Pousa
a tua mão sobre
o doente e acalma a dor,
afirmando que a dor
desaparece.
A
frase, encontrada em velho papiro egípcio, demonstra que, desde muito, o homem
conhecia o poder da imposição das mãos, ou seja, a transmissão de fluidos, a
fim de beneficiar a outrem, conferindo-lhe saúde física.
Os
seguidores do Cristo, conforme Seu exemplo, impunham suas mãos sobre os doentes
para os curar. O Apóstolo Pedro, conforme descrição de Atos 3:1-11 cura o coxo
que mendigava à porta do templo, pelo olhar e a vontade: Não tenho ouro, nem
prata, mas o que tenho te dou. Em nome de Jesus Nazareno, levanta-te e anda.
Barnabé
e Paulo de Tarso realizavam curas através da imposição de mãos.
A
Doutrina Espírita, ao estabelecer o estudo a respeito dos fluidos, neutros em
sua origem, e a possibilidade de se transmitir o fluido vital a outrem (O Livro
dos Espíritos, comentário à resposta da questão 70), oferta a grande
oportunidade de todos nos tornarmos servidores do Bem, no processo de amenizar
dores e proporcionar curas.
A
atividade do passe, portanto, talvez seja, dentre tantas outras, nas Casas
Espíritas, a mais exercida, desde que é ofertada nas reuniões públicas de
palestras, nas reuniões da Juventude Espírita, na Evangelização Espírita
Infantil, nos grupos de estudo, nas reuniões mediúnicas etc.
Os
que a exercem, por vezes, na continuidade dos meses e dos anos, passam a
executá-la de forma quase mecânica, olvidando alguns cuidados preciosos para o
pleno êxito dos objetivos da tarefa.
Em
verdade, a faculdade de curar pela imposição das mãos deriva de uma força
excepcional de expansão fluídica, mas diversas causas concorrem para
alimentá-la, entre as quais são de colocar-se, na primeira linha: a pureza dos
sentimentos, a saúde física, consequência da conduta moral equilibrada, o
desinteresse, a benevolência, o desejo ardente de proporcionar alívio e
disciplinas espartanas em relação a alcoólicos, fumo e outras drogas,
automedicação, comportamento sexual, entre outros.
Jesus
asseverou: Bem-aventurados os que têm puro o coração, porque serão chamados
filhos de Deus. Naturalmente que todos, por termos emanado da mesma fonte
criadora, somos filhos de Deus. Contudo, a advertência crística se refere a uma
especial filiação: a dos que, laborando as deficiências de caráter, se
alcandoram a degraus superiores, destoando do comum das criaturas.
São
os que não utilizam a sua boca para disseminar a calúnia, a malquerença, a
maledicência, o desamor. Ao contrário, encontram palavras precisas para lembrar
do que é positivo, altruísta e engrandecedor.
Pessoas
assim transmitem uma aura de paz, cuja simples presença tem o condão de
beneficiar a quem se lhes aproxime.
Todo
trabalhador cuida muito bem de suas ferramentas. Dessa forma, o aplicador do
passe terá redobrados cuidados com a própria saúde física, atendendo aos
preceitos da boa alimentação, sem exageros de qualquer ordem, com atenção ao
repouso devido à máquina orgânica, com visitas periódicas a médico e atenção às
suas prescrições de exames e medicamentos.
O
fluido vital, aprendemos, mantém-se, durante a vida física, graças ao trabalho
dos órgãos e encontra seu abastecimento pela respiração, alimentação, exercícios
físicos e espirituais.
No
passe, associa-se aos fluidos espirituais, a fim de beneficiar o interessado,
eis porque a sua qualidade deve ser a melhor.
Ao
trabalhador do passe, cabe, pois, preservar-se do uso de alcoólicos, por
exemplo. Defendem alguns, a sua utilização, e se servem de textos bíblicos,
tentando justificar a sua própria vontade de não abandonar algo que lhe apraz.
Com certeza, encontramos referências ao vinho, em textos do Antigo e do Novo
Testamento. Entretanto, algumas observações detalhadas se fazem necessárias.
Em
hebraico, Tirosch ou Mosto, traduzido, quer dizer vinho, mas não bebida
fermentada. Isaías, 65:8 faz referência ao mosto ainda dentro do cacho da vida.
Provérbios, 3:10 reporta-se ao mosto, como o suco doce recém colhido –
transbordarão de mosto os teus lagares.
A
palavra hebraica para descrever bebida forte, ou seja, o vinho fermentado, é
Shekar. E lemos em I, Samuel 1:15, as palavras de Ana, grávida: Nem vinho e nem
bebida forte tenho bebido. Segundo o Levítico, 10:9, a bebida forte era
incompatível com o serviço a Deus, pois os encarregados de atividades no
Santuário não podiam beber.
Dessa
mesma forma, deve se entender que, no episódio das Bodas de Caná, Jesus
transformou a água em Tirosch, o puro suco da uva, o vinho de melhor qualidade.
Nem se poderia esperar do Ser puro algo diverso.
Lucas,
1:15 escreve que o anjo do Senhor disse ao sacerdote Zacarias que João [o
Batista] seria grande diante do Senhor,e
não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o
ventre de sua mãe. A total abstinência é a posição a ser assumida por aqueles
que estão trabalhando pela implantação do Reino de Deus na Terra.
Se,
diariamente, o aplicador de passe se prepara física e espiritualmente para a
atividade, não pode esquecer que o passe é um ato de amor e deve ser
transmitido no clima que este sentimento propicia a quem o cultiva.
Isto
envolve a alegria de servir, o entusiasmo de ser útil, de sentir-se solidário com o próximo; é todo
um exercício de amar.
Ser
aplicador de passe é ser trabalhador de Jesus, é ter recebido a alta
condecoração de servidor, com a possibilidade de captar das esferas superiores
as benesses maiores a fim de as direcionar aos que se colocam sob seus
cuidados.
Por
isso, distende as mãos com inusitada alegria, ora e espalha bênçãos generosas
de saúde, de paz, de tranquilidade ao enfermo, ao desassossegado, ao
necessitado de qualquer jaez, sem esperar encômio algum.
O
seu é o prazer de servir. E comparece ao serviço, com o coração em festa,
honrado com a chance de servir, em nome do Cristo. Ora e se entrega,
tornando-se dínamo de luz, dilatando as próprias condições, secundado pelos
Espíritos encarregados da atividade.
Aplicadores
de passe, sirvamos!
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