Eternidade

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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Vida Plena - Da solidão à solitude

A criança e o ensino religioso


Responsabilidade das escolas?

Na década de 1940 havia nas escolas públicas do Ensino Fundamental um horário semanal destinado ao ensino religioso. Lembramo-nos, perfeitamente, dessa obrigatoriedade porque, como em nossa matrícula escolar constava a observação “espírita”, éramos levados para uma sala onde ficavam os alunos não católicos. Estes últimos constituíam, sem dúvida, a grande maioria e eram os únicos que recebiam, de fato, o ensino religioso, quase sempre ministrado por sacerdotes.

Recordamos que, em uma dessas oportunidades nas quais eram separados os alunos pertencentes a outras religiões (conforme declaração dos seus responsáveis), o diretor da escola identificou-nos como “espírita” e fez-nos o seguinte desafio: “Se você é espírita, faça com que nos apareça um Espírito”. O nosso acanhamento diante da suposta autoridade foi acompanhado pelas risadas dos presentes.

Decorrido mais de meio século, esse acontecimento não se repetiria, pois em nosso país desenvolveu-se grande respeito aos sentimentos e à compreensão religiosa de todos os cidadãos, ao lado de inequívoco avanço na divulgação da Doutrina Espírita. Nem mesmo nas escolas ditas religiosas haveria hoje ambiente favorável a semelhante e desrespeitosa atitude.

Permanece, entretanto, uma pergunta: deve o ensino religioso ser ministrado obrigatoriamente nas escolas?  Orientam-nos os Mentores Espirituais que a resposta deve ser negativa. A moral religiosa é, primordialmente, de responsabilidade dos pais, sejam biológicos ou adotivos. Eis o que lemos em O Livro dos Espíritos, na questão 383: Qual é, para o Espírito [encarnado], a utilidade de passar pelo estado de infância?1

Resposta:
Encarnando com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, e que podem auxiliar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de educá-lo.1

Referindo-se ainda à infância, continuam os Espíritos Superiores na resposta à questão 385, da obra citada, pois nessa fase:

[…] É quando se pode reformar o seu caráter e reprimir seus maus pendores. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão que responder.1

Caberia aqui outra pergunta: o que dizer das aulas ministradas nas casas espíritas, identificadas como evangelização da criança? A resposta é simples: o trabalho de evangelização à luz do entendimento trazido pela Doutrina Espírita constitui importante contribuição complementar para a educação infantil, além de proporcionar orientação aos pais.

Lembra-nos a educadora espírita Martha Rios Guimarães, em artigo publicado pela Revista Internacional de Espiritismo:

O maior patrimônio que os pais podem oferecer aos seusfilhos é uma mensagem que esclareça, oriente e equilibre. Essa mensagem, ao contrário dos bens materiais que oferecemos, não é perecível, e passará a fazer parte da bagagem imortal do Espírito. Alguns pais espíritas alegam que seus filhos devem utilizar o “livre-arbítrio” para escolher [ou não] a religião ou doutrina que seguirão em suas vidas. Esquecem-se, porém, que estão oferecendo liberdade de escolha a quem ainda não está preparado para escolher.[1]

Como consequência da imortalidade e da reencarnação escreve-nos, em Reformador, o esclarecido articulista Ricardo Di Bernardi:

A criança, que recebemos em nosso lar, não é um bloco em branco onde podemos escrever qualquer mensagem ou ditar qualquer conteúdo; ao contrário, é um livro com inúmeros capítulos já escritos por ela mesma, vindo agora solicitar auxílio para que dê continuidade à história de sua vida […].[1]

São incontáveis as mensagens que nos chegam do Mundo dos Espíritos alertando-nos para a responsabilidade que nos cabe na educação da criança, que deve ser alicerçada na realidade espiritual da vida. É urgente a necessidade de empregarmos todo o esforço possível nas tarefas de aceleração da transição planetária para um mundo de regeneração. Esta realidade está sendo demonstrada pela encarnação, cada vez mais numerosa, de Espíritos amadurecidos no exercício da fraternidade.
Entre as mensagens a que nos referimos, destacamos o texto de Emmanuel trazido pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier:

– A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar poderá edificar o homem.[1]


REFERÊNCIAS:
1 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014.
2 GUIMARÃES, Martha Rios. Educação espírita começa no lar. Revista Internacional de Espiritismo, p. 222, maio 2016.
3 DI BERNARDI, Ricardo. Educação infantil, sexualidade e espiritualidade. Reformador, ano 134, n. 2.242, p. 47(45)-48(46), jan. 2016.
4 XAVIER, Francisco C. O consolador.Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2016. Q. 110.


