto recebe tratamento no corpo perispiritual, o Espírito desencarnado se instrui.



Devido à diversidade de nossos caracteres, (aptidões, sentimentos, vícios, virtudes e hábitos) as condições de vida no Além são de uma diversidade infinita, daí as diferenças no conteúdo das mensagens. Existem, também, Espíritos tão evoluídos e depurados (Espíritos puros ou perfeitos) sobre os quais a Terra não mais exerce atração. Estes habitam as regiões menos densas e só reencarnam para cumprir missões especiais, como aconteceu com Jesus, Buda e Confúcio, além de outros grandes missionários.
Todavia, há Espíritos que não se incorporam a nenhum movimento nobre; vivem na Terra da Liberdade que é uma região, segundo informam os Espíritos, próxima à crosta terrestre, onde os desencarnados se entregam a mais completa indisciplina. Cada um faz o que quer e age de acordo com o livre-arbítrio, sem quaisquer restrições morais.
A tônica de suas vidas é a liberalidade. Muitas vezes, reencarnam sem passar por estágios nas Colônias de recuperação e sem analisarem as vidas anteriores. Nos Mundos Espirituais superiores, os Espíritos continuam a agir dentro do seu livre-arbítrio, porém de acordo com padrões morais elevados.



Segundo Allan Kardec, ao tratar dos Possessos de Morzine: Sendo a Terra um mundo inferior, isto é, pouco adiantado, resulta que a imensa maioria dos Espíritos que a povoam tanto no estado errante, quanto no de encarnados, deve compor-se de Espíritos imperfeitos, que fazem mais mal que bem. Daí a predominância do Mal na Terra.
 Ora, sendo a Terra, ao mesmo tempo, um mundo de expiação, é o contato do Mal que torna os homens infelizes, pois se todos os homens fossem bons, todos seriam felizes. É um estado ainda não alcançado por nosso globo; e é para tal estado que Deus quer conduzi-lo. Todas as tribulações aqui experimentadas pelos homens de bem, quer da parte dos homens quer da dos Espíritos, são consequências deste estado de inferioridade.
Poder-se-ia dizer que a Terra é a Botany-Bay (Bahia botânica) dos mundos: aí se encontram a selvageria primitiva e a civilização, a criminalidade e a expiação. (Revista espírita, de Allan Kardec, n2 12, dezembro de 1862).



Assim, o fundamental para nós é saber que a Terra nada mais é que um pálido reflexo do Mundo Espiritual e que ambos se encontram na mesma faixa vibratória. Allan Kardec, em mensagem transmitida, após a sua morte, na residência de Miss Anne Blackwell, em Paris, em 14 de setembro de 1869, confirma os ensinamentos que em vida recebeu dos Espíritos em palestras familiares:

Sou tão feliz como nem podeis pensar, meus bons amigos, por vos encontrar reunidos. Estou entre vós, numa atmosfera simpática e benevolente, que agrada ao mesmo tempo o meu espírito e o meu coração. Há muito tempo que eu desejava ardentemente o estabelecimento de relações regulares entre a escola francesa e a escola americana.


Os Espíritos conservam no Espaço suas simpatias e seus hábitos terrenos. Os Espíritos dos americanos mortos são ainda americanos, como os desencarnados que viveram na França são ainda franceses no Espaço. Daí as diferenças dos ensinos em alguns centros. Cada grupo de Espíritos, por sua própria natureza, por seu espírito nacional, apropria suas instruções ao caráter, ao gênio especial daqueles que o dirigem. (Revista Espírita, de Allan Kardec, na 6, junho de 1869).

Sendo assim, conclui-se que o processo da morte não é necessariamente doloroso, embora, muitas vezes, os que presenciem o desenlace de algum amigo ou parente observem a luta do moribundo para conservar o Espírito no corpo. Aos olhos físicos a impressão é de a pessoa estar sofrendo intensamente, mas essa se constitui, apenas, uma visão terrena, dos que ainda permanecem do lado de cá. A realidade é bem outra.
Lúcia Loureiro
A Casa do Espiritismo
Extraído de Harmonia Espiritual

sábado, 15 de agosto de 2015

Água: Líquido Divino


Em comemoração ao dia 22 de março, Dia Mundial da Água, decidi postar algumas informações à luz da Doutrina Espírita, sobre esse líquido divino que está presente em nossas vidas, sem que atentemos para os benefícios que possa nos ofertar. A influência da água sobre nossa vida é fundamental para nossa saúde espiritual.

Na bíblia, encontramos: “No princípio, criou Deus os céus e a terra. Ela estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. Tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, há muitas referências sobre a água, esse líquido que nasce no seio da mãe Terra. 

