“Por que sendo um só o Evangelho de Jesus, existem dele as mais variadas interpretações?”
O Evangelho é um só.
Apesar dos séculos que passaram sobre a palavra amorosa do divino Mestre, a sua lição atravessou
todas as idades para nos felicitar com o seu saber atualíssimo.
O grande código de amor do Cristianismo nada perdeu em seus valores, no que se refere à sua primitiva
pureza.
Mas, os homens, dentro dos labores inúteis da vaidade e, muitas vezes, inspirados pelos seus interesses
inferiores, quiseram, nos seus núcleos isolados, talhar o Livro Eterno a seu talante.
Em nome da Doutrina de amor do Crucificado, mataram-se uns aos outros.
Criaram institutos tirânicos como a Inquisição, que exterminou alguns milhões de seres humanos,
estabelecendo as discórdias de toda a natureza.
Em nome do Evangelho inventaram ainda as indústrias da cruz, traficaram com o altar, venderam e
deturparam as bênçãos divinas, levaram a miséria e a confusão a milhões de lares terrestres, aliando-se
os falsos pregoeiros da Boa-Nova com a política da incompreensão das leis divinas para a realização de
suas nefastas ambições de domínio.
Entretanto, o Evangelho é sempre o mesmo e somente na atualidade, com o esclarecimento de algumas
coletividades à luz da lição consoladora do Espiritismo, o velário se vem descerrando, e a palavra do
divino Mestre vem sendo interpretada na sua primitiva pureza.
E, se isso aconteceu e acontece ainda, nos tempos que correm, constituindo a causa de perturbação para
muitos espíritos, é que a verdade da Revelação divina é sempre como a gota d’água cristalina, descendo
dos espaços.
Caída no solo, a gota de orvalho mistura-se ao elemento que a recebeu, modificando-se ao infinito.
Se repousa nas terras pesadas e brutas, é um fragmento de lama; se, porém, caiu sobre um diamante,
nada perderá do seu brilho e da sua pureza de origem.
A revelação espiritual terá o mesmo destino. Será modificada na interpretação pessoal de cada um,
apresentando-se nos aspectos mais diversificados, apesar da sua unidade substancial.
É conhecendo esse fenômeno trivial que apelamos sempre para que sejais o brilhante espiritual em
consciência e em coração.
Com a santidade de intenções, com o propósito da prática do bem e com o discernimento necessário,
sabereis guardar as preciosidades da Revelação celeste.
Dentro, assim, do conhecimento superior que vos felicita o coração, que saibais arquivar sempre a luz
de toda a caridade e de todo o amor.
.Emmanuel
(Pedro Leopoldo (MG), 16 de julho de 1937)
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