Fonte: Revista Reformador, setembro/2016

sábado, 24 de setembro de 2016

Vida Feliz



Mantém o teu controle emocional em todas as situações.

Sistema nervoso alterado, vida em desalinho.
Se dificuldades ameaçarem o teu equilíbrio, utiliza-te da oração.

A prece é medicamento eficaz para todas as doenças da alma.
 

Joanna de Ângelis - Divaldo Franco - Vida Feliz

sábado, 17 de setembro de 2016

As Cerejeiras



Você já contemplou a beleza de uma cerejeira em flor?

Caso não, apresse-se. Aproveite cada instante, pois ela não durará muito tempo.

Os samurais, grandes guerreiros japoneses, eram profundos admiradores dessa flor. Elas representavam a efemeridade da existência humana, que estava relacionada com o lema desses combatentes impávidos: viver o presente sem medo.

Cada florada da Sakura, como é chamada a árvore no Japão, é bastante curta, e extremamente exuberante, assim como cada existência nossa aqui na Terra.

Temos chance de fazer muito, de realizar, de construir, de semear e, ainda, de chegar ao final da vida mais frondosos do que chegamos.

A cerejeira floresce sem medo, aproveita a beleza enquanto ela existe. Não se arrepende de todo caminho que a levou até o dia da florada. Não se lamenta de ter que viver tão pouco tempo repleta de cores.

Assim deveríamos ser.

Nosso tempo é o agora. Passado e futuro são tempos em suspenso. Tempos para refletir, analisar, mas não para se viver.

Os rancorosos e melancólicos vivem presos ao passado, por isso não têm vida. Os ansiosos vivem trancafiados no futuro. Da mesma forma não vivem.

O tempo do agora é nosso maior tesouro, pois é o tempo das flores, de aproveitar sua formosidade e aprender com o hoje.

Não falamos de uma vida sem objetivos e projetos, nem de um caminhar que não tenha aprendido com os passos dados, mas de um andar mais leve e corajoso, que sabe que pode errar, que pode mudar de opinião, e que entende isso nos outros também.

Viver o presente sem medo é desafiar-nos constantemente. Sair de nossa zona de conforto, pois dentro dela quase nada acontece.

Haverá um certo incômodo no começo, mas os resultados finais são inimagináveis. Iremos encontrar flores e mais flores em galhos que nem imaginávamos existir.

Isso porque ousamos, mergulhamos, saímos do comum, atrevemo-nos a abrir a mente, a pensar diferente.

Viver o presente sem medo é respeitar o corpo e respeitar a mente. Que tipo de alimento estamos dando a um e a outro? Não somos apenas corpo. Não somos apenas mente.

Viver o presente sem medo é querer ser melhor, porém melhor que si mesmo. Competir com nossos trinta anos, se temos quarenta. Competir com nossos cinquenta, se chegamos aos sessenta.

Melhor coração, melhor amigo, melhor pai, melhor filho, melhor cidadão.

Os samurais davam a vida por sua causa, sem temor algum. Para eles o importante não era apenas viver, mas viver com honra, defendendo o que acreditavam, mesmo que fosse por curto período de tempo.

Dessa forma seriam exuberantes como a cerejeira.

Nossas espadas hoje são outras, nossas causas são distintas, mas a coragem na alma, a impavidez perante as lutas do dia a dia devem ser as mesmas.

*   *   *

Quando Sócrates, encarcerado, aguardando sua morte, ouviu de seus amigos o plano de fuga que haviam elaborado para que pudessem lhe preservar o que havia de mais importante: sua vida, respondeu serenamente:

O importante não é viver. O importante é bem viver.

E recusou a maneira escusa de escapar, respeitando, com tranquilidade e virtude, a pena que lhe havia sido imputada. Florido como uma Sakura desperta.

Redação do Momento Espírita.
Em 9.9.2016.


domingo, 4 de setembro de 2016

Benefícios da Prece



Há no universo, segundo a Doutrina Espírita, dois princípios: o princípio material e o princípio inteligente.

O princípio material é aquele responsável por formar a matéria e toda a sua variação, a partir de uma única partícula elementar, que origina todas as outras conhecidas ou não pelos seres humanos. A nossa ciência ainda não a descobriu...