Nosso corpo é composto de duas partes de água e uma de elementos diversos. Portanto, a história do homem tem sempre o seu encontro com a água, desde o ventre materno, o líquido essencial para sobreviver, até a hora da preparação do alimento ou hora do banho. Desprezar a água é querer separar-se da vida.

A água assimila muitas substâncias e essências; recebe ao mesmo tempo o açúcar e o sal; impregna-se de todas as cores, sabores e cheiros. Seu principal fenômeno é o da dissolução. Mas, atentemos para o fato de que, a mesma água que sacia, afoga. Que amarga, alimenta. Será nociva nas mãos perversas, útil nas mãos generosas.

O espírito André Luiz, no livro Nosso Lar - capítulo No bosque das águas - informa que, "Na Terra quase ninguém cogita seriamente de conhecer a importância da água. A água é veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Empregada como alimento é remédio, como fluido criador, absorve em cada lar, as características mentais de seus moradores". 

Num lar desajustado, o pensamento desequilibrado de seus moradores poderá impregnar a água de fluidos doentios, o que poderá desajustar o campo celular dos que aí residem.

Quando beberdes a água, não vos esqueçais da parcela divina que vibra dentro dela em expressão de luz. Ela guarda no seu aconchego a força que restaura e harmoniza todo o mundo celular, desatando a energia em todos os campos do metabolismo e desobstruindo inumeráveis caminhos no mundo da carne para o desafogo orgânico dos restos imprestáveis para a forma física.

Ao beber, devemos mastigar o liquido, beber os goles sem pressa, deixando que as glândulas da boca selecionem os elementos e canalizem para os lugares indispensáveis à paz do corpo. Mentalize e sentireis o benefício.

No livro - Saúde, o espírito Miramez informa que, a água pura das correntezas de um rio, é festejada pela mansuetude do magnetismo do vento e que, nas grandes cidades, a água viaja por canos impenetráveis pelo ar, o que faz com que perca muito das suas expressões e ensina uma prática dos iogues que ajuda a restituir-lhe a qualidade: Utilizando dois copos, passemos a água de um copo para o outro, fazendo com que ela entre em contato direto com o ar e, então, teremos a água revitalizada.

Os espíritas, tem grande apreço pela água fluidificada que não é senão a água que recebe os eflúvios magnéticos dos planos espirituais através das nossas rogativas sinceras e fervorosas.

A água representa ainda o despertar interior para as coisas do alto, o enlace do homem com Deus, mediante um mergulho nas águas do Espírito.

O japones Masaru Emoto demonstrou cientificamente que a estrutura molecular da água se transforma de acordo com o meio ambiente e vibrações. Durante oito anos submeteu amostras de água a diferentes estímulos: musicais, palavras faladas, preces, fotos...




Bibliografia:
Saúde - João Nunes Maia - pelo espírito Miramez
Nosso Lar - Chico Xavier - pelo espírito André Luiz

Fonte: Dora Rodrigues para o Proparnaiba.com

Divaldo Franco fala sobre a reencarnação de Joanna de Angelis, de Emmanu...

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Reflexões do Papa Francisco sobre Família e Perdão



"Não existe família perfeita. Não temos pais perfeitos, não somos perfeitos, não nos casamos com uma pessoa perfeita nem temos filhos perfeitos. Temos queixas uns dos outros. Decepcionamos uns aos outros. Por isso, não há casamento saudável nem família saudável sem o exercício do perdão.

O perdão é vital para nossa saúde emocional e sobrevivência espiritual. Sem perdão a família se torna uma arena de conflitos e um reduto de mágoas.

Sem perdão a família adoece. O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração. Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus. A mágoa é um veneno que intoxica e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente.

É por isso que a família precisa ser lugar de vida e não de morte; território de cura e não de adoecimento; palco de perdão e não de culpa. O perdão traz alegria onde a mágoa produziu tristeza; cura, onde a mágoa causou doença."


Papa Francisco

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Autoconhecimento e Reforma Íntima


Autoconhecimento e reforma íntima
Por Victor Rebelo

É muito comum as pessoas falarem sobre a importância da reforma íntima, no movimento espírita. Esse conceito, inclusive, assume fundamental importância quando se fala em evolução espiritual. Outro ponto chave no Espiritismo é a caridade; sem ela, segundo a codificação, não há salvação. Além destes dois conceitos – reforma íntima e caridade – os espíritos que orientaram Allan Kardec em sua obra também ressaltaram a importância do autoconhecimento. Vejamos o que diz a questão 919 de O Livro dos Espíritos:

“Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”

Então, penso que temos três fatores que devem ser trabalhados em conjunto, por todo aquele que almeja a renovação espiritual: autoconhecimento, reforma íntima e caridade. Vamos, agora, analisar um pouco cada um destes aspectos. 

