Eternidade

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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

AMOR E RELIGIÃO



Ninguém vive sem uma crença. Quer seja em algo transcendente ou não, a criatura busca apoiar-se em algum ente que lhe pareça real.

A negação à existência de um ser superior ao humano que o justifique, não implica na ausência dele em seu psiquismo. Todo aquele que ama, e não há quem não se inclua nesta categoria, necessita de Deus em si, mesmo que o denomine com outro nome.

A religião é uma busca natural de todo ser humano. Adotar uma é um ato de amor a Deus.


Aquele que se dedica a uma religião com devoção e afinco, deve fazê-lo com verdadeiro amor. A vida religiosa é cheia de agruras, mas também de recompensas incomensuráveis.

Lidar com os objetivos de Deus é tarefa de amor a Ele e à Sua Obra. A religião é trabalho para quem a exerce do lado do labor de evangelizar o ser humano.

Seu exercício requer abnegação e amor em dobro. O esquecimento de si, mesmo na dedicação à tarefa religiosa, não necessita atingir a recusa ao convívio social. Dedicar-se a Deus não significa fugir do mundo.

Amor e religião não se chocam com o amor a outra pessoa. O ser humano, historicamente decidiu separar o que fosse carnal do que lhe parecesse divino. Não se separa o que tem a mesma procedência.

A religião é o encontro do ser humano com o conhecimento dos objetivos de Deus para com Sua Obra. Esse encontro, sob o signo do amor, proporciona o verdadeiro êxtase.

As religiões tem se distanciado do amor e da verdadeira comunhão com o Altíssimo, em função da ignorância em que se encontra o ser humano a respeito de seu papel na Vida. Dias virão em que estaremos praticando a verdadeira religião em espírito e verdade.

O amor às pessoas, indistintamente, requer desapegos e compreensão da vida. Os laços que nos prendem às pessoas, são os mesmos que nos fortalecem a alma. A diferença está na intensidade e prioridade com que os aplicamos.

Jesus, exemplo de amor e de compromisso com a verdade, mostrou, através de seus atos e palavras, o significado da religião, quando estabeleceu que deveríamos nos reconciliar com nosso adversário, antes de fazermos qualquer oferta a Deus.

Nenhuma tarefa pode ser maior que dedicar-se à evangelização da criatura em favor da própria humanidade. O amor a Deus é o amor ao crescimento e evolução da sociedade, a fim de que ela alcance a paz e a felicidade de todos, sem que ninguém se sinta excluído.

O amor à religião não admite sectarismos e exclusões. Ninguém pode ser discriminado pela opção religiosa. Assim procedendo, estaremos faltando com o amor pregado pela própria religião.

Religião é vida de dedicação, de amor e de caridade para com o próximo. A religião do amor é a que se dedica ao próximo sem preconceito de qualquer natureza.

Muitas vezes recorremos à religião para solução de conflitos de ordem sentimental. Em algumas situações agimos em proveito próprio, excluindo alguém que se interpõe em nosso caminho, pedindo a Deus ou a seus intermediários, para nos livrar de sua influencia. Estaremos, dessa forma, abdicando de vivenciar a tolerância e confiança no amor de Deus para conosco.

A religião, quando usada para benefício próprio, é instrumento de prisão e alienação. O amor ao próximo é o meio mais eficaz de alcançar a verdadeira prática religiosa.

As religiões tradicionais nos afastaram do contato com a simplicidade e da verdadeira adoração a Deus, insculpindo-nos culpas e medos. Nada há que não seja sagrado. Tudo na vida é obra de Deus. Seu amor está presente em toda Criação.

Não nos entreguemos ao medo e à separatividade da vida supostamente simples, em nome da religião. Amor e religião são compatíveis com a vida verdadeiramente simples que se realiza na convivência social.

Jesus deu-nos exemplo de sua religião quando estabeleceu que seus discípulos seriam reconhecidos por muito se amarem. 
Adenáuer Novaes
do livro Amor Sempre, de Adenáuer Novaes

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