Já o princípio inteligente é aquele que me faz escrever esse texto agora. É o pensamento! A inteligência desenvolve-se ao longo do tempo, e é um dos atributos do que chamamos Espírito.

Além desses dois princípios, há um terceiro que é o intermediário dos outros dois. Chama-se fluido cósmico universal e é considerado semi-material.

A Doutrina Espírita informa que o Espírito (princípio inteligente) evolui ao longo das eras, e que, criado simples e ignorante, modifica-se após longas incursões na matéria (princípio material). 

Para que isso se dê, o fluido cósmico tem que operar... Em cada mundo ele se apresenta diferente. É ele quem "liga o Espírito à matéria". Ele também é responsável por formar biologicamente o que chamamos de perispírito.

Esse fluido é um grande oceano invisível aos nossos olhos humanos, mas imprescindível à nossa sobrevivência e é nele que nossas preces "caminham".

A comunicação entre os espíritos se dá pelo pensamento e vibração. Sempre que penso coisas boas sobre eu mesmo, sobre o mundo e sobre as pessoas, crio uma atmosfera que me envolve e vibra harmonicamente, trazendo paz. O contrário também existe... É dessa maneira que a prece funciona.

Quando elevamos o pensamento e buscamos harmonia pela prece, amigos espirituais vêm em nossa assistência, tentando, de alguma maneira, contribuir para o nosso equilíbrio. Esse hábito deve ser permanente e diário, devido ao fato de termos inúmeras dificuldades cotidianas nos processos de evolução individual e coletiva que estamos submetidos.

A prece nos liga ao que há de melhor em cada um de nós e nos traz inspiração sobre as demandas das nossas vidas. Apesar de a ação caridosa nos aproximar mais fortemente do amor divino, a prece nos faz senti-Lo mais intimamente, despertando O Divino em nós.

Mas a prece não pode ser feita sem emoção, sem humildade e sem compaixão. Deve ser uma conversa franca e amigável, como um filho que conversa com o pai, sobre seus dramas, mas também o agradece pelo aporte que recebe.

Quando as preces são direcionadas aos desencarnados à quem temos afeição, buscando lembrar-lhes que ainda os estimamos e desejamos paz na nova situação que vivenciam, recebem-na como fluido benéfico como um bálsamo para a saudade que sentem. O contrário também existe... Há, na música popular brasileira, uma canção, feita pelo querido Luiz Gonzaga, que denota bem isso:

" Se a gente lembra só por lembrar, do amor que a gente um dia perdeu. Saudades assim é bom pro cabra se convencer que é feliz sem saber, pois não sofreu.
Porém, se a gente vive a sonhar com alguém que se deseja rever. Saudades assim é ruim, eu digo isso por mim, que vivo louco a sofrer."

Portanto, busquemos a oração! Façamos dela nossa companheira diária nas lutas humanas. Lembremos que esse recurso é essencial para nossa saúde mental, emocional e espiritual. E não nos esqueçamos de orar pelos que amamos, mas também pelos que não gostam de nós.

E você, já orou hoje?

Lucas.
Fonte: CACEF - Casa de Caridade, Esperança e Fé

sábado, 3 de setembro de 2016

Espiritismo na Arte



Resposta: Essa atuação pode verificar-se no que se refere às possibilidades e às tendências, mas, no capítulo da composição, os grandes músicos da Terra, com méritos universais, não obedecem a lembranças do pretérito, e sim a gloriosos impulsos das forças do Infinito, porquanto a música na Terra é, por excelência, a arte divina.

As óperas imortais não nasceram do lodo terrestre, mas da profunda harmonia do Universo, cujos cânticos sublimes foram captados parcialmente pelos compositores do mundo, em momentos de santificada inspiração.

Apenas desse modo podereis compreender a sagrada influência que a música nobre opera nas almas, arrebatando-as, em quaisquer ocasiões, às idéias indecisas da Terra, para as vibrações do íntimo com o Infinito.

O consolador - Emmanuel

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Yasmin Madeira - Seminário Autoconhecimento - Parte 1

Sintomas da Mediunidade


A mediunidade é faculdade inerente a todos os seres humanos, que um dia se apresentará ostensiva mais do que ocorre no presente momento histórico.