Autoconhecimento

Tudo começa por aqui. Não adianta você querer reformar algo que mal conhece. Antes de qualquer reforma, é fundamental conhecer aquilo que se deseja transformar. Isso não significa que precisemos ser sábios para iniciarmos a reforma íntima. Na verdade, penso que a sabedoria vem justamente com a mudança interior. Mas a nossa transformação, que ocorre gradativamente, precisa estar alicerçada em um trabalho de investigação interna. Precisamos aprender a olhar para nossa realidade íntima com sinceridade, com imparcialidade, mas também com acolhimento, com carinho, sem autojulgamento e autopunição desnecessários. Na verdade, é impossível você realmente amar o próximo se não ama e não aceita a si mesmo.

Então, precisamos estar constantemente nos autopercebendo, atentos ao que ocorre em nosso mundo interno. O que nos irrita, o que nos causa medo, nos atrai, nos magoa... e como reagimos às diversas situações que surgem na vida. Ou seja: autoconhecimento é a percepção e compreensão dos nossos pensamentos, emoções, sentimentos e ações físicas. É estarmos conscientes da nossa realidade, cada vez mais. 

Mudança interior

Conscientes daquilo que sentimos ser a fonte de sofrimento, precisamos mudar nossos hábitos para cessar o sofrimento. Quando digo hábitos, me refiro aos nossos processos psicoemocionais, e não apenas aos nosso comportamento. Somos viciados em emoção, presos a padrões de pensamentos repetitivos que atrapalham nosso amadurecimento espiritual. Então, é preciso boa vontade para mudar, abandonando de vez aquilo que nos faz sofrer. 

Caridade

É mais do que assistência social. No fundo, é estarmos de coração aberto, dispostos a acolher aqueles que vêm ao nosso encontro, no dia a dia. É o espírito de gratidão e a vontade de repartir, com todos, as bênçãos da paz que conquistamos. Isso acontece não porque queremos algo em troca, mas porque nossa “alma” pede. Caridade é ter fome de amar!

Autoconhecimento, reforma íntima e caridade. Esses são, na minha opinião, os três pontos chaves da evolução. Precisam ser trabalhados em conjunto, constantemente!
 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Reflexão



"Coloca a Vontade Divina acima de teus desejos,
e a Vontade Divina te aproveitará."


pelo Espírito Emmanuel
médium Francisco Cândido Xavier
do livro Fonte Viva

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Atendimento Fraterno



Quando alguém propõe-se a auxiliar o seu próximo, colocando-se à disposição para o atendimento fraterno, desenvolvem-se-lhe os sentimentos de elevação moral e espiritual, posibilitando-lhe a bênção da sintonia com o mundo transcendente superior.

Entidades nobres, encarregadas de contribuir em favor do progresso da sociedade acercam-se-lhe e passam a inspirá-lo e a protege-lo com mais assiduidade, a fim de que sempre se encontre em condições seguras para o mister.

Quando se aprende a ouvir com serenidade, especialmente as queixas e reclamações, os brados de desespero e os profundos silêncios da angústia, ou simplesmente permitir que haja uma catarse de quem sofre, interessado em socorrer bondosamente, nunca lhe faltam os valiosos recursos do auxílio dos Mentores, que vão além das palavras consoladoras e calmantes, como também través dos processos fluidoterápicos valiosos.

Os grandes problemas e desafios humanos encontram-se ínsitos na própria criatura, desestruturada para os enfrentamentos, no debate de inúmeros conflitos não resolvidos e procedentes do passado espiritual, que se transformam em terríveis algozes, acicatando o cerne da alma e aturdindo a mente, colocando fantasmas aparvalhantes onde existem somente frustraçõs e insegurança.

Quaisquer pequenas ocorrências desagradáveis são transformadas em tremendos sofrimentos que aumentam na razão direta em que a falta de equilíbrio e maturidade para resolvê-los, induz à autocompaixão, à revolta, à insanidade.

Todos os males que aturdem o ser humano procedem do seu íntimo e somente na sua raiz devem e podem ser solucionados. Por essa razão, cada Espírito é o somatório das suas experiências evolutivas através do curso das reencarnações.

