Entre os espíritas, há sempre muita preocupação com as doutrinas que atacam o Espiritismo.
Para
desfazer equívocos ou defender-se das críticas, os espíritas participam
de reuniões ecumênicas. Isso nos surpreende, porque o Espiritismo tem
propostas que conflitam com os demais credos. São leis que fazem a
espinha dorsal da doutrina espírita. A reencarnação, uma delas, única
justificativa para as desigualdades do mundo, se aceitarmos que Deus é
todo justiça, amor e caridade, é menosprezada pelas outras seitas
cristãs.
A
lógica do Espiritismo atrai mais e mais adeptos, a cada dia.
Encontramos hoje nas casas espíritas doutores de todas as áreas e jovens
que sempre contestaram as religiões, porque são dogmáticas e agridem a
racionabilidade.
Depois
de um culto na igreja, ao ouvir uma palestra espírita, a pessoa de bom
senso percebe logo a diferença. Enquanto os primeiros oferecem o céu com
facilidade, o Espiritismo cobra do praticante um esforço titânico de
melhoramento individual. Dá-lhe receitas para o sucesso da tarefa e
mostra-lhe as conseqüências dessa luta íntima. É mais justo, porque
representa a colheita do que é plantado e não um favorecimento com
privilégios de merecimento duvidoso.
Ao
chegar no Centro Espírita, o novo praticante, pela lógica, conclui que o
Espiritismo detém a perfeição. Procura adaptar-se e participar das
atividades da casa para poder, na prática, chegar à almejada evolução.
Nesse
momento, esbarra no nosso comportamento de espíritas com anos de casa,
fincados nos velhos hábitos, sem que o Espiritismo possa modificar-nos.
Da teoria que conhecemos, pouco praticamos.
Allan
Kardec advertiu que, por sua natureza, o homem quer ligar seu nome às
obras e que no Espiritismo nada seria diferente. E o que vemos nos
nossos agrupamentos é exatamente isso. Pessoas vaidosas, desgastadas
pela luta dos cargos, pelas honras, pelos títulos, pelas palmas e todo
tipo de evidência, sem perceber que afrontam a doutrina e são mau
exemplo. Especialmente para os recém-chegados, que têm uma visão do
espírita como homem de virtude, com destaque para a humildade. Diante
desse comportamento, desiludem-se.
O
alerta que fazemos aos noviços, apesar de ainda sermos dos que navegam
entre a teoria e a prática, é para que não se desencantem com a doutrina
com base nos espíritas. O Espiritismo é divino e os espíritas, humanos.
E estão entre os maiores devedores, corrigindo erros por meio de
repetidas provas e expiações. Mas, apesar dos obstáculos que lhe
criamos, o Espiritismo seguirá sua trajetória. Na Parte III do seu livro
“Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, A. Wantuil de Freitas
declara: “Sejam quais forem as barreiras que os homens lhe oponham, o
Espiritismo cumprirá sua missão de transformação do mundo: com os homens
sem os homens ou apesar dos homens”.
Não
aconselhamos a que alguém que não se sinta bem num agrupamento ali
permaneça em nome da caridade, em auto-agressão. Se vamos ao Centro
preocupados com um certo alguém com quem não simpatizamos, por falha
dele ou nossa, devemos tomar alguma providência. Primeiro, verificar o
que é possível fazer para harmonizar-nos. Quase sempre temos sucesso.
Mas se for impossível, busquemos outro grupo para colaborar porque os
espíritos do bem não trabalham em lugares onde há desarmonia.
O
objetivo deste comentário é dizer que se buscamos santos nos
agrupamentos espíritas, seguramente ali não os encontraremos. Jamais
confundir o Espiritismo com o espírita, deixando que as atitudes de
dirigentes, oradores, aconselhadores, professores, médiuns e pessoas em
geral, interfiram nos propósitos de buscar o conhecimento doutrinário,
porque à medida que avançamos no saber espírita, melhor compreenderemos a
imperfeição dos companheiros de jornada e também a nossa. Somos todos
espíritos inferiores em luta contra as imperfeições.
Diante
do fracasso do confrade, não abandone o Espiritismo, porque o prejuízo
será seu. O outro continuará ouvindo as lições e conseguirá, mais dia
menos dia, o almejado progresso. Se fizer o mesmo, cuidando de
melhorar-se antes de tentar consertar o mundo, receberá do Espiritismo
tudo o que ele pode nos dar.
Rogue
a Jesus que ampare cada um de nós, velhos ou novos de casa, para que
colaboremos com esta notável revelação que é a Doutrina dos Espíritos.
Tenha paciência e, com o tempo, verá que valeu a pena.
Olho
1 – A lógica do Espiritismo atrai mais e mais adeptos, a cada dia.
Encontramos hoje nas casas espíritas doutores de todas as áreas e jovens
que sempre contestaram as religiões, porque são dogmáticas e agridem a
racionabilidade.
Olho
2 - Allan Kardec já advertiu que, por sua natureza, o homem quer ligar
seu nome às obras e que no Espiritismo nada seria diferente. E o que
vemos nos nossos agrupamentos é exatamente isso. Pessoas vaidosas,
desgastadas pela luta dos cargos, pelas honras, pelos títulos, pelas
palmas, e todo tipo de evidência, sem perceber que afrontam a doutrina e
são mau exemplo.
(Artigo originalmente publicado na Revista Internacional do Espiritismo, Março de 2003)
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