À medida que se aprimoram os sentidos sensoriais, favorecendo com mais amplo cabedal de apreensão do mundo objetivo, amplia-se a embrionária percepção extrafísica, ensejando o surgimento natural da mediunidade.



Não poucas vezes, é detectada por características especiais que podem ser confundidas com síndromes de algumas psicopatologias que, no passado, eram utilizadas para combater a sua existência.


Não obstante, graças aos notáveis esforços e estudos de Allan Kardec, bem como de uma plêiade de investigadores dos fenômenos paranormais, a mediunidade vem podendo ser observada e perfeitamente aceita com respeito, face aos abençoados contributos que faculta ao pensamento e ao comportamento moral, social e espiritual das criaturas.


Sutis ou vigorosos, alguns desses sintomas permanecem em determinadas ocasiões gerando mal-estar e dissabor, inquietação e transtorno depressivo, enquanto que, em outros momentos, surgem em forma de exaltação da personalidade, sensações desagradáveis no organismo, ou antipatias injustificáveis, animosidades mal disfarçadas, decorrência da assistência espiritual de que se é objeto.


Muitas enfermidades de diagnose difícil, pela variedade da sintomatologia, têm suas raízes em distúrbios da mediunidade de prova, isto é, aquela que se manifesta com a finalidade de convidar o Espírito a resgates aflitivos de comportamentos perversos ou doentios mantidos em existências passadas. Por exemplo, na área física: dores no corpo, sem causa orgânica; cefalalgia periódica, sem razão biológica; problemas do sono - insônia, pesadelos, pavores noturnos com sudorese -; taquicardias, sem motivo justo; colapso periférico sem nenhuma disfunção circulatória, constituindo todos eles ou apenas alguns, perturbações defluentes de mediunidade em surgimento e com sintonia desequilibrada. No comportamento psicológico, ainda apresentam-se: ansiedade, fobias variadas, perturbações emocionais, inquietação íntima, pessimismo, desconfianças generalizadas, sensações de presenças imateriais - sombras e vultos, vozes e toques - que surgem inesperadamente, tanto quanto desaparecem sem qualquer medicação, representando distúrbios mediúnicos inconscientes, que decorrem da captação de ondas mentais e vibrações que sincronizam com o perispírito do enfermo, procedentes de Entidades sofredoras ou vingadoras, atraídas pela necessidade de refazimento dos conflitos em que ambos - encarnado e desencarnado - se viram envolvidos.


Esses sintomas, geralmente pertencentes ao capítulo das obsessões simples, revelam presença de  faculdade mediúnica em desdobramento, requerendo os cuidados pertinentes à sua educação e prática.


Nem todos os indivíduos, no entanto, que se apresentam com sintomas de tal porte, necessitam de exercer a faculdade de que são portadores. Após a conveniente terapia que é ensejada pelo estudo do Espiritismo e pela transformação moral do paciente, que se fazem indispensáveis ao equilíbrio pessoal, recuperam a harmonia física, emocional e psíquica, prosseguindo, no entanto, com outra visão da vida e diferente comportamento, para que não lhe aconteça nada pior, conforme elucidava Jesus após o atendimento e a recuperação daqueles que O buscavam e tinham o quadro de sofrimentos revertido.


Grande número, porém, de portadores de mediunidade, tem compromisso com a tarefa específica, que lhe exige conhecimento, exercício, abnegação, sentimento de amor e caridade, a fim de atrair os Espíritos Nobres, que se encarregarão de auxiliar a cada um na desincumbência do mister iluminativo.


Trabalhadores da última hora, novos profetas, transformando-se nos modernos obreiros do Senhor, estão comprometidos com o programa espiritual da modificação pessoal, assim como da sociedade, com vistas à Era do Espírito imortal que já se encontra com os seus alicerces fincados na consciência terrestre.


Quando, porém, os distúrbios permanecerem durante o tratamento espiritual, convém que seja levada em conta a psicoterapia consciente, através de especialistas próprios, com o fim de auxiliar o paciente-médium  a realizar o autodescobrimento, liberando-se de conflitos e complexos perturbadores, que são decorrentes das experiências infelizes de ontem como de hoje.


O esforço pelo aprimoramento interior aliado à prática do bem, abre os espaços mentais à renovação psíquica, que se enriquece de valores otimistas e positivos que se encontram no bojo do Espiritismo, favorecendo a criatura humana com alegria de viver e de servir, ao tempo que a mesma adquire segurança pessoal e confiança irrestrita em Deus, avançando sem qualquer impedimento no rumo da própria harmonia.