A ignorância desse mecanismo sublime permite ao indivíduo manter-se em deplorável situação existencial, o que lhe proporciona a instalação de conflitos e tormentos desnecessários à evolução, mas que são o inevitável efeito dos comportamentos insanos.

A consciência exige a reparação de todo e qualquer atentado às Leis Cósmicas de harmonia, e, por essa razão, mantém, no perispírito, os arquivos de todas as ocorrências existenciais.

Oportunamente, tudo aquilo que lhe constitui culpa, leviandade, violência, extravagância na conduta, agressão à vida sob qualquer significativo, portanto, à capacidade de registros mais profundos e menos grosseiros, defluentes da animalidade por onde transitou no passado.

É comum, portanto, que as aflições emocionais prolongadas terminem em mecanismos de somatização, o que dá surgimento a enfermidades orgânicas muito complexas, ao mesmo tempo enseja contaminações de vírus, bactérias e outros microorganismos danosos à saúde.

Noutras vezes, e não em número inexpressivo, toda ocorrência de sofrimentos tem origem na presença e imantação fluídica de adversários espirituais do ontem, que não conseguiram superar os ressentimentos e optam pela infeliz cobrança, como se fossem transformados nos braços da divina justiça, iniciando as sutis ou abruptas obsessões de efeitos danosos e de complexidade terapêutica muito grande, por depender essencialmente do enfermo.

em quaisquer casos, no entanto, a compreensão do atendente fraterno torna-se essencial.

A não pressa em dialogar, os cuidados com as colocações propostas, o evitar sempre diagnósticos depressivos ou alarmantes informações sobre perseguições de ordem espiritual, que os necessitados ignoram, são essenciais, a fim não lhes produzir mais danos que benefícios.

A discrição do ouvinte, na condição de cooperador espiritual, torna-se relevante, sem expor a outrem, sem comentar as experiências dolorosas do seu próximo, enquanto mantém cuidados no diálogo esclarecedor à luz da meridiana sabedoria do Espiritismo. Jamais sugerir terapias fora daquelas recomendadas pela Doutrina Espírita, seja orientar a busca de profissionais na área da saúde, propor superstições em voga ou aquelas que são heranças do passado, assinalando o atendimento pela serenidade, compreensão e gentileza, ao tempo em que, tampouco, deve prolongar por muito tempo a conversação psicoterapêutica, para evitar criar dependências emocionais e afetivas com o cliente.

De bom alvitre manter-se o cuidado de não receber o msmo enfermo continuamente, desde que, após instrumentaliza-lo para os esforços pessoais que deve aplicar-se na busca da saúde, encaminhá-lo às das reuniões de explicações doutrinárias, assim como receber os auxílios fluídicos.

Cuidar de não prometer curas e soluções mirabolantes, porque cada caso é especial, sua estruturação no Espírito tem uma longa história de difícil compreensão num rápido lance, nem encorajar ilusões difíceis de serem tornadas realidade.

O atendimento fraterno não substitui o confessionário das antigas religiões nem deve permitir que o entrevistado revele segredos, de que se arrependerá, para que o ouvinte não se transforme num cofre de revelações dispensáveis para o mister.

Algumas pessoas têm falsa necessidade de narrar os dramas interiores, envolvendo os membros da família, especialmente os parceiros ou afetos, como responsáveis pelo que lhes ocorre, e isso acarreta problemas mais sérios, por causa da utilização intencional de usar os conselhos como arma contra aqueles que supõem serem os seus algozes.

Os dramas existenciais de heranças, de infidelidade conjugal, de rebeldia de amigos e familiares devem sempre ser ouvidos com silêncio, desviando o tema para as consolações que a Doutrina propõe, assim como para o estudo de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, a fim de o fazê-las entender as razões das ocorrências que assinalam.

Trata-se, portanto, o atendimento fraterno, de um valioso e grave compromisso que se constitui num importante desafio a que a pessoa se submete.

Nele encontra-se também a mensagem da caridade no aspecto delicado da assistência moral e espiritual, sempre dignificando aquele que chega atormentado e carente de afetividade, não se permitindo, porém, arrebatamentos e emoções que possam transformar-se em sentimentos de paixões subalternas ou de excessiva compaixão.

Quando o atendente está consciente dos fatores que respondem pelas provações, esclarecido pelo conhecimento da reencarnação em nome da Divina Justiça, não perde a serenidade diante dos mais escabrosos acontecimentos, não se choca com narrações exageradas ou graves, a fim de que a sua palavra e a sua emoção sob controle possam sustentar o combalido, ao invés de desviar-se do essencial para os comentários paralelos sem significado.

