Eternidade

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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Arte Musical




É na comunhão frequente e consciente com o mundo dos espíritos que os gênios do futuro irão haurir os elementos de suas obras. Presentemente a penetração dos segredos da sua dupla vida vem oferecer ao homem a ajuda e os esclarecimentos que as religiões enfraquecidas não poderiam mais lhe proporcionar. Em todos os âmbitos, a ideia espírita vai fecundar o pensamento que trabalha.

O fenômeno sonoro se desenvolve de círculos em círculos, de esferas em esferas e se dilata até o infinito. Ele conduz a alma, em suas grandes ondas, sempre mais longe, sempre mais alto no mundo do ideal e nela desperta sensações tão delicadas quanto profundas, que a dispõem às alegrias e aos êxtases da vida superior.

Seu poder misterioso e soberano se estende sobre todos os seres, sobre toda a natureza. Efetivamente, a lei das vibrações harmônicas rege toda a vida universal, todas as formas de arte, todas as criações do pensamento. Ela introduz equilíbrio e ritmo em todas as coisas. Ela influi até sobre a saúde física por sua ação sobre os fluidos humanos. Sabe-se que Saul, em suas crises nervosas, mandava chamar Davi, que, com os sons de sua harpa, acalmava a irritação do monarca. Em todos os tempos, e ainda em nossos dias, a arte musical foi aplicada à terapêutica, e com resultados positivos.


por Léon Denis 

domingo, 9 de julho de 2017

A materialização de Jesus após a crucificação


Materialização é o fenômeno pelo qual os Espíritos se corporificam, tornando-se visíveis a quantos estiverem no local das sessões. Não é preciso ser médium para ver o Espírito materializado. Materializando-se, corporificando-se, pode o Espírito ser visto, sentido e tocado.

   Podemos abraçá-lo, sentir-lhe o calor da temperatura, ouvir-lhe as pulsações do coração e com ele conversar naturalmente. Aparição é o fenômeno pelo qual o Espírito é visto apenas por quem tiver vidência.

   A materialização é um fenômeno objetivo e a aparição é um fenômeno subjetivo. Há, portanto, fundamental diferença entre uma e outra. (Estudando a mediunidade. Cap. 42. Martins Peralva).

   As aparições do Cristo são conhecidas e tiveram numerosos testemunhos. Apresentam flagrantes analogias com as que em nossos dias são observadas em diversos graus, desde a forma etérea, sem consistência, com que aparece a Maria Madalena e que não suportaria o mínimo contato, até a completa materialização, tal como a pôde verificar Tomé, que tocou com a própria mão as chagas do Cristo. Daí esse contraste nas palavras de Jesus: “Não me toques” – diz ele à Madalena – ao passo que convida Tomé a pôr o dedo nos sinais dos cravos: “Chega também a tua mão e mete-a no meu lado”.

   Jesus aparece e desaparece instantaneamente. Penetra numa casa a portas fechadas. Em Emaús conversa com dois dos discípulos, que o não reconhecem, e desaparece repentinamente. Acha-se de posse desse corpo fluídico, etéreo, que há em todos nós, corpo sutil que é o invólucro inseparável de toda alma e que um alto Espírito como o seu sabe dirigir, modificar, condensar, rarefazer à vontade. E a tal ponto o condensa, que se torna visível e tangível aos assistentes. (Cristianismo e Espiritismo. Cap. 5. Léon Denis).

   Pois, sendo Cristo as primícias do Espírito, como afirma o Apóstolo Paulo; estando nós certos de que Ele ressuscitou, apareceu, comunicou-se, porque não podem fazer o mesmo aqueles Espíritos que nos foram amigos, parentes, aqueles que viviam conosco, mantendo mútua afeição?

   Na Epístola aos Coríntios diz o Apóstolo da Luz: “Se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou e é vã a nossa fé.” (Parábolas e ensinos de Jesus. Nas pegadas de Jesus. Cairbar Schutel).

   Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com circunstanciados pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se explicam perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito e nada de anômalo apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea, oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos as circunstâncias em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos, em tais ocasiões, todos os caracteres de um ser fluídico.

   Aparece inopinadamente e do mesmo modo desaparece; uns o vêem, outros não, sob aparências que não o tornam reconhecível nem sequer aos seus discípulos; mostra-se em recintos fechados, onde um corpo carnal não poderia penetrar; sua própria linguagem carece da vivacidade da de um ser corpóreo; fala em tom breve e sentencioso, peculiar aos Espíritos que se manifestam daquela maneira; todas as suas atitudes, numa palavra, denotam alguma coisa que não é do mundo terreno. Sua presença causa simultaneamente surpresa e medo; ao vê-lo, seus discípulos não lhe falam com a mesma liberdade de antes; sentem que já não é um homem.