Naturalmente, enquanto se está encarnado, o processo de crescimento espiritual ocorre por meio dos fatores que constituem a argamassa celular, sempre passível de enfermidades, de desconsertos, de problemas que fazem parte da psicosfera terrestre, face à condição evolutiva de cada qual.


A mediunidade, porém, exercida nobremente se torna uma bandeira cristã e humanitária, conduzindo mentes e corações ao porto de segurança e de paz.


A mediunidade, portanto, não é um transtorno do organismo. O seu desconhecimento, a falta de atendimento aos seus impositivos, geram distúrbios que podem ser evitados ou, quando se apresentam, receberem a conveniente orientação para que sejam corrigidos.


Tratando-se de uma faculdade que permite o intercâmbio entre os dois mundos - o físico e o espiritual - proporciona a captação de energias cujo teor vibratório corresponde à qualidade moral daqueles que as emitem, assim como daqueloutros que as captam e as transformam em mensagens significativas.


Nesse capítulo, não poucas enfermidades se originam desse intercâmbio, quando procedem as vibrações de Entidades doentias ou perversas, que perturbam o sistema nervoso dos médiuns incipientes, produzindo distúrbios no sistema glandular e até mesmo afetando o imunológico, facultando campo para a instalação de bactérias e vírus destrutivos.


A correta educação das forças mediúnicas proporciona equilíbrio emocional e fisiológico, ensejando saúde integral ao seu portador.


É óbvio que não impedirá a manifestação dos fenômenos decorrentes da Lei de Causa e Efeito, de que necessita o Espírito no seu processo evolutivo, mas facultará a tranqüila condução dos mesmos sem danos para a existência, que prosseguirá em clima de harmonia e saudável, embora os acontecimentos impostos pela necessidade da evolução pessoal.


Cuidadosamente atendida, a mediunidade proporciona bem-estar físico e emocional, contribuindo para maior captação de energias revigorantes, que alçam a mente a regiões felizes e nobres, de onde se podem haurir conhecimentos e sentimentos inabituais, que aformoseiam o Espírito e o enriquecem de beleza e de paz.


Superados, portanto, os sintomas de apresentação da mediunidade, surgem as responsabilidades diante dos novos deveres que irão constituir o clima psíquico ditoso do indivíduo que, compreendendo a magnitude da ocorrência, crescerá interiormente no rumo do Bem e de Deus.


Texto de autoria de Manoel Philomeno de Miranda

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Os dez mandamentos e o fenômeno da Pneumatografia


Há mais de 3500 anos, Moisés recebeu no Monte Sinai os dez mandamentos.

O Monte Sinai é uma região considerada sagrada pelo Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, localizada ao Sul da península do Sinai, no Egito. É também conhecido como Monte Horeb ou Jebel Musa, que, em árabe, significa “Monte de Moisés”.

Embora exista vasta literatura sobre o decálogo, a forma pela qual se deu o processo de recepção dos ensinos, considerados de origem divina, é desconhecida ou raramente comentada. Poucos estudiosos trataram do assunto especificamente.

Pelos registros bíblicos, em Deuteronômio (5:6-21), após conduzir os israelitas que haviam sido escravizados no Egito, atravessar o Mar Vermelho e se dirigir ao Monte Horeb, na Península do Sinai, ali, no sopé do Monte, as Tábuas da Lei teriam sido escritas diretamente por Deus e entregues a Moisés. Como as duas tábuas originais foram quebradas, – em reação colérica do legislador hebreu diante da observação de que o povo havia construído um Bezerro de Ouro e o adorava – Deus reescreveu outro conjunto de leis, conforme registrado em Êxodo (34:1).

Curiosamente, o decálogo em sua língua original, o hebraico, é constituído de 613 letras, o mesmo número que integra a Torá, o conjunto dos demais ensinos recebidos e registrados por Moisés em pergaminho.

*

Qual seria a explicação espírita sobre a inscrição do decálogo nas duas tábuas de pedra?

