Em 25 de março de 1856, Allan Kardec estava em seu gabinete de trabalho, prestes a compulsar as comunicações e organizar O Livro dos Espíritos,
quando escutou repetidas pancadas no tabique; investigou, sem encontrar
a causa disso, e voltou a entregar-se à obra. Sua mulher, tendo entrado
por volta das dez horas, escutou os mesmos ruídos; procuraram, mas
inutilmente, o lugar de onde provinham.
“No dia imediato, sendo dia de sessões em casa do Sr. Baudin – escreve Allan Kardec, narrei o acontecido e pedi a explicação dele.
PERGUNTA: Ouviste o fato que acabo de contar; podereis me explicar a razão dessas pancadas que se fizeram ouvir tão insistentemente?
RESPOSTA: Era teu Espírito familiar.
P: Com que finalidade vinha bater assim?
R: Desejava comunicar-se contigo.
P: Podereis me dizer o que desejava?
R: Podes dirigir a Ele mesmo a pergunta, porque está presente.
P: Meu espírito familiar, quem quer que sejais,
agradeço-vos por virdes me visitar. Quereis ter a bondade de
esclarecer-me quem sois?
R: Meu nome, para ti, será A Verdade, todos os meses, por um quarto de hora, aqui estarei, ao teu dispor.
Comunicação feita em 12 de junho de 1856, através da médium Mille Aliene C:
P: Quais são as razões que me fariam fracassar? Seria a insuficiência de minhas aptidões?
R: Não; porém, a missão dos reformadores é repleta
de obstáculos e perigos; a tua é áspera; aviso-te, porque é ao mundo
todo que se trata de agitar e transformar. Não acredites te seja
bastante publicar um livro, dois, dez livros, e estares sossegadamente
em tua casa; não é necessário que te mostres no conflito; ódios
terríveis estão açulados contra ti, implacáveis inimigos tramarão tua
perda; estarás sujeito à calúnia, à traição, ainda dos que te parecerão
os mais dedicados; as tuas melhores instruções serão impugnadas e
desnaturadas; desfalecerás, mais de uma vez, ao peso da fadiga; em uma
palavra, é uma batalha quase incessante que terás de suportar, com
sacrifícios de teu repouso, de tua paz, de tua saúde até, e mesmo de tua
vida, porque não hás de viver muito tempo. Pois bem. Mais uma volta
atrás, quando, em vez de uma vereda florida, encontra apenas sob seus
passos espinhos, pontiagudas pedras e serpentes. Antes do mais, é
preciso agradar a Deus, com humildade, a modéstia, o desinteresse que
abate os orgulhosos e os presumidos. Para combater os homens, é
necessário ainda, prudência e tato para encaminhar as coisas a propósito
e não comprometer-lhes o êxito por medidas ou palavras inadvertidas;
precisa-se, enfim, devotamento, abnegação, e estar preparado para todos
os sacrifícios.
Vês que tua missão está sujeita a condições que dependem de ti.
ESPÍRITO DA VERDADE.
NOTA – (É Allan Kardec que se
expressa deste modo) “Esta nota escrevo no dia 1º de janeiro de 1867,
dez anos e meio após ter-me sido dada a comunicação retro transcrita, e
verifico ter ela se realizado em todos os pontos, porque passei por
todas as vicissitudes que nela me foram profetizadas. Tenho sido alvo do
ódio de implacáveis inimigos, da calúnia, da inveja, do ciúme; contra
mim têm-se publicado infames libelos; minhas melhores instruções foram
deturpadas; tenho sido traído por aqueles a quem prestei serviços. A Sociedade de Paris fez-se
um foco de intrigas, tramadas por aqueles que se diziam a meu favor, os
quais, em minha presença amáveis, na ausência me destratavam. Afirmaram
que os que seguiam em meu partido eram assalariados por mim com o
dinheiro que eu arrecadava com o Espiritismo. Não sei mais o que é
repouso; mais de uma vez desfaleci; devido ao excesso de trabalho, minha
saúde se alterou e comprometi minha existência.
Contudo, graças a proteção e assistência dos bons Espíritos, que
incessantemente me têm dado provas evidentes de sua solicitude, sou
feliz por reconhecer que não experimentei ainda nenhum instante de
esmorecimento, nem de desânimo, e que constantemente prossegui em minha
tarefa com o mesmo ardor, sem me preocupar com a maledicência de que me
faziam alvo. De acordo com a comunicação do Espírito da Verdade, devia eu esperar tudo isso, e tudo se verificou.”
(Do Livro: Biografia de Allan Kardec / por Henri Sausse)
“Quando o céu está prestes a confiar uma grande missão a um
‘homem’, primeiro exercita sua mente com sofrimento, e seus nervos e
ossos com fadiga. Expõe seu corpo à fome e o sujeita a extrema
miséria.Para confundir suas tarefas. Dessa maneira, estimula seu
espírito, fortalece sua natureza e supre suas deficiências!”
(MÊNCIUS: Filósofo/Chinês)
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Fonte: Planeta Azul
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