Nunca dizer de improviso que o problema é resultado de obsessões espirituais nem fazer narrações aterradoras, ou que se trata de mediunidade não cuidada, por falta da prática da caridade, já derrapando em julgamentos que não têm cabimento.

Fortalecer o ânimo do visitante com jovialidade e ternura, ao tempo em que lhe demonstre a necessidade de responsabilizar-se pelas ocorrências e conseguir superá-las com paciência, com mudança das paisagens mentais e com a consequente alteração do comportamento moral para melhor.

O atendimento fraterno objetiva diluir informações equivocadas que o paciente traz sobre o Espiritismo, retirar-lhe a ideia mágica ou sobrenatural, deter-se no problema central, sem desvios narrativos inecessarios, com demonstração de solidariedade, mas sem parecer que, a partir daquele momento, tudo se modificará ou pretender assumir o compromisso de passar a carregar-lhe a problemática.

Jesus, o exemplo máximo de atendimento fraternal aos infelizes, na Sua superioridade moral, evitava os diálogos longos e as interrogações secundárias, sendo direto no exame da questão, quando perguntava aos que O buscavam: - Que queres que eu te faça? Ou Tu crês que eu te posso curar?

E, de maneira incisiva, após operar a mudança no transtorno de qualquer natureza do enfermo, contemplava: - Vai e não tornes a pecar, a fim de que não te aconteça nada pior.

Impossibilitado de agir de igual maneira, o atendente espírita, deve sempre dispor-se a ajudar, favorecendo o visitante com as diretrizes para a autoajuda, para a sua renovação e saída do erro gerador do distúrbio que o aflige.

Orientar com sabedoria e bondade é uma difícil arte de amar.

O ser humano de hoje conduz interiormente todas as heranças do longínquo passado, por cujos territórios passou armazenando experiências nem sempre edificantes. A predominância das paixões primitivas remanescem fortes, dificultando-lhe o desenvolvimento moral que é mais lento e mais importante.

Por essa razão, os diálogos durante o breve contato entre paciente e atendente deve constituir-se de singulares cuidados, especialmente preservando a integridade moral de ambos os dialogadores.

Todos aqueles que chegam atormentados em busca de conforto moral, trazem, às vezes, inconscientemente, as respostas que gostariam de ouvir, especialmente os queixosos e reclamadores, os acusadores e os depressivos, sendo indispensável manter-se cuidado com as palavras a exteriorizar-lhes e sem nenhuma presunção de convencê-los, mas sim, responder às indagações que sejam feitas, ao tempo em que favorece com os caminhos a percorrer a partir daquele momento.

Jamais sugerir o abandono das terapêuticas médicas a que vêm sendo submetidos, não interferindo numa área que não lhe diz respeito, nem tem condições de pronunciar-se. Pelo contrário, vale o cuidado de interrogar-lhes se recebem assistência especializada e mesmo diante da reclamação de que a mesma não tem dado os resultados desejados, estimulá-los a prosseguir ou mesmo, se for o caso, procurar outro facultativo.

O Espiritismo não vem combater nenhuma ciência, especialmente a médica, antes contribui em favor de resultados mais amplos, por demonstrar que o Espírito é o ser do qual procedem todas as manifestações existenciais.

Essa união das duas doutrinas - a médica e a espírita - é de fundamental significado para o bem-estar da criatura humana e, por extensão, da sociedade.

Nas recomendações que se deve apresentar ao paciente, é necessário elucidar o valor dos passes, da água magnetizada ou fluidificada, da oração e do comportamento com o indispensável à sua recuperação.

Em circunstâncias mais embaraçosas, não perder a calma, não reagir da maneira como seja agredido, tendo em vista que o socorro não se pode converter em revide, porque o doente nem sempre tem noção exata de como se está conduzindo durante o atendimento.

São muitas as angústias que desnorteiam o ser humano e, em razão disso, os desequilíbrios emocionais tornam-se mais comuns e repetitivos, merecendo mais cuidado e entendimento fraternal, acalmando-o com vibrações de ternura e ondas de caridade, que constituem especial elemento de recuperação.

cuide-se o atendente fraterno de orar com unção, experenciar contínuas emoções de alegria pela alta honra de poder servir, mantendo-se em sintonia com o Divino Médico de todos, que se encarregará dos resultados finais.

Por fim, aplicar-se o sublime ensinamento: Fazer ao próximo como gostaria que o mesmo lhe fizesse.

Nisso reside o êxito do empreendimento de amor, resultando na caridade numa das suas mais sublimes manifestações.



por Manoel Philomeno de Miranda.

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã do dia 4 de novembro de 2013, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.)