A Bíblia é um conjunto de livros que constitui o Velho e o Novo Testamento, repletos de fenômenos mediúnicos. Partamos do princípio de que Moisés era médium. Um intermediário entre a Vontade Divina e a liderança daquele povo de Israel, ainda de costumes rudimentares e, às vezes, até bárbaros. O profeta da primeira revelação no Ocidente estava só, no monte, sem a companhia de seus seguidores ou de qualquer outra pessoa. Um “fogo”, resultado de fenômeno mediúnico de efeitos físicos, separava Moisés do povo que teve medo de atravessar as labaredas. Sabemos que, espiritualmente, ele não se encontrava sozinho, pois certamente recebia a influência direta dos planos superiores da vida naquele momento ímpar de concentração individual, que resultaria em algo absolutamente definitivo e transformador para a história religiosa das civilizações ocidentais: a revelação de um Deus único, em oposição à crença pagã comum no politeísmo.

Uma possível interpretação espírita do ocorrido conduziria ao entendimento de que o médium Moisés recebeu pela escrita direta, em tábuas de pedra, o decálogo, um conjunto de dez ensinos sobre o comportamento do ser humano em relação a Deus e a seu próximo.

A pneumatografia (do grego pneuma – sopro ou espírito + graphein – escrever) é termo criado pelo Codificador do Espiritismo para denominar o tipo de fenômeno mediúnico em que um espírito se comunica por via escrita sem o auxílio de um médium escrevente ou psicógrafo. É, também, conhecida por escrita direta.

O fenômeno está classificado pelos Espíritos, em O livro dos médiuns, como mediunidade de efeitos físicos, mesmo contra a opinião de Allan Kardec que o preferiria na classe dos fenômenos de efeitos inteligentes. A explicação é a seguinte:

Os efeitos inteligentes são aqueles para cuja produção o Espírito se serve dos materiais existentes no cérebro do médium, o que não se dá na escrita direta. A ação do médium é aqui toda material, ao passo que no médium escrevente, ainda que completamente mecânico, o cérebro desempenha sempre um papel ativo.

Na pneumatografia, dispensa-se o uso do lápis, como adotado na psicografia, ou do teclado, como mais recentemente empregado na “psicodigitação”.  Então, o Espírito escreveria diretamente, sem intermediário, dispensando a “mão” de um médium.

Todavia, não se prescinde da figura do médium, indispensável para a realização de qualquer fenômeno mediúnico, seja de efeitos inteligentes ou físicos. Nestes últimos, o médium doa o ectoplasma, o fluido animalizado, para que o Espírito possa atuar na realidade material.

É o próprio Kardec quem explica na Revista Espírita como o fenômeno se dá:

Para escrever dessa maneira, o Espírito não se serve das nossas substâncias, nem dos nossos instrumentos. Ele próprio fabrica a matéria e os instrumentos de que há mister, tirando, para isso, os materiais preciosos, do elemento primitivo universal que, pela ação da sua vontade, sofre as modificações necessárias à produção do efeito desejado. Possível lhe é, portanto, fabricar tanto o lápis vermelho, a tinta de imprimir, a tinta comum, como o lápis preto, ou, até, caracteres tipográficos bastante resistentes para darem relevo à escrita.

A principal razão para a ocorrência do fenômeno é a comprovação da intervenção de um poder oculto, uma inteligência externa que se manifesta e transmite sua vontade.

*

Nada mais adequado para registrar, há cerca de 3,5 milênios, o início da história religiosa monoteísta do que o acontecimento marcante da inscrição direta em tábuas de pedras das leis fundamentais, que continuam até hoje a reger as relações dos homens entre si e com Deus.

Um fenômeno natural, raro certamente, mas especial em sua essência, que contou com a presença dos Espíritos Superiores, segundo a Vontade do Criador e a supervisão do Governador Espiritual da Terra, Jesus.

Ali, naquele momento crucial para a trajetória evolutiva da Humanidade, já se assinalavam os primeiros passos, prenunciando os novos tempos que haveriam de vir, atualmente confirmados pelas luzes do Consolador Prometido.

Referências:
BÍBLIA online.com.br. Disponível em: <http://www.bibliaonline.com.br/acf/dt/5>. Acesso em: 22 ago. 2016.
DEZ mandamentos. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Dez_Mandamentos>. Acesso em: 21 ago. 2016.
KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 81. ed., 5. imp. Brasília: FEB, 2016. it. 189.
______. Pneumatografia ou escrita direta. Revista Espírita, v. 2, n. 8, ago. 1859. Tradução de Evandro Noleto. 3. ed., 2. imp. Brasília: FEB, 2009.


Fonte: FEB, autor Geraldo Campetti Sobrinho.