Nas reuniões mediúnicas de desobsessão, causa perplexidade
o grande número de Espíritos que exercem vingança por prejuízos
sofridos em pretérita existência. Perseguem os responsáveis,
impondo-lhes variados problemas de saúde física e psíquica.
Parecem
ter perdido o contato com a realidade, dominados pelo desejo de revide,
sem atentar ao passar do tempo, contabilizando, não raro,dezenas de
anos e até séculos.
Localizam e assediam seus desafetos com a intenção de submetê-los a todo sorte de sofrimentos e desajustes.
E quem é mais digno de comiseração?
O obsidiado, pela inconsequência criminosa do passado, ou o obsessor, pela agressividade feroz do presente?
O obsidiado, que ofendeu, ou o obsessor, que não soube perdoar?
O obsidiado, que colhe espinhos que semeou, ou o obsessor, que dilacera nos propósitos de vingança?
É
difícil lidar com um Espírito nessa condição, fixado na ideia de que
seus desafetos, que tanto o fizeram sofrer, devem experimentar
sofrimentos mil vezes acentuados.
Inútil racionalizar,
dizendo-lhe que responderá por seus atos,que está sendo insensível, que
não está agindo de conformidade com as leis divinas.
É impermeável aos apelos da razão. Melhor evocar o coração.
Lidei há pouco com umasituação dessa natureza...
O
obsessor mostrava-se irredutível na perseguição que exercia sobre um
desafeto. Pretendia induzi-lo ao suicídio. O caso viera parar no
atendimento fraterno do Centro, por iniciativa de um familiar,
preocupado com estado de abatimento e desânimo do obsidiado.
E
ali estava o algoz, conversando conosco ao processo mediúnico.De nada
adiantou falar-lhe das consequências de seus atos, do crime que estava
cometendo, dos sofrimentos que estava impondo a toda uma família, em
nome do ódio.
Em certo momento, justificando-se, explicou:
- Aquele
de quem você se compadece é um criminoso sem perdão. Na existência
passada ele foi um coronel nordestino.Movido pela ambição, invadiu
minhas terras, matou-me, bem como a meus pais,irmãos, esposa e três
filhos, e apossou-se de todos os nossos haveres. Estive a vagar sem
sossego por muito tempo. Agora o localizei e farei justiça. Vou
induzi-lo ao suicídio e provocarei a desagregação de sua família.
-
A experiência ensinou-me que em situações assim o primeiro passo é
captar a simpatia do manifestante, concordando com seus
propostos,exercitando amor por ele.
Foi o que fiz...
- Sua revolta é justa. O crime que seu desafeto cometeu é imperdoável.
- Ainda bem que concorda comigo, porquanto não descansarei enquanto o miserável não pagar!
-
Desculpe, mas fico imaginando se valeu a pena ficar tanto tempo
dominado pelo ódio, a ponto de perder a própria noção do tempo. Pelo que
você relatou, aquela tragédia aconteceu há mais de um século.
- Ainda que se passem muitos séculos, não importa! Quero vingança!
Então amigo leitor, veio o apelo do coração...
- E a sua família?...
- O que tem minha família?
- Mantém contato com seus pais, irmãos, a esposa e filhos?
- Não, nunca mais os vi.
- Não acha estranho, já que desencarnaram juntos?
- Nada disso importa! Apenas a justiça!
- Não sente saudades?
- Não quero pensar nisso!
- Nunca procurou definir por que não os encontra?
- Certamente esqueceram-se de mim, seguiram seu caminho.
- E se eu lhe disser que mentores espirituais querem colocá-lo em contato com eles?
- Não acredito! Você quer enganar-me!
-
É verdade! Seus familiares têm procurado aproximar-se, mas você não os
vê, porquanto seus olhos estão obscurecidos pelo ódio. Agora, me
irmão,surgiu a grande chance. Aproveite! Esqueça o passado!
O obsessor sensibilizou-se...
- Você tem certeza de que os reencontrarei?
- Fique tranquilo.
- O que devo fazer?
-
Mentores espirituais conversarão com você e lhe prometo que em breve
reencontrará a família. Rendamos graças a Deus, cuja misericórdia nos
oferece infinitas oportunidades de reabilitação.
Em
seguida orei, naquela evocação que parte do imo d’alma, réstia de amor
quando nos sensibilizamos com as misérias alheias, rogando a Jesus
amparasse aquele nosso irmão no seu propósito de renunciar à vingança.
O médium chorava, extravasando a emoção da entidade.
Mais
uma vez o amor triunfava sobre o ódio. A partir daquele dia a situação
começou a mudar no lar do ex-obsidiado, livre da pressão do tenaz
perseguidor.
Sempre imagino, amigo leitor, como seria
maravilhoso se pudéssemos ter milhões de grupos mediúnicos, mundo afora,
em condições de ajudar Espíritos perturbados e perturbadores que
enxameiam e nosso mundo.
Teríamos prodigioso saneamento em nossa psicosfera, melhorando muito as condições de vida na Terra.
E
pensar que muitos dirigentes espíritas desavisados eliminam práticas
mediúnicas em suas casas! Negligenciam o aspecto sagrado do Espiritismo,
que o distingue de outras religiões! Perdem maravilhosa oportunidade de
colaborar com a Espiritualidade para uma despoluição espiritual do planeta.
Livro – AMOR, SEMPRE AMOR! – Richard Simonetti
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