   Jesus, portanto, se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que ele quis que o vissem. Se estivesse com o seu corpo carnal, todos o veriam, como quando estava vivo. Ignorando a causa originária do fenômeno das aparições, seus discípulos não se apercebiam dessas particularidades, a que, provavelmente, não davam atenção. Desde que viam o Senhor e o tocavam, haviam de achar que aquele era o seu corpo ressuscitado. (A Gênese. Cap. 15. Item 61. Allan Kardec).

   Tão alheios se achavam à verdadeira natureza de Jesus, que Tomé só se convenceu de que o Mestre reapa­recera, quando pôde verificá-lo com seus próprios olhos. (Elucidações Evangélicas. Cap. 190.  Antônio Luiz Sayão).

   Ao passo que a incredulidade rejeita todos os fatos que Jesus produziu, por terem uma aparência sobrenatural, e os considera, sem exceção, lendários, o Espiritismo dá explicação natural à maior parte desses fatos. Prova a possibilidade deles, não só pela teoria das leis fluídicas, como pela identidade que apresentam com análogos fatos produzidos por uma imensidade de pessoas nas mais vulgares condições. (A Gênese. Cap. 15. Item 62. Allan Kardec).
 
 
Fonte: Letra Espírita

sábado, 1 de julho de 2017

A Educação pela Arte e para a Arte


A Arte, deusa ferida, vagueia pálida e fria pelas nações do planeta, à procura de devotos que a socorram, ensaiando despertar as sensibilidades adormecidas... Quem haverá de vir lhe prestar novamente o culto que merece, para que ela se recomponha e brilhe no altar da Beleza, do Bem e da Perfeição?

É preciso que seus seguidores se despeçam dos lauréis, que aceitem servi-la desinteressadamente, que busquem se revestir da pureza moral, para não manchar sua divindade, que enverguem o heroísmo da virtude para se entregarem à posse dessa deusa...

Mas como esperar que as sensibilidades, capazes de incorporar os eflúvios invisíveis do infinito, possam fazê-lo fielmente, sem que se enredem nas ilusões do corpo, sem que cedam aos apelos da vaidade, se não as educais para isso?


Educados pela Arte - todos os seres humanos devem ser. Pois que outro componente melhor e mais propício a fazer florescer a divindade interior do homem, que o de colocá-lo desde cedo sob a inspiração da Beleza e da Harmonia? Toda criança pode crescer sob o signo do equilíbrio se ao lado do pão, da ideia, da experiência e do brinquedo, lhe derdes o alimento da Beleza... e se ela própria puder dar seus primeiros ensaios de criação livre e espontânea, percebendo e intuindo diretamente a sua infinita capacidade de criar e produzir. Não lhe imponhais modelos e padrões, deixai-a experimentar e achar a própria expressão.

Mas também não lhe negueis acesso ao que a cultura humana já compôs através do tempo. Deixai que as crianças bebam nas fontes mais puras da Arte terrestre... Que elas possam exercitar a sua sensibilidade, ouvindo as melodias mais doces jamais feitas; olhando as cores e as luzes mais sutis já tecidas; declamando os poemas mais elevados jamais compostos; sentindo as produções mais próximas da divindade que o homem já atingiu. Fazei isso com todas elas e se não tiverdes no futuro todos os homens literalmente artistas, tê-los-ei moralmente melhores e mais criativos.

Mas se perceberdes nessas almas, que tendes sob vossa tutela, um grande talento despontando, um germe latente de genialidade, então não deveis mais apenas educar pela Arte, mas para a Arte!

Não lhe estimuleis apenas a aprendizagem da técnica artística, como se o dom de compor, tocar, representar, pintar, escrever, fosse mero instrumento morto, código pronto de uso... Desenvolvei-lhe sobretudo o sentimento do Belo e do Bom, para que coloque seu talento a serviço dos homens e de Deus e não a serviço de si próprio.

Que esses gênios precoces não sejam cultuados como flores exóticas a que se deve admiração, mas não familiaridade. Que eles sejam amados como seres pertencentes à mesma humanidade de que todos fazeis parte...

Que lhes dê o exemplo vigoroso da virtude moral, que lhes possa garantir a segurança de fazer de seus talentos um presente de Deus aos homens e não um elemento de perturbação social e de queda para si mesmos. Sobretudo, não percais com eles nem os laços de carinho nem o vínculo de uma autoridade moral, que os guie em seus primeiros passos, para que não se sintam isolados num mundo adverso, que os idolatra e os usa; que os explora e os denigre depois...

Se assim educardes vossos gênios - e eles virão em grande massa habitar entre vós - tê-lo-eis como irmãos em vosso benefício e os vereis realizados e felizes, a salvo de todas as tragédias que têm sido o destino de muitas almas sensíveis, mas ególatras; generosas, mas vaidosas, que carregam entre vós o nome de artistas!

E então, a deusa da Arte, soerguida da lama em que a lançaram neste século, se levantará luminosa, para conduzir a humanidade a outras esferas!


Schiller
23/6/1991


(Dora Incontri. A Educação Segundo o Espiritismo. Editora